Capítulo 33 - Subjugação
Após apunhalar o garoto no pescoço, as duas pessoas encapuzadas ficaram em choque. Aparentemente, eles não esperavam que a vítima reagisse e nem passou por suas cabeças ter que matá-lo. No entanto, já estava feito. Não tinha como voltar atrás.
Eles pegaram o corpo do garoto e o levaram para o mais longe que puderam e o jogaram dentro de um buraco. Utilizando as próprias mãos, eles o enterraram com o barro que tinha ao redor. Para apagar parte dos resquícios, eles pisotearam o local e saíram imediatamente.
Diogo, que estava os observando, viu todo aquele desenrolar sem ser notado. Quando viu a forma como as coisas acabaram, ele saiu vagarosamente e se retirou do local, assim como seu chefe havia mandado.
“Ele já foi?” Jade perguntou tentando olhar pelas árvores.
“Parece que sim”, Alexander falou e tirou o capuz.
Os dois saíram do meio do matagal e se aproximaram de onde haviam enterrado o corpo. Depois de analisar o chão por algum tempo, Alexander teve uma ideia.
“Já que está assim, porque não deixamos ele aí mesmo?” Ele sugeriu com uma mão na cintura. Aparentemente ele queria dar um fim em Mayck de verdade.
“Hã?!” Jade se assustou.
Mas isso não passou batido. Alexander foi puxado para o chão instantaneamente, como se a gravidade estivesse pesando sobre ele. A dor o fez se arrepender da brincadeira.
“Desculpa, desculpa. É brincadeira.” Ele se levantou após ser perdoado.
“Vamos tirar ele daí logo.” A garota imaginava que Mayck poderia acabar ficando sem ar estando debaixo da terra por muito tempo.
“Claro, claro.”
Os dois pegaram um par de pás que haviam escondido no matagal com antecedência e puseram-se a trabalhar, retirando todo o barro e revelando uma caixa de madeira fechada. A tampa foi puxada por Alexander e Mayck estava lá, deitado de olhos fechados e respirando fundo. Logo ele levantou a voz.
“Por que me jogou com tanta força? Eu quase morri de verdade.”
“… Você disse que queria uma encenação realista. Qual o problema?”
O garoto estalou a língua. Ele percebeu que, talvez, Alexander ainda guardava um pouco de rancor por ele, e tentaria matá-lo uma hora ou outra, assim que a oportunidade surgisse.
“Você tá bem?” Jade se agachou para chegar na altura em que Mayck estava abaixo do solo.
“Estou. Só a minha cabeça que dói.” Ele se sentou e pôs a mão em sua nuca, como se fosse aliviar a dor. Ele olhou ao redor, mas sua visão estava limitada a poucos metros de distância por causa da escuridão. Isso também foi um problema na hora em que foi arremessado no caixote, já que ele acertou a cabeça na quina da caixa e, por pouco, não conseguiu fechar a tampa.
Além do mais, Alexander o arremessou por maldade, dava para ver sua cara desconfiada, mesmo no escuro. Era algo que Mayck iria guardar pelo resto da vida.
“Bom, pelo menos parece que deu certo.” Mayck se levantou e saiu do buraco em um pulo. “Melhor a gente sumir daqui também.”
“Você tem razão… Você ainda precisa limpar essa tinta…”
Outro fato que Mayck havia esquecido, era que ele tinha confiado seu pescoço a Alexander. Para ter uma encenação muito convincente, ele amarrou uma pequena bolsa de plástico contendo tinta vermelha em seu pescoço. Alexander deveria perfurar essa bolsa com uma agulha — era o plano inicial. No entanto, Alexander utilizou uma faca afiada para o trabalho.
Como eu pensei… ele tá tentando me matar. Mayck olhou para Alexander, imaginando que deveria tomar mais cuidado com ele.
Depois de bater a poeira de sua roupa, o garoto e os demais taparam o buraco mais uma vez e se aprontaram para ir pra casa. Ficar ali por mais tempo poderia trazer diversos tipos de problemas. Contudo, tanto Mayck quanto Alexander sentiram um calafrio que percorreu dos pés até a cabeça. Imediatamente suas cabeças foram guiadas em uma direção específica.
“Mas que droga é essa?!”
Sem perder tempo para responder Alexander, Mayck se pôs a correr no intuito de ir para um certo local. Alexander o seguiu e Jade também, apesar de não estar entendendo nada e só conseguia perguntar o que estava acontecendo.
Eles correram por vários minutos e chegaram em uma clareira, onde a luz da lua predominava e havia uma bela visão da cidade com as várias luzes da rua acesas. Jade chegou por último ofegante, aparentemente ela não era tão atlética quanto Mayck e Alexander.
Os dois voltaram seus olhos para a lua e um mau pressentimento se apossou deles.
“O que houve com vocês…? Saíram correndo do nada.” Jade não conseguia sentir o mesmo que os dois a sua frente. Então ela pensou que poderia entender ao olhar para a lua, assim como eles. Ela levantou seus olhos e forçou sua vista por alguns segundos. Seus olhos se arregalaram quando ela conseguiu ver vários vultos voando acima da cidade.
“O que… é aquilo?” A garota ficou sem reação. Ela tinha uma ideia do que era, mas ainda assim não conseguiu deixar de perguntar. Afinal de contas, ver tantos Ninkais reunidos daquele jeito não era nada comum.
Mayck também estava paralisado.
Não fode. Eles pegaram a Lorena? Essa foi a primeira coisa que se passou em sua cabeça. Se ligasse os pontos, a única forma de reunir aquele número de monstros era com um certo poder. Poder esse que estava nas mãos de Eugênio.
Droga. Eu pensei que eles ficariam quietos por um tempo… fui muito ingênuo.
“Jade. Eu quero que você vá para casa.” Já que as coisas chegaram naquele ponto, uma batalha não poderia ser evitada de forma alguma. A única coisa que Mayck queria naquele momento, era que as pessoas da cidade estivessem seguras.
“Hã?! Ir para casa? Como eu poderia…”
“E o que você pode fazer aqui?!” Alexander a repreendeu. “Você não pode lutar, não é? Se ficar aqui só vai atrapalhar. Vai tirar a nossa chance de vitória ter que proteger você.”
“Isso…” Jade não podia enfrentá-lo. Aquilo tudo era verdade. Ela não possuía qualquer poder para ajudar. Ficar ali só faria dela um peso morto.
“É tarde demais agora.”
“Quê…”
Quando Mayck anunciou que não teria mais como Jade voltar, um Ninkai gigante saltou em sua frente. Ele era bípede. Sua cabeça parecia um balão acima de seu longo e fino pescoço. Seus olhos e sorriso emanavam um brilho branco aterrorizante. Com seus longos e finos braços, ele tentou agarrar Mayck quando seus pés tocaram o chão.
Mayck desviou rapidamente e agarrou Jade, para afastá-la de lá. Alexander deu um salto para trás e tomou distância das criaturas, que os contornaram em poucos segundos.
Aqueles vários olhos e sorrisos brancos passavam uma visão horripilante. Era como estar em um teatro cujo objetivo era assombrar eternamente a plateia. Um verdadeiro show de terror. Um ser humano normal teria tido uma falha em seus batimentos cardíacos por pensar que se tratava de assombrações.
“O que há com essas coisas? São diferentes de todos os que eu já vi.” Mayck pôs Jade no chão e ela agarrou seu braço, mostrando que estava completamente apavorada. Dava a entender que ela nunca tinha tido um contato real com Ninkais.
“Essas coisas são mais perigosas que os Ninkais comuns… não. Perigo é eufemismo para eles. Se fossem personagens de um jogo, eles seriam os monstros de nível hard.” Alexander explicou resumidamente.
“Acho que posso entender o porquê.” Até mesmo Mayck sentiu uma enorme pressão em seu peito. Aqueles monstros pareciam ser desenhos ruins de crianças que ganharam vida, mas seus corpos eram todos de cores escuras e seus olhos pareciam faróis de veículos na noite mais densa.
“Vocês estão com medo?” Uma voz sarcástica saiu detrás dos monstros e logo Bruno e Célia apareceram. “Pra quem decidiu enfrentar tudo sozinho, isso é meio irônico, não é?”
“Pai… mãe…”
Eles pararam no meio dos monstros sem nenhum problema, como se fossem animais de estimação e seus donos.
“Parece que eu calculei errado ao pensar que vocês ficariam quietos por um tempo depois que Manuela sumisse”, Mayck deu voz a sua decepção.
“Eu sabia… Onde está a Manuela? Onde está minha filha?!” Célia deu um passo à frente e levantou a voz. Atormentada por não saber onde estava sua filha.
Mayck parou por um tempo e em sua mente vieram várias coisas como uma ventania repentina. Eles tinham deixado Manuela sozinha no galpão, sem comida e sem água. Naquele momento era possível que ela estivesse à beira do desespero. Principalmente se ela precisasse usar o banheiro. Alexander e Jade pensaram o mesmo.
“Você se importa com ela tanto assim? Mesmo maltratando duas filhas suas?”
“Isso não é da sua conta! Eu tenho meus motivos!”
“Motivos? E que motivos ridículos. Eu não ficaria surpreso se seus filhos te odiassem por isso. Mas, claro… tanto Arthur quanto Manuela parecem dois idiotas completos.” Mayck balançou a cabeça em reprovação, esperando dar uma espremida no coração de Célia. “Uma pessoa como você que trata seus filhos como ferramentas ousa se chamar de mãe? Isso é nojento.”
“Grrr… seu moleque maldito… você é tão irritante quanto sua mãe. Só de lembrar do sorriso que ela dava quando passava por uma situação ruim…” Célia rangeu os dentes com toda a sua força, colocando sua verdadeira personalidade pra fora. “… Mizael.”
Ela chamou por seu filho que apareceu atrás dela e, junto com ele, Lorena e Ronaldo. A garota não parecia estar em bom estado. Era como se ela tivesse acabado de passar por uma experiência traumática. Ela mantinha seu olhar sem brilho fixo a sua frente e parecia uma marionete. Célia a puxou para perto de si e ordenou que a garota mandasse os Ninkais atacarem. Entendido, Lorena falou como um assistente de smartphone, avancem. Ela levantou a mão e seus olhos brilharam em vermelho, como um sinal. Com isso, os monstros se moveram.
Os brilhos brancos de seus olhos pareceram rápidos flashes de luz e, em questão de milésimos de segundos, os Ninkais se amontoaram por terem pulado em um único lugar, se chocando uns com os outros. Quando Mayck havia notado os movimentos deles, ele segurou Jade pela cintura e deu um salto com o impulso do jato de água super pressurizada que ele formou abaixo de seus pés. Alexander também conseguiu esquivar a tempo, embora tenha sido levemente atingido na perna.
“Ei, você tá legal?” Mayck perguntou quando chegou ao chão.
Alexander caiu sobre um de seus joelhos e notou o ferimento em sua perna esquerda e pressionou sobre ela.
“Relaxa. Isso não é nada.”
“Você tem certeza? Isso aí parece bem dolorido.”
“Quando se trabalha no mesmo ramo que eu, esse tipo de coisa é comum. Fica suave. Mais importante… é melhor você ficar esperto. Proteger essa garota e lutar ao mesmo tempo pode ser difícil.”
Alexander acenou com a cabeça e Mayck olhou na direção apontada. Era o local onde estavam a alguns segundos. Quando os Ninkais se afastaram, eles viram uma grande cratera que se formou após o choque deles com o solo. Mayck engoliu a seco. Ele não queria nem imaginar o que aconteceria com um ser humano se fosse atingido por aquilo.
Antes que pudessem retomar a conversa, os dois tiveram que se mover novamente, por causa de um Ninkai voador que os atacou de cima. Por um momento, eles tinham esquecido que havia a possibilidade de um ataque aéreo.
Droga. Esse homem mariposa vai ser um problema, Mayck pensou, enquanto olhava o Ninkai que parecia ser a mistura de um bodybuilder com uma mariposa. Em seguida, outro apareceu e tentou dar um tapa no garoto, que se esquivou saltando para trás. Com o tamanho desse, se aquele tapa acertasse, o alvo não seria apenas arremessado como uma mosca.
Os monstros começaram a vir sem parar, atacando ferozmente e tentando devorá-los sem piedade. Pouco a pouco Mayck sentia o peso de ter que cuidar de si mesmo e de outra pessoa. Alexander estava se virando bem, apesar do ferimento em sua perna. Parecia que o título de Mercenário imortal era totalmente digno dele.
Enquanto a brincadeira continuava e o chão sofria as consequências das esquivas de Mayck e Alexander, Eugênio observava de longe. Ele estava esperando por aquele momento. Em seu coração não havia dúvidas de que ele venceria.
Depois de tanto tempo… isso vai acabar esta noite. E eu vou ter o controle do The fake human em mãos. Aqueles bastardos arrogantes da organização não terão outra escolha a não ser se calarem e abandonarem o posto. Eugênio apertou uma esfera em sua mão. O seu olhar mostrava que ele já tinha ganhado, que era só questão de tempo até que tudo acabasse. Naquela situação, não havia a menor possibilidade de apenas duas pessoas dizimarem Ninkais de classe C e D, que eram considerados altamente perigosos até mesmo para portadores de nível 4.
No entanto, Eugênio estava sendo ingênuo — sem piadas — Ele não tinha feito sua pesquisa mais profundamente. Sua ignorância era o que lhe derrotaria algum dia. Pensar que venceu antes da partida terminar, era um grande erro.
Mayck sabia que Eugênio estava ali, bem ao longe, os observando de uma distância segura e isso o irritou. Ele iria trazer seu avô pro campo de batalha em pouco tempo.
Eu só preciso me livrar dela.
Quando Mayck utilizava seus poderes, especialmente os elétricos, ele via os efeitos que causavam ao redor. Usar um ataque poderoso com Jade tão perto dele seria perigoso. De acordo com Nikkie, que já havia lutado ao lado do garoto algumas vezes em missões da Black Room, era possível sentir aqueles efeitos que pareciam agulhas penetrando todo o seu corpo, mesmo a dois metros de distância. Com isso em mente, se Mayck ousasse usar um laser nos monstros a sua frente, Jade não sairia ilesa.
Se eu pudesse distraí-los por tempo suficiente para Jade ir para um lugar seguro…
Mayck olhou para Alexander, que esquivava dos ataques sem parar e pensou que podia pedir ajuda a ele.
“Escuta, Jade…” Ele deu um salto e desviou de um monstro. “… Eu preciso que você vá com Alexander para longe daqui.”
“O quê?! Mas isso…”
“Eu não quero ser rude, mas o que Alexander falou antes é verdade. Fica difícil lutar com você aqui.”
Jade abaixou a cabeça. Ela sabia de sua incapacidade. Se, ela pensou, se ao menos eu soubesse usar meu elemento base…
“Você vai com Alexander, enquanto isso, eu mantenho os monstros e sua família aqui. Eles estão atrás de mim, então não vai ser um problema muito grande.”
“… Eu…”
“Além do mais, vocês precisam levar alguma coisa para Manuela. Escuta… essa é minha última missão pra você. Fique viva. Aconteça o que acontecer, não volte aqui.”
Jade via aquilo como uma despedida. Ela não podia acreditar que era tão inútil assim.
Não… eu sempre fui inútil. Eu queria proteger Lorena, mas olha só onde estamos. No final, quem sempre é protegida sou eu.
Jade mordeu os lábios e agarrou o garoto em um abraço.
Se eu não posso fazer nada além disso, então …
“Eu quero que me prometa uma coisa. Quero que você saia daqui vivo também. Depois disso você vai me ensinar a lutar.”
“… Hm… bom… acho que tudo bem. Eu prometo.” Mayck retribuiu o abraço e logo se afastou e voltou seus olhos para os monstros, que por algum motivo, estavam esperando aquela cena terminar.
“Espera…” Jade o interrompeu.
“O que foi?”
“Você vai matar eles?” Ela se referiu a sua família.
“Eu vou fazer o máximo que posso para não chegar a isso. No fim das contas, eu também tenho um pouco de sangue dos Ferreira.” Mayck a tranquilizou com um sorriso. Em seguida, ele se afastou dela e correu para uma distância segura.
Quando julgou ser longe o suficiente, ele projetou um círculo azul e disparou um laser rapidamente, para separar Alexander de um Ninkai que lhe atacava. Logo, ele gritou:
“Alexander, eu vou segurar eles aqui. Leve Jade com você!”
A princípio, Alexander pensou que o garoto estava louco. No entanto, a luz da lua que iluminava os olhos do garoto mostrava sua confiança. Além do mais, ele já tinha presenciado muitas das loucuras do garoto e sabia que ele não iria falhar. Então aceitou com um sorriso.
“Eu não estou te obedecendo. Você vai servir como um chamariz para eu me recuperar.” Com bastante esforço, Alexander correu até Jade, que o ajudou a se mover com mais facilidade e os dois se retiraram de lá, com um último olhar da garota para Mayck. Alguns Ninkais tentaram segui-los, mas o garoto os impediu com um poderoso jato de água que ele atirou como se estivesse segurando uma arma. O jato de água foi poderoso o suficiente para perfurar os dois monstros que estavam mais à frente.
Visto que não havia mais com o que se preocupar, o garoto abriu os braços e respirou profundamente. A hora de poder lutar sem restrições e forçar Eugênio para o campo de batalha havia chegado.
“Vai mesmo tentar a sorte sozinho?” Bruno gritou do outro lado da colina.
Mayck não respondeu.
“Certo. Agora que eu me lembrei… Michio uma vez falou que a arma que ela me deu era um protótipo de um novo tipo de arma que ela estava criando. Tudo o que eu fiz até agora foi apenas colocar um pouco da minha essência nos receptores. Acho que vou fazer um teste de verdade e ver até onde vai os limites dessa espada.”
Dito isso, Mayck equipou seu traje de batalha em um estalar de dedos. A espada ficava acoplada horizontalmente nas costas de seu sobretudo. Ele a desembainhou e um brilho azul emanou dos receptores, junto com poderosas faíscas elétricas que atingiam o chão, jogando a grama para o alto e emitindo um zumbido arrepiante.
Beleza. Aqui deve ter entre vinte e trinta Ninkais. Alexander conseguiu eliminar dois e com bastante dificuldade, mas isso já ajuda. Quer dizer que eu não preciso me segurar contra eles.
Mayck se posicionou com a espada na frente de seu rosto e observou com cuidado. Bruno e os demais estavam com expressões suspeitas, então era claro que eles estavam tramando alguma coisa.
Se esses Ninkais forem de classe C, então eu vou pensar neles como não sendo tão poderosos individualmente, o que me dá uma chance. Mas o problema aqui é que eles estão atacando em conjunto. Se eu me descuidar por um segundo eu posso acabar morto.
Os Ninkais estavam sob o domínio de Lorena, no entanto, isso não queria dizer que eles obedeceriam qualquer ordem detalhada como não matar alguém. E se eles planejassem parar os monstros antes de atingirem tal ponto, poderia ser tarde demais.
Para não perder sua chance, Mayck avançou contra o Ninkai mais próximo dele. Era uma criatura com dentes grandes e afiados à mostra e seu rosto não possuía nenhuma expressão como os rostos de outros que estavam ali. O garoto correu e depois de saltar bem alto, desferiu um corte diagonal no pescoço do monstro enquanto subia no ar. O Ninkai de três metros foi eliminado imediatamente.
Em seguida, como Mayck esperava, os demais monstros reagiram rapidamente e saltaram sobre ele. Quando se aproximaram, o garoto usou uma brecha no ataque deles e pisou em suas cabeças para continuar no ar. Cerca de cinco criaturas haviam se reunido e três delas foram dizimadas por um laser que foi disparado de baixo para cima. As duas sobreviventes sentiram o perigo e tomaram distância.
Droga. Só três? Esses são mais espertos do que os que já enfrentei até hoje.
Quando Mayck chegou ao chão, foi recebido por mais uma onda de Ninkais que atacaram simultaneamente com garras e presas. A coisa boa era que eles não pareciam ter habilidades como os portadores ou pelo menos não tinham tido ordens de usar. Se esse fosse o caso, então eles deveriam ser eliminados antes que tivessem a chance, Mayck pensou, ou então ele seria derrotado por não ter muita resistência. Usar vários ataques um atrás do outro gastava uma enorme quantidade de energia e era extremamente cansativo.
Por enquanto, vou focar apenas nos monstros. Depois eu vou com tudo pra cima deles.
Em alguns segundos, o garoto já tinha eliminado quatro Ninkais. Naquele ritmo, ele poderia acabar em poucos minutos. No entanto…
“Usem tudo o que tiverem. Acabem com ele.” Lorena deu a ordem friamente e os Ninkais atenderam.
De repente, vários flashes de luzes de diferentes cores surgiram no ambiente. Quem visse aquilo de longe poderia pensar que fosse uma balada de música eletrônica. Raios, esferas e projéteis foram disparados contra o garoto várias vezes sem pausa. Era um show de explosões. A ideia de vencer os monstros rapidamente pareceu estúpida para o garoto. Depois de tanto se esquivar, Mayck ficou ofegante e o suor descia por seu rosto. Por um momento ele pensou que não poderia vencer. Contra um grande número ele não tinha a menor chance…
Isso não pode ser verdade. Não fui eu que eliminei uma organização inteira em menos de uma hora? Não fode. Eu não posso cair aqui, nem ferrando.
Mayck pensou que derrotar as massas não seria eficaz com ele naquele estado. Era preciso derrotar a fonte primeiro. Entretanto, havia um problema. Se ele derrotasse quem estava no controle dos monstros, eles poderiam voltar a si e causarem um massacre na cidade logo abaixo deles.
Se eu for fazer isso, então eu tenho que ir direto pra raiz.
A raiz no caso era a pessoa que estava controlando Lorena. Era mais fácil falar do que fazer, no entanto. Mayck não sabia como Lorena estava sendo controlada. ID? Não parecia ser o caso. Também era um pouco difícil acreditar que fosse algum tipo de dispositivo tecnológico. O que só deixava uma possibilidade.
Será que eu posso chamar de artefato?
Assim como Yang havia feito um cristal que manteve os Ninkais presos no Japão por bastante tempo, existia a chance de que Eugênio possuísse algum tipo de artefato que estivesse controlando Lorena. Era a coisa mais fácil de se acreditar.
“Posso até tentar, mas… passar por eles não vai ser tão fácil”, Mayck observou, enquanto os Ninkais carregavam mais uma onda de ataques contra ele. “Desculpem, mas eu realmente preciso ir.”
O garoto avançou, acreditando na sorte. Aquela era uma jogada totalmente arriscada e sem nenhuma garantia de que iria funcionar. Mas não havia outra escolha. Tentar derrotar os Ninkais um por um seria algo que não poderia ser revertido. Se arriscasse essa ideia, ele, inevitavelmente, se esgotaria e seria devorado por aquele bando de monstros famintos. Para atingir seu objetivo, ele estava disposto a cavar o mais fundo possível de seu inconsciente e explorar todas as habilidades que ele possuía. Alana e a Chave já haviam o ajudado a descobrir várias habilidades possíveis, e com a ajuda de Nikkie ele havia as aprimorado. A chance de usar todas elas não era algo que se via todo dia.
Mayck respirou fundo… e se atirou como um raio pelo meio dos monstros e, consequentemente, passou direto por Bruno e os outros, chegando até Eugênio em um piscar de olhos. O garoto ficou aliviado por ter dado certo. Quando se aproximou de Eugênio, ele não teve muito tempo para decidir o que fazer.
Mesmo sendo velho, você ainda deve aguentar um soco ou dois.
Mayck largou a espada e cerrou seu punho com toda a sua força, desferindo um soco poderoso no abdômen de seu avô, que sentiu a onda de choque atravessar seu corpo. Ele foi arremessado a uma grande distância.
“O quê…?!”
“Como ele passou por nós?!”
Bruno, Célia e Mizael ficaram perplexos. Tudo o que eles perceberam foi uma flash passando por seus olhos e uma enorme ventania que os fez cobrir o rosto involuntariamente — quando abriram os olhos, Mayck já estava do outro lado.
Eugênio também não contava com isso. Depois de rolar pelo gramado a uma grande velocidade e ter criado uma trilha com seu corpo, ele se levantou abismado. A esfera que ele carregava caiu no chão e rachou. Aparentemente, era um objeto muito frágil.
“Moleque desgraçado!” Ele bradou enquanto cuspia um pouco de terra que estava em seu rosto. “Você não vai me atrapalhar de novo”, ele declarou.
“Mayck!” Gritando ferozmente, Arthur atirou-se contra Mayck com a mão aberta. Na ponta de seus dedos, havia um brilho amarelo como se fossem garras afiadas, que ele usou para atingir o rosto do garoto. Mayck, no entanto, desviou com facilidade.
“Você me enganou! Eu vou matar você!” Arthur não escondia o seu ódio e atacou várias vezes. Mas o garoto desviou sem muito esforço. “Quando eu te matar, aí eu vou ser reconhecido. Você que preparou isso tudo, não é?!”
Que pirralho idiota… e irritante.
Mayck nunca tinha colocado em palavras, mas, algo que ele odiava, era ver alguém fazendo qualquer coisa apenas por reconhecimento. E Arthur, por si só, já o irritava bastante, motivo esse pelo qual Mayck não se importava se Arthur se machucava ou não. Ele moveu sua mão rapidamente e lançou Arthur para longe.
Ele deve demorar um pouco para voltar. Enquanto isso…
Mayck se voltou para Eugênio, que ainda mantinha sua expressão exasperada, mas que não perdia a confiança. Ele estava pensando que Mayck não fosse uma ameaça o suficiente para fazê-lo temer. Como dito antes, ele confiava em seus números e pensava que já tinha vencido há muito tempo.
“Sabe, moleque, talvez todas aquelas interferências tenham servido para este dia. Talvez o destino tenha percebido que alcançar o meu objetivo tão facilmente não me deixaria satisfeito. É por isso que ele colocou todos esses obstáculos.” Eugênio abriu os braços e deu um enorme sorriso malicioso. “Depois de superar tantas adversidades e sustos, eu poderia aproveitar ao máximo a minha vitória.”
Mayck o ouviu com indiferença. Era tão ridículo ouvir aquilo, que o garoto cogitou a possibilidade de simplesmente matá-lo para acabar tudo rapidamente.
“Agora, Mayck Mizuki, sirva como escada para o meu objetivo… e me entregue a chave!”
“Peguem ele.” A voz de Lorena fez os Ninkais se moverem e saltarem contra o garoto.
Mayck não se moveu um centímetro. Era como se o tempo tivesse parado e só ele pudesse se mover e pensar.
Que situação ridícula. Servir de degrau para o fim da humanidade? Eu realmente não me importo com o que não me afeta, talvez esse seja um dos meus pontos ruins. No entanto, isso não quer dizer que eu simplesmente torceria para os outros morrerem. Tirar uma vida é uma das piores coisas que um ser humano pode fazer. Foi isso o que meu pai me ensinou. Um assassinato não passa de assassinato, não importa o motivo. Contudo, o que eu acredito… é que as pessoas merecem uma segunda chance… mas se elas não mudarem… se elas não se arrependerem… então elas não têm o direito à vida.
“Moonlight Nightmare.”
O ambiente se escureceu assim como todas as outras vezes que Mayck ativou sua ID, indo para o espaço que o tornava invencível. Os Ninkais que haviam saltado, foram surpreendidos por três círculos que surgiram acima deles e os eliminou, não deixando nada para trás. Com aquilo, restaram cerca de 17 monstros, que ficaram parados, se preparando para o próximo movimento.
Fora isso, os oponentes do garoto estavam surpresos. Eles não esperavam aquele movimento e olhavam desesperadamente ao redor, buscando uma resposta sobre o que era aquilo. Eugênio, por outro lado, estava completamente atônito. Diferente dos outros, ele não olhava ao redor. O que o assustava não era a mudança do ambiente — mas o que ele estava presenciando. Seus olhos fixos no olhos do garoto estremeciam. Aquela imagem lhe parecia familiar.
“… Os olhos do aprisionamento…?” Ele resmungou quase perdendo o equilíbrio. “… Não brinque comigo… Não brinque comigo!” Eugênio bradou e pisou no chão com força e de suas costas saíram várias correntes negras e avançaram contra Mayck. Suas pontas se assemelhavam com lâminas de adagas curvas com a base serrilhada. O garoto as evitou sem muito problemas, mas Eugênio não tinha intenção de parar até vê-lo todo perfurado.
“Você não vai me atrapalhar mais uma vez! Seu pirralho imundo!” Ele continuou a atacar, tanto verbalmente como fisicamente. “Eu não vou deixar que o que Sophia fez se repita. Dessa vez… dessa vez eu vou vencer e terei o controle de todo o mundo nas minhas mãos.”
Mayck não respondia. Os insultos de seu avô não chegavam até ele. Era como um cachorro latindo para uma parede — não havia resposta. Entretanto, Eugênio havia deixado o sangue subir para a cabeça e não estava mais pensando racionalmente. Quando viu que suas correntes não acertavam o garoto nenhuma vez, ele ficou completamente fora de si. Mayck desviava das correntes como se estivesse respirando — ele fazia parecer fácil assim.
Com tudo isso acontecendo de uma só vez, Bruno e os demais não sabiam o que fazer. Os Ninkais continuavam em silêncio até segunda ordem.
“Estão olhando o que, seus imprestáveis?! Ataquem ele. Não precisamos dele vivo. Isso quer dizer que não importa se vocês arrancarem uma perna ou duas!”
Bruno e Célia se entreolharam e Célia ordenou que Lorena enviasse os Ninkais. A ordem foi dada e, novamente, os monstros se colocaram no ataque. Mayck, porém, não sentiu como se estivesse em desvantagem. Ele usou as correntes, que avançavam em uma velocidade suficiente para destruir cinco paredes de concreto puro, e as fez destruir cada Ninkai que estivesse no lugar certo no momento certo. De tantas investidas por parte de Eugênio, as criaturas foram eliminadas em um piscar de olhos. Isso assombrou a família Ferreira, que não teve escolha a não ser eles mesmos a atacarem.
Bruno seguiu primeiro e tentou uma sequência de socos. Mayck desviou facilmente e logo veio Célia com uma adaga brilhando em sete cores de forma psicodélica. Ela tentou desferir vários golpes, mas todos eles foram evitados como se não fossem nem ao menos uma ameaça. Mayck se esquivava dos golpes de forma tão fácil e rápida, que parecia estar prevendo os movimentos de cada um. No entanto, isso era resultado de sua habilidade [observação] que havia acabado de evoluir e ele conseguia calcular perfeitamente cada ação de seus adversários.
“O que é isso…?! Que porra está acontecendo?!” Bruno reclamou depois de várias tentativas de ataques frustrados. Ele estava usando luvas que utilizaria para ler a essência do garoto e criar algo que lhe ferisse irreversivelmente. Mas como ele não conseguia sequer encostar em Mayck, sua habilidade era inútil.
“Parece que nós o subestimamos. Parece que vamos precisar dar tudo de nós para pegá-lo”, Mizael observou, ofegante.
“Fere meu orgulho, mas parece ser verdade.” Ronaldo, que também teve seus ataques completamente ignorados, concordou.
Os dois irmãos tomaram suas decisões. Eles viram que não seria nada fácil derrotar seu primo mais novo usando meios simples como sempre haviam feito. Eles estavam acima de Arthur e podiam afirmar isso com toda a certeza do mundo. Entretanto, eles estavam diante de alguém que estava acima deles e isso não trazia um sentimento bom. Com uma troca de olhares, eles combinaram o que iriam fazer dali em diante. Ronaldo entendeu o recado que Mizael queria lhe passar e Mizael entendeu o que seu irmão faria. Esse era o resultado de completarem tantas missões juntos e agora ambos podiam se comunicar apenas com olhares. Eu ataco e você me dá apoio, era isso o que eles diziam.
Ronaldo atirou-se contra Mayck, ignorando Bruno e Célia. No caminho, suas mãos começaram a flamejar e dia manoplas vermelhas carmesim tomaram forma. Um traço de chamas ficou para trás no gramado enquanto Ronaldo corria. Quando viu que era o momento certo, o homem dos punhos de fogo saltou e direcionou um soco contra Mayck. Umas das correntes de Eugênio estavam prestes a atingi-lo, porém, um projétil que passou por eles como um relâmpago amarelo desviou a corrente e deixou o caminho de Ronaldo livre.
Fogo contra água. Quando Ronaldo balançou seu punho, Mayck estendeu a mão e um poderoso vórtice de água impulsionado por uma corrente de ar o parou. Uma enorme cortina de vapor se estabeleceu após o choque entre as duas habilidades, bloqueando a visão de todos. Essa foi uma oportunidade para que Mizael, com sua visão perfeita, disparasse seguidamente contra Mayck, mesmo com a cortina de vapor obstruindo a visibilidade do local. A visão perfeita de Mizael lhe permitia ver os movimentos futuros do alvo, baseando-se nos seus movimentos passados de cerca de 0,01 milésimo atrás.
Entretanto, a visão de Mayck não perdia para a dele. Apesar dos projéteis rápidos e poderosos, Mayck conseguiu vê-los chegando no último segundo e, usando sua espada, rebateu cada um dos tiros e dispersou a fumaça com uma corrente de ar.
“Tá de zueira?! Ele não levou nenhum?!” Mizael ficou atordoado por ver que nem sei trabalho em equipe com Ronaldo tinha funcionado. Ele pensou que era hora de se aposentar do título de dupla invencível que eles haviam formado.
Ronaldo também não escondeu sua frustração e gritou bem alto.
“Vai á merda, seu bosta!”
Mayck não pensou em retrucar. A melhor forma de se vingar por isso era mostrando a sua superioridade em combate a eles. Entretanto, só precisava fazer Eugênio desistir para que aquilo acabasse logo. Mas parecia que não seria uma tarefas fácil. Eugênio enviou as correntes outra vez e Mayxk as rebateu com a espada.
Minhas opções estão acabando… Eu vou ter que partir pro ataque.
Os olhos do garoto se direcionaram para Lorena por um momento antes de se voltarem para as correntes que vieram de novo, mas, dessa vez, elas grudavam na espada como se fossem imãs. Mayxonprecisou redobrar sua força para ter sua arma de volta toda a vez que Eugênio atacava.
“Droga… seu desgraçado. Pare de resistir”, Eugênio esbravejou com seus olhos quase saltando de seu rosto e muito vermelhos. Ele juntou as mãos e as correntes subiram e se envolveram umas nas outras, girando. Em seguida, atraídas pela força magnética, elas choveram sobre o garoto a uma imensa velocidade, como se um avião estivesse caindo sobre ele. Mayck tentou resistir com sua espada e várias faiscas resultaram do choque entre as duas armas.
Merda…! Eu não vou aguentar se continuar assim.
Mayck viu que precisava de uma solução imediatamente. Caso contrário, ele seria apenas carne morta. Enquanto pensava, Célia correu para o garoto com sua adaga e estava prestes a acertá-lo, quando, em um fração de segundos, Lorena correu até Mayck e o abraçou, olhando para ele. Seus olhos, um deles de volta ao normal e o outro com um brilho vermelho, escorriam lágrimas e ao fundo de toda aquela bagunça, um Ninkai carregava um poderoso laser negro.
Naquele cenário onde ninguém conseguia entender nada, Lorena levantou sua voz chorosa.
“Eu não sou sua inimiga…”
O laser foi disparado e o montante de correntes atingiram o solo, resultando em uma tremenda explosão.
Após isso, o silêncio dominou completamente a área e alguns minutos se passaram, até a cortina de poeira se dissipar quase completamente. Todos estavam em choque. Ninguém conseguia dizer o que havia acontecido ali.
“Célia…” Bruno resmungou, confuso por não saber o que havia acontecido com sua esposa.
“O que foi que aconteceu…?” Mizael fez a pergunta que pairava sobre todos ali.
“Nossa… por um segundo eu pensei que ia mesmo morrer.” A voz de Mayck correu pela área.
Eles olharam para a direção de onde a voz tinha vindo e não esconderam suas expressões surpresas, afinal de contas, viram Mayck junto com Lorena e Célia, ambas no chão, inconscientes
“O que você…” Bruno experimentou perguntar, mas sua voz não chegou até o garoto.
“Sério… Vocês só causam problemas.” Mayck se pôs a andar e se aproximou deles. Seus olhos estavam diferentes de antes. O padrão havia mudado, mas as cores permaneciam as mesmas. Era como se ele tivesse acabado de passar por uma evolução de habilidade.
“Seu maldito… o que você fez?!” Bruno rangeu os dentes. Ele não era capaz de se conter ao ver sua esposa apagada no chão.
“Relaxa aí. Eu não matei ela. Aliás, eu acho que preciso por um pouco de juízo na cabeça de vocês, então vou falar diretamente. Eu não tenho intenção de matá-los.”
“Hahaha. Está falando isso a essa altura? Admito que estou impressionado por você ter sobrevivido a isso, mas você não está confiante demais?”
“Eu não diria confiança, mas… eu acho que vocês precisam aceitar a realidade. Você não podem me vencer.”
Nesse momento, Arthur saltou, gritando, e balançou as mãos para tentar atingir Mayck. No entanto, o garoto deu um passo para o lado e pôs o pé para derrubar Arthur. Em seguida, balançou sua mão e Arthur foi arremessado em cima de Mizael, que acabou caindo.
Deixando isso de lado, Mayck caminhou até Eugênio, esperando que ele tivesse desistido após ver sua imponência. Mas, aparentemente, não era assim que seria. Eugênio estava ainda mais furioso — mais com ele do que com o garoto.
“Eu não posso falhar. Dediquei toda a minha vida nisso.” Ele falou com a voz estremecida.
“Já deu, não é? Você não vai a lugar nenhum com essa ideia. Eu não quero matar vocês, mas não porque eu gosto de vocês ou algo do tipo. Eu odeio vocês e isso não vai mudar. Só estou fazendo isso porque não quero ter sangue desnecessário nas minhas mãos.”
“Haha… você é engraçado. Nós estamos tentando te matar e você acha que é apenas uma brincadeira?”
“Não. Eu não acho. Eu só não quero que Lorena acorde e descubra que toda a sua família foi morta. Você não consegue se pôr no lugar dela?”
“Eu não preciso de sentimentos inúteis. Só o que me importa é o sucesso do experimento… e quando eu conseguí-lo…” Eugênio levantou seu rosto e elevou sua voz, movendo sua mão para que as correntes atingissem o garoto. “Eu vou ter o controle de tudo nas minhas mãos!”
Mayck desviou das correntes e estendeu a mão, onde sua espada surgiu e em um rápido e limpo corte, ele separou o braço de Eugênio de seu corpo.
Eugênio gritou. Pondo a mão sobre o local cortado, que jorrava sangue. Mayck não sentia nenhum pingo de simpatia por ele. O garoto observava seu avô em agonia sem nenhuma expressão em seu rosto. Seus olhos pareciam mais aterrorizantes do que normalmente.
O restante da família também se espantou e correu ao socorro do líder da família.
“Seu…” Ronaldo olhou para Mayck com um grande rancor, assim como Mizael e Bruno, que se prepararam para atacar outra vez.
“Parem, vocês três.” Bruno levantou sua voz e impediu seus filhos.
“O quê…”
“Você tá falando sério?! Olha o que ele fez!”
Bruno não respondeu, então Mayck continuou.
“Já passou da hora de vocês desistirem. Fique com essa marca para você se lembrar do lixo que você, uma vez, foi. Quem fica obcecado por seus objetivos e não se importa se está machucando alguém ou não… precisa de mais do que um choque de realidade.”
Mayck largou sua espada, que desapareceu misteriosamente, e se afastou do local. Bruno e os demais, embora completamente endurecidos, não se moveram para ir atrás do garoto, eles decidiram prestar os primeiros socorros a Eugênio.
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