Capítulo 17: Jogada de Mestre parte 2
O coração de Ivar batia forte enquanto subia pelas escadas, a sensação de urgência apertando cada músculo de seu corpo.
Ele sabia que o tempo estava se esgotando, mas a confiança na precisão de seus feitiços o mantinha focado.
Chegando ao andar superior, ele se preparou para a parte crucial do plano.
E agora, ele estava perfeitamente camuflado em meio a sua identidade nova, com uma expressão séria e autoritária que ele sabia que seria facilmente aceita pelo guarda na porta da sala.
O guarda não levantou nenhuma suspeita quando Ivar, na forma da Arquivista Superior, se aproximou. Ele se posicionou em frente à porta, e Ivar o observou brevemente, notando a postura rígida do soldado.
O homem fez uma reverência rápida, esperando uma ordem.
— O que está acontecendo aqui? — Ivar perguntou em um tom autoritário, sem hesitar.
O guarda se endireitou imediatamente, nervoso com a mudança repentina de atitude.
— Arquivista… nada de mais, apenas estou aqui para garantir que ninguém entre sem permissão. A sala está segura.
Ivar assentiu levemente, com um gesto de mão que indicava que ele não precisava continuar explicando.
Sem perder tempo, ele empurrou a porta, que se abriu com um leve rangido, revelando o interior da sala.
A sala estava repleta de tomos antigos, papéis espalhados e artefatos mágicos meticulosamente arrumados.
A atmosfera era carregada com o peso do conhecimento acumulado ao longo dos séculos. Ivar respirou fundo, sentindo a energia do local, enquanto seus olhos escaneavam cada canto, cada prateleira em busca das chaves que ele precisava.
A porta se fechou atrás dele com um clique suave, e o guarda permaneceu do lado de fora, sem saber que o verdadeiro jogo já estava em andamento.
Ivar se dirigiu diretamente à estante onde os documentos mais sensíveis eram mantidos, seus dedos deslizando pelas lombadas dos livros com precisão e cuidado.
Ele encontrou rapidamente o que procurava, um pequeno cofre embutido na parede, disfarçado entre os tomos mais velhos.
O cofre tinha uma intricada fechadura mágica, que tinha o formato de um rosto.
Ele olhou fixamente para a fechadura, tentando entender como iria abri-la, de repente, os olhos da fechadura começaram a brilhar e iluminaram o rosto de Ivar, como se estivesse analisando seu rosto.
E com um suave estalo, o cofre se abriu, revelando muitas cartas e também o que ele procurava, um conjunto de chaves ornamentadas, cada uma com símbolos esotéricos gravados em seu metal.
Ivar as pegou com cuidado, colocando-as dentro de sua capa enquanto observava ao redor, certificando-se de que não havia mais nada importante ali.
Ele já tinha tudo o que precisava e conseguiu sair sem levantar suspeitas. Ele passou pelo guarda que estava do lado de fora e seguiu descendo as escadas.
Mais adiante ele escuta a Arquivista Superior resmungando com o guarda que a acompanhará. Ivar então fica invisível novamente e passa despercebido pelos dois.
A única coisa que ele tinha em mente agora era encontrar Elara, ir até o andar Restrito e sair dali sem deixar rastros.
Ivar seguiu silencioso pelos corredores da biblioteca, movendo-se como uma sombra enquanto sua invisibilidade ocultava sua presença.
A luz das velas nas paredes criava sombras dançantes, e ele se aproveitou delas para se deslocar com mais discrição.
O eco distante das vozes da Arquivista Superior e do guarda logo desapareceu, e ele acelerou o passo, sabendo que cada segundo contava.
Ao chegar no terceiro andar, ele avistou Elara, que já estava o aguardando.
Elara estava encostada em uma das estantes, aparentemente examinando um livro antigo, mas seus olhos atentos escaneavam o corredor em busca de qualquer movimento.
Quando sentiu a presença de Ivar se aproximando, um leve sorriso tocou seus lábios, embora ela não levantasse o olhar imediatamente.
— Demorou mais do que eu esperava — ela murmurou em voz baixa, mantendo a aparência de uma estudiosa distraída.
Ivar, agora visível e com sua aparência normal, aproximou-se dela.
— As chaves estavam bem mais protegidas do que eu marinada — respondeu ele, mantendo a voz baixa. Ele deslizou a mão sob o manto e retirou um pequeno conjunto de chaves ornamentadas, mostrando-as discretamente para Elara — Mas eu consegui!
Elara lançou um olhar rápido para as chaves, seus olhos brilhando com uma mistura de alívio e urgência.
Ela assentiu, deslizando o livro de volta à estante com um movimento casual.
— Ótimo, mas não temos tempo para comemorações. Precisamos ir antes que percebam.
Ela começou a caminhar pelo corredor e foi até as escadas pelas quais passavam longe da sala da Arquivista Superior, mantendo uma postura calma, mas com os sentidos atentos a qualquer movimentação suspeita.
Ivar a seguiu de perto, escondendo as chaves em sua capa. Enquanto caminhavam, ele sussurrou:
— A Arquivista não é tola. Ela pode perceber a falta das chaves em breve.
— Então é melhor não estarmos aqui se isso acontecer.
Ao chegarem no décimo segundo andar, avistaram uma grande porta com uma fechadura mágica que emanava um brilho azul.
Ivar estendeu a mão, inserindo a chave principal na fechadura arcana. Um estalo suave ressoou, e a porta se abriu silenciosamente, revelando a entrada para o andar Restrito.
O ar era denso e carregado de uma energia antiga, quase sufocante.
Elara entrou primeiro, seus olhos escaneando as prateleiras repletas de tomos antigos e pergaminhos selados.
Ivar fechou a porta atrás deles, certificando-se de que não houvesse sinais de sua passagem.
— A seção dos artefatos mágicos deve estar mais ao fundo — sussurrou Elara, movendo-se rapidamente entre as estantes.
Ivar seguiu logo atrás, atento a qualquer sinal de armadilhas mágicas. As sombras das prateleiras alongavam-se, criando formas distorcidas sob a fraca iluminação mágica.
Ao alcançarem uma mesa de pedra no centro da sala, Elara parou abruptamente.
— Aqui! — ela murmurou, apontando para uma caixa de metal negro repousando sobre o altar de pedra.
Gravuras antigas cobriam sua superfície, e um símbolo mágico pulsava suavemente em tons dourados, os mesmos do livro.
Ivar analisou a caixa com atenção.
— O mesmo simbolo… A caixa possui uma tranca, talvez uma das chaves consiga abrir.
Elara assentiu, lançando um olhar atento para as chaves nas mãos de Ivar.
— Tente essa primeiro… — sussurrou ela, apontando para uma chave — Ela parece ser feita do mesmo material da tranca.
Ivar examinou a chave indicada por Elara, observando as intricadas gravações que pareciam refletir as mesmas runas presentes na caixa.
Ele assentiu silenciosamente e a inseriu na fechadura com cuidado.
Assim que girou a chave, um brilho dourado percorreu as gravuras da caixa, seguido por um leve clique.
A magia que envolvia o objeto pulsou por um instante antes de desaparecer por completo, dissipando-se em pequenas partículas luminosas no ar.
Elara prendeu a respiração enquanto Ivar levantava a tampa lentamente, revelando o conteúdo da caixa.
Dentro, repousava as páginas arrancadas do livro e junto delas, uma parte do ritual necessário para usar o artefato, mas era a última parte somente.
Elara estreitou os olhos ao examinar as páginas antigas, seus dedos hesitando antes de tocá-las.
A escrita era densa e repleta de símbolos arcanos complexos, alguns dos quais ela reconheceu imediatamente como sendo de magia proibida.
— Isso… isso é apenas uma parte do ritual. — murmurou ela, franzindo a testa. — Precisamos do restante, ou isso não vai servir de nada.
Ivar pegou as páginas e as folheou rapidamente, seus olhos analisando cada detalhe.
O texto falava sobre a conjuração de um poder oculto e mencionava um artefato, uma esfera negra, chamada de “Coração do Abismo”, que era a peça central de tudo.
— Então esse é o nome do artefato… Coração do Abismo. Eles esconderam o restante em outro lugar. — disse ele em voz baixa, cerrando os punhos. — Provavelmente para garantir que ninguém conseguisse completar o ritual facilmente.
— Então as outras partes do ritual estão com Kaygon e os outros cultistas — respondeu Elara, com um tom de frustração.
Ivar assentiu, seus olhos fixos nas páginas como se tentasse decifrar algo além do que estava escrito.
— Kaygon… — ele murmurou, sentindo o peso do nome. — Se eles possuem o restante, isso significa que estão mais próximos de concluir o ritual, mas eles ainda precisariam da última parte que temos.
Elara respirou fundo, seu olhar tenso.
— Mas se conseguirem… ninguém estará seguro. O Coração do Abismo não parece ser apenas um artefato qualquer, Ivar. Ele é como uma chave… uma chave para algo muito pior, e não sabemos qual a intensão deles em usá-lo.
— Você tem razão, Elara. Não temos tempo a perder, vamos sair daqui.
Ivar guarda todos os papéis em sua bolsa e eles se deslocam para a saída do décimo segundo andar.
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