Capítulo 2: Sombras em Erathis
A cidade portuária de Erathis é uma vista impressionante, onde as águas do oceano encontram a terra em um cenário de atividade constante.
Cercada por penhascos altos e protegida por uma muralha de pedra, a cidade é um ponto vital para o comércio e a pesca na região.
As águas do porto são de um azul profundo, salpicadas de embarcações de todos os tamanhos, desde pequenos barcos de pesca até imponentes navios mercantes que trazem mercadorias de terras distantes.
O cais é movimentado, com marinheiros descarregando caixas, mercadores gritando preços e vendedores ambulantes oferecendo seus produtos, como: peixes frescos, temperos exóticos, tecidos finos e bijuterias.
As docas de madeira, gastas mas robustas, rangem sob o peso dos homens e mercadorias, enquanto o cheiro do mar se mistura ao aroma de comida sendo preparada nas tavernas à beira-mar.
As ruas da cidade são pavimentadas com pedras desgastadas pelos anos, e o comércio prospera nas feiras ao ar livre e nas lojas que se enfileiram ao longo das vias principais.
Casas e estabelecimentos de dois ou três andares, construídos em madeira e pedra, dão ao lugar uma sensação acolhedora e vibrante, mesmo sob o céu nublado comum à costa.
No meio da cidade, a Torre do Vigia domina a paisagem. De lá, os guardas observam o horizonte em busca de sinais de perigo, enquanto abaixo, a cidade segue seu ritmo agitado.
Apesar da presença de algumas figuras suspeitas nos becos e tavernas, Erathis é um local de oportunidades e aventuras para aqueles dispostos a se arriscar no mar ou na política mercantil.
Ao entardecer, as luzes das lanternas iluminam suavemente as ruas e o porto, dando à cidade uma atmosfera acolhedora e ligeiramente misteriosa.
A cidade de Erathis estava silenciosa, mas a mente de Ivar estava longe de ter paz. O armazém abandonado era um refúgio improvisado, cheio de caixas empilhadas e teias de aranha que pareciam refletir o caos interior do próprio Ivar.
Ele se sentou no chão frio e escuro, tentando organizar seus pensamentos e planejar seus próximos passos. Depois de um breve café da manhã improvisado, com um pouco de pão e água, Ivar preparou-se para o que estava por vir.
Com um mapa velho e desgastado da cidade em mãos, ele estudou a rota até o esconderijo dos ladrões. Sabia que obter o mapa de Bronn era crucial para seus planos, e ele não podia se dar ao luxo de falhar agora.
O feitiço que usara contra a Aasimar não era algo que ele pudesse repetir facilmente. Era uma magia poderosa que drenava sua energia e exigia precisão. Portanto, tinha que ser cauteloso e calcular seus movimentos com precisão.
Ele olhou o mapa da cidade mais uma vez, e começou a estudar os pontos de interesse.
Vestindo uma capa escura para se camuflar melhor, saiu do armazém e dirigiu-se para a área sul da cidade, onde os ladrões operavam.
O bairro era um labirinto de ruas estreitas e becos, onde a lei raramente pisava. Em vez disso, a ordem era mantida pela força e pela astúcia dos criminosos locais.
Ivar não buscava somente o local dos ladrões; ele buscava um artefato do qual ouvira falar, um artefato muito antigo com a capacidade de implantar almas em outros corpos.
Mas sabia que precisava de informações sobre o paradeiro do artefato que buscava, algo que era essencial para sua missão.
Ele possuía contatos no submundo, alguns deles eram antigos aliados, e poderia usá-los para obter as informações que precisava. No entanto, com a Aasimar em seu encalço, sua segurança estava comprometida.
O pensamento sobre ela fez Ivar refletir sobre sua própria situação. Ele se lembrou da determinação em seus olhos, o brilho celestial que não parecia meramente um reflexo da luz.
Algo sobre ela o intrigava, e ele sabia que suas interações futuras poderiam ser mais complicadas do que esperava. Ela não era apenas uma caçadora de recompensas; havia algo mais profundo e complexo em sua busca.
Enquanto isso, a Aasimar, chamada Elara, saía da estalagem que ficava no segundo piso da taverna Fantasma Inquieto. A frustração estava clara em seu rosto, mas também havia uma determinação inabalável.
Ela tinha uma missão e uma recompensa em jogo, mas havia algo mais em sua busca por Ivar, uma sensação de que havia algo de importante na história dele que ainda não conhecia.
Elara sabia que, para capturar Ivar, precisaria se preparar melhor. A magia dele a surpreendera, e ela precisava de informações sobre o que ele tanto estava buscando. Talvez suas intenções não fossem tão simples quanto vingança.
Com isso em mente, decidiu procurar fontes dentro da cidade que pudessem fornecer detalhes sobre os motivos de Ivar.
O tempo passou e a tarde se aproximava. O primeiro passo do plano de Ivar era localizar um contato chamado Nestor, um informante que conhecia bem o submundo da cidade e tinha acesso a informações valiosas.
Enquanto caminhava, Ivar ponderava sobre o confronto com a Aasimar. A caçadora de recompensas havia demonstrado uma força impressionante e uma determinação que não poderia ser subestimada.
Mas ele sabia que a magia que utilizara não era a única defesa em seu arsenal; ele era astuto e implacável quando se tratava de proteger seus próprios interesses.
Ao entardecer, Ivar se aventurou pelas ruas escuras e sinuosas de Erathis, com um capuz cobrindo seu rosto para evitar ser reconhecido.
Finalmente chegou ao local combinado, uma loja de antiguidades que parecia estar fechada para o público, mas que servia como ponto de encontro para aqueles que estavam no mercado negro.
Nestor era um homem de aparência excêntrica e olhos astutos. Ele apareceu atrás do balcão, seus olhos brilhando ao reconhecer Ivar.
— Ivar! Não esperava te ver tão cedo — disse Nestor, seu tom misturando curiosidade e cautela — O que traz um homem como você a um lugar como este?
— Preciso de informações sobre o paradeiro de um artefato — respondeu Ivar diretamente.
— E também quero saber se algum dos meus antigos contatos tem novidades sobre o submundo da cidade.
Nestor levantou uma sobrancelha, seu olhar se tornando mais interessado.
— Artefato? Você realmente está se metendo em algo grande. E sobre os contatos… ele pensa por alguns segundos — Bem, alguns estão desaparecidos, e outros estão ocupados com seus próprios problemas. Mas posso te ajudar com o que sei. Vamos para o fundo da loja, onde podemos falar com mais privacidade.
Enquanto Ivar seguia Nestor para uma sala nos fundos da loja, ele não podia ignorar o sentimento de que algo estava prestes a mudar.
O mundo estava cheio de segredos e traições, e a presença de Elara era apenas uma das muitas complicações em seu caminho.
Do lado de fora, Elara estava na calada da noite, observando a loja de antiguidades. Ela havia o seguido até ali e estava determinada a descobrir o que ele estava tramando.
Sabia que Nestor era um informante crucial e esperava que Ivar revelasse algo que pudesse ajudá-la a entender melhor sua missão e suas intenções.
Enquanto Ivar e Nestor conversavam nos fundos da loja, Elara usava sua habilidade de camuflagem para se infiltrar silenciosamente. Ela se posicionou perto da janela do escritório, ouvindo a conversa entre os dois.
O que ouviu a deixou ainda mais intrigada.
Ivar estava procurando por um artefato que poderia mudar o curso de sua busca e potencialmente alterar o equilíbrio de poder em Erathis.
Ao mesmo tempo, Nestor forneceu a Ivar uma pista sobre um antigo aliado que poderia ter informações adicionais sobre o artefato.
Este aliado, aparentemente recluso, morava em uma parte mais isolada da cidade, conhecida por suas atividades obscuras e seus segredos bem guardados.
Elara, percebendo que Ivar estava prestes a seguir uma nova pista, decidiu que precisava agir rapidamente. Se Ivar encontrasse esse aliado antes dela, poderia obter informações cruciais e ganhar vantagem na captura dele.
Assim que Ivar e Nestor terminaram a conversa, Elara esperou até que eles saíssem da loja. Então seguiu Ivar de uma distância segura, disfarçada nas sombras, mantendo-se alerta e preparada para qualquer imprevisto.
À medida que a noite se aprofundava, a cidade de Erathis se tornava ainda mais enigmática e perigosa. Ivar, com o mapa de Nestor e a pista sobre o antigo aliado, seguiu para a parte mais isolada da cidade.
O bairro estava imerso em sombras e o ambiente parecia sufocante, com uma sensação palpável de que segredos inconfessáveis estavam escondidos a cada esquina.
O vento assobiava através das ruas desertas, carregando consigo murmúrios e ecos de um passado obscuro. Elara, determinada a não perder o rastro de Ivar, o seguia com cautela, mantendo uma distância segura.
Sua mente estava repleta de perguntas sobre o que Ivar estava planejando e o que esse artefato poderia significar para ele.
Havia uma sensação crescente de que sua missão poderia ter implicações maiores do que a simples captura de um fugitivo.
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