Capítulo 107: Crystalline vs Guilda Martelo imortal. (Parte 2)
A muito tempo atrás, na era sagrada, existia uma raça de pessoas especiais que nasciam com uma habilidade chamada de ‘Olhos de mana’.
Isto acontecia quando a mulher da raça ainda grávida era exposta em um lugar com uma grande quantidade de mana pura, fazendo assim o bebê absorver a mana que por alguma razão se concentrava em seus olhos.
Estes bebês, por sua vez, nasciam com olhos de cor azuis brilhantes por causa da concentração de mana, ganhando assim a habilidade de poderem enxergar a mana da natureza. Eles também podiam ver o núcleo de mana presente no corpo das pessoas ou de monstros, para além dos circuitos de mana. Se bem treinado, eles podiam ler o fluxo de magia de um mago e saber que tipo de magia iriam usar antes mesmo de ser concluído, ou as técnicas de um usuário de aura.
O culto demoníaco, que vivia se infiltrando nos reinos, sentiram a ameaça que vinha desta raça já que poderiam enxergar a mana corrompida em seus núcleos por causa desses olhos.
Então o culto demoníaco começou a caçar violentamente as pessoas que possuíam estes tipos de olhos, reduzindo significativamente seu número ao redor do mundo.
Embora alguns deles tivessem a sorte de escapar com vida, com o passar dos anos, a raça dos Olhos de mana começou a ser esquecida, já que os remanescentes temiam ser caçados pelos membros do culto demoníaco caso se revelassem, até deixarem de existir por completo.
Não existe mago que nunca tenha ouvido falar desta raça, já que no mundo dos magos eles eram como lendas, já que com esses olhos eles poderiam saber que tipo de magia o adversário usaria antes mesmo de estar completo.
Por isso o mago da guilda Martelo imortal, Keron, ficou perplexo quando notou o brilho cintilante dos olhos de Crystalline.
E ele tinha razão por estar surpreso, porque ela realmente possuía os olhos de mana.
E graças a isso, ela conseguia ver coisas que ninguém mais era capaz de ver. Crystalline podia ver, embora pequena, bolinha de mana corrompida presentes nos núcleos de mana dos membros da guilda Martelo imortal, cerca de 5% dos 100%.
Não era o suficiente para corrompê-los ou dizer que eram membros do culto demoníaco, mas era uma quantidade suficiente para saber que estavam em constante contato, o suficiente para que seus núcleos de mana fossem afetados.
Eles nem devem saber que têm, mas quando se entra em constante contato com um membro do culto demoníaco com alta quantidade de mana corrompida, as pessoas normais ao redor começam a ser lentamente corrompidas, até perderem o controle de vez de suas consciências e se tornarem nada diferente e demônios.
Também foi graças a estes olhos que Crystalline foi capaz de saber que magia os quatro magos estavam executando e em que direção lançariam, já que ela conseguia ler o fluxo da mana e de como eles a manipularam.
Crystalline ainda estava a vários metros de distância dos membros da guilda Martelo imortal, que estavam a poucos metros de distância da entrada da guilda enquanto seguravam suas espadas e escudos com a ansiedade brilhando em seus olhos trêmulos.
E então, de repente, Crystalline ergueu sua espada no ar e a enterrou no chão. O chão imediatamente começou a ser cristalizado, fazendo todos os membros da guilda ficarem em alerta.
Os cristais sobre seus pés começaram a crescer e a ganhar forma, crescendo até chegar na altura de sua cabeça, colocando os membros da guilda ainda mais cautelosos e ansiosos.
“?…”
Até eles perceberem algo estranho. Eles esperavam que ela estaria iniciando um novo ataque ou uma magia que nunca haviam visto. Mas, na verdade, ela havia criado o que parecia ser um trono feito de cristal, o que os deixou bastante confusos.
Ignorando a confusão deles, Crystalline sentou-se delicadamente no trono, depois cruzou suas pernas, apoiou o cotovelo esquerdo no braço do trono e apoiou sua bochecha nas costas de sua mão.
O olhar dela sobre eles era frio, como se estivesse olhando para espécies de vida inferiores a ela.
Enquanto isso, mais membros da guilda começaram a chegar vindo de todos os lados, todos se reagrupando na entrada na guilda, junto dos outros que haviam enfrentado Crystalline. Seu número antes era de dezenas, mas com a chegada deles, rapidamente passaram os cem.
Um vasto número de guerreiros que imitam uma intensa vontade de matar e uma pressão que faria até o mais corajoso suar de nervosismo. Mas diante deles, Crystalline apenas ergueu um sorriso frio, como se estivesse debochando deles.
“Quem é essa put* arrogante?…”
“Ela realmente acabou de rir? Que arrogante!”
Os que haviam acabado de chegar acharam sua atitude despreocupada bastante insultuosa, fazendo-os ferver de raiva.
“…”
Mas aqueles que haviam visto suas habilidades e a enfrentaram de frente, não pareciam ofendidos, e embora seus números tivesse aumentado, ainda estavam ansiosos, ainda mais vendo a atitude despreocupada dela.
‘Será blefe?…”
Pensou Donovan, querendo acreditar que talvez seja isso ao ver sua atitude despreocupada, mas por alguma razão seu instinto o dizia de que coisa pior estava por vir. Afinal, ela havia acabado de realizar inacreditáveis um atrás do outro.
“!”
Foi então que Crystalline fez mais um movimento que os fez ficar em alerta. Ela lentamente levantou sua mão direita, largando o cabo de sua espada que ainda continuava enterrada no chão.
Juntou o dedo indicador com o polegar, e…
*Tlack.*
Estalou.
“!”
“!”
Os membros da guilda se prepararam para o que estava por vir, os magos de suporte usaram magia de aprimoramento, os guerreiros de escudo usaram toda a magia de seus escudos e os guerreiros seguravam suas espadas e olhavam em volta, esperando pelo quer que fosse acontecer.
“?…”
“…”
Mas depois de alguns segundos terem se passado e nada ter acontecido, a confusão começou a aparecer em seus rostos para além de irritação, já que eles sentiam que estavam sendo feitos de parvos.
Mas Donovan pensava diferente deles, seu instinto de guerreiro, alguém que já havia passado por situações inesperadas, estava em alerta, embora ele próprio não conseguia descobrir a causa disso. Mas estava lá, presente, bem no fundo de seu ser, gritando por um perigo que parecia inexistente.
Seria por causa do sorriso dela? Sua atitude despreocupada? Ou por causa de seus feitos incríveis até agora?
“?…”
Foi então que ele notou algo no chão que chamou sua atenção. Um dos cacos das lâminas de cristais de Crystalline que haviam despedaçado ao colidirem com o muro de escudos mágicos começou a emitir um pequeno brilho vermelho, que começou a ficar mais forte até cobrir todo o caco.
Quando olhou ao redor, percebeu que não era apenas aquele, mas todos os fragmentos começaram a emitir um brilho vermelho.
“!”
Foi neste momento que sua espinha começou a se arrepiar de verdade. As lâminas de cristais não colidiram apenas no muro de escudos mágicos, elas estavam espalhadas por todo o lugar no chão, chegando a centenas, para além dos cacos que chegavam a milhares.
Elas estavam sobre os pés de todos os membros da guilda, até aqueles que haviam acabado de chegar também estavam por cima delas. Algumas das lâminas de cristais haviam até passado por eles e cobriram as paredes da guilda até o interior, mirando também nos pilares que sustentavam todo o edifício.
Depois, Donovan voltou a olhar rapidamente para Crystalline, que também começou a encará-lo com um sorriso frio, mas encantador ao mesmo tempo, como se achasse engraçado que ele tivesse descoberto tarde demais.
No fim, ele desistiu.
“Porr-”
*BOOM!!!*
Antes que ele pudesse terminar seu palavrão, cada fragmento de cristal e as lâminas começaram a explodir. O poder de cada fragmento era mínimo, capaz de arrancar apenas um pé, mas como o número delas chegava a milhares, as explosões se tornaram intensas, cobrindo tudo de vermelho e matando impiedosamente qualquer que estivesse por cima delas.
“Gahhhhh!?”
“Uaghhhhhhh!?”
“Gackhhh!”
A cada explosão os gritos de medo e terror começaram a ecoar, eles tentaram fugir e pedir por ajuda, mas de nada adiantava porque do momento em que as explosões começaram, seus fins já estavam destinados.
Os fragmentos dentro da sede da guilda também começaram a explodir, destruindo as paredes e tudo ao redor. Quando por fim os pilares explodiram, toda a estrutura do edifício começou a rachar e a cair como se fosse um castelo de cartas, desmoronando completamente no chão e causando um enorme estrondo.
As ondas de choque causado pelo desmoronamento do edifício sofreram uma grande quantidade de poeira em direção a Crystalline, mas como se tivesse uma barreira invisível ao seu redor, elas desviaram, não sujando nem o branco de sua roupa que ainda parecia limpa ainda saído da fábrica.
Com o tempo, a nuvem de poeira foi passando, revelando o caos causado por ela. Centenas de corpos espalhados ao redor, mortos pela explosão, e os que haviam milagrosamente sobrevivido foram esmagados pelos destroços da sede da guilda que caíram sobre eles durante o desmoronamento.
“Esperando eu ficar sem mana? Que piada…”
Dizia Crystalline, ainda sentada orgulhosamente em seu trono de cristal como se fosse uma rainha, e terminou.
“Infelizmente para vocês, minha mana é infinita.”
§§§§
Enquanto isso, escondido por trás de um edifício que se encontra em uma curva a cerca de dezenas de metros de distância da sede da guilda, um homem assistiu à luta, na verdade, o conflito que pareceu unilateral de Crystalline contra os membros da guilda.
Era o mesmo homem que havia deixado a estalagem depois de Crystalline ter saído. Ele a havia seguido desde então, para saber o que ela iria fazer.
“Mas…o que diabos acabei de presenciar?…”
Seus olhos estavam arregalados e ele suava nervosamente, era a primeira vez que presenciava tal massacre acontecendo em que uma única pessoa dizimava incondicionalmente centenas de guerreiros.
As ruas haviam se tornado tumultuosas, com pessoas fugindo e correndo desordenadamente da confusão e curiosos que foram para saber de onde vinha tamanho estrondo.
“Que loucura, uma espadachim mágica. Os líderes precisam saber disso.”
Sabendo o que fazer a seguir, ele se virou, cobriu seu rosto com seu manto marrom e começou a andar. Ele se misturou na multidão agindo como se fosse apenas mais um cidadão comum, atravessando a rua com passos rápidos até chegar até a praça da cidade.
Depois, ele pegou a rua que vai para o sul, depois de vários minutos ele chegou até o ponto de prazer, mas não parou, continuou andando até deixar o ponto de prazer e chegar até a favela.
Chegando na favela, ele passou pelos moribundos que dormiam no chão, atravessou várias ruas até chegar em uma casa aos escombros. Ele abriu a porta de madeira apodrecido e que tinha diversos buracos e entrou.
Dentro era pequeno, escuro e sujo, com diversas tralhas espalhadas ao redor, um lugar que nem mesmo os moradores da favela se atreviam a entrar. Ele andou até o centro onde estava uma cobertura pesada sobre o chão. Se agachou e tirou a coberta, revelando uma porta no chão.
Ele pegou na pequena maçaneta e abriu a porta, revelando uma passagem com uma escadaria que descia tão fundo que não era possível ver o final de tão escuro que estava.
“Então é aqui.”
“!?”
Foi então que o homem ouviu uma voz repentina por trás dele, fazendo-o se virar rapidamente.
“Uph!”
Mas uma mão surgiu à sua frente e o agarrou no rosto, cobrindo completamente sua boca e nariz. O pânico se instalou em seus olhos enquanto sua mente pensava em quem poderia ser, e assim que olhou para o dono da mão, sentiu seu sangue gelar.
A pessoa não era outra senão Ken.
Sua expressão era indiferente enquanto afastava o homem para o lado enquanto ainda o segurava pelo rosto e olhava para dentro da passagem.
“Uma passagem subterrânea escondida na favela. Muito espertos, quem teria sequer a ideia de procurar por algo assim, ainda mais em um lugar afastado e fedorento como este.”
Dizia Ken enquanto ainda olhava para dentro.
“!!!!”
O homem que Ken segurava se debatia em seus braços, batendo-o com as mãos, o pânico em seus olhos ficando ainda mais desesperados pela dificuldade de respirar e pelo aperto forte que fazia seu rosto ficar vermelho e as veias saltando.
No final, os olhos do homem se reviraram, deixou de se debater e sua respiração parou. Vendo que ele havia acabado de morrer, Ken o soltou, e, sem sequer desviar o olhar da passagem subterrânea, falou.
“Que tal você aparecer antes que eu o considere um inimigo?”
Depois de Ken ter dito estas palavras, passou um tempo silencioso e então uma pessoa surgiu na entrada do lugar e entrou. Um homem um pouco acima do peso, mas que carregava uma grande reputação na cidade.
Ken o encarou por cima do ombro, e falou.
“Estou curioso para saber o que uma pessoa como você está fazendo aqui. Prefeito.”
O homem era o prefeito da cidade. Lars Olofsson.
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