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    Antes dos acontecimentos recentes.

    Com a chegada da segunda filha da casa Skarsgard, Ken e Crystalline foram designados pelo prefeito para que aguardassem na sala de espera que se encontrava na sala ao lado, a alguns passos de distância do escritório.

    Crystalline havia mostrado relutância, querendo ir embora ao invés de esperar. Mas com a insistência de Ken, ambos ficaram na sala de espera, esperando que o prefeito terminasse de receber os convidados.

    Desde então, Ken e Crystalline estavam sentados no sofá de braços cruzados e sem trocar nenhuma palavra durante vários minutos, e mais uma vez afastados um dos outros.

    Ken sabia que o silêncio vinha da situação embaraçosa que havia acontecido de manhã cedo. Ele já havia passado por muita coisa desde que foi invocado para este mundo, suportar humilhações, treinamentos rigorosos e até a própria morte, ele os havia enfrentado de frente, mas por alguma razão esta situação parecia mais difícil de resolver.

    Por isso estava esperando que ela mesmo quebrasse o silêncio, e caso ela não o fizesse, ele também não tinha problemas em permanecer em silêncio, já que uma hora ou outra este silêncio tenso iria desaparecer.

    *Click.*

    Foi neste momento que a porta da sala abriu e uma mulher vestindo roupa de empregada entrou, empurrando em suas mãos um carrinho contendo diversos lanches, como sanduíches, bolos e doces, para além de um bule de chá com xícaras.

    “Com a vossa licença.”

    Pedindo permissão, ela começou a descarregar os lanches na mesa a frente deles. Mas enquanto isso, ela casualmente olhava para eles.

    ‘Minha nossa! Então são eles os heróis da cidade!’

    Embora sua expressão estivesse neutra, sua mente estava cheia de animação.

    Ela olhou para Ken.

    ‘Este homem deve ser o Lobo branco caolho! O homem que derrotou o grupo Jaegal, encontrou as crianças desaparecidas e ainda derrubou o esconderijo do culto demoníaco na cidade! Com esta aparência feroz, não admira ser chamado de Lobo!’

    Após admirar Ken com entusiasmo, ela olhou para Crystalline.

    ‘E esta deve ser a Rainha dos cristais. Eu sabia que ela era elegante, mas vê-la pessoalmente parece surreal. Não acredito que exista alguém tão bela no mundo. Além do mais, em apenas um dia, ela foi capaz de eliminar todos os membros da guilda Martelo imortal como se fosse brincadeira de criança. Dizem que ela cobriu o céu todo de cristais e causou uma chuva que devastou todos eles. Que magnífica!’

    Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentia sortuda em trabalhar como empregada no castelo municipal. Graças a sua experiência, ela foi escolhida entre muitas a trazer-lhes os lanches, o que acabou causando inveja nas outras empregadas.

    “?”

    Foi então que enquanto olhava para eles, Crystalline se virou e olhou para ela, pegando-a completamente de surpresa e achando que havia causado alguma ofensa.

    Um medo a atingiu por ter, sem querer, ofendido os heróis.

    “!”

    Mas então, os lábios de Crystalline se ergueram em um leve sorriso, fazendo a empregada paralisar pela sua bela aparência. E então, depois de um tempo, recompôs sua compostura.

    Seu rosto ficou vermelho de vergonha e ela se curvou.

    “Então eu vou indo!”

    Com sua voz um pouco mais alta que o normal, ela se despediu e caminhou em direção a saída.

    Neste momento, Ken falou.

    “Até as mulheres são encantadas. Você deveria ter mais cuidado com seu sorriso.”

    Crystalline, por sua vez, apenas riu de canto.

    “Não tenho culpa se sou tão encantadora.”

    E assim, por pelo menos um pouco, a tensão desconfortável ao redor deles foi enfraquecida, tudo graças à empregada que tadinha não sabia de nada.

    §§§§

    Enquanto isso, o jovem guerreiro, Corgard, que havia sido expulso da sala do prefeito, estava agora de guarda na porta como se fosse um sentinela.

    ‘E pensar que realmente me expulsaram de lá. Que humilhante.’

    Ele não tinha problemas em receber ordens de sua mestra, mas fazer isso na frente de outras pessoas que ele considera de classe baixa, fazia-o parecer insultado.

    ‘E ainda tem a Bárbara, pode ser bonita, mas é uma pedra no caminho.’

    pensou ele.

    ‘Infelismente não fui escolhido para servir o primeiro jovem mestre, mas pelo menos esperava receber a atenção da segunda senhorita. Mas por ela ser mulher, resolveu escolher uma guerreira para ser sua mão direita. Sinto que não importa o que eu faça, nada irá importar.’

    Suas ações no escritório eram sua maneira de tentar demonstrar devoção e assim receber maior atenção de Aela, mas ao contrário do que ele esperava, suas ações estavam sendo consideradas negativas pela Bárbara, e Aela parecia aprovar.

    “Ah…”

    Ele então suspirou de exaustão.

    ‘O que devo fazer? Se eu não demonstrar bons resultados, posso até ser retirado de ser sua escolha, o que devo fazer?’

    *Clinc.*

    “?…”

    Foi neste momento que uma porta que se encontrava a vários passos de distância da dele se abriu e uma empregada saiu. Ela estava com o rosto extremamente vermelho, e quando fechou a porta, ficou parada enquanto segurava o rosto com as mãos, parecendo envergonhada.

    ‘Uma empregada?’

    Pensou ele curioso, olhando para a porta de onde ela havia saído.

    ‘Se é uma empregada, então quer dizer que alguém importante também deve estar naquela porta. Será outro nobre?’

    Ele estava realmente curioso, então estava prestes a chamar pela empregada para perguntar quem estava ali dentro.

    *Clinck.*

    Mas então a porta voltou a abrir e alguém saiu. Era um homem grande de pele branca e cabelos platinados, era Ken.

    ‘Um homem? E que aparência é aquela?’

    Pensou ele ao ver a aparência peculiar de Ken.

    Ken parecia estar conversando com a empregada que o ouvia atentamente durante um bom tempo. Depois que a empregada se curvou, Ken acenou com a mão e a empregada começou a se retirar, andando em sua direção.

    “?”

    Naquele momento, Corgard sentiu o olhar de Ken por um breve momento antes de voltar a entrar no quarto.

    ‘Quem é ele? Pelas roupas não parece ser um nobre, e também nem parece ser um guerreiro de escolta.’

    Sua curiosidade havia aumentado ainda mais, e só de Ken estar usando roupas que normalmente eram utilizadas por aventureiros e mercenários, aumentou um leve desprezo dentro dele por ele.

    Foi então que a empregada havia chegado até ele, prestes a passá-lo.

    “Ei.”

    “?”

    Sem perder tempo, Corgard chamou ela, pegando-a de surpresa.

    “Como você está? Espero não estar incomodando-a.”

    Disse ele em seguida, com um tom calmo e um pouco sedutor.

    “Estou bem obrigada. Posso ajudá-la de alguma forma.”

    Respondeu a empregada de forma respeitosa e postura firme, mantendo um leve sorriso de cortesia.

    “…”

    Corgard não havia gostado daquilo. Quando ela falava com Ken, sua expressão era de alegria e animada, enquanto para ele apenas sorria educadamente.

    ‘Bom, é apenas uma empregada.’

    Mas como ela era apenas uma empregada, decidiu ignorar e ir direto ao ponto.

    “Quem era aquele homem?”

    Perguntou ele.

    “Aquele homem?”

    A empregada ficou um pouco confusa com a pergunta repentina.

    “Ah.”

    Até pensar que provavelmente ele estava se referindo ao Ken, o que imediatamente fez seus olhos brilharem de animação. 

    “Você quer dizer o Sr. Ken Wolff?”

    “…”

    Ver ela ficar animada só de mencionar o nome da pessoa mais uma vez o havia incomodado, mas também mais uma vez decidiu ignorar.

    “Ken Wolff?”

    Perguntou o jovem guerreiro, pensativo.

    ‘Nunca ouvi falar deste nome ou sobrenome, então não deve ser um nobre.’

    Sabendo deste pormenor, ele continuou, com um sorriso.

    “E você saberia me dizer o que ele é? Sabe, é que estou curioso.”

    A empregada, que não percebia as verdadeiras intenções de Corgard, apenas continuou respondendo suas perguntas com animação.

    “Hm…pelo que sei, ele é um mercenário.”

    Respondeu ela.

    ‘Mercenário!?’

    Corgard ficou chocado ao ouvir que ele era mercenário. Mesmo que não fosse um nobre, ao menos achava que ele era um grande comerciante ou que possuísse alguma posição importante. 

    Mas um mercenário? Este fato havia aberto um grande desprezo dentro dele.

    “Um mercenário, hein?”

    Disse ele, olhando na direção da porta com um sorriso malicioso.

    A empregada, ingênua, continuou.

    “Sim, na verdade, ele foi-!”

    Mas antes que pudesse terminar de falar, a mão do guerreiro parou na sua frente, impedindo que ela continuasse a falar.

    “Obrigado pelas informações, mas não irei mais incomodar seu tempo. Pode ir.”

    “…”

    A empregada ficou um pouco surpresa pela sua repentina mudança de atitude, mas resolveu ignorar pelo seu próprio bem. Ela então se curvou por cortesia e voltou a seguir seu caminho.

    “E pensar que ele era apenas um mercenário.”

    Assim que a empregada saiu de vista, Corgard começou a andar em direção à porta com passos arrogantes.

    ‘Esta é minha chance de aumentar meus pontos com a jovem senhorita. E mesmo que pareça extremo, sou um guerreiro de escolta, é minha responsabilidade mantê-la segura.’

    Com um sorriso malicioso, ele havia bolado um plano em sua mente e estava preparado para executá-lo.

    Parando em frente da porta, ele não perdeu tempo e começou a bater.

    *Toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc.*

    É de conhecimento comum que ao bater a porta de alguém a pessoa deva executar apenas três batidas, como forma de respeito. Caso não seja atendido, as batidas podem aumentar para quatro ou cinco, não além.

    Mas Corgard ignorou este conhecimento básico e simplesmente começou a bater na porta como estivesse chamando um ser inferior que não merecia respeito básico.

    *Clinck.*

    Foi então que a porta finalmente se abriu e Ken apareceu do outro lado, parando bem na batente enquanto o encarava com um olhar neutro.

    Mas então a porta foi aberta e Ken apareceu do outro lado, olhando para ele com um olhar neutro.

    “…”

    Corgard sentiu-se momentaneamente intimidado pela sua altura e olhar pesado, mas aí se lembrou de que era um usuário de aura e ainda era um guerreiro de uma das casas mais prestigiadas do reino, o que aumentou tremendamente sua confiança.

    Então, ele estufou o peito com confiança e olhou diretamente com desprezo para o Ken, depois, pousou o pulso no cabo da espada, querendo parecer descontraído mas ameaçador ao mesmo tempo.

    “Saia desta sala.”

    Disse ele então, de maneira direta.

    “…”

    Ken apenas olhou para ele com olhos ligeiramente estreitados, como se quisesse saber se realmente havia ouvido o que ele havia acabado de dizer.

    Corgard, entendendo aquele tipo de olhar, franziu o rosto em descontentamento e levou a mão no cabo da espada.

    “Sou um guerreiro da nobre casa Skarsgard, e neste momento estou servindo a segunda senhorita Aeia Skarsgard. Ninguém tem autorização de estar a menos de quinhentos passos de distância da nossa senhorita. Sugiro que te vás embora.”

    Ao mencionar o nome da família nobre que servia, ele esperava que o homem finalmente entendesse da situação e se acovarda-se. Neste ponto sua confiança já havia aumentado e sentia que estava no controle.

    “Existem inúmeros funcionários e empregadas neste castelo municipal que estão a menos de cem passos, então seu argumento é ridículo.”

    “!”

    Mas então Ken o respondeu de maneira contraditória, o que deixou Corgard chocado e perplexo.

    ‘Ele realmente me respondeu!?’

    Pensou ele sem conseguir acreditar.

    Na verdade, Corgard não havia pensado bem antes de falar com Ken. Mas ele realmente não esperava que ele fosse respondê-lo, que simplesmente teria entendido a mensagem e se ajoelhado diante dele.

    E o pior é que Ken não parecia intimidado e seu rosto ainda permanecia neutro assim como antes. 

    Corgard então tentou esconder seu choque e falou.

    “Como ousa comparar. Os funcionários neste castelo são homens que servem diretamente o prefeito, como um mercenário como você se atreve a se comparar com eles?”

    “Eu também estou aos serviços do prefeito, e por isso que estou aguardando nesta sala enquanto ele tem uma conversa com a sua mestra.”

    “…”

    Mais uma vez Ken o havia respondido, deixando-o sem palavras.

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