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    Mais uma vez, ao contrário do que Corgard pensava, Ken havia voltado a respondê-lo com a mesma expressão despreocupada de antes.

    ‘Este homem não entende o que está acontecendo?’

    Pensou ele incredulosamente.

    Ele chegou até a pensar que Ken ou era ousado, ou simplesmente idiota por não conseguir ler o ambiente.

    ‘Por isso que odeio pessoas sem classe. Parece que terei de mostrar o quão sério estou falando.’

    Ele então pegou o cabo da sua espada e desembainhou apenas um pouco, revelando um terço de sua lâmina brilhante.

    “Não voltarei a repetir. Abandone esta sala ou serei obrigado a usar a força se for necessário.’

    Disse ele com uma voz ameaçadora.

    Neste momento, até o mais idiota das pessoas entenderia qual era sua mensagem. Se você não obedecer, sofrerás as consequências. Afinal, ele estava agindo em nome da casa Skarsgard e garantindo a proteção da sua mestra.

    Qual seria errado nisso?

    Ele achava que seria repreendido pela Bárbara e pela Aela no início, mas logo elas entenderiam suas verdadeiras intenções, e sua avaliação não apenas com a senhora, mas também com o próprio patriarca da casa poderia aumentar.

    “…”

    “?…”

    Mas Ken mais uma vez não se deixou intimidar, senão, seu olhar havia ficado mais pesado e desafiador, ao contrário do que Corgard esperava.

    Era como se Ken realmente esperasse que ele desembainhasse sua espada, era isso que Corgard sentia em seu olhar.

    ‘Este cara!…o que se passa com ele!’

    Era a primeira vez que ele se deparava com algo assim. Qualquer pessoa de classe baixa sabe o quão temível podiam ser os nobres.

    Um reino onde a força importa mais do que tudo, tanto familiar quanto pessoal. Por isso os nobres são temidos, porque eles possuem ambos os tipos de força, sem contar a política.

    Mas mesmo que os fortes tenham mais direito, não quer dizer que possam realmente fazer o que lhes apeteça. Para Vinland, é uma vergonha para um guerreiro forte enfrentar alguém mais fraco que ele.

    Se um nobre implicar com um plebeu, sua casa receberia humilhação de outras casas nobres e isolados do resto, perdendo assim seu status social, e ainda pode sofrer acusações.

    Mas também não quer dizer que pessoas de classe baixa podem agir à vontade, porque se eles agirem de maneira inadequada na frente de um nobre, aí sim eles teriam motivo para mexer com eles.

    Tipo a situação de Ken. Para alguém fraco como ele, tudo que podia fazer era obedecer suas ordens com o rabo entre as pernas.

    “…”

    Mas a pessoa na sua frente não parecia demonstrar nenhum tipo de reação assustada. O que apenas significava uma coisa.

    Ele era forte, ou talvez possuísse alguém forte o protegendo por trás. Este fato fez Corgard hesitar na hora, finalmente entendendo que as coisas não estavam saindo de acordo com seu plano.

    “Se você já terminou com sua birra, de-me licença.”

    Foi então que Ken decidiu se despedir, ficando de costas enquanto fechava a porta.

    “!…”

    Neste momento o guerreiro sentiu uma onda de irritação o dominando. Ken não apenas o havia enfrentado, mas agora o estava ignorando como se suas exigências não passassem de apenas uma birra de uma criança.

    Então, não suportando a irritação subindo, ela pegou a porta antes que ela se fechasse e pegou no ombro de Ken, impedindo-o de continuar.

    Com o rosto contorcido de frustração, falou.

    “Seu mercenário de merd*, como você se atreve a…?”

    Mas antes que ele pudesse terminar, ao olhar para dentro da sala, percebeu a presença de Crystalline que sentava elegantemente no sofá enquanto olhava com indiferença em direção a eles.

    “…”

    Ele ficou hipnotizado diante de tamanha beleza, a ponto de ficar sem palavras. 

    ‘Espera… tinha maia alguém aqui?…’

    Pensou ele com surpresa, achando que Ken era o único presente nesta sala.

    ‘Como alguém pode ser tão linda? Será que pertence a alguma família nobre? Mas pelas suas roupas, ela parece ser uma aventureira.’

    Ele estava realmente chocado, agora se perguntando qual era a identidade de Crystalline. Ela era demasiado bela para ser alguém de classe baixa, mas embora sua roupa fosse elegante e provavelmente custasse caro, ainda era a roupa que um aventureiro usava.

    Então ele pensou.

    ‘Acho que devo me apresentar-’

    “Ei.”

    Mas antes que ele terminasse seu pensamento, a voz fria de Ken o cortou na hora, lembrando-o de que ainda estava lidando com Ken. Então, se lembrando, olhou para ele com desprezo.

    “Olha, trato de você depois, antes-!”

    Mas antes que ele pudesse terminar de falar, sua espinha se arrepiou ao ver o olhar ameaçador de Ken, e seus instintos gritaram de perigo como se sua vida realmente estivesse em risco.

    Então, instintivamente, desembainhou sua espada e balançou em um corte no peito de Ken.

    “?…”

    A espada havia cortado seu peito, causando um corte não tão profundo, mas que rasgou sua roupa e deixou uma cicatriz de corte no peito, fazendo o sangue escorrer de leve.

    “!”

    ‘O que eu fiz?…’

    Até Corgard pareceu surpreso pela sua atitude. Ele não pretendia atacar Ken de verdade, mas ao ver seu rosto ele sentiu um perigo e instintivamente o atacou como se quisesse sobreviver.

    “…”

    Ken, por sua vez, não se mexeu do lugar mesmo diante do ataque e não mudou de expressão, apenas deslizou o dedo polegar sobre a ferida, marcando-a de sangue, e depois lambeu.

    “Hpmh…”

    Em seguida, ele bufou um leve sorriso e olhou para o jovem guerreiro.

    “Você fez o primeiro ataque.”

    “?-”

    *Pow.*

    “Kuck!?”

    No momento seguinte tudo o que Corgard viu foi sua visão escurecer e algo atingir fortemente seu rosto. Era o soco de Ken. 

    Seu corpo voou quebrando a porta e colidindo com a parede do corredor.

    Ken então saiu do quarto pisando nos destroços de madeira da porta, andou até ele e o pegou pelo pescoço, levantando-o no alto.

    “Uck!…”

    Ao ser segurado fortemente pelo pescoço, Corgard começou a segurar os braços de Ken, tentando de alguma força aliviar a pressão que seu pescoço estava sofrendo.

    Neste momento de perigo ele tentou ativar sua aura, mas nada aconteceu.

    ‘Porque…não consigo ativar minha aura?…’

    Pensou ele em claro nervosismo.

    Foi neste ponto em que a guerreira Bárbara, havia saído do escritório do prefeito, e quando viu a situação, rapidamente desembainhou a espada, pisou no chão e avançou na direção deles, o corte de sua espada mirando no braço de Ken.

    Ken apenas ficava olhando para ela sem se mexer do lugar.

    *Deng!*

    Mas sua espada havia sido rebatida pela espada de Crystalline que havia chegado bem na hora, mandando a guerreira recuar a vários passos de distância.

    Bárbara podia sentir o peso vindo do ataque da Crystalline, tão forte que estava fazendo sua mão tremer.

    ‘Quem são eles?’

    Pensou ela enquanto olhava para eles.

    Pelas suas aparências, embora marcantes, ela pude perceber que eram jovens, não tão longe da mesma idade que ela. A mulher, Crystalline, havia rebatido sua espada em um curto espaço de tempo, e mesmo assim foi forte o suficiente para superá-la.

    Então, ela ergueu sua espada e apontou para eles.

    “Quem são vocês, e o que pensam que estão fazendo?”

    Perguntou ela em tom desafiador.

    “…”

    “…”

    Mas Ken e Crystalline apenas permaneceram em silêncio diante de sua pergunta, demonstrando tamanha hostilidade assim como ela estava demonstrando para eles.

    Ela tinha que salvar Corgard, mas sabia que não poderia agir tão impulsivamente como antes, já que ambos pareciam ser bastante fortes.

    Ela olhou para Ken que segurava seu companheiro.

    “Te aconselho a soltar ele. Temos mais de vinte guerreiros esperando lá fora. Se você não soltá-lo, seremos obrigados a ir como tudo contra vocês dois.”

    “…”

    Mesmo diante da ameaça de Bárbara, Ken continuava em silêncio enquanto olhava para ela com uma expressão neutra, o que pareceu como se fosse um desafio para ela.

    “Entendo, neste caso…”

    Vendo que não tinha escolha, estava tomando uma postura de ataque, pronta para iniciar outro confronto.

    “Espera!”

    “!”

    Mas então a voz do prefeito surgiu por trás, junto do capitão que o acompanhava, surpreendendo-a.

    “Você os conhece?”

    Perguntou Bárbara, seu tom de voz claramente ameaçador e um olhar estreito.

    “Bem…”

    O prefeito não pareceu saber o que responder diante da pergunta da guerreira que parecia claramente insatisfeita com a situação, e ele não poderia culpá-la, afinal, Ken estava segurando seu companheiro pelo pescoço e tinha o rosto inflamado e sangrando. 

    Mesmo que ele soubesse que poderia haver uma boa razão, não podia falar nada sem pensar, senão poderia ser mal interpretado.

    “É melhor você me dar uma boa razão para não considerá-lo uma ameaça hostil, prefeito.”

    Disse Bárbara em seguida, o que apenas aumentou a ansiedade do prefeito.

    “Você é o Lobo branco caolho, certo?”

    “!”

    “!”

    Foi então que a Aela, segunda filha da casa Skarsgard, surgiu no corredor, bem na entrada do quarto do prefeito.

    Bárbara, vendo isso, ficou atônita.

    “Mestra! Por favor, espere lá dentro até que eu resolva as coisas por aqui!”

    “Não te preocupes, Bárbara.”

    Mas Aela não a ouviu, ao invés disso, com uma postura calma e um olhar sereno, passou pela Bárbara, ficando a apenas alguns passos de distância de Ken e Crystalline.

    Então, olhou diretamente para eles enquanto pousava os dedos sobre seu peito, como se tivesse apontando para si mesma.

    “Meu nome é Aela Skarsgard, segunda filha da família Skarsgard.”

    Dizia ela, se apresentando de maneira direta, e como não houve mudança de reação da parte deles, ela decidiu olhar diretamente para Ken e perguntou.

    “Você é o Lobo branco caolho, certo?”

    “?”

    Ao ouvir as palavras de sua mestra, Bárbara ficou surpresa.

    “Lobo branco caolho?…”

    Dizia ela repetindo o apelido enquanto olhava para Ken.

    Foi aí que ela se deu conta de que Ken realmente parecia com uma fera. Pele e cabelos brancos para além de uma aparência feroz, como se fosse um lobo branco.

    Além do mais, o prefeito parecia protegê-lo, o que apenas reforçava esta teoria. Algo que ela havia ignorado havia sido descoberto pela sua mestra em míseros segundos

    “…”

    Ken ficou em silêncio por um tempo, apenas olhando para ela. Mas depois de um tempo, respondeu com uma voz seca.

    “Sim.”

    “…”

    Aela pareceu surpresa pela falta de reação de Ken mesmo quando se apresentou e identificou sua identidade. Mas ela não decidiu transparecer isso e continuou.

    “Então, Lobo branco caolho, acredito que deve ter havido algum mal entendido, e podemos resolver isso. Mas, antes disso.”

    Ela então apontou para seu guerreiro.

    “De começo, você poderia, por favor, soltar ele.”

    “…”

    Ken não soltou o guerreiro de imediato, apenas ficou um tempo olhando para Aela, depois para Corgard que estava ficando roxo por causa da falta de ar.

    Então, sem escolha, Ken soltou seu pescoço, fazendo o guerreiro cair com o rabo no chão em um baque.

    “Ugh… cough, cough!”

    Ele imediatamente começou a tossir por causa de sua garganta que ficou rouca e tentava recuperar o ar perdido.

    “Gr…”

    Mas então a raiva tomou conta dele e segurou a sua espada que havia caído ao lado, ativando assim a lâmina de aura e avançou na direção de Ken.

    “Corgard, pare!”

    Gritou a Bárbara, percebendo na hora o que Corgard estava prestes a fazer. Mas Corgard não ouviu e avançou sua espada em uma estocada no rosto de Ken que o olhava com indiferença.

    “…”

    Mas então sua espada parou a vários centímetros do rosto de Ken que não piscou em momento nenhum, mesmo quando a lâmina estava a centímetros de acertá-lo.

    A razão não era porque de repente Corgard havia recuperado a razão, mas porque uma lâmina que parecia vidro estava bem na frente de seu pescoço, com um ligeiro movimento que seria suficiente para decapitá-lo.

    A espada era de Crystalline, que olhava para ele com um olhar frio que o causou calafrios.

    ‘Quando?…’

    Pensou ele, incrédulo ao ver a espada em seu pescoço.

    Ele sabia, que se não tivesse parado seu ataque e se movido por um mísero milímetro a mais, seria suficiente para ter sua cabeça rolando para fora de seu corpo, e isso o aterrorizou.

    “Corgard, venha até aqui.”

    E então a voz fria de Aela ecoou, fazendo Corgard recobrar a razão de que sua mestra agora estava no corredor.

    “Grr…”

    Ele rangeu os dentes de raiva. 

    Seu plano que havia planejado para ter alguns pontos de sua mestra havia dado completamente errado, ao invés disso havia sido completamente humilhado e ainda estava sendo repreendido.

    “Tsk.”

    Ele estalou a língua em frustração e abaixou sua espada. Crystalline fez o mesmo e se afastou.

    “Você teve sorte.”

    Murmurou Corgard para Ken antes de começar a se afastar e ficar ao lado de sua mestra, que olhava para ele com clara desaprovação, percebendo que ele provavelmente era o culpado da situação.

    “Jovem mestra, eu…-!”

    Antes que Corgard tivesse sequer a chance de se explicar, Aela colocou a mão à sua frente, impedindo-o de continuar.

    “Trataremos disso depois.”

    “…”

    Com as palavras de Aela, Corgard não teve escolha a não ser se afastar. 

    Com isso, ela olhou para Ken e Crystalline.

    “Então, que tal entrarmos para saber o que aconteceu de verdade?”

    Disse ela, apontando para o escritório do prefeito.

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