Capítulo 124: Um pedido estranho.
Após todos terem entrado no escritório do prefeito, Ken começou a contar os eventos que aconteceram que o levou a atacar o guerreiro Corgard.
Corgard tentou negar, dizendo que estava apenas defendendo a honra da casa Skarsgard, e quando foi tirar satisfações contra Ken, foi brutalmente agredido sem mais nem menos.
Mas acontece que as provas eram claras, já que Ken tinha o corte em seu peito e o estrago da porta mostrava que o conflito havia começado dentro da sala de espera onde eles esperavam.
Claro, Ken não havia esquecido de falar sobre o preconceito que sofreu de Corgard sobre ele apenas por ser um mercenário.
Neste ponto, Corgard teve que inventar outra coisa, dizendo que Ken estava mentindo e não tinha como saber que ele era um mercenário, e que quando pediu que deixassem o lugar, era porque eles estavam sendo uma ameaça.
Mas quando Ken pediu que chamassem a empregada que lhes havia servido na sala de espera, para atuar como testemunha, Corgard ficou encurralado sem saber mais o que dizer para fugir da situação.
Neste ponto uma coisa era verdadeiramente certa, Corgard estava errado e Ken era a vítima.
“Haa…Carsgard.”
Aela levou a mão na testa enquanto suspirava em desaprovação.
“Eu realmente lamento pelo que ele fez, sua devoção para a nossa casa é tão alta que o leva a fazer coisas desrespeitosas, não sei o que devo fazer como pedidos de desculpas.”
Disse ela logo em seguida, com o rosto transparecendo arrependimento.
Ela sabia que o que Corgard havia feito era muito errado, mas tendo a honra de sua família a proteger, ela não poderia simplesmente entregar um de seus guerreiros tão facilmente, mesmo que ele tivesse cometido um erro.
Então ela se desculpou, o que já era uma humilhação muito grande para alguém de uma família tão grande e nobre como ela se desculpar pessoalmente com alguém de classe baixa, o que seria uma honra para ele.
Com isso, ela ansiava que pelo menos Ken diminuísse sua raiva, e mesmo que não diminuísse, ainda assim não teria escolha a não ser aceitar deixar o assunto de lado.
“…”
Mas Ken, depois de ouvir ela, simplesmente cruzou os braços e falou de maneira indiferente.
“Agradeço seus pedidos de desculpas, mas acredito que não deveria ser a jovem senhorita quem deveria se desculpar. Um pedido de desculpas sincero”
“!”
Aela se surpreendeu ligeiramente pelas palavras de Ken. Ela não esperava que ele realmente fizesse tal pedido nesta situação.
“…”
Mas depois de pensar bem, Aela achou que era uma excelente ideia. Ken não estava pedindo que ela se responsabilizasse pessoalmente ou que punisse seu guerreiro a sua frente.
Ele estava pedindo que o próprio guerreiro se responsabilizasse pelas suas ações ao realizar um pedido de desculpas. Isso mancharia sua imagem, mas se for pelo bem de sua mestra, teria que realizá-lo.
O rosto de Corgard, confuso no início, logo se contorceu de raiva após ouvir o pedido absurdo de Ken.
“Você!…”
Ele rosnou para Ken, inclinando-se para frente como se estivesse prestes a iniciar uma briga. Bárbara, ao ver isso, rapidamente tentou intervir para detê-lo.
Mas Ken foi mais rápido.
“Você diz que é um guerreiro leal da casa Skarsgard, mas ao invés de se desculpar pelas suas ações desonestas, preferiste ficar de canto e deixar que sua própria mestra de desculpasse. Sinceramente, me pergunto se você é realmente tão fiel como dizia ser.”
“…”
“…”
“…”
Os três ficaram sem palavras diante das palavras de Ken.
Ele havia dobrado a aposta, agora atacando não apenas Corgard, mas também Aela. Como uma mestra, ela não deveria ter se desculpado pelas ações de Corgard, e se ele realmente fosse tão leal a casa, teria se desculpado sozinho sem que a mestra tivesse pedido diretamente.
Ele claramente estava demonstrando dúvidas sobre a sinceridade de ambos, o que pareceu pesar a dignidade de Aela.
‘Então é assim que ele quer jogar, hein?’
Aela rapidamente percebeu a jogada de Ken, que pisava não apenas na dignidade de Corgard, mas também na sua própria por não conseguir controlar seu próprio guerreiro.
Mas o lado bom disso era que Ken estava disposto a ignorar tudo que aconteceu por um pedido de desculpas sincero de Corgard, e como ela tinha planos com o Ken, não tinha escolha a não ser jogar seu jogo.
Percebendo isso, seus lábios se ergueram em um sorriso.
“Entendo, então tudo o que você precisa é de um pedido de desculpas dele, certo?”
“?”
Após ouvir sua mestra, Corgard olhou para ela parecendo incrédulo.
“Mestra!-”
“Corgard.”
“!”
Mas a voz fria de Aela fez com que ele parasse no meio da frase, depois, olhou para ele com pura decepção em seu rosto, e com a voz baixa, voltou a falar.
“Não me faça repetir duas vezes.”
“…”
Ele podia sentir o peso por trás de suas palavras, o que imediatamente o deixou nervoso.
Ele apertou seu punho com força. Ele estava ciente de que realmente havia desapontado sua jovem mestra, e embora ferisse seu orgulho, ele não tinha escolha a não ser seguir suas ordens, isso se não quisesse receber uma punição ainda maior que essa.
Percebendo isso, ele afrouxou sua mão, olhou para Ken, e, se curvou.
“Peço desculpas pelas minhas ações desrespeitosas, eu…deixei-me levar pelas minhas ações preconceituosas e causei não apenas prejuízos para você, mas ainda manchei a honra da minha mestra. Eu realmente peço desculpas.”
Seu pedido de desculpas saiu de maneira forçada e quase pouco honesta. Depois, ele se virou para Crystalline, parecendo um pouco animado ao ver seu rosto, e com a mão no peito, falou.
“Também peço minhas mais sinceras desculpas para com a jovem dama, mostrei-lhe um lado bastante feio da minha parte.”
Seu tom de voz ao se desculpar por Crystalline era mais calma, e parecia mais sincero e encantador que antes, totalmente diferente de quando fez para Ken, o que todo mundo conseguiu notar.
Então, ele levantou a cabeça e olhou para Ken com o rosto triunfante, esperando uma reação dele.
“?”
Mas ao invés disso, notou Ken rindo para ele como se achasse engraçado suas ações, parecendo uma criança fazendo birra, o que o incomodou profundamente.
“Então, agora que o mal entendido foi resolvido, que tal voltarmos na verdadeira questão?”
Disse Aela de repente, mudando a direção do ambiente.
“Verdadeira questão?”
Perguntou Ken com curiosidade.
“Sim.”
Respondeu Aela, sua expressão ficando séria enquanto continuava.
“Ken Wolff, você gostaria de nos vender seus serviços como mercenário?”
“?”
Com a pergunta de Aeia, Ken levantou uma sobrancelha parecendo confuso, até Corgard pareceu surpreso, já que ele não estava presente na reunião porque havia sido expulso do escritório.
Ele parecia completamente contra a ideia, mas desta vez se conteve para não voltar a causar cena, e Bárbara desta vez estava de olho nele para agir antes que ele voltasse a se intrometer.
“Meus serviços?”
Perguntou Ken.
“Sim, permita-me explicar o que realmente está acontecendo.”
Aela então começou a contar para Ken que inicialmente planejavam comprar os serviços dos guerreiros amaldiçoados, mas que eles haviam feito uma condição estranha, de que apenas aceitariam caso Ken também fosse fazer parte.
“E porque eles apresentariam uma condição dessas?”
Perguntou Ken após ouvir sua explicação.
“Realmente não sei. Por isso contei a você, esperando que fosse saber de alguma coisa, já que eles não nos deram respostas definitivas.”
“…”
Ken ficou em silêncio após ouvir essas coisas, então o capitão da força de proteção interveio.
“Acredito que seja por causa de sua reputação.”
“?”
“?”
Todos, exceto Crystalline, olharam para ele.
“Reputação?”
Perguntou Aela.
“Sim.”
Afirmou o capitão, e continuou.
“Imagine uma cidade onde os mercenários são discriminados apenas pela profissão, e aí aparece um mercenário que em questões de dias realizou tamanhos resultados que fez até mesmo os dirigentes da cidade ficarem envergonhados?”
“Ahem.”
O prefeito tossiu parecendo envergonhado após ouvir as afirmações do capitão, já que ele realmente estava certo em suas palavras, mas era vergonhoso dizer na frente de outras pessoas.
O capitão continuou.
“Então, graças a este mercenários, a avaliação que as pessoas tinham em relação aos mercenários tornou-se mais positiva, e muitos estão bastante gratos ao tal mercenário, principalmente os guerreiros amaldiçoados. Acredito que eles não queiram aceitar uma missão sem antes tiverem uma interação com Ken Wolff.”
“…”
Após ouvir a explicação do capitão, Aela ficou um momento pensativa, tentando analisar se suas palavras realmente coincidiam ou se encaixavam com a realidade.
Ela então olhou para Bárbara, que também parecia estar olhando para ela confusa, e depois voltou sua atenção para Ken.
Seja o que for, embora as condições dos guerreiros amaldiçoados fossem inesperados, ainda seria um ganho levar alguém de tamanha reputação como Ken com eles, e Crystalline que sentava ao seu lado.
“E então, Ken Wolff. Você estaria disposto a aceitar?”
“…”
Ken não respondeu de imediato, ficando de braços cruzados enquanto parecia pensativo.
“Hm…”
Então, depois de pensar por um longo tempo, Ken respondeu.
§§§§
Após a reunião com o prefeito no castelo municipal, dentro de sua carruagem, Aela foi levada até uma das estalagens mais prestigiadas da cidade, a Nuvem da beirada, acompanhada pelos seus guerreiros.
Após chegarem de frente a estalagem, Corgard moveu-se rapidamente para abrir a porta para Aela e estendeu sua mão para ajudá-la a descer.
“Permita-me ajudá-la.”
Disse ele.
“…”
Mas pela sua infelicidade, ao invés de oferecer sua mão, Aela esperou pela Bárbara que chegou até ela e ofereceu sua mão para ajudá-la a descer, descendo assim da carruagem.
Sua tentativa de tentar mostrar arrependimento havia sido completamente ignorada, fazendo-o se sentir humilhado.
“Suas ações hoje não serão esquecidas, Corgand.”
Disse Aela em um tom frio antes de entrarem na estalagem com outras guerreiras que a acompanhavam por trás.
“…”
Sendo deixado para trás, Corgard apertou seu punho com força e rangeu os dentes de raiva, a situação de tudo atingindo-o com força.
‘Porr*!…’
Ele estava frustrado, agora não havia dúvidas de que sua mestra planejava abandoná-lo, e sem nenhum mestre para servir diretamente, ele seria apenas mais um guerreiro de aura assim como muitos outros da casa.
O prestígio, a fama e um grande aumento de salário que teria se pudesse servir algum dos jovens mestres da casa Skarsgard, agora estavam longe de serem alcançadas.
“Corgard?”
“?”
Foi então que a voz de uma mulher surgiu não muito longe dele que o fez despertar. Era uma jovem guerreira de cabelo curto ligeiramente azul, que se aproximava dele.
“Você está bem?”
Perguntou ela com um tom de preocupação, ao notar sua aparência preocupada e abatida.
‘Ela é a Erika, faz parte do esquadrão comandado pela capitã Bárbara.’
Pensou Corgard ao ver ela.
Os guerreiros da casa Skarsgard são numerosos, e por isso alguns são divididos por esquadrões. Aela, por sua vez, havia criado um esquadrão apenas de guerreiras para servi-la, chamados de ‘Espinhos de rosas’, um esquadrão de vinte guerreiras.
Bárbara, como a mais experiente e mais forte do grupo, uma guerreira de aura de quatro estrelas, era a capitã do esquadrão, e Erika era a vice capitã, uma guerreira de aura intermediária de aura de três estrelas.
Corgard fazia parte do esquadrão principal da casa, onde não atuava nem como capitão ou vice, mas como líder de um pequeno esquadrão de dez membros.
Corgard era um guerreiro de aura intermediário de 3 estrelas.
“…”
Vendo Erika ali, olhando para ele com preocupação, fez um plano surgir em sua mente e seus lábios erguerem-se em um sorriso malicioso.
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