Capítulo 126: Cavaleiros do Apocalipse.
Em um espaço onde a iluminação era quase inexistente, cercado por paredes que formavam um círculo e tetos enormes que pareciam não ter fim. Uma enorme mesa com mais de dez metros de diâmetros se encontrava no centro, onde apenas quatro cadeiras se encontravam.
Em cada cadeira, havia um símbolo gravado no encosto das costas. Um símbolo de caveira, um de gota que parecia evaporar, um de uma balança econômica, e o último de espadas cruzadas.
Sobre a enorme mesa havia um mapa do continente Asfaleia que cobria completamente toda a mesa, nela, as montanhas eram íngremes, as nuvens se moviam como se fosse um céu de verdade e até o mar e os rios também moviam-se, como se fossem uma apresentação em 3d.
No centro do mapa, uma forma de energia redonda de cor negra começou a surgir, flutuando por cima do pico de uma montanha.
– Apareçam, cavaleiros do Apocalipse.
E então surgiu uma voz áspera e aguda como a de um velho.
No mesmo instante, o espaço começou a vibrar como se houvesse um terremoto e mais formas de luzes começaram a aparecer em cada assento ao redor da mesa.
Uma forma humanoide de energia amarela emergiu como uma luz descendo do céu no assento com o símbolo da balança econômica, e uma armadura de cor branca surgiu cobrindo esta luz, com um pano vermelho atravessando seu peito. Em sua mão direita segura uma balança, e em sua cintura estava uma rapieira.
[Cavaleiro da fome.]
No assento onde se encontrava o símbolo de uma gota que parecia evaporar, apareceu uma forma de energia humanoide de cor verde escura, vestido uma armadura de cor preta com um enorme arco de flechas presa em suas costas.
[Cavaleiro da praga.]
No assento de espadas cruzadas, uma forma de energia humanoide de cor laranja ardente surgiu, com uma armadura vermelha como fogo que cobria todo seu corpo, e em suas costas estava uma enorme espada maior que seu corpo com um cabo enorme.
[Cavaleiro da guerra.]
No assento da caveira, uma forma de energia humanoide de cor negra surgiu, vestido uma armadura de cor violeta escura que cobria o corpo todo com um capuz sob a cabeça, segurando uma enorme foice apoiada em seu ombro.
[Cavaleiro da morte.]
Com todos os presentes, a forma redonda de energia pareceu girar para olhar para todos os presentes antes de falar.
– Agora que todos estão presentes, que a reunião comece.
Após a forma de energia dizer estas palavras, o cavaleiro da fome falou.
“O culto demoníaco foi facilmente ressurgido graças ao financiamento que oferecemos a eles. Não apenas isso, mas boa parte do continente age de acordo com as nossas mãos graças ao grande poder financeiro que possuímos.”
Disse o cavaleiro da fome, falando como se fosse um empresário ou alguém de alto cargo.
O próximo foi a praga.
“…Kekeke…novas doenças e venenos…têm se espalhado ao redor do mundo, não irá demorar muito…até novas doenças que parecem incuráveis…assolarem o mundo.”
Disse a praga, sua voz parecendo rouca como se estivesse arranhando uma pedra.
O próximo foi a guerra.
“Ah! Graças a minha interferência o conflito entre os grandes reinos nunca parece ter fim! Era de paz!? Uma guerra fria já vem acontecendo entre eles, e só falta um sopro para que uma guerra continental surja!”
Ele falava firme e sem muita animação, mas sua voz era alta e pesada, parecendo como se estivesse exaltado.
E por fim, o cavaleiro da morte.
“…Mais pessoas estão morrendo.”
Disse o cavaleiro da morte, com sua voz parecendo sem emoção e fraca.
“De novo sem muitas palavras…cavaleiro da morte…Kekeke.”
Disse o cavaleiro da praga.
“…”
O cavaleiro da morte não respondeu, apenas continuou olhando para o centro da mesa.
– Agora que todos falaram seus pontos, agora é minha vez de falar. Todos me desapontaram.
Após dizer estas palavras, um peso pareceu se instalar nos ombros de todos os cavaleiros do apocalipse, embora ninguém tivesse fisicamente demonstrado isso.
E então, parecendo olhar para o cavaleiro da fome, falou.
– Começando com você. Com seu plano de ressurgir o culto demoníaco, esperávamos que isso abalasse completamente o mundo. Mas tudo foi por água abaixo quando os discípulos divinos salvaram Apollonia que deveria ter se tornado um reino apenas para demônios. Seu plano falhou, cavaleiro da fome.
Repreendeu a bola de energia.
“Lamento, mas não eram os discípulos divinos que estragaram nosso plano, eu os tinha sob controle caso interviessem. Mas quem realmente estragou o plano era alguém denominado de Juiz da morte. Por algum motivo ele sabia de todos os esconderijos do culto demoníaco no reino de Vinland, e caçou todos eles, estragando com o plano.”
Disse o cavaleiro da fome, expressando a falha de seu plano que foi cuidadosamente elaborado.
– Não quero ouvir desculpas, uma falha é uma falha.
Mas a bola de energia estava pouco se importando, o que fez o cavaleiro da fome se sentir desconfortável.
“Desculpe.”
Depois então, se virou para o cavaleiro da guerra.
– Você diz que uma guerra está prestes a estourar, mas tudo que vejo são pequenos conflitos que não parecem ir a lugar algum.
Após ouvir isso, o cavaleiro da guerra interveio.
“É assim que as guerras funcionam, estas pequenas fagulhas lentamente se tornarão intensivas, e então não durará muito para que todos os reinos guerreiam!”
– E quanto tempo levará isto? Mais cem anos?
“…”
Com a pergunta da bola de energia, o cavaleiro da guerra ficou sem o que responder, o que foi suficiente para a forma de energia.
– Espero que esta guerra aconteça o mais rápido possível.
“Sim!”
Com isto terminado, ele se virou para a praga.
– E você? Dizes estar lançando uma praga que pode abalar o mundo todo, mas tudo que vejo são apenas algumas doenças incuráveis e nada demais.
“…Peço desculpas por isso…mas parece que os discípulos divinos…tinham alguns conhecimentos medicinais avançados…que pareceram diminuir meus planos, mas irei criar uma praga…que nem mesmo eles…serão capazes de curar.”
Disse o cavaleiro da praga.
– Espero que não sejam apenas palavras vazias.
“…Kekeke…”
Com o aviso da bola de energia, o cavaleiro da praga riu com sua voz rouca.
– Por último…
Por último, ele se virou para o cavaleiro da morte.
– Cavaleiro da morte, você era quem menos precisava me incomodar, e na verdade nunca precisei porque a morte sempre esteve presente com todos. Mas você perdeu a toca do inferno, os experimentos dos lobos da morte que vínhamos criando. E pior, você também perdeu a besta divina Fenrir, a besta divina que muito nos dificultou conseguir.
“…Não tenho desculpas.”
Respondeu o cavaleiro da morte, mais uma vez sem muitas palavras.
– Ao menos você quem foi o causador disso?
“…Lamento.”
Mais uma vez, diante da pergunta da bola de energia, o cavaleiro da morte apenas voltou a se desculpar.
– …
A bola de energia ficou um tempo sem dizer nada, deixando o silêncio se prolongar, e continuou.
– Bom, isto é de menos. Na verdade, a reunião de hoje é para abordar sobre algo muito mais importante.
Sem querer se intrometer mais no assunto, como se realmente não fosse algo que lhe interessasse, a bola de energia resolveu focar no verdadeiro assunto da reunião, o que despertou a curiosidade para os cavaleiros do apocalipse.
– Alguém de vocês conseguiu encontrar o paradeiro do portador do emblema amaldiçoado?
“…”
“…”
“…”
“…”
O assunto abordado pela bola de energia havia deixado os cavaleiros do apocalipse inquietos, exceto o cavaleiro da morte que ainda olhava fixamente para o centro da mesa.
– O plano era matar ele assim que estivesse longe dos olhos dos discípulos divinos. Mas, inesperadamente, a carruagem onde ele estava sendo escoltado foi atacada e o portador do emblema sequestrado, e desde então perdemos seu paradeiro. A missão que havia dado a vocês era de encontrá-lo, e parece que até agora não têm nenhuma notícia. O quanto vocês planejam me decepcionar?
“…”
“…”
“…”
Mais uma vez os cavaleiros do apocalipse não pareciam saber o que dizer. Então, a bola de energia se virou para o cavaleiro da morte.
– E você, morte, não tem nada para dizer para a gente? Sabes do paradeiro do portador do emblema amaldiçoado?
Perguntou ele, esperando que pelo menos o cavaleiro da morte soubesse de alguma coisa.
“…”
Diante da pergunta da bola de energia, o cavaleiro da morte ficou um tempo em silêncio, como se estivesse pensando no que dizer. Então, pela primeira vez, ele levantou a cabeça e olhou diretamente para a bola de energia com seus olhos que pareciam duas luzes de energia de cor violeta, e respondeu.
“…Não.”
A bola de energia ficou quieta, como se tivesse desapontado com a resposta.
– Ao menos podes dizer se ele está morto?
Perguntou a bola de energia.
“Não sei dizer.”
Respondeu o cavaleiro da morte de forma seca.
“Não sabe…dizer?”
Ao ouvir isso, o cavaleiro da praga interveio, e continuou.
“Você é…o cavaleiro que controla a morte, aquele que consegue ver…a alma de todos os mortos. E mesmo assim…não conseguiste ver a alma…do portador do emblema amaldiçoado?”
Diante da pergunta do cavaleiro da praga, a morte respondeu.
“Os portadores do emblema amaldiçoado são diferentes.”
“Diferentes?…”
Perguntou o cavaleiro da praga.
“Diferente de pessoas comuns, não consigo ver as almas dos portadores do emblema amaldiçoado mesmo após a morte deles. Não sei o porquê, mas acredito que seja coisa do emblema amaldiçoado.”
Diante da resposta do cavaleiro da morte, um silêncio se instalou. Mesmo que a morte tenha tido os maiores erros ao perder a besta divina Fenrir, todos sabiam que entre todos ele era o mais responsável e o mais incompreendido entre todos os presentes, além do primeiro cavaleiro do apocalipse.
Então, tudo que ele falava era levado sempre em consideração.
“Desculpa interromper.”
Foi então que o cavaleiro da guerra interveio, chamando a atenção de todos.
“Porque a vossa entidade parece temer tanto o último portador do emblema amaldiçoado? Ele pode possuir o poder de um dos fragmentos dos pecados capitais, mas não acredito que aquilo seja o suficiente para torná-lo uma ameaça. Afinal, até mesmo aquele traidor do Soberano demoníaco, mesmo com todos os seus poderes capitais, também teria dificuldade em derrotar qualquer um de nós.”
Diante das palavras do cavaleiro da guerra, todos os outros cavaleiros do apocalipse também ficaram curiosos do porque a bola de energia sempre parecia tão ansioso quando mencionava sobre o portador do emblema amaldiçoado.
– Não é o fragmento do pecado capital que me incomoda, pelo menos não completamente.
Disse a bola de energia, chamando a atenção de todos.
– Mas sim do poder divino que ele carrega dentro dele.
“Poder divino?”
Perguntou o cavaleiro da guerra com surpresa.
“Porque um portador do emblema amaldiçoado teria poder divino? Deveria ser impossível, ainda mais quando também possui um poder demoníaco.”
(Autor: Poder demoníaco refere-se ao poder do pecado capital.)
Ele claramente estava com dificuldade para aceitar o que a bola de energia estava dizendo. Os portadores do emblema amaldiçoado, para além de possuírem uma maldição que os impedia de se tornarem fortes, ainda carregavam o poder demoníaco, que era o contrário do poder divino, então era impossível os dois poderes coexistirem em um mesmo corpo.
Mas agora estavam ouvindo que o portador do emblema amaldiçoado possuía também poder divino?
Vendo isso, a bola de energia perguntou.
– Então como acham que ele foi invocado para este mundo?
“…”
“…”
“…”
“…”
Nenhum dos cavaleiros do apocalipse sabia como responder a pergunta da bola de energia, porque nenhum deles sabia o motivo, pois era claramente um fenômeno bastante estranho.
Todos os antigos portadores do emblema amaldiçoado eram seres deste mundo, então foi surpresa para eles quando souberam que um enviado de outro mundo possuía o emblema amaldiçoado, e por causa disso a bola de energia havia dado a ordem para que o raptasse ou tirassem sua vida.
– Como podem imaginar agora, o novo portador do emblema também foi invocado através de um deus.
“E quem seria este deus?”
Perguntou o cavaleiro da fome.
Diante da pergunta do cavaleiro da fome, um longo silêncio se espalhou antes da bola de energia responder.
– Ozoto.
“!”
“!”
“!”
A resposta da bola de energia causou surpresa em todos os cavaleiros do apocalipse, até que o cavaleiro da morte pareceu ligeiramente surpreso, pois levantou a cabeça do mapa para olhar para cima.
“…Mas Ozoto já não está morto!?”
Perguntou o cavaleiro da morte.
– Sim, ele está morto, mas vocês devem saber que a morte de um deus não é o mesmo que a morte de uma pessoa comum, ou um imortal, como vocês. Sua existência pode desaparecer, mas sua vontade ainda permanece existente. E com esta vontade, Ozoto, o deus mais problemático de todos, conseguiu invocar um portador do emblema amaldiçoado de outro mundo.
“Porque ele faria isso!? Escolher logo um portador do emblema amaldiçoado? Ainda mais de outro mundo!?”
Perguntou o cavaleiro da guerra.
– Porque é graças ao emblema amaldiçoado que se torna impossível até para mim, um deus, poder sentir seu poder divino, não importa o quanto eu tente. Além do mais, um deus apenas poderia transferir seu poder para uma pessoa se for alguém de outro mundo. Mas como um portador veio de outro mundo é uma história que até eu desconheço.
“Você também disse que o fragmento de pecado capital dentro dele é o menor dos problemas, o que significa que também é preocupante. Porque?”
Perguntou o cavaleiro da fome.
– Você quer saber o porquê? Eu vou explicar.
Olhando para todos, falou.
– Porque o poder divino que ele possui torna-se cada vez mais poderoso à medida que suas emoções intensificam-se ao extremo. Ozoto amava muito os mortais, por isso conseguiu o poder suficiente para proteger este mundo de todos os deuses, criando a barreira de Ozoto ao redor do mundo, que impossibilita a passagem dos deuses.
A bola de energia deu uma pausa antes de continuar.
– Então, mesmo que pareça impossível, se por algum acaso o portador do emblema amaldiçoado conseguir de alguma forma liberar todos os selos do emblema e liberar o pecado da ira, esta forte emoção levará o poder divino ao extremo. Neste ponto, não importa quem seja, usuários de aura nível mestres, grão-mestres, os discípulos divinos, imortais como vocês, ou até mesmo deuses, jamais seremos capazes de derrotá-lo. Este é o porquê de eu temer tanto o portador do emblema amaldiçoado.
Neste ponto, mais um silêncio pesado se instalou entre todos os cavaleiros do apocalipse. O que a bola de energia falou parecia algo inacreditável, mas todos os conheciam e sabiam que ele não era de dizer coisas na brincadeira, o que os deixou realmente nervosos.
– Portanto, ouçam a minha próxima ordem. Não importa o que façam ou tenham que fazer. Encontrem o portador do emblema amaldiçoado, se necessário, podem matar ele sem misericórdia. Nosso plano não deve ter nenhuma variável. Entenderam?
Com as ordens da bola de energia, todos os cavaleiros levantaram-se de suas cadeiras e ficaram de pé.
“Entendido, deus Rá.”
“Entendido…deus Rá…kekeke.”
“Entendido, deus Rá!”
“…Entendido, deus Rá.”
Um por um, todos os cavaleiros do apocalipse concordaram com suas ordens.
E então, sem mais nada para dizer, a bola de energia foi desaparecendo do centro do mapa, encerrando assim a reunião.
Os cavaleiros do apocalipse também foram desaparecendo, a fome, a praga, e em seguida, a guerra. Mas mesmo depois de todos irem embora após a reunião ter sido encerrada, o cavaleiro da morte ainda havia permanecido.
Sendo deixado sozinho, sua atenção se voltou para o centro da mesa, seu olhar olhando em um lugar específico do mapa, mais para o norte do continente, no reino de Vinland, como se estivesse possuído.
“…Ken Wolff…”
Sua voz áspera ecoou no silêncio do salão circundante.
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