Capítulo 134: Sannridr. (Parte 3.)

Corgard ainda não conseguia acreditar no que acabara de acontecer.

‘Porque seu ataque me causou dano!?’

Ele estava realmente surpreso, afinal, a aura também atuava como uma camada de escudo que protegia o corpo do hospedeiro contra impactos e até ondas de choque, apenas ataques mágicos ou outros ataques de aura surtiram efeito.

Mas o punho nu de Ken, inesperadamente, o havia causado dano, embora não o suficiente para derrubá-lo, mas para causá-lo uma extrema dor.

“Grrrr.”

Rangendo os dentes de raiva, Corgard apertou ainda mais seu punho no cabo da espada enquanto lançava para Ken um olhar furioso.

‘Não, isto só pode ser um erro! Apenas um erro da minha parte!’

Convencendo-se de que havia apenas se descuidado, Corgard pisou forte no chão e avançou mais uma vez, chegando na frente de Ken enquanto balançava sua espada.

‘Não tem como eu perder para alguém como ele!’

Ele estava convencido de que conseguiria derrotar Ken, afinal, ele era apenas um mero mercenário e apenas um artista marcial. Mas ao contrário de suas expectativas, todos os seus ataques direcionados para Ken estavam sendo habilmente desviados.

Não importa o quanto atacasse ou que técnicas usasse, Ken parecia estar lendo a trajetória de sua espada enquanto se esquivava com passos leves.

“Morra!”

Frustrado, ele levantou a espada no alto, usando a força da aura para impulsionar seu ataque, sua espada caiu com força e uma velocidade extrema.

*Beng!*

“!”

Mas seu ataque, mais uma vez, havia sido defendido pelo bracelete do braço esquerdo de Ken, que ainda estava intacto, e com o punho direito cerrado, atingiu com força a barriga de Corgard.

“Guack!?”

Corgard tossiu sangue enquanto inclinava o corpo para frente. Mas no momento seguinte agarrou seu cabelo, empurrou-o para baixo e atingiu seu rosto com seu joelho, fazendo a cabeça de Corgard e todo seu corpo levantar violentamente.

Mas Ken não parou, com uma espada, Corgard era um atacante de média distância, mas a esta distância, Ken, um artista marcial, que era um atacante de curta distância, Corgard não tinha chances de atacar nem de se defender.

Então, agora em pé, Ken começou a executar vários golpes no rosto de Corgard, quando tentava se defender, Ken bloqueou sua tentativa de defender seu rosto e lançou outro ataque.

Era uma sequência de ataques, um golpe atrás de outro, que deixava até mesmo os guerreiros da casa Skarsgard ansiosos só de ver, cada golpe era como um ataque no coração deles.

Neste momento, eles, que antes tinham inveja de Corgard por estar enfrentando Ken, agora estava aliviado por não terem sido eles em seu lugar.

Com um poderoso soco na barriga, Corgard recuou violentamente para trás, pousando a ponta de sua espada no chão para manter seu corpo sustentado e impedi-lo de cair.

Sua mente estava em completa dúvida o que o estava levando ao desespero, o desejo de vencer, o desejo de não sofrer uma humilhação ainda maior bem na frente de todo mundo.

Então ele agiu.

*Juash!*

Sua aura explodiu de maneira ainda mais violenta, usando a técnica de explosão de aura ao extremo, queimando assim o que restava de sua mana.

Ele esticou a espada para trás e com um olhar mortal, olhou para Ken.

“Desgraçado!… Eu vou matar você!”

E então ele avançou, seu pé afundou no chão e partiu enquanto se lançava como uma bala e lançava uma estocada.

[Técnica de aura, canhão da lança de terra!]

A aura cobria toda a lâmina de sua espada, parecendo uma enorme lança feita de que parecia poder perfurar qualquer coisa. Então, ele pisou forte no chão, sua aura parecendo ter se conectado com o chão da terra, criando uma conexão e fazendo o chão vibrar.

Naquele momento, todos os guerreiros suspiravam de ansiedade. Afinal, Corgard estava para ativar sua técnica mais poderosa.

“!”

Mas para a surpresa de todos, principalmente para Corgard, Ken já estava bem a sua frente com o punho direito cerrado.

“Muito lento.”

Depois de deixar estas palavras.

*Pow!*

Seu punho caiu com força no rosto de Corgard, e o impacto foi tão poderoso que criou ondas de choque e rachou ligeiramente o chão sob seus pés.

No final, Corgard não apenas não conseguiu executar sua técnica, como também havia levado um poderoso golpe. Seu corpo voou para longe e girou no ar como se fosse um parafuso antes de cair violentamente no chão e rolar várias vezes.

“…”

Um bom tempo havia se passado, e o corpo de Corgard esparramado no chão, não mostrava nenhum sinal de movimento, parecendo completamente inconsciente. 

Bárbara, vendo isso, correu até ele para examiná-lo.

Assim que passou a ponta do dedo em seu pescoço e nariz, ela soltou um suspiro de alívio antes de se levantar e gritar.

“O oponente Corgard está inconsciente! Portanto, o vencedor do Sannirdr é Ken Wolff!!”

“…”

“…”

“…”

Diante das palavras de Bárbara, os guerreiros da casa Skarsgard permaneceram em silêncio, atordoados e incapazes de aceitar o resultado.

“Wohhhhhhhhh!”

“Ken Wolff!”

“Ken Wolff!”

“Ken Wolff!”

Mas os gritos dos mercenários ecoaram no espaço, gritando pela vitória de Ken a todos os pulmões, fazendo os guerreiros sentirem-se desorientados, e, no fundo, profundamente desiludidos pela perda de Corgard.

Com a vitória tendo sido proferida, Ken deixou o campo de combate, voltando para a tenda dos mercenários enquanto era seguido pelos mesmos mercenários e o líder.

“…”

“…”

Bárbara e Aela só podiam assistir eles se afastarem com desânimo nos olhos. Afinal, eles os haviam desapontado por não terem conseguido controlar Corgard e Érika. 

Além do mais, todo mundo queria experimentar aquela carne de Javali assada, e agora haviam perdido esta oportunidade de vez.

Neste ponto, todo mundo odiava Corgard ainda mais.

§§§§

Com o fim do Sannirdr, cada um voltou ao seu acampamento, Aela estava sentada em seu acampamento em volta de uma fogueira, rodeada pelas guerreiras da Rosa espinhosa.

“Hah…”

Aela, que sentava com sua tigela de guisado de carne de coelho, suspirou de aborrecimento. A confusão causada pelo Corgard e Érika realmente a deixaram bastante desanimada, a ponto de perder a fome.

Além do mais, mesmo depois do duelo, o acampamento dos mercenários ainda continuavam a assar a carne de javali, fazendo o cheiro continuar a se espalhar no ar, e chegando até suas narinas.

“…”

Olhando para o lado, ela pode ver Bárbara também com sua tigela, mas seu olhar parecia vago, como se também estivesse presa em seus próprios pensamentos.

“O que está em sua cabeça para te deixar tão concentrada?”

Disse Aela com um sorriso enquanto olhava para ela.

“?…”

Foi então que Bárbara despertou de seus pensamentos depois de ouvir as palavras de Aela, parecendo surpresa consigo mesma por ter estado tão distraída. 

Percebendo isso, ela curvou a cabeça em sua direção.

“Desculpe, perdi a cabeça por um momento ao invés de prestar atenção na segurança da jovem senhorita.”

Disse ela em um tom de vergonha.

Vendo isso, Aela balançou a cabeça.

“Por favor, não diga isso. Na verdade, estou curiosa para saber o que a deixou tão pensativa. É por causa do duelo?”

Vendo isso, um leve sorriso apareceu nos lábios de Bárbara, e falou.

“A jovem senhorita é sempre tão atenta. Sim, é sobre o Sannirdr. Na verdade, ainda estou bastante surpresa.”

Disse Bárbara enquanto entrelaçava os dedos, e continuou.

“As capacidades físicas que o Lobo branco caolho demonstrou, digo, o Sr. Wolff, está acima dos limites humanos.”

Disse Bárbara, deliberadamente substituindo a forma que chamava Ken pelo seu apelido conhecido, para seu sobrenome enquanto ainda adicionava um honorífico, demonstrando um respeito ainda maior que tinha antes.

Embora não demonstrasse tão abertamente como Corgard e Érika, e embora também não fosse tão profundo, Bárbara também tinha um pouco de preconceito contra os mercenários, por isso não demonstrava muito respeito para com o Ken.

Mas depois de o ver trazer um enorme javali de rank B como se fosse nada e ainda derrotou Corgard daquela maneira, o preconceito foi rapidamente substituído pelo respeito.

“Mesmo sem aura, com sua própria capacidade física, ele foi capaz de acompanhar a velocidade e força de um guerreiro intermediário de aura de três estrelas, e suas artes marciais também eram incríveis, imobilizando completamente todas as chances de Corgard contra atacar. Além do mais, o que me deixou mais em choque foi que, mesmo com as mãos nuas, ele conseguiu causar danos em Corgard. Nunca antes na vida já havia presenciado algo parecido.”

“…”

Aela Skarsgard não é uma guerreira, pelo contrário, é uma maga que conseguiu chegar apenas até o 2º círculo, portanto, não tem muito conhecimento sobre aura. Mas ouvindo as palavras de Bárbara e seu tom pesado, ela também começou a perceber a incredulidade da situação.

Bárbara continuou.

“Mesmo que alguém tenha muita mana, existe um limite pelo quanto seus circuitos de mana e seu corpo possam aguentar. Mas o Sr. Wolff pareceu ter superado este limite, permitindo-o ter uma força de igual a um usuário de aura intermediário.”

Depois de dizer estas palavras, Bárbara olhou para Aela, com um rosto sério.

“E se alguém, que conseguiu superar este limite, também conseguir manifestar aura, o quão forte você acha que ele se tornaria?”

“?”

Vendo isso, Aela sentiu um leve arrepio na espinha. Afinal, a resposta para a pergunta de Bárbara era clara. Se Ken realmente for capaz de manifestar aura, então ninguém no mesmo nível seria capaz de derrotá-lo, mesmo contra alguém um nível acima dele.

Neste ponto, Crystalline já não era a única prioridade para elas, agora elas também teriam que trazer Ken para o lado delas. Mas lembrando-se da confusão que aconteceu recentemente, um sentimento de culpa e arrependimento surgiu no interior delas.

Foi neste momento que as guerreiras que estavam de pé ao lado ficaram agitadas, prontas para desembainhar suas espadas, chamando tremendamente a atenção de Bárbara e Aela.

Quando olharam para a causa da confusão, perceberam que alguém se aproximava delas, fazendo Bárbara e Aela arregalar ligeiramente os olhos.

A pessoa era Ken.

§§§§

Percebendo Ken parado em seu acampamento, Aela acenou para as guerreiras.

“Deixem-no passar.”

Após dizer estas palavras, as expressões das guerreiras relaxaram e se afastaram, abrindo caminho para Ken passar.

Aela, como nobre, permaneceu sentada enquanto Bárbara levantou-se para agir como uma intermediária.

Assim que Ken se aproximou, fez uma vénia com o punho batendo no coração.

“Desculpe aparecer de repente e interromper a vossa senhoria.”

“?”

“?”

Bárbara e Aela ficaram um pouco surpresa pela apresentação formal de Ken. Depois de terem visto toda a sua brutalidade, realmente achavam que ele não sabia nada de formalidade, então foram pegos de surpresa.

Endireitando sua postura, Aela falou.

“Não tem problema. Então, o que o traz até aqui…?”

Antes que terminasse de perguntar, Aela percebeu que Ken carregava dois espetos de carne de javali, o que imediatamente chamou sua atenção.

Então, sem pensar muito, Ken os estendeu na direção da Bárbara.

“Assim como haviam pedido antes, decidi trazer um pouco de carne para a vossa senhoria Aela e a Guerreira Bárbara.”

Após Ken dizer estas palavras, Bárbara ficou inquieta.

Na mão de Ken estavam presentes dois espetos com enormes carnes assadas, a cor dourada chamava a atenção delas e o cheiro era realmente provocativo, indicando que havia sido acabado de tirar da grelha.

Vendo aqueles pedaços grandes de carne, Aela e Bárbara perceberam que apenas um pedaço já seria o suficiente para deixá-las repletas, e talvez nem conseguisse terminar.

Bárbara queria pegá-los imediatamente, mas lembrando-se das coisas que Corgard fez, a fez hesitar, depois, falou enquanto olhava para Ken.

“Mas Corgard não havia perdido o Sennidr? Então vocês não têm mais a obrigação de nos dar a carne.”

Disse Bárbara, embora seus olhos não deixassem de olhar para a carne algumas vezes.

Vendo isso, Ken não pode deixar de erguer um leve sorriso, e falou.

“Embora Corgard tivesse planejado este plano, sou adulto o suficiente para reconhecer que a jovem senhora foi prejudicada pelas suas ações. Portanto, eu gostaria que aceitassem pelo bem da harmonia.”

“…”

Bárbara, sem saber o que fazer, olhou para Aela para saber sua resposta. Ela, que também não parava de olhar para os espetos de carne, balançava a cabeça em concordância.

Vendo isso, Bárbara suspirou de alívio internamento e se virou para Ken.

“Neste caso, obrigada.”

Então, Bárbara recebeu os espetos de carne e agradeceu em uma vénia.

“Então, com sua licença.”

Depois de ter feito o que queria, Ken se virou e começou a se retirar. 

“Ah…”

Aela parecia ter mais alguma coisa para dizer, mas Ken já havia andado bastante, suas costas largas tornando-se cada vez mais pequenas à medida em que se afastava.

Então, assim que Ken desapareceu, Bárbara voltou a se sentar ao lado de Aela e ofereceu um dos espetos.

“Devo preparar ela em um prato, jovem senhora?”

Perguntou Bárbara antes de entregar.

“E teria graças comer carne assada de espeto em um prato?”

Disse Aela recusando a ideia de Bárbara enquanto encarava a carne à sua frente. A cor dourada parecia brilhar e o cheiro, de mais perto, parecia ainda mais provocante.

Então, sem demora, ela deu a primeira mordida.

“?”

Uma explosão de sabores imediatamente inundou sua boca, fazendo ter coceiras nas bochechas. Sendo uma dama nobre, Aela já comeu carnes de alta qualidade e pratos jamais vistos por pessoas comuns, mas a carne que ela estava comendo era diferente.

Ela era rica em sabores e o tempero era como um vestido de alta qualidade que caiu perfeitamente sobre a carne. Ao mastigar, a carne derretia facilmente pela boca e ao engolir escorre suavemente pela garganta.

‘Incrível. Fiquei sabendo que javalis têm a carne rija, ainda mais os tipo monstros já que têm a pele endurecida pela mana. Mas esta carne está bem macia e o sabor é agridoce, sem contar que derrete na boca.’

Pensou Aela, que devorava a carne com o rosto corado.

Bárbara, que assistia Aela comer com entusiasmo, também começou a comer.

“!”

Seus olhos também brilharam, tendo a mesma sensação que Aela e também como todos os outros que comeram.

Elas também decidiram compartilhar o restante com as guerreiras, claro, exceto com aquelas que fizeram parte do plano de Érika e Corgard.

“…”

Ken, que havia desaparecido do olhar dos guerreiros, olhou para trás com o canto dos olhos, assistindo Aela, Bárbara e algumas das guerreiras comendo com satisfação as carnes entregue por ele.

E neste momento, seus lábios se ergueram em um sorriso malicioso.