Capítulo 140: Jormskalli_O rei branco do pântano. (Parte 2.)
Bestas.
Dizem que bestas são a encarnação física dos espíritos, pois apesar de serem criaturas físicas, ao invés da mana, possuem a energia espiritual que apenas existe no mundo espiritual, onde habitam os seres espirituais.
A existência deles é um mistério, são raros e difíceis de achar, mesmo os de rank mais baixo. Mas o que se sabe é que eles existem desde o início da criação do mundo, junto dos dragões.
Eles são classificados em bestas comuns, espirituais, místicos e divinos.
As bestas comuns podem ser comparadas a animais com um alto nível de inteligência como também grandes capacidades físicas e resistência.
Elas não são tão raras, mas ainda são difíceis de achar, mesmo um usuário de aura intermediário teria dificuldade em enfrentá-lo.
As bestas espirituais são relativamente maiores que as bestas comuns e ainda possuem a capacidade de controlar os elementos da natureza. São ainda mais difíceis de encontrar.
Já as bestas místicas são consideradas lendas, uma existência para além da compreensão, até usuários de aura nível mestre teriam dificuldade em derrotá-los.
É preciso lembrar que as atuais bestas divinas, como o Fenrir, já foram consideradas bestas místicas, mas que após a transcendência tornaram-se divinas, podendo transformar-se livremente em seres espirituais e poderem andar livremente pelo mundo espiritual.
Mas para além das bestas divinas, havia mais uma besta mística bastante conhecida. O Jorsmkalli, o rei do pantano de Mykvath.
Mas o estranho, é que a lenda diz que o Jormskalli já havia sido derrotado a milhares de anos atrás, antes mesmo do reino de Vinland se firmar. E o mais estranho, é que a lenda dizia que o Jormskalli derrotado era uma enorme serpente com centenas de metros de distância, ou quilômetros.
Mas o que estava na frente deles era um crocodilo, e mesmo assim todos sabiam que ele era um, ou talvez outra versão do Jormskalli.
Por causa de seu tamanho colossal, de sua tonalidade de cor branca e as escamas que se estendiam como lâminas de espadas, para além de conter os olhos azuis. Estas eram as principais características de um Jormskalli.
*Crack, crack.*
O escudo mágico em volta da carruagem de Aela que estava dentro da boca do Jormskalli não estava suportando o enorme peso e começou a rachar.
*Plack!*
E então não demorou muito e a primeira camada de escudo mágico quebrou como placa de vidro.
“Kyaaa!”
Aela gritou em terror enquanto o interior da carruagem balançava violentamente, fazendo um medo indescritível dominar todo seu corpo a ponto de congelar em total pânico.
*Plac, plac, plac.*
E então o segundo, o terceiro e o quarto escudo mágico quebraram em uníssono, ficando apenas uma barreira.
“Mestra!!”
Bárbara gritou em pânico ao ver que a barreira mágica da carruagem estava quase sendo quebrada. A carruagem, que tinha uma resistência bastante inferior com a barreira mágica, se for apertada pelas mandíbulas do crocodilo, certamente não suportaria e Aela seria quebrado junto.
Estes pensamentos a fizeram ter um frio na barriga. Ela queria fazer alguma coisa, mas apenas a presença do Jormskalli faziam as forças desaparecerem completamente de sua perna e sua mente ficar em completo branco.
“!”
Foi então que ela percebeu um raio branco surgir à sua frente e avançar na direção da boca do Jormskalli, deixando Bárbara perplexa.
‘Ken?…’
Pensou Bárbara ao notar a presença da pessoa que avançava, envolto em um raio de cor branco.
*Crack!.*
No momento em que a última camada da barreira mágica começou a rachar, Ken já havia pulado para dentro da boca do Jormskalli, seus pés imediatamente pisaram em sua mandíbula, o maxilar inferior, enquanto suas mãos estavam estendidas para cima, agarrando seu maxilar superior.
*Plack.*
E foi neste momento que a última camada da barreira quebrou e a carruagem começou a entortar a ponto de ser esmagada.
“!!??”
A mordida de um crocodilo gigante, ainda mais do Jorsmskalli, que era superior a dezenas de toneladas, caiu sobre os braços e pernas de Ken, fazendo-os dobrar ligeiramente.
“Ugggggghhhhhhh!?”
Mas Ken continuou a forçar seus músculos para não permitir que a boca do Jormskalli se fechasse por completo. Afinal, a vida da pessoa que estava dentro da carruagem não poderia ser perdida, não importa o que acontecesse.
Esta cena que parecia heroica foi captada por todos os guerreiros e os mercenários, fazendo-os ficar extremamente chocados com os olhos extremamente arregalados.
Afinal, um homem, estava segurando a boca de um crocodilo gigante. Quanta força uma pessoa teria que ter para ser capaz de fazer tal feito?
§§§§
Desde o momento em que o Jormskalli apareceu por debaixo da carruagem e o carregou em sua boca, o corpo de Ken agiu como se estivesse em modo automático.
‘Não posso deixar ela morrer!’
Seus dedos se moveram instantaneamente e ativou os selos de mão.
[Técnica do coração da besta.]
A energia vital moveu-se para o pulmão, e a técnica de respiração fez o coração bombardear a energia vital por todo o corpo.
No momento seguinte, os raios brancos começaram a surgir ao redor de seu corpo.
[Raio branco, 60%]
Seus músculos, fortalecidos pelo raio branco, incharam ao ponto de seus pés afundarem no chão então avançou.
Ele pisou com força no chão até afundar e pulou direto para a boca do Jormskalli, pisando em suas presas da mandíbula e segurando seu maxilar superior com as mãos.
“Gh!!”
O peso que seu corpo estava suportando era algo que ele nunca havia experimentado, superando dezenas de toneladas, talvez vinte ou trinta.
Quantos mais os segundos passavam ao segurar a enorme doca do Jormskalli mais Ken percebia que não conseguiria sustentar ela por bastante tempo, mesmo usando a técnica do coração de besta e o raio branco ao mesmo tempo. Ele sabia que tinha que se apressar e retirar Aela de dentro da carruagem o mais rápido possível.
Então, usando ainda mais força no braço esquerdo, Ken soltou sua mão direita da boca do Jormskalli e pegou na porta da carruagem, e com um puxão, a porta foi facilmente arrancada e jogada para longe.
“!”
Aela, que estava encolhida dentro da carruagem e com lágrimas escorrendo pelo rosto, olhou chocada para a pessoa que apareceu a sua frente, fazendo-a arregalar os olhos.
Sem pensar muito, Ken estendeu sua mão direita para dentro e gritou.
“Agarre minha mão!!”
Ken estava impaciente, embora estivesse segurando a boca do crocodilo com uma mão, que parecia incrível aos olhos dos outros, mas para Ken era uma aposta arriscada, seu braço até estava tremendo.
“…!”
Foi então que Aela finalmente recobrou a consciência, mas ao invés de receber a mão de Ken, seu olhar começou a vagar por toda a carruagem, como se estivesse procurando por alguma coisa, o que acabou irritando bastante Ken.
“Agora!”
Ken voltou a gritar.
“!…”
Mas Aela, em pânico, tentou ignorar com todas suas forças a vontade de pegar a mão de Ken e seu olhar não parava de vagar por toda a carruagem.
“!”
Até que seus olhos finalmente caírem sobre uma pequena caixa de madeira que cabe na palma de uma mão, fazendo seus olhos brilharem de alívio. Então, ela imediatamente pegou a caixa e rapidamente se virou para pegar a mão de Ken.
“!”
“!”
Mas foi neste momento em que Jormskalli levantou a cabeça para cima, ficando em uma posição vertical. Com isso, Aela perdeu o equilíbrio e começou a cair. Como a janela estava quebrada, se ela caísse, entraria direito para a garanta do Jormskalli.
Sua mão se esticou enquanto seu corpo se afastava cada vez mais da presença de Ken, caindo nas profundezas do Jormskalli.
‘Eu… vou morrer?…’
Foi neste momento que todos os arrependimentos começaram a passar pela sua cabeça. A decisão de ir pelo pantano, a decisão de não ter ouvido o Ken, e, mais uma vez, de não ter pego imediatamente sua mão. Tudo caindo de uma vez sobre ela naquele pequeno espaço de tempo.
“?”
Mas então algo inesperadamente agarrou sua mão, era a mão de Ken. Ele forçou ainda mais sua mão esquerda a suportar todo o peso do Jormskalli e estendeu seu corpo ainda mais para frente e assim conseguiu segurar a mão de Aela.
*Clack.*
“Ugh!?”
Mas foi neste momento que um estalo ecoou e Ken sentiu algo se quebrar em seu braço esquerdo, fazendo uma dor quase indescritível percorrer todo seu braço.
‘Não vou conseguir aguentar!’
Naquele momento Ken percebeu que não tinha mais forças para poder suportar mais o peso, nem por um segundo, e ao mesmo tempo conseguir sair da boca do Jormskalli. Então, ele só tinha uma escolha.
‘Não tenho escolha!’
[Raio negro, 10%]
Neste momento, seu olho que brilhava com uma tonalidade branca tornou-se um negro profundo, e raios negros começaram a brilhar em sua mão esquerda. Os raios negros, que eram como virus, imediatamente penetraram na gengiva do jormskalli através da mão de Ken, fazendo aquela região da gengiva ficar de cor cinza escura até duas de suas presas começaram a rachar e partir.
“!? Cruaaaaaaaaaaaackkkkkkkk!!”
Jormskalli, ao sentir uma dor ensurdecedor, rugiu de fúria enquanto balançava violentamente a cabeça, tentando afastar o que quer que tenha causado essa dor intensa.
Por causa deste movimento intenso, Ken, Aela e até a carruagem foram jogados para longe, em direção da floresta mais próxima.
“!? Kyaaa!”
Aela, percebendo que estava a cerca de dezenas de metros acima do solo, gritou de extremo medo.
“?”
Mas no momento seguinte seu corpo inteiro foi envolto por um abraço de Ken, deixando-a ligeiramente surpresa, e assim, os dois continuaram a voar no ar até que começaram a cair direto para o interior da floresta, longe do terreno lamacento.
“Mestra!”
Bárbara, que ainda estava no local, gritou ao ver sua mestra cair do outro lado, querendo imediatamente ir naquela direção.
“!”
Mas então ela sentiu o chão tremer, percebendo que Jormskalli se debatia violentamente. E neste momento, o olhar do Jormskalli caiu sobre ela.
“!”
Bárbara sentiu todo o sangue de seu corpo congelar ao ser encarada por aqueles olhos pesados como gelo.
Por causa da dor em sua boca, Jormskalli estava bastante irritado, então ele queria destruir tudo que se mexesse em sua volta, sejam vivos ou não. Ele levantou sua enorme pata dianteira e a lançou em direção a Bárbara.
“!”
Felizmente Bárbara foi mais rápida, uma aura de cor vermelha surgiu ao redor de seu corpo e pulou para longe, fugindo do ataque.
[Corpo de aura. Aura de quatro estrelas.]
O ataque do Jormskalli havia falhado, mas o impacto da perna no chão causou uma enorme onda de choque, que quase a desequilibrou, mas ela conseguiu se manter firme.
“Guerreiros! Formação defensiva!!”
Gritou Bárbara.
Imediatamente todos os guerreiros começaram a sair de seu estado de transe e se reuniram ao redor de Bárbara, erguendo suas espadas e escudos, prontos para enfrentar a criatura à frente deles.
Mas neste momento, Jormskalli virou a cabeça na frente deles e rugiu.
“Gruahhhhhhh!!!”
“!”
“!”
O rugido do Jormskalli gerou uma intensa onda de choque e pressão de vento intensa. Aqueles que tinham o núcleo de mana, mas não tinha aura, foram imediatamente empurrados para longe como se fossem sacos de papel.
Enquanto os usuários de aura, para não serem empurrados, imediatamente ativaram o corpo de aura, suportando a pressão de vento que vinha sobre eles.
‘Que droga!…’
Bárbara apenas podia xingar internamente.
A situação apenas estava se tornando cada vez mais caótica, neste momento, aqueles que não tinham aura se tornaram completamente inúteis para enfrentar o Jormskalli, e até mesmo os guerreiros de aura iniciantes pouco podiam fazer para ajudar.
Neste momento, os únicos que podiam enfrentar o Jormskalli era ela, Corgard, um usuário de aura intermediário de três estrelas, Erika, guerreira intermediário de aura de duas estrelas.
Ela então olhou ao redor, percebendo que todos os membros do grupo mercenário guerreiros amaldiçoados estavam todos firmes ao lado deles.
Então, no total, apenas treze pessoas pareciam estar em posição de enfrentar o Jormskalli. Mas mesmo sabendo disso Bárbara não estava nada aliviada. Eles eram poucos, e diante de uma besta mística, o nível de poder deles também era baixo, para além do terreno lamacento não ajudar na movimentação.
“Capitã, o que faremos!?”
Perguntou Erika, seus olhos cheios de terror e suas pernas tremendo de medo, mas forçando-se a manter-se firme, afinal, ela não era uma vice capitã atoa.
Mas Bárbara não sabia o que fazer, afinal, quem iria imaginar que eles iriam enfrentar uma besta mística, que não são encontrados a milhares de anos?. Dizendo a verdade, pode se dizer que eles foram sortudos e azarados ao mesmo tempo.
‘Porque não o ouvimos?’
Pensou Bárbara, neste momento, lembrando-se das palavras de Ken antes mesmo de terem posto seus pés neste terreno.
– Este terreno é perigoso.
Estas palavras agora ressoavam em sua mente como uma assombração, fazendo-a se arrepender do fundo do coração.
Mas ela não podia deixar esses pensamentos a influenciarem agora, afinal, é preciso estar vivo se quiser espiar seus arrependimentos, e para viver precisarão derrotar essa criatura na frente deles.
“Nós vamos distrair ele.”
Foi então que o líder dos mercenários, Brodwilf, deu um passo à frente.
“Seja o que for que você esteja pensando, melhor ser rápido, nós daremos o primeiro movimento.”
Depois de dizer essas palavras, Brodwilf e seus companheiros ergueram suas espadas, e no momento seguinte, uma energia escura e sombria surgiu pela espada e envolveu o corpo deles.
Esta é a habilidade da espada amaldiçoada deles, a energia escura era a mana da escuridão, que apenas se podia obter através da energia sombria, assim como a energia da luz apenas podia ser obtida através da fé de fiéis por um deus.
A energia sombria, que atuava como uma aura, dava ao corpo dos mercenários uma capacidade física tremenda. Browilf ganhou a força de um usuário de aura de quatro estrelas, enquanto seus companheiros de duas estrelas.
Mas por serem armas amaldiçoadas, elas vinham com uma restrição. Pela troca da capacidade física, eles perdiam um dos sentidos.
Cinco dos companheiros perderam a habilidade de falar, outros cinco ficaram surdos. Já Brodwilf, que tinha a energia sombria mais poderosa, perdeu a visão. Seus olhos ficaram completamente escuros, coberto pela energia amaldiçoada.
“Nós, os guerreiros amaldiçoados, vamos avançar.”
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