Capítulo 142: Donzela em perigo.
Um momento antes.
Ken e Aela estavam caindo do alto céu, Ken rapidamente a pegou em um abraço forte e virou suas costas na direção do chão.
Quando caíram com força no chão, as costas de Ken começaram a se arrastar em uma longa linha, protegendo o corpo de Aela da enorme queda que poderia matá-la.
Depois de ser arrastado por dezenas de metros de distância, gerando uma grande nuvem de poeira, finalmente pararam.
“Ugh…”
Mesmo que Aela tenha sido protegida durante a queda, seu corpo ainda sofreu danos por causa do impacto, o que causou dor por todo seu corpo e fazendo-a gemer de dor.
Ken então levantou a parte superior de seu corpo do chão enquanto soltava o braço esquerdo do abraço de Aela.
“Ugh?”
Mas este simples movimento fez uma dor aguda percorrer seu braço esquerdo, fazendo-o gemer de dor.
“?”
Aela, vendo isso, se lembrou do exato momento em que Ken apenas usou o braço esquerdo para suportar a boca do Jormskalli, sendo seguido por um som de estalo, como se um osso tivesse deslocado.
“V-você está bem?… O que posso fazer?… Deslocou?”
Aela, atordoada e sem saber o que fazer, apenas gesticulava suas mãos exasperadamente em volta do braço de Ken.
“…”
Ignorando sua atitude exasperada, Ken agarrou seu antebraço esquerdo e o moveu com força.
*Clack.*
“!”
Um som de estalo de ossos ecoou alto, assustando Aela e fazendo-a arregalar os olhos de surpresa.
Tendo colocado os ossos de volta no lugar, Ken começou a mover mais livremente seu braço esquerdo, ajustando e acostumando os ossos que haviam voltado no devido lugar.
Mas acontece que não era apenas o cotovelo que havia deslocado, também haviam sido fissuradas, o que ainda lhe causava bastante dor, mas felizmente não o impedindo de o mover.
“Você está bem?…”
Perguntou Aela, notando a forma de como Ken conseguia mover seu braço.
“…”
Ao invés de responder, Ken simplesmente ficou olhando para ela. Depois, seu olhar caiu sobre a pequena caixa de madeira que estava bem ao lado deles, no chão.
Vendo a pequena caixa, Ken se lembrou do momento em que Aela estava desesperadamente procurando por ela mesmo quando estava na beira da morte, o que também fez com que seu braço se deslocasse. Então, ele pegou a caixa do chão e o estendeu na direção de Aela.
“O que é isso?”
Perguntou Ken com um olhar indiferente sobre ela, mas com o tom de voz frio.
“!”
Um arrepio percorreu a espinha de Aela ao ser questionada pelo Ken, principalmente enquanto a olhava com um olhar indiferente mas com um tom de voz frio de arrepiar.
Ela estava tremendo, sabendo que Ken provavelmente estava com raiva dela por tentar procurar a caixa mesmo quando Ken a estava tentando salvar da boca do Jormskalli.
Mas olhando para a caixa na mão de Ken, ela rapidamente estendeu sua mão, tentando desesperadamente pegá-la da mão de Ken.
Mas assim que sua mão estava prestes a pegá-la, Ken a moveu para trás, longe das mãos de Aela que apenas agarraram o ar.
“?”
Aela ficou surpresa, e seus olhos se encheram de medo assim que notou o olhar de Ken, que parecia impaciente.
“Eu perguntei o que é isso. Por acaso está tentando ignorar minha pergunta?”
Desta vez o tom de voz de Ken tornou-se mais pesado, assim como seu olhar.
“!”
Foi então que Aela percebeu que Ken realmente estava irritado, não se importando se ela era uma filha de família nobre ou não. E para ser honesta, ela mesma sabia que seu título de nobre naquele momento não era nada demais.
Se a pessoa na sua frente quisesse, poderia matá-la com um simples movimento de mão, e sinceramente, ela sentia que realmente seria morta caso não falasse nada, fazendo uma grande pressão cair sobre ela.
Então, baixando a cabeça por não conseguir mais olhar nos olhos de Ken, ela falou, com a voz fraca.
“…Isto… é algo bastante importante para mim…”
Esta era a primeira vez que ela abaixava a cabeça ao falar com alguém. Normalmente ela sempre esteve acima dos outros. A segunda filha de um conde, uma nobre que aprendeu o básico da magia, mas que é bastante conhecida pelo seu talento nos negócios, o que a permitiu controlar a maioria dos negócios do condado de sua família.
Ela era quem estava acima de todos, enquanto as pessoas ao redor tinham que abaixar a cabeça antes de falar com ela, não apenas por respeito, mas por medo de a desafiarem.
Mas neste momento, ela tinha que abandonar o orgulho e baixar a cabeça diante do homem na frente dela. Não era apenas como um instinto de sobrevivência, mas como algo natural, como se o homem na frente dela realmente estivesse acima dela.
Então, ela continuou falando com a voz fraca e com soluços.
“Não apenas para mim, mas para toda a minha família. Sem ela… eu não sei o que pode acontecer com minha família… todo o sacrifício que fizemos… toda decisão tola… foi para carregar ela de volta para casa…Hic. Eu estou cansada…estou muito cansada…mas não posso parar, porque se eu parar…não sei o que pode acontecer…tudo está tão difícil…”
Enquanto falava sua voz foi ficando cada vez mais fraca e com soluços ao expressar as palavras que pareciam pesar em seu coração, como se estivesse desabafando seus sentimentos mais profundos, sem que ela mesmo se apercebesse.
Ela podia sentir seus olhos ficarem úmidos, mas mesmo assim não parava de falar. Ela não sabia o porquê de estar contando tudo isso para Ken ao invés de apenas ter respondido sua pergunta, mas o que ela apenas sabia era que no momento em que começou a falar, tudo que guardava dentro começou a sair, como uma represa que estava cheia e tinha que ser descarregada.
“Eu tenho que levar ela… não importa o que aconteça… é algo… bastante importante…para todo o condado…mesmo que eu tenha que morrer…”
“…”
Ken apenas observava seu desabafo em total silêncio.
E ele percebeu que, mesmo enquanto ela desabafava sobre a importância da caixa, ainda não dizia o que realmente estava dentro dela.
Vendo isso, Ken também percebeu que ela colocou a importância da caixa tão fundo em seu subconsciente que sem se aperceber estava contando tudo sem dizer o que realmente estava dentro da caixa.
Não era de propósito, mas sim uma ação instintiva de sua mente. Mas sinceramente, Ken pouco se importava sobre o que realmente estava na caixa, porque ele já havia obtido o que realmente queria.
“?”
Foi então que ela sentiu alguma coisa acariciar sua cabeça, e quando olhou para cima, ficou surpresa em ver a mão de Ken sobre sua cabeça, acariciando ligeiramente seu cabelo enquanto estendia a mão que segurava a pequena caixa para ela.
Vendo a expressão confusa dela, Ken falou.
“Você deve ter ficado bastante assustada com a minha atitude, mas entenda, eu teria ficado bastante irritado se a razão de você ter apostado nossa vida fosse por algo insignificante. Mas vendo como você parece apreciar esta caixa mais que a sua própria vida, então não direi mais nada.”
Depois de dizer estas palavras, Ken entregou a caixa nas mãos dela antes de continuar.
“Você deve ter passado por bastante coisa, mas são estas adversidades que tornam as pessoas cada vez mais fortes.”
“!”
Ao ouvir as palavras de Ken, Aela sentiu um calor surgindo inexplicavelmente em seu coração, fazendo seus olhos ficarem ainda mais úmidos de suas lágrimas, a beira das lágrimas.
Como Ken havia dito, ela tem passado por diversas dificuldades por causa das dificuldades do condado, obrigando-a a sacrificar diversas coisas e até perder noites de sono apenas para reduzir os problemas que não param de surgir. Mas estes problemas a têm esgotado tanto mentalmente quanto fisicamente.
Mas ela não podia desabafar com ninguém, nem mesmo para sua companheira mais próxima, Bárbara. Afinal, mesmo sendo sua melhor amiga, Bárbara a seguia fielmente por admirar sua bravura, e Aela não queria decepcionar suas expectativas, por isso nunca desabafou para ela.
Então, vendo Ken dizer estas últimas palavras para ela, Aela finalmente se sentiu valorizada, como se todo seu sacrifício realmente não fosse em vão, fazendo-a quase desabar em lágrimas.
“CRUAAAAAAAA!”
“!”
“?”
Mas foi então que um rugido intenso surgiu, sacudindo violentamente as folhas e galhos das árvores, e pegando Ken e Aela de surpresa.
Aela imediatamente agarrou as roupas de Ken e enterrou sua cabeça em seu peito. Todo seu corpo tremia insensatamente e seu rosto se contorcia de total horror, a ponto de sua pele ficar branca.
‘Deve ser uma das habilidades do Jormskalli.’
Pensou Ken, analisando que havia alguma coisa naquele rugido que parecia ter a capacidade de amedrontar as pessoas, pois ele mesmo sentiu-se momentaneamente intimidado.
Ken queria acalmar Aela, mas percebendo que ela não é uma guerreira e mesmo como maga não era tão habilidosa, seria difícil superar o medo causado pelo rugido de uma criatura mística.
“?”
Foi então que Ken percebeu algo estranho ao redor. Uma névoa branca começou a surgir ao redor, cercando ambos a ponto de não conseguirem ver mais as árvores ao redor.
“Névoa traiçoeira?…”
Disse Ken ao analisar a névoa que se espalhava ao redor. Mas logo sua expressão se tornou bastante séria, franzindo ligeiramente a testa.
‘Não, não é a névoa traiçoeira.’
Ao ver melhor, ele percebeu que a névoa ao redor não era a névoa traiçoeira, o que era definitivamente mais estranho.
“!”
Foi então que os instintos de Ken gritaram e rapidamente moveu seu braço esquerdo para proteger a cabeça de Aela.
*Deng, deng.*
“Kyaa!”
Imediatamente algumas coisas metálicas atingiram as correntes amarradas no antebraço de Ken, protegendo o rosto de Aela. Quando os objetos caíram no chão, Ken finalmente percebeu o que era.
‘Adagas?’
Os objetos eram adagas, que foram jogadas com clara intenção de matar Aela.
“!”
Aela estava em claro pânico, sem claramente entender o que estava realmente acontecendo, mas Ken não tinha tempo de explicar para ela.
“? Kyaa.”
Percebendo que mais adagas foram lançadas, Ken pegou o corpo de Aela com o braço esquerdo e pulou para longe, e naquele local dezenas de adagas caíram.
“?”
Mas onde ele tinha fugido, mas adagas foram jogadas, e mais uma vez, estavam todas sendo jogadas na direção de Aela, então Ken moveu seu braço direito e usou as correntes amarradas no antebraço para rebate-las, fazendo o som de metal colidindo ecoar pela floresta sombria.
Em seguida, Ken colocou Aela no chão, atrás de suas pernas enquanto agia como escudo, protegendo-a sob possíveis ataques.
“O-o que está acontecendo!?…”
Perguntou Aela quase em pânico ao perceber que estava repentinamente sendo atacada por inimigos invisíveis.

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