Índice de Capítulo

    Os guerreiros da casa Skarsgard ainda estavam com expressões complexas, como se estivessem com dificuldade em acreditar no que haviam acabado de presenciar.

    Não apenas sobre aquele ataque de Crystalline e do Jormskalli que praticamente sacudiu quase todo o pântano, mas até no ataque inesperado de Ken que havia acontecido.

    De repente, um raio branco havia surgido do céu e caiu com força sobre a cabeça do Jormskalli, matando-o na hora. Apenas para saberem que o dono daquele raio era Ken.

    “…”

    “…”

    Sem saberem o que sentir, eles começaram a olhar nos rostos um do outro, repletos de surpresa, choque, confusão, e, por fim, admiração.

    “…Estamos vivos…”

    “Estamos vivos!…”

    “Estamos vivos!!”

    Mas no final, todas estas emoções se tornaram em alegria. Cada um gritava com grande empolgação enquanto se abraçavam com força, cada um procurando uma forma de expressar sua imensa alegria. 

    Na verdade, desde o momento em que o Jormskalli apareceu, eles já haviam aceitado a própria morte, apenas continuaram a lutar porque um verdadeiro Vinland não recusa uma batalha, mesmo quando o destino é incerto.

    Mas afinal, eles eram humanos, e como qualquer humano, eles não queriam morrer, e ao saberem que poderiam continuar vivos, não puderam deixar de comemorar. 

    “…”

    Diante da comemoração deles, o olhar de Bárbara estava longe, observando Ken e Crystalline que pareciam estranhamente próximos ao lado do Jormskalli, fazendo-a se perguntar o que estavam fazendo. 

    “Bárbara…”

    Foi então que uma voz familiar ecoou, chamando pela Bárbara. 

    “!”

    Bárbara, surpresa por ter ouvido a voz familiar, rapidamente olhou na direção da voz que vinha atrás de si, encontrando Aela que se aproximava pela floresta.

    Seu rosto estava ligeiramente pálido e com alguns arranhões presentes, todo seu corpo estava coberto por um enorme manto preto, ao ponto de estar sendo  arrastado no chão.

    “Senhorita Aela!”

    Mas aos olhos de Bárbara, Aela parecia tão miserável ao ponto de machucar seu coração. Sem esperar muito, ela correu até ela enquanto gritava seu nome.

    “Aela! Você está bem!? Está machucada em algum lugar!?”

    Ela estava tão emocionada que até se esqueceu das suas formalidades como subordinada, e a chamou diretamente pelo nome, algo que fazia apenas quando estavam sozinhas.

    Seus olhos vagavam por todo seu corpo assim como suas mãos, tentando procurar saber se havia algum tipo de ferimento sério que não conseguia encontrar.

    “Estou bem, não te preocupes Bárbara.”

    Disse Aela  com suavemente, tentando acalmar Bárbara que não parava suas mãos inquietas de percorrer todo seu corpo.

    “Na verdade, é você quem não está bem, não é?”

    Perguntou Aela com um sorriso amargo enquanto olhava para Bárbara.

    Assim como Aela havia dito, Bárbara estava visivelmente péssima. Suas roupas estavam rasgadas, revelando graves ferimentos em sua pele que sangravam, até seu olho direito não conseguia abrir por completo.

    “Eu estou bem, senhorita, não te preocupes.”

    Mas Bárbara, com um tom de voz suave, disse que estava bem mesmo quando não parecia. Afinal, ela era uma guerreira, e mesmo sendo mulher, é normal ter ferimentos depois de uma batalha.

    Mas foi então que ela se lembrou de algo e perguntou.

    “A propósito, senhorita, como foi que você conseguiu chegar até aqui?”

    “…”

    Embora a pergunta de Bárbara parecesse estranha, na verdade tinha significado. Diferente de Ken, Aela era praticamente como uma pessoa normal, então seria difícil para ela conseguir encontrar o local onde eles se encontravam, ainda mais quando estava na floresta do pântano.

    “Ah…”

    Foi então que Aela se apercebeu da intenção da pergunta de Bárbara e apontou para seu lado. Quando Bárbara seguiu para onde o dedo apontava, viu uma pequena e brilhante esfera dourada do tamanho do punho de uma mão não muito longe de Aela. Na verdade, a esfera estava praticamente mais perto de Bárbara.

    “Esta é a magia chamada de ‘Farejador de mana’. Se eu tiver a mana de alguém, esta magia será capaz de localizar o dono dela a uma distância limitada de dois quilômetros.”

    Disse Aela.

    “Ah…então foi por isso que naquele dia…”

    Exclamou Bárbara, lembrando-se de uma época em que Aela pediu para que ela transferisse sua mana para dentro de um cristal de mana artificial vazia, onde Aela armazenou a mana de Bárbara.

    Então, [Farejador de mana] é uma magia que usa a mana de uma pessoa para localizá-la, então Aela provavelmente deve ter usado a mana de Bárbara armazenada no cristal de mana para poder localizá-la.

    “…É uma magia bem conveniente, como esperado pela senhorita.”

    Disse Bárbara com orgulho.

    “…”

    Mas Aela não pareceu feliz pelo seu elogio, na verdade, apenas a fez se sentir amargurada. Seu olhar então se estendeu para longe, observando a enorme besta mística que mesmo a distância ainda parecia enorme.

    “Incrível são as pessoas que conseguiram enfrentar aquela coisa.”

    Disse Aela.

    “…”

    Bárbara não respondeu, imediatamente entendendo ao que Aela se referia, seu olhar também se dirigiu naquele local.

    “…Se não fosse por eles, já estaríamos mortos, certo?”

    Perguntou Aela enquanto olhava para o Jormskalli, seu tom de voz era fraco e pesado.

    “…”

    Bárbara não respondeu sua pergunta de imediato, como se estivesse pensando cuidadosamente no que responder sem parecer pesado. Mas no final, ela decidiu falar no que verdadeiramente pensava.

    “Não tínhamos chances desde o começo. Agora entendo porque os dois foram aclamados de heróis de Crystenold. Nós não nos comparamos.”

    “…Entendo…”

    Aela sabia que realmente era isso, mas ouvir a verdade da própria boca Bárbara pesava ainda mais na consciência. Mas no momento seguinte algo apareceu em sua mente que fez com que seu olhar desanimado brilhasse com uma certa expectativa. 

    “O Jormskalli é uma besta mística não vista há milhares de anos, cada parte de seu corpo pode valer pelo menos milhares de moedas de ouro.”

    “!”

    Bárbara ficou extremamente chocada com as palavras de Aela, porque como ela havia dito, as bestas já eram criaturas extremamente raras, e encontraram uma besta mística, que não apareciam a milhares de anos, o quanto as pessoas pagariam por apenas um pedaço de seu corpo?

    “Não temos tempo para isso.”

    Mas foi então que uma voz familiar masculina as interrompeu de seus pensamentos, fazendo-as olhar na direção da origem da voz.

    E de lá, Ken e Crystalline se aproximavam na direção deles.

    “…O que você quer dizer com…não ter tempo para isso?”

    Perguntou Aela com um tom de cautela em sua voz. Ela estava realmente surpresa pelo fato de Ken ter negado levar as partes do corpo do Jormskalli que poderiam torná-lo em uma das pessoas mais ricas do reino.

    Afinal, foram apenas ele e Crystalline que derrotaram a besta, portanto, a maior parte do ganho seria praticamente deles. Mas vendo o olhar de Ken que não demonstrava nenhum tipo de ambição, Aela percebeu rapidamente que ele realmente não tinha nenhuma intenção de pegar as partes do corpo do Jormskalli.

    O olhar sério de Ken então encontrou o de Aela, o que a deixou visivelmente nervosa, e perguntou.

    “Porque vocês acham que o número de monstros que encontramos desde que entramos no pântano é quase nula?”

    “?”

    “?”

    A pergunta de Ken deixou as duas confusas, como se não conseguissem entender o que Ken queria dizer. Mas ao pensarem bem, realmente achavam estranho que não haviam encontrado nenhum monstro desde que entraram no pântano.

    A princípio elas pensavam que era uma enorme sorte inesperada, mas ouvindo agora as palavras de Ken, perceberam que poderia haver algo ainda mais profundo.

    Bárbara, que foi a primeira a perceber, disse de maneira pensativa.

    “Então você está dizendo que a razão de não terem aparecido nenhum monstro é por causa da presença da besta mística?”

    “…”

    Ao invés de responder imediatamente, o olhar de Ken vagou ao redor antes de responder.

    “Este terreno e tudo ao redor era praticamente seu território, e por causa disso, nenhum monstro tinha a coragem de se aproximar ou de sequer aparecer, com medo de enfurece-lo. Agora, com a morte do rei deste pântano, o que vocês acham que vai acontecer?”

    “!”

    “!” 

    Elas não responderam, mas a expressão perplexa em seus rostos revelava terem entendido o que as palavras de Ken queriam dizer. 

    “Eles voltariam a aparecer.”

    Respondeu Bárbara.

    Com a morte do Jormskalli, os monstros antes escondidos voltariam a aparecer, o que com certeza seria problemático. Mas elas não conseguiam entender uma coisa.

    Porque Ken e Crystalline, que pareciam poderosos, ficariam preocupados com esta situação?

    Vendo a confusão ainda presente em seus rostos, Ken continuou.

    “Sim, eles voltariam a aparecer, mas você se esqueceu de uma coisa, guerreira Bárbara.”

    “!”

    Ao ver seu nome sendo pronunciado, Bárbara de algum jeito se sentiu estranha, fazendo-a se sentir como se fosse uma criança sendo repreendida por ter errado uma questão.

    “Monstros são criaturas que evoluem apenas ao absorver mana, e o melhor jeito de evoluir é consumir outros monstros. Embora a energia espiritual de uma besta desapareça por completo depois de sua morte, esta enorme quantidade de energia espiritual ainda é convertida em mana. Então, quando os monstros finalmente se aperceberem da morte do rei do pântano através de sua poderosa mana vagando de seu corpo, este lugar inevitavelmente se tornará em um enorme banho de sangue, e acredito que vocês não vão querer estar presentes quando isto acontecer.”

    Assim que terminou de falar, os rostos de Aela e Bárbara ficaram ainda mais pálidos, finalmente entendendo de onde vinha a urgência de Ken em querer deixar este lugar imediatamente, e eles não perderam tempo.

    Bárbara rapidamente virou para os guerreiros e gritou.

    “Guerreiros, apressem-se! Iremos partir imediatamente! Aqueles que estão em perfeita forma devem ajudar os gravemente feridos! Enquanto os feridos devem se forçar a levantar sozinhos! Rápido! Não temos tempo!”

    Não havia tempo para descanso, e com as ordens de Bárbara, os guerreiros imediatamente começaram a se mover.

    Por sorte, pela execução da carruagem de Aela, a carroça de mercadoria dos guerreiros e a carroça dos mercenários ainda estavam em bom estado, já que haviam sido protegidos pela muralha de cristal de Crystalline.

    Mas infelizmente todos os cavalos haviam morrido, então eles não tiveram escolha a não puxar as carroças eles mesmos. Mas sendo guerreiros, apenas com o núcleo de mana, tinham força o suficiente para puxar sem problemas, e ainda carregaram alguns dos guerreiros que haviam perdido a consciência.

    Sem sua carruagem, Aela tinha que andar dentro da carroça dos guerreiros, junta de outros guerreiros que estavam seriamente feridos, a ponto de não conseguirem andar.

    E assim, as carruagens foram puxadas, deixando o terreno lamacento que antes achavam ser o túmulo deles, e adentraram na floresta escura e sombria. Ken andava pela frente, guiando esta festa para fora do pântano.

    *Tum…Tum, tum!*

    “?”

    “?”

    Mas foi então que de repente, um alto som começou a ecoar e no momento seguinte o chão sobre eles começou a tremer, aumentando a cada segundo que passava, colocando todo mundo em alerta.

    O primeiro pensamento que apareceu em suas mentes era que uma segunda besta mística estava para aparecer novamente por baixo deles. A cena do Jormskalli aparecer por baixo deles havia criado um trauma que provavelmente nunca irão esquecer pelo resto da vida.

    Eles já haviam passado por um inferno, o que mais iria acontecer? 

    Este era o pensamento que passava pela mente de todos os guerreiros e mercenários.

    “Não importa o que vier a aparecer, não entrem em pânico ou façam movimentos desnecessários.”

    Mas em contraste com o estado de pânico dos guerreiros, a voz calma de Ken ecoou, ressoando nos ouvidos de todos. Depois, Ken virou a cabeça na direção deles, seu olhar carregado em um tom de frieza como se os estivesse ameaçado.

    “Entenderam?”

    Seu tom de voz fria capaz de causar calafrios na espinha fez com que nenhum deles tivessem a coragem de agir, mesmo se o soberano demônio aparecesse diante deles.

    Afinal, foram graças às ações de Ken que conseguiram escapar da névoa traiçoeira, e ele também foi o primeiro a perceber que o terreno lamacento era extremamente perigoso, e embora não o tivessem ouvido, ainda ficaram em alerta apenas pelo fato de Ken ter mencionado.

    Agora, mesmo quando o chão estava tremendo, Ken dizia para não entrarem em pânico e para não agirem de maneira desajeitada, mesmo que a causa deste terramoto aparecesse.

    Eles, sem excitação, que já haviam experienciado todas as ações de Ken, decidiram obedecê-lo sem excitação.

    E assim, depois de vários segundos terem se passado, um bando de monstros de aparências grotescas e terríveis começaram a aparecer na frente deles. Eram numerosos, talvez chegando às centenas.

    Haviam criaturas que pareciam troncos de árvores secas, correndo com duas patas e braços com garras afiadas, inúmeros crocodilos com duas cabeças ou com o dobro dos membros, cobras sinistras que se arrastavam pelo chão, sapos com dentes e muitos outros.

    Todas estas criaturas corriam na direção deles com passos apressados.

    “!”

    “!”

    “!”

    O medo rapidamente se instalou nos guerreiros e mercenários, e quase que instintivamente seguravam suas espadas e se preparavam para o combate. 

    “..”

    Mas no momento em que se lembraram das palavras de Ken, a ação de pegar a espada parou e eles tentaram de tudo para não mostrar nenhum traço de hostilidade.

    Alguns fecharam os olhos para não olhar para esta situação e alguns até começaram a orar para o deus Odin.

    Mas assim, no momento em que os monstros estavam para atropelá-los, de repente se dividiram em dois grupos, um correndo do lado direito e outro do esquerdo da festa, criando um caminho no meio, sem esbarrar em nenhum deles.

    “!”

    “!”

    “!”

    Todos os guerreiros e mercenários olharam para aquilo atordoados. Os monstros, que pareciam estar prontos para atropelá-los, de repente se dividiram e começaram a correr para longe deles, nem sequer lhes darem uma olhada, apenas continuavam correndo como se eles nem existissem.

    Isto continuou por mais vários minutos até que todos os monstros terminaram de atravessar eles e continuavam correndo em direção ao terreno lamacento.

    E assim que todos os monstros desaparecem atrás deles, eles não conseguiram evitar e viraram a cabeça para olhar para trás.

    “!”

    E o que viram foi algo de chocar o coração.

    Todos aqueles monstros que passaram por eles estavam neste momento devorando todo o corpo do Jormskalli, arrancando sua carne e engolindo seu sangue.

    Era como um glorioso banquete, e nenhum monstro estava disposto a compartilhar, então, entre eles mesmos, um grande conflito começou a ocorrer, devorando e matando um ao outro.

    O terreno lamacento agora parecia um rio de sangue, com os corpos mortos dos inúmeros monstros que formavam um lago com seus próprios sangues. 

    “Vamos.”

    E então as palavras de Ken soaram como um alarme, acordando todos do estado de choque e rapidamente voltaram a andar, afinal de contas, ainda estavam presos neste pântano.

    E assim, depois de meia hora de andar, todos finalmente conseguiram deixar o pantano.

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