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    Nos portões fortemente protegidos da cidade de Skarsgard, os guardas que vigiavam os portões olhavam para os visitantes e suas mercadorias com extrema cautela, como se estivessem analisando possíveis ladrões.

    Afinal, o conflito com o baronato de Belfort já havia se tornado público, mas o condado de Skarsgard é um condado com uma grande rede de negócios, então eles não podiam simplesmente fechar seus portões, o que iria influenciar negativamente seus lucros. Por causa disso, o condado decidiu aumentar a vigilância deles para com os visitantes ao invés de simplesmente fechar os portões.

    “?”

    Foi então que um dos guardas notou alguma coisa se aproximando ao longe, duas carroças extremamente esfarrapadas, e um deles até tinha uma das rodas balançando, como se fossem se partir a qualquer momento.

    Vendo isso, os guardas não puderem deixar de franzir ligeiramente as sobrancelhas.

    “Agora é qualquer um que acha que pode visitar o condado de Skarsgard? Mesmo que a nossa reputação tenha caído um pouco, mas não a ponto de receber qualquer um…?”

    Antes que o guarda terminasse de falar, perceberam que mais de uma dúzia de pessoas armadas seguiam as carroças por trás. Embora armados, eles tinham roupas esfarrapadas.

    “…O que é isso?”

    Foi então que o desprezo inicial deste se transformou em confusão, depois para extrema cautela.

    “Será coisa do baronato de Belfort?-”

    “Abram caminho!”

    Mas antes que ele terminasse de falar, ouviram um alto grito atrás deles que os pediu para abrir caminho, fazendo os dois guardas se virarem para trás e olharem para a direção do voz.

    A pessoa que gritou era um dos guardas que vigiavam por cima da muralha, que correu e parou na frente deles.

    “Haa…haa…ha…”

    Por ter corrido muito, ele apoiou suas mãos nos joelhos e começou a respirar pesadamente, tentando recuperar o cansaço.

    “Abrir caminho? O que você quer dizer?”

    Perguntou um dos guardas do portão.

    O guarda da muralha, depois de ter conseguido ajustar sua respiração, levantou a cabeça antes de falar com o rosto sério.

    “É a Srita. Aela, o grupo que se aproxima são os guerreiros que acompanham a Srita. Aela!”

    “?”

    “?”

    Os dois guardas, assim que ouviram isso, mostraram expressões de confusão e dúvida, afinal, o grupo que se aproximava não parecia uma comitiva de um grupo nobre.

    Eles mesmo presenciaram quando Crystalline havia deixado a cidade com seu grupo. Uma carruagem elegante que transmitia a presença de uma grande potência nobre, mais uma carruagem que transportava os mantimentos e trinta guerreiros que a seguiam, sendo dez guerreiros de aura.

    Mas o grupo que se aproximava não se encaixava em nada com a aparência de nobreza, mas sim como um grupo de mendigos.

    “!”

    Mas assim que voltaram a olhar para o grupo, começaram a achar familiar a pessoa que comandava o grupo pela frente, e quanto mais eles se aproximavam, a aparência da pessoa finalmente ficou mais visível.

    Era Bárbara.

    Bárbara era tão conhecida no condado que até os guardas da muralha a reconhecerem de relance. Então, assim que souberam que era ela quem se aproximava, não exitaram em abrir caminho, enquanto afastava as outras pessoas que também queriam entrar e sair da cidade para o lado.

    Além do mais, embora a roupa dos guerreiros parecesse esfarrapada, ainda pareciam familiares para os guardas, até perceberam que eram roupas que simbolizavam os guerreiros do condado Skarsgard.

    Assim, a carruagem e os guerreiros que acompanhavam Aela puderam seguir caminho sem interrupções, sem sequer se virarem para olhar para as pessoas ao redor enquanto passavam pelos portões.

    “…O que diabos aconteceu com eles?…”

    Perguntou um dos guardas ao lado.

    Os guardas finalmente podiam ver mais de perto os guerreiros que atravessaram os portões. A roupa de todos estava esfarrapada e todos tinham aparências desastrosas, como se tivesse enfrentado uma batalha infernal.

    “… Eles parecem tão deploráveis. Mas… porque existe tanta determinação em seus olhos?”

    Embora os guerreiros pareciam desgastados, as pessoas ao redor ainda podiam perceber que eles andavam com firmeza e os olhos estavam repleto de determinação.

    Assim que chegaram nas ruas da cidade, rapidamente começaram a chamar a atenção de todos. Os guardas da cidade, que só acompanhavam, rapidamente andaram para a frente do grupo e gritaram para as pessoas ao redor.

    “Todos! Saiam da frente! Ninguém ouse ficar no caminho!”

    “Saiam da frente!”

    “Dispersem-se!”

    Eles rapidamente começaram a mobilizar as pessoas espalhadas pelas ruas para que se afastasse para os lados, permitindo que o grupo continuasse a caminhar sem interrupções.

    Embora as pessoas ao redor achassem estranho que eles estivessem escoltando um grupo que pareciam mendigos, ainda assim não ousaram revidar, afinal, embora o condado Skarsgard fossem indulgente com os plebeus, eles ainda eram uma família de nobres, e desobedecer suas ordens era o mesmo que desafiar o condado.

    Sabendo disso, as pessoas rapidamente começaram a abrir caminho, não ousando ficar na frente deste grupo, enquanto continuavam a olhar para eles com interesse e curiosidade.

    Ken, que dormia profundamente na carroça dos mercenários, finalmente acordou ao sentir o número de pessoas ao redor que ultrapassam as centenas. Seu olhar então caiu para fora da carruagem, observando a paisagem da cidade.

    As ruas estavam perfeitamente pavimentadas com pedras lisas, as estradas com ladrilhos de pedra. A infra-estrutura era esplêndida, casas enfileiradas feitas de pedra e madeira, com telhados de palha e ardósia inclinados, além de vários e altos edifícios.

    Na praça da cidade, em seu centro, encontrava-se uma enorme fonte de água, com três enormes estátuas de dragões marítimos feitas de mármore branco, cuspindo água de suas bocas para a fonte.

    “Então este é o condado de Skarsgard.”

    Disse Ken.

    Ken e Crystalline tinham seus rostos cobertos pelo manto que usavam, graças a isso, as pessoas não conseguiam ver suas aparências, evitando um tumulto ainda maior.

    Afinal, toda vez que uma pessoa via a aparência deles pela primeira vez, era como ver uma espécie nova, e eles queriam evitar isso por enquanto.

    Depois de vários minutos, eles chegaram até a muralha interna, que separava a nobreza da classe plebéia, e continuaram a marchar até um enorme e longo portão feito de grades de ferro, seu muro, também feito de grades de ferro, com muros de pedra pintados em branco, não muito longe ao redor.

    Quando reconheceram as pessoas que se aproximavam, os guardas nos portões de grades rapidamente abriram, permitindo que eles continuassem andando para dentro.

    Do outro lado do portão havia uma floresta que parecia ter sido criada artificialmente, tanto as árvores quanto a vegetação ao redor. O grupo começou a seguir a trilha criada para guiar o caminho, eles andaram durante muito tempo até finalmente deixarem a floresta artificial.

    Do outro lado, um enorme e imponente castelo podia ser visto não muito longe, as bandeiras do condado Skarsgard, o emblema de uma espada e um trigo se cruzando, tremulavam nas torres do castelo.

    As carroças que andavam pela trilha de terra finalmente chegaram até o pavimento do castelo, andando mais um pouco e parando a alguns metros de distância da entrada do castelo, de frente a um tapete vermelho.

    Inúmeros guardas de armaduras pesadas estavam enfileirados de cada lado do tapete, parecendo como se fossem um conjunto de muralha impenetrável.

    Mesmo debaixo da armadura, os mercenários e até Ken podiam sentir a hostilidade vinda de seus olhares, como se fossem agir a qualquer momento se eles fizessem qualquer ação que eles considerassem hostis.

    De pé no tapete vermelho, estava uma elegante mulher de meia idade com belos e longos cabelos loiros amarrados em um coque. Ela vestia um elegante vestido azul marinho com joias douradas, e usava um casaco volumoso que a protegia contra o frio.

    Ao seu lado, estava um homem musculoso de meia idade de cabelo quase grisalho com uma longa espada e um enorme escudo pendurado em suas costas.

    Quando a carroça onde Aela se encontrava parou na frente deles, ambos quase não conseguiram esconder o choque em seus rostos, principalmente a mulher de meia idade, que levou a mão à boca para se impedir de gritar.

    Ela inicialmente estava extremamente preocupada por não ter visto a carruagem de Aela, mas se a carroça havia parado em frente ao tapete, então significava que Aela estava presente, o que aliviou um pouco sua preocupação.

    Embora não conseguisse evitar de se perguntar onde havia parado a carruagem. Mas vendo a aparência esfarrapada dos guerreiros e o estado das carroças, ela entendeu que algo difícil deveria ter acontecido.

    E assim como ela pensava, com a ajuda de Bárbara que andou até a traseira da carroça, ela estendeu sua mão e ajudou Aela a descer da carroça.

    “Bárbara, providencie imediatamente que os guerreiros e os mercenários recebam ajuda médica o mais rápido possível.”

    Dizia Aela para Bárbara no momento em que descia da carruagem.

    “Sim, providenciarei isso imediatamente.”

    Respondeu Bárbara obedientemente.

    “Aela!”

    Mas então a mulher de meia idade não conseguiu mais se controlar e correu na direção de Aela, estendendo seus braços e abraçando Aela com força.

    “!”

    Aela ficou ligeiramente surpresa, até descobrir que a mulher que a abraçou era a mulher de meia idade de longos cabelos loiros assim como o seu, fazendo então a expressão de Aela se suavizar.

    “Estou de volta, mãe.”

    Disse Aela em um sorriso enquanto devolvia o abraço na mulher que se dizia ser sua mãe, seus olhos ficando úmidos.

    Mas então a mulher rapidamente a soltou de seu abraço, com o rosto tomado pela preocupação, seus olhos percorreram todo o corpo de Aela, no final, acariciou com cuidado o rosto de Aela.

    “O que aconteceu?… para deixar seu corpo neste estado?… Pelo que você teve que passar?…”

    Com a voz quase trêmula, ela não conseguia deixar de perguntar com preocupação enquanto via sua filha neste estado.

    As mão de Aela se moveram na mão de sua mãe, e, também quase chorando, ela falou.

    “Não te preocupes, mãe, explicarei tudo no devido tempo.”

    Assim que terminou de falar, seu olhar olhar suficientemente caiu para olhar para trás de sua mãe, como se estivesse procurando por alguém. Mas assim que não encontrou, seu olhar voltou para sua mão.

    “E o pai? Quer dizer, o conde?”

    Perguntou ela.

    “…”

    Mas assim que estas palavras saíram, o rosto da mulher se tornou sombrio e triste, antes de balançar a cabeça em franca negação.

    “…”

    Como se tivesse entendido o que seu gesto quis dizer, o olhar de Aela ficou sombrio enquanto erguia um sorriso amargo.

    “…Entendo.”

    Disse ela, em um tom de voz fraco.

    “…?”

    Em meio a isso, foi então que a mulher de meia idade se apercebeu de duas pessoas atrás de Aela, um grande que cobria seu rosto com um capuz de manto preto, e um mais baixo que também cobria seu rosto com um capuz branco volumoso.

    Vendo isso, ela não pode deixar de murmurar no ouvido de sua filha.

    “Querida, e estas duas pessoas atrás de você, quem são eles?”

    “?”

    Ao ouvir as palavras de sua mãe, Aela imediatamente se lembrou da presença das duas pessoas que se tornaram nas mais importantes na volta para o condado. 

    Então, ela olhou para trás, percebendo Ken e Crystalline parados não muito longe atrás dela, com os capuzes cobrindo seus rostos. 

    E foi neste momento que Ken e Crystalline removeram seus capuzes, revelando seus rostos para todos.

    “?”

    “?”

    Imediatamente começaram a chamar a atenção de todos por causa de suas aparências que não eram normais. Um jovem homem de pele branca como a papel e com uma aparência feroz, como a de um lobo, com um cabelo platinado amarrado em um rabo de cavalo, e ao seu lado, uma bela e elegante jovem mulher de pele branca como a neve, seus belos e únicos olhos eram azuis como pedra de safira.

    Suas presenças marcantes chamavam tremendamente a atenção de todos os presentes, como se estivessem olhando para raças que não eram as mesmas que eles, como se não fossem humanos.

    “?”

     Foi então que Aela finalmente se lembrou do que fazer.

    “Mãe, eles-”

    “Cerquem eles!”

    Mas antes que ela tivesse a chance de terminar suas palavras, uma voz rouca e grave ecoou, fazendo os soldados a volta cercarem Ken e Crystalline de todos os lados, enquanto erguiam suas lanças e apontavam neles com extrema hostilidade.

    “!”

    “!”

    Aela, sua mãe e até a Bárbara ficaram surpresas pelas ações repentinas, quase sem saberem como reagir.

    “…”

    “…”

    Já Ken e Crystalline tinham expressões indiferentes, como se o que estivesse acontecendo não tivesse nada haver com eles, como se não fossem eles quem estivessem sendo ameaçados com lanças-

    Então, a pessoa que deu a ordem deu um passo à frente. Era o homem de meia idade de cabelo grisalho, com espada e escudo nas costas, que estava ao lado da mãe.

    “Sr. Carder, o que significa isso!?”

    Foi então que Aela, cheia de raiva, se aproximou do homem chamado Carder e perguntou com as sobrancelhas franzidas de raiva.

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