Capítulo 65: Interrogando um cultista demoníaco
“Isso é realmente verdade, Lady Leila? Há realmente um jeito de fazer ele confessar?”
“…”
Leila ficou em silêncio por um momento diante da pergunta de Julius. Ela olhou para Kim e Eliza, que também começaram a olhar para ela com antecipação.
Leila então fechou os olhos por um tempo e voltou seu olhar para o cultista.
“Sim, é uma magia que eu vinha criando nos meus tempos livres. Ainda está em fase experimental, mas acredito que terei resultados.”
Depois de ouvir suas palavras, Julius pensou animadamente.
‘Incrível. Se ela realmente conseguir obter alguma informação do cultista, não só a reputação dela, como também a minha subirá alturas, já que praticamente fui eu e meus homens quem capturamos ele.’
Julius estava animado com a expectativa que poderia surgir dessa descoberta, mas não deixou transparecer em seu rosto. Escondendo sua ganância sobre uma máscara inocente.
Então, não percebendo as intenções de Julius, Leila se virou para o Lucas.
“Você pode tirar a mordaça da boca dele?”
“A lady tem certe…-Não, desculpe, farei isso agora mesmo.”
Lucas queria perguntar se deveria realmente fazer isso, mas então se absteve de perguntar e se aproximou do cultista para tirar a mordaça de sua boca.
Mas assim que a mordaça foi retirada de sua boca…
“Ah…”
O cultista apertou seus dentes castanhos em um estado de raiva enquanto olhava para todos os presentes.
“Tsk! Mesmo que nossos planos para com Appolonia tenha ido por água abaixo, não se iludam! Cedo ou tarde o mundo todo conhecerá a verdadeira salvação! não importa o que vocês façam!”
“Verdadeira salvação?…”
Kim perguntou com clara raiva nos olhos, que Julius adicionou.
“Os cultistas demoníacos acreditam que a humanidade é apenas uma réplica do que já foram os demônios, e que eles simplesmente estão voltando para tomar o mundo que uma vez já pertencia a eles. Deste modo, o mundo seria finalmente salvo, e que eles, o culto demoníaco, estaria lá presenciando toda esta glória junto com eles.”
“O quê?…”
Kim não conseguia acreditar no que acabou de ouvir, o que o fez olhar com ainda mais desgosto para o cultista.
“Várias pessoas inocentes morreram por causa da invasão dos demônios! E você chama isso de salvação!? É isso mesmo que estou ouvindo!?”
“Kim, se acalme.”
Eliza se aproximou de Kim para acalmá-lo. Mas o cultista pareceu ter achado sua reação e palavras furiosas bastante divertidas, porque logo depois começou a rir como um louco.
“Kahahaha! Isso não é algo que uma mente limitada como a vossa entenderia. Humanos são criaturas patéticas que apenas deveriam servir aos demônios. Seria salvação para vocês se simplesmente se ajoelharam e prestassem seus devidos respeitos!!”
Foi como se ele realmente quisesse provocar o Kim até o extremo, o que conseguiu.
“Seu!…”
Kim não suportou mais a raiva fervente e sacou a espada de suas costas, deixando todos ainda mais alarmados.
“Espere, Kim! Embainha tua espada!”
Desta vez Julius se juntou a Eliza para tentar acalmar o Kim que já parecia ter perdido sua cabeça por causa do cultista. E mesmo quando Julius interveio e as coisas não pareciam se acalmar.
*Tum!*
“É o suficiente.”
“?…”
A voz da Leila ecoou na sala junto com uma batida do seu cajado no chão. Seu tom frio em contraste com a calamidade presente na sala chamou a atenção de todos, o que também acabou por acalmar Kim.
Foi então que a atenção do cultista também se voltou para Leila.
“E você?…”
Mostrando um sorriso zombeteiro com seus dentes sujos, ele disse.
“Você realmente acha que pode me fazer falar alguma coisa assim como você tagarelava antes? No momento em que eu vazar alguma informação contra minha vontade, morrerei imediatamente na sua frente, idiota.”
Leila ignorou seus insultos e simplesmente bateu com seu cajado mais uma vez no chão.
*Tum.*
“Sono blade.”
“!”
Ela entoou uma magia que fez a joia na ponta do seu cajado brilhar em azul. O cultista havia finalmente ficado em guarda, mas infelizmente para ele nada podia fazer.
Não demorou muito para o cultista começar a se sentir cansado, suas pálpebras estavam ficando pesadas e então começou a perder a consciência até dormir.
[Sono blade] é uma magia que relaxa a mente do alvo. Ela foi principalmente criada para acalmar pessoas em estado de estresse, ou para fazer pessoas com distúrbio de insônia puderem dormir.
Mesmo uma pessoa com um núcleo de mana teria dificuldades em resistir a esta magia, e como o cultista estava com o seu núcleo selado e foi pego de surpresa pela magia, não conseguiu resistir.
Assim que o cultista pegou no sono, Leila apontou a ponta de seu dedo para a testa do cultista.
“Controlo de inserção.”
Depois de murmurar algumas palavras, a ponta do dedo da Leila começou a brilhar e algumas gravuras mágicas feitas de mana começaram a ser criadas, voando ao redor e entrando através das orelhas do cultista.
Depois de um tempo, o corpo do cultista começou de repente a se debater ligeiramente, e quando seus olhos abriram, suas íris se reviraram para cima, deixando apenas a parte branca dos olhos.
“…”
Os quatro pareciam confusos com o que a Leila parecia ter feito, então ela decidiu explicar.
“A magia de controle mental é uma magia que controla o alvo contra sua própria vontade. Neste caso, a maldição dos cultistas acaba se ativando porque de alguma forma ela consegue perceber isso, chegando a matar eles. Mas a magia que estou usando é algo quase parecido, fará o cultista responder às perguntas que eu fizer para ele.”
Julius interveio.
“Mas isto não seria diferente do controle mental. E ainda mais, a maldição ainda não acabaria se ativando?”
“Claro. Mas não se ele não saber que está passando as informações para alguém, mas que está falando consigo mesmo.”
“O quê!”
Todos ficaram surpresos pelas suas palavras, então Leila continuou.
“Para utilizar a magia, o alvo deveria estar em um estado vulnerável, por isso utilizei o ‘sono blade’. E então, o ‘controle de inserção’ envia algumas gravuras mágicas diretamente ao cérebro do indivíduo. Não serei complexo, mas ela permitirá que mesmo que façamos algumas perguntas a ele, o alvo interpretará como se estivesse falando consigo mesmo.”
“Espera! Isto é mesmo possível!?”
O cavaleiro Lucas parecia não acreditar, mas só havia uma forma de saber. Leila encarou o cultista inconsciente e perguntou.
“Meu nome?”
“Ah…”
O cultista soltou um gemido quase como se fosse um zumbi. Depois de um tempo, ele levantou a cabeça, e começou a falar com dificuldade.
“Meu…nome…Belor…”
“!”
Mesmo ao revelar os nomes, os cultistas acabavam por sangrar por todos os orifícios até morrer por causa da maldição imposta a ele. Mas quase um minuto já havia passado, e o cultista ainda aparentava estar bem.
Ignorando a perplexidade de Julius e Lucas, Leila continuou.
“Minha idade?”
Leila fazia as perguntas direcionadas a si mesma, o que era proposital. Ao ouvi-las, o cultista interpretará como se fosse ele mesmo se perguntando, e se sentindo obrigado a responder. Então a maldição não se sentiria ameaçando.
“Ah…eu tenho…43 anos, acho eu…”
Mais um sucesso. Como a magia parecia estar funcionando, Leila decidiu parar com as perguntas simples e ir para o ponto principal.
“Por que invadimos o palácio real?”
“Invadir o palácio real…não era o plano.”
‘Este não era o plano deles? Então…’
Leila ficou surpresa pela resposta, mas decidiu elaborar outra.
“Qual era o nosso plano?”
“Ugh…”
O cultista parecia estar lutando consigo mesmo, como se fosse uma informação bastante valiosa. Mas com o tempo não resistiu e começou a falar.
“Não deveríamos invadir o palácio real. Porque o sinal do verdadeiro plano nunca chegou?…Porque o plano principal…não funcionou…tivemos que…invadir o palácio real.”
“O que! Então qual era-”
“Sh…”
“!”
Lucas tentou intervir não aguentando sua ansiedade, mas então Leila o encarou e o mandou ficar em silêncio. Todos também olharam para Lucas de maneira questionadora, fazendo-o se encolher de vergonha.
“Qual era nosso plano principal? Que sinal era esse?”
“…”
O cultista permaneceu em silêncio, era como se fosse uma informação que ele nem podia dizer a si mesmo. Então Leila decidiu forçar um pouco.
“Eles deveriam ter entrado em contato para realizar o plano principal, mas eles não o fizeram.”
Como se Leila o estivesse provocando, O cutista desta vez falou.
“Sim…eles deveriam…dar o sinal do plano principal…E então…”
“E então?…”
O cultista parou por um momento antes de continuar.
“Dez mil cultistas…iriam invadir apollonia. Nós…planejavamos usar…a dominação demoníaca!…”
“!”
“!”
Os olhos do príncipe e do Lucas se arregalaram de perplexidade após ouvirem o que o cultista acabara de revelar. Se não fosse pelo pedido de Leila para ficarem em silêncio, eles teriam questionado o cultista na hora.
Percebendo a estranheza dos dois, Kim se aproximou de Julius e perguntou com voz baixa.
“Você parece muito chocado, Julius. Qual o problema?”
Julius então olhou para Kim e começou a falar sobre suas preocupações.
“O culto demoníaco surgiu depois algumas gerações após a guerra do milênio. Desde aquela época seu número de crentes vinha crescendo, chegando aos milhares de membros.”
Naquela época, quando as nações ainda estavam sendo criadas e se desenvolvendo, o culto demoníaco era uma força bastante temida que não poderia ser subestimada.
Eles conseguiram manter o seu poder de tormento durante dois mil anos até finalmente terem sido eliminados do mundo pelas seis grandes nações que estavam se desenvolvendo, sendo Celestine a maior contribuinte.
Mas embora eles tenham finalmente sido eliminados, cem anos atrás descobriu-se que ainda existiam remanescentes do culto, e que vinham retomando suas forças fazendo suas atividades pelas sombras.
Então foi bastante surpreendente ouvir que já haviam reunindo dez mil membros. Mas se eles queriam enviar dez mil cultistas para invadir Appolonia, não seria exagero dizer que seus números fossem ainda maiores.
“Mas o mais preocupante não era o extenso número de membros que foi mencionado. Mas sim sobre a ‘dominação demoníaca’.”
Desde que o culto havia sido eliminado, tudo relacionado a eles havia sido destruído e queimado para que sua existência fosse completamente esquecida da mente das pessoas. Mas com o retorno deles, não tiveram escolhas a não ser procurar por informações sobre eles que ainda existiam em algum lugar por aí.
E uma destas informações encontradas falava sobre a ‘dominação demoníaca’.
A ‘dominação demoníaca’ é um feitiço em larga escala praticada pelo culto demoníaco. Ainda não se sabe o modo ou as condições para ativá-la. Mas que, se mil membros ativarem o feitiço, são capazes de transformar uma cidade normal em uma cidade demoníaca, contaminando ela com energia demoníaca.
Qualquer ser vivo comum que fosse exposto a ela morreria ou se transformaria em um corrompido. Então, apenas os cultistas demoníacos e os próprios demônios seriam capazes de conviver nesta cidade.
O cultista continuou a falar.
“Com a grande concentração…de energia demoníaca emanada dos portais do submundo… juntamente com o envolvimento dos demônios…e com a intervenção dos dez mil cultistas…a dominação demoníaca seria tão vasta…que toda a Appolonia…teria se tornado em um reino demoníaco.”
“!”
“!?”
Foi aí que souberam qual era o verdadeiro plano do culto demoníaco, que parecia ser ainda mais sinistro do que imaginavam.
“Se o plano deles tivesse se concretizado, não teríamos escolha a não ser abandonar completamente Apollonia!”
Disse Julius com amargura. E Kim perguntou com receio
“…Então…o que teria acontecido com as pessoas deste reino?”
“…”
Julius não conseguiu responder a sua pergunta, mas isso por si só já era uma resposta.
“Todas as pessoas teriam sido pegas pela dominação demoníaca e teriam morrido, enquanto outras teriam se transformado em corrompidos. Certo?”
Eliza perguntou com receio, o que Julius acenou com a cabeça, concordando.
“Infelizmente, sim.”
“!”
Eliza sentiu sua espinha arrepiar só de ter este tipo de pensamento. Para realizar este tipo de plano, significa que eles já vinham elaborando durante muito tempo.
Se eles tivessem completado o plano, como Julius havia dito, não teriam escolha a não ser abandonar Apollonia porque pouco sabiam sobre este feitiço diabólico. E agir precipitadamente apenas poderia colocar a todos em mais perigo.
Então, poderia se dizer que foi um milagre que o plano deles não conseguiu ir adiante, porque eles não faziam ideia de nada e nem sequer suspeitavam deste plano diabólico deles
“Não pode!…”
Kim também não podia acreditar na bala que por algum milagre haviam conseguido desviar. Se o plano tivesse dado certo, o poder do culto demoníaco poderia ter voltado ao mesmo que eram três mil anos atrás, ou até poderiam superar.
“Sim! Terra dos demônios!! Ahahaha, nós finalmente teríamos uma terra por adoração ao soberano demoníaco! Mas o plano falhou! Falhou! ninguém deu o sinal da invasão!! Por isso invadimos o castelo real para matar os enviados de Celestine! Kyahahaha! Mas falhamos, kyahahaha!!”
O cultista de repente começou a enlouquecer após revelar tais informações.
“!”
Leila começou a notar gotas de sangue começando a escorrer de seus olhos, o que significava que o cultista estava começando a perceber que estava sendo controlado. Por isso Leila decidiu se apressar em suas próximas perguntas.
“Porque o plano falhou, porque será que não entraram em contato conosco?”
“Kh…Porque não entraram em contato!? Porque! Porque não entraram! Eu estive neste reino durante anos preparando o plano! Mas não me falaram de nenhuma mudança! Onde eles estão!?”
O cultista estava começando a perder o controle, mas Leila ainda decidiu continuar.
“Onde? Onde estão outros membros que não entraram em contato?.”
“…”
O cultista de repente parou de se debater e ficou em silêncio, completamente imovel.
“…Onde estão?”
Leila voltou a perguntar, desta vez com mais calma. Então, o cultista levantou a cabeça, olhou para ela, e falou.
“Vin…land-Ghuack!?”
E então todos seus orifícios começaram a sangrar, fazendo-o vomitar uma grande quantidade de sangue até dar seu último suspiro.
“…”
“…”
Um silêncio tomou conta da sala assim que o cultista morreu, todos tendo emoções mistas. Frustração, surpresa, raiva e vergonha.
Mas o que quer que seja, não ficaram descontentes, porque acabaram de descobrir sobre o plano malévolo do culto demoníaco, e o que planejavam fazer com a invasão dos demônios.
Leila começou a pensar com calma.
‘Vinland? Se não me engano, este é o reino que faz fronteira com Celestine e Appolonia. Porque…’
“Então, está dizendo que Vinland se aliou aos cultistas demoníacos?”
‘?’
Enquanto Leila estava imersa em seus pensamentos, foi interrompida pelas palavras inesperadas do Julius, fazendo-a virar e olhar para ele.
“O que você quer dizer?”
Leila perguntou, que príncipe calmamente explicou.
“O cultista mesmo disse, que Vinland tem abrigado dez mil cultistas demoníacos. Não tem como eles não terem notado um número tão avassalador crescerem no próprio território e que planejavam invadir Appolonia. Sem contar que Vinland, ao contrário dos outros reinos, é mais reservado, e já houve época em que eles queriam conquistar todo o continente e se tornar um império.”
“…Onde você quer chegar?”
Perguntou Leila. Embora ela soubesse qual era o real ponto do príncipe, queria ouvir para ter certeza.
Julius riu interiormente e então soltou a bomba, mantendo uma expressão séria no rosto.
“Eu acredito que Vinland tenha se aliado aos cultistas demoníacos.”
“!”
“!?”
“!”
Kim, Leila e Eliza ficaram chocados com a resposta. Mesmo que Leila já esperasse esta resposta dele, ainda era surpreendente ouvir da boca de alguém.
Por isso ela deu algumas informações com calma.
“Porque Vinland se aliaria ao culto demoníaco? E ainda mais porque invadiram Appolonia quando a lei proíbe explicitamente a guerra entre nações nesta época em que os portais surgem?”
Como se tivesse preparado uma resposta para essa pergunta, Julius respondeu com calma.
“Exatamente por isso?”
“O quê?”
Leila perguntou em dúvida, e Julius continuou.
“Por conta da lei que proíbe o conflito entre as nações, Vinland decidiu se aliar aos cultistas demoníacos para que fizessem isso no lugar deles. Os cultistas precisavam de um lugar para crescer e Vinland precisava de um bode expiatório para conquistar as nações por eles. Acho que já contei para vocês nas histórias de como Vinland eram obcecados pela dominação do continente.”
“…”
Por alguma razão, Leila começou a ver verdade em suas palavras. O que por alguma razão a incomodava.
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