Índice de Capítulo

    Ken começou a andar pela rua movimentada da cidade, tendo decidido seu próximo destino. Graças ao capuz escondendo seu rosto, a mesma situação que aconteceu na pousada não estava se repetindo. As pessoas estranhavam sobre sua altura colossal de dois metros, mas isto era tudo e então retomavam em suas rotinas.

    O nome desta cidade é Jotunvik, a cidade mais próxima da capital do reino, Valhalla, um lugar onde os guerreiros mais fortes do reino se reúnem.

    Depois de alguns minutos, Ken chegou numa área com diversas lojas enfileiradas, tanto do lado esquerdo e direito, cada loja exibindo armas de todos os tipos e formas.

    Mas já conhecendo seu destino, Ken parou de frente a um edifício de tamanho médio e entrou. Imediatamente o cheiro de metal e a brasa das fornalhas começaram a coçar seu nariz.

    Era uma forja.

    Haviam prateleiras onde estavam diversos tipos de espadas, armaduras e equipamentos diversos.

    *Deng!…Deng!…Deng!*

    “?”

    Um homem quase velho batia com seu martelo em uma espada por cima de uma bigorna.

    *Deng!…Deng!..*

    Ken podia sentir a essência de um ferreiro pela forma em que ele batia na espada. Ele colocava todo seu foco e atenção nos lugares certo para bater, força necessário e tempo necessário, emitindo um som de metal harmonioso.

    Ken decidiu não interromper e esperar o homem terminar seu trabalho.

    *Tssss.*

    Depois de mais algumas batidas, o velho terminou seu trabalho ao mergulhar a espada em um tambor de água, quando retirou, a lâmina de uma espada já estava completa.

    “Hm? Não vi você chegar.”

     O velho estava tão concentrado ao forjar a espada que não havia se apercebido da presença de Ken, mas também não pareceu muito surpreso assim que o viu.

    “Não queria incomodar.”

    Respondeu Ken.

    “Ah, você é aquele de antes. Vieste pegar seus equipamentos, certo?”

    “Sim, me disseram que eu teria que vir até aqui para pegar eles.”

    “Hmph, claro que você deveria. Por acaso você sabe o quanto de trabalho seus equipamentos me deram?”

    Embora suas palavras parecessem expressar raiva, visivelmente ele não parecia.

    “Me siga.”

    Disse ele enquanto andava até um balcão e Ken começou a segui-lo. Ao chegarem no balcão, o velho andou até o outro lado e abaixou. Depois de um tempo, levantou segurando algo nas mãos.

    “Hing…”

    *Back.*

    Era uma enorme caixa de metal e ele parecia com dificuldades em levantá-los, então os pousou bruscamente por cima do balcão, que tremeu ligeiramente.

    “Ufa…”

    Após pousá-lo, o velho suspirou de alívio enquanto limpava o suor que se formou em sua testa.

    “Mesmo com mana achei difícil carregar esta coisa. E pensar que você faria braceletes com ferro maldito, uma destas coisas esta pesando por volta de 300 kilos. O quanto de energia você botou nelas?”

    ‘Ferro maldito’ é um tipo de metal que todos achariam inapropriados para fazer equipamentos ou armas, isto porque este tipo de ferro têm uma constituição que os permite absorver qualquer tipo de energia, como mana, aura e até energia vital para aumentar sua resistência. Mas acontece que com o aumento de resistência também vem o enorme aumento de peso, então muitos o utilizam para fazer equipamentos de treinamento.

    Ken abriu a caixa sobre o balcão, e dentro dela estavam seus dois braceletes e dois grandes anéis de metal.

    Os braceletes estavam agora prateados e com um design artístico. Cada bracelete também tinha cinco pequenos anéis para dedos ligados por correntes que eram negras como obsidiana.

      Na noite anterior antes de Ken ter ido para a estalagem, havia passado por esta forja por recomendação das aventureiras. Ele queria consertar seus braceletes e dar um toque especial neles.

    No início o ferreiro não havia aceitado, dizendo que já estava com a agenda cheia. Mas com a quantidade de dinheiro que Ken havia oferecido, ele aceitou na hora, desmarcando todos seus outros compromissos.

    “Por acaso você vai usar ele para treinamento?”

    Perguntou o velho.

    “Isto também.”

    Respondeu Ken enquanto pegava em um dos braceletes da caixa, e sem muita dificuldade o levantou do balcão e o colocou em seu antebraço esquerdo, depois colocou os cinco anéis negros em seus dedos.

    “…!”

    Os olhos do velho se arregalaram ligeiramente de surpresa ao presenciar Ken levantar o bracelete como se fosse nada. Quer dizer, ele esperava por isso já que tinha vindo na noite anterior carregando elas nos braços, mas ainda era surpreendente ver de novo.

    ‘Se não fosse pela mana não conseguiria levantar estes braceletes, e minha mana se esgotaria caso eu continuasse a levantá-los. Mas aqui está este jovem, levantando o bracelete como se fosse nada.’

    Como ferreiro, ele sempre lidou com coisas pesadas durante sua vida toda, então sua força física quanto seu núcleo de mana haviam se fortificado neste aspeto. Mas como ele disse, havia um limite para o quanto poderia aguentar, se forçar o núcleo de mana ao levantar um grande peso durante muito tempo esgotaria sua mana, mas no pior dos casos, correria o risco de ter seus circuitos de mana rompidos, tornando-se um aleijado.

    Mas aqui estava o homem à sua frente, completamente despreocupado com este fato enquanto pegava facilmente outro bracelete e o colocava em seu outro antebraço.

    “…E então, o que você acha?”

    Perguntou o velho, parecendo ansioso.

    Ken levantou seu braço direito para sentir o peso e girou seu esquerdo. Depois analisou o bracelete mais de perto.

    “Mesmo que estivessem mais finas, não perderam seu peso.”

    O bracelete havia encaixado perfeitamente em seu antebraço e não era tão grosso diferente de seu peso, quase parecendo mais uma peça de roupa.

    Haviam também cinco orifícios localizados no bracelete de onde as correntes ligadas nos anéis entraram.

    Ken estendeu seu braço esquerdo para o lado e levantou seus dedos, no mesmo instante cinco finas e longas correntes começaram a sair dos orifícios do bracelete e voaram até uma pilha de espadas destruídas que ficava a sete metros de distância.

    As cinco correntes, ligadas em seus dedos pelos anéis, amarraram-se no cabo de cada espada, e com os movimentos dos dedos, Ken os puxou em direção a uma prateleira e os jogou.

    As espadas começaram a cair de cabeça para baixo, perfeitamente enfileiradas sobre as prateleiras.

    Depois Ken dobrou os dedos e as correntes foram puxadas de volta, entrando no bracelete através dos orifícios.

    “Está perfeito.”

    Disse Ken satisfeito.

    “…!?”

    O velho estava de boca aberta. Estes foram detalhes que Ken havia pedido na noite anterior, não apenas melhorar o bracelete, como diminuir sua grossura e criar orifícios onde as correntes poderiam entrar.

    Embora achasse estranho e único o pedido, ainda assim o fez porque estava sendo pago. Mas agora ele viu que o equipamento realmente era perfeito para ele, embora ainda estivesse em dúvida em relação ao peso exagerado.

    Depois Ken pegou nos enormes anéis de metal e os prendeu em suas botas, logo acima dos calcanhares, ambas tendo o mesmo peso que os braceletes.

    No todo, Ken estava carregando uma tonelada e duzentos quilos de peso.

    “Ahem. Deixando os braceletes de lado, você poderia me falar mais sobre estas correntes?”

    O velho pigarreou para tentar afastar seus pensamentos antes de fazer uma pergunta sobre as correntes para o Ken.

    “As correntes?”

    Disse Ken ao se levantar.

    “Sim, embora elas não me parecessem nada de especial, nunca vi um metal com estas, que tipo de metal é?”

    “…”

    Ken ficou um tempo sem responder, depois olhou para o bracelete, mais especificamente para as correntes.

    As correntes negras como obsidiana nas mãos de Ken, foram feitas a partir do metal da espada que Dono utilizava, que Ken utilizou para escapar da toca do inferno.

    Não se sabe o nome do metal, e embora sua cor fosse única, pareceria comum nas mãos de outras pessoas. Mas seu verdadeiro poder apenas aparece nas mãos daqueles que possuem a energia da morte, assim como Ken e o Dono.

    Ela tem a capacidade de corroer o que toca, e é o único metal que poderia suportar a energia da morte sem ser desintegrado.

    Além do mais, ela era capaz de absorver a energia da morte que emanava das pessoas que eram mortas por ela, aumentando assim sua resistência e poder.

    E foi o próprio Ken quem forjou as correntes com o metal da espada de Dono. Ele também havia adicionado seu próprio sangue enquanto o forjava, dando-lhe também a sua habilidade de anti propriedade.

    Ken conseguiu fazer isso graças às memórias dos antigos portadores do emblema que eram ferreiros.

    Então as correntes nas mãos de Ken não eram comuns como o ferreiro havia dito, poderiam ser consideradas como armas de classe alta.

    “Você gostaria de me vender ela? Te darei um bom preço.”

    Disse o velho com olhos brilhantes, visivelmente fascinado pelas correntes de Ken.

    “…”

    Mas Ken simplesmente ficou em silêncio enquanto olhava para o velho por um longo período de tempo.

    “Ahem, desculpe pela minha empolgação. Mas eu tenho uma boa oferta!”

    Embora tenha se desculpado, o velho não parecia ter desistido enquanto baixava de volta no balcão e procurava por algo.

    Quando levantou, pousou na mesa uma sacola cheia de moedas de ouro.

    “O que você acha? Pelas suas correntes, além de devolver seu dinheiro, posso adicionar mais algumas…? Que? Onde…?”

    Mas foi então que ele percebeu que Ken já não se encontrava em lugar nenhum da forja, desaparecendo no momento em que pegava o dinheiro.

    “…Ele se foi.”

    §§§§

    Depois de deixar a forja e a área de vendas de armas, Ken começou a andar em direção ao portão leste da cidade, com o capuz ainda escondendo seu rosto.

    Quando chegou, percebeu que haviam três carruagens posicionadas perto do portão da cidade, onde algumas pessoas carregavam mercadorias para as carroças.

    Ken olhou ao redor e um senhor que observava a carroça sendo preenchida por mercadorias chamou sua atenção. Ele era um pouco gordo, usava roupas que pareciam caras e utilizava um anel de ouro no dedo médio. Com apenas uma olhada, Ken percebeu que ele era um comerciante.

    Aproximando por trás dele, Ken chamou.

    “Com licença.”

    “Sim? Em que posso ajuda-Heek!?”

    Assim que o comerciante olhou amigavelmente para trás, se assustou com a enorme presença de Ken de capuz que cobria o sol, criando uma sombra sobre o pobre homem.

    O homem gordo olhava para cima tremendo todo.

    “O-o que você quer?…”

    Ele gaguejava enquanto perguntava por suas intenções.

    “Desculpe por assustá-lo.”

    Para reduzir um pouco a preocupação do comerciante, Ken decidiu retirar seu capuz e revelar seu rosto.

    “!”

    O comerciante saiu do estado assustado para surpresa ao ver a aparência anormal de Ken.

    “Sua caravana vai para a cidade de Cristenold?”

    Cristenold era a cidade mais próxima de Jotunvik, que ficava a dois dias de viagem de carruagem.

    “O que?…Ah, sim, sim. Mas porque você quer saber?…”

    Ainda hipnotizado, o comerciante conseguiu voltar ao normal depois de ouvir a pergunta de Ken, o que agora o fez perguntar com desconfiança do motivo de Ken querer saber.

    Ken então enfiou a mão no bolso do manto e retirou seu cartão prateado de identidade e entregou para ele.

    “Tenho alguns assuntos a tratar na cidade, te importas se eu fosse com vocês?”

    “! Isso!…um cartão prateado?”

    Ele se surpreendeu por ver um cartão prateado, então viu as informações.

    ==========

    Nome: Ken Wolff.

    Sexo: Homem.

    Raça: Humano.

    Idade: 24.

    Profissão: Mercenário.

    Rank: C.

    Afiliação: Nenhuma.

    Especialidade: Artista marcial.

    ==========

    ‘Ken Wolff? E pela sua aparência…’

    O comerciante pareceu familiarizado por este nome, então lentamente levantou a cabeça e com calma olhou para a aparência de Ken.

    ‘Pele extremamente branca, cabelo platinado e absurdamente alto. Sua aparência também me é estranha. Onde foi que já ouvi sobre ele? Não, esquece.’

    Ele sabia que já havia ouvido falar dele, mas não conseguia encontrar as informações. Mas então desistiu da ideia e entregou o cartão para Ken.

    “Desculpe, mas…não acho que tenha dinheiro suficiente para contratar alguém tão grande quanto você…”

    “Tudo o que preciso é de boleia.”

    Disse Ken enquanto recebia o cartão de sua mão e colocava em seu bolso.

    “Sério!? Neste caso não vejo razão para recusar! Ah, perdão por não ter me apresentado antes. Sou Erik Kentol, um simples comerciante tentando viver a vida.”

    O mercenário pareceu visivelmente animado com a ideia de ter alguém tão forte como acompanhante, esquecendo de sua suspeita sobre ele a segundos atrás, e até se apresentou.

    “Por favor, me acompanhe, irei lhe apresentar aos outros.”

    “Certo.”

    Com o pedido do comerciante, Ken o seguiu enquanto voltava a esconder seu rosto sobre o capuz.

    Eles chegaram no portão onde as três carroças aguardavam, onde um jovem parecia aguardar por eles.

    “Pai, todas as mercadorias já foram carregadas na carruagem, podemos partir imediatamente…hm? Quem é ele?”

    Assim que chegaram, o jovem que ainda não chegou aos vinte anos se aproximou do pai, informando que já estavam prontos para partir, até notar a presença de Ken e perguntar sobre sua identidade.

    “Ohoho, ele é um convidado inesperado que apareceu no último momento. Ele estará andando em sua carruagem, então espero que sejas respeitoso com ele.”

    “…Estou vendo…”

    Como jovem, ele ficou admirado pela altura de Ken, então se aproximou dele.

    “Prazer, eu sou o filho único do comerciante, Joseph, é um prazer.”

    Ele se absteve de fazer quaisquer outras perguntas e simplesmente se apresentou.

    “Ken.”

    “Certo, sr. Ken, ainda temos bastante espaço para você então podes subir na parte de trás da carruagem.”

    “Certo.”

     Concordando, Joseph então guiou Ken para a parte de trás da última carruagem do comboio.

    Mas antes de subir, Ken passou o dedo em um desenho que parecia um círculo mágico em seu bracelete. Ao tocar, ela brilhou com um vermelho e depois desapareceu.

    [Círculo mágico: selo de peso.]

    É um dos círculos mágicos que selava o peso de qualquer objeto. Então Ken decidiu selar os pesos do bracelete, depois os anéis em seus pés.

    Depois de finalmente ter terminado, Ken subiu na carruagem.

    “…?”

    Havia uma jovem dentro, que se surpreendeu depois de ver Ken entrando na carruagem. Ela tinha cabelos curtos rosados e olhos ligeiramente arredondados, é o que as pessoas chamariam de uma aparência fofa.

    Pelas suas roupas e pelo arco e flechas pendurado em suas costas, ela parecia ser uma aventureira, então Ken deduziu que seria uma das pessoas que o comerciante pagou para servir como escolta.

    Decidindo ignorar ela, Ken andou até o último canto da carruagem e sentou-se.

    “Estamos partindo!”

    “Sim!”

    Pouco tempo passou e o comerciante gritou o início da partida.  E então as carruagens começaram a se mover e finalmente deixaram a cidade, partindo pelas longas estradas.

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