Capítulo 41: Fenrir, a Besta divina. (parte 3)
“Uckh!…cof, cof!”
Ken começou a gemer de dor e a tossir freneticamente. A enorme pata da besta que estava por cima dele estava pressionando-o contra o chão. Tornando assim sua respiração difícil por causa da pressão que o pulmão estava recebendo.
Mas Fenrir parecia estar controlando sua força para não matar Ken. Porque se ele quisesse, Ken nem saberia como havia morrido.
Mas a fúria estava presente nos olhos de Fenrir. Suas pupilas estavam dilatadas, seu focinho se contorcia ferozmente enquanto rosnava, mostrando seus dentes afiados que pareciam capazes de cortar aço como se fosse manteiga.
– Como!?…como o portador do emblema-sero ainda está vivo!? Era para você estar morto da batalha final contra o soberano demoníaco! Responda-me! Como ainda estás vivo!?
No início era apenas curiosidade, em seguida se sentiu irritado pela sua arrogância, mas logo depois sentiu-se interessado pelo Ken. Mas assim que Fenrir viu aquela marca na palma de sua mão, seu corpo havia se movido instantaneamente sozinho.
Ele não pensou em mais nada, tudo que tinha que fazer era esmagar Ken com sua pata. Não era impossível, era até mais fácil que respirar. Fenrir moveu sua pata e avançou contra Ken. Mas como se tivesse recobrado a consciência naquele exato momento, ele suavizou a descida de sua pata e derrubou Ken.
Mas embora tenha se acalmado, a fúria ainda estava presente em seu rosto. Seu focinho contorcido de raiva revelava seus enormes e poderosos dentes afiados.
– Como!?…como o portador do emblema-sero ainda está vivo!? Era para você estar morto da batalha final contra o soberano demoníaco! Responda-me! Como ainda estás vivo!?
O motivo de selarem em alguém o fragmento da ira foi para finalmente acabarem com a terrível guerra contra os demônios que se prolongava há milênios, e pelo medo que ela poderia causar se estivesse solto pelo mundo.
O soberano demoníaco se provou ser um ser de imenso poder que desafiava qualquer lógica existente, desafiando até mesmo os próprios deuses. Então qualquer coisa relacionada a ele era uma preocupação.
Por isso que Fenrir não suportou a ansiedade que o afligia depois de presenciar aquele emblema que selava um dos poderes do soberano demoníaco.
Mas Ken, mesmo de frente aquela aparência intimidadora de fazer perder a consciência, respondeu enquanto ria fracamente.
“Porque?…era para mim estar morto? Por que tanta frieza?”
– Porquê!? porque você carrega o mal dentro de você! Desde o momento em que lhe foi selado o fragmento da ira você deveria estar morto! Neste momento você é o mal em pessoa! Eu devo mata-lo agora mesmo!-
“Pfft, ahahaha…”
– !
Diante da fúria de Fenrir. Ken bufou um sorriso e começou a rir, surpreendendo a besta.
– O quê!? você realmente acabou de-
“AHAHAHAHAHAHA! HAHAHAHAHA!!”
Mas seu sorriso apenas se intensificou ainda mais. Era como se Ken tivesse enlouquecido depois de ouvir as palavras de Fenrir que as considerou absurdas.
“Ahaha! você? Me matar, fenrir?”
Depois de rir, Ken olhou mortalmente para Fenrir.
‘O que é que se passa com o seu olhar?’
Fenrir achou o olhar de Ken fora de comum, mas logo ignorou e falou, ainda em fúria.
– O que você quer dizer? Matar você não é diferente de matar uma barata. Tudo que preciso é adicionar um pouco de peso e você morrerá, porque blefar?
“He…você é mais idiota do que parece.”
– O quê?…
As palavras de Ken apenas o enfureceram ainda mais, mas Ken não parou.
“Como você acha que estou vivo até agora?”
– !?
Só então a besta se apercebeu da estranheza da situação. Porque o receptáculo, a pessoa em quem foi selado o fragmento da ira, deveria estar morto. Mas ele estava bem na sua frente, com a marca do emblema-zero.
Poderia ser apenas uma réplica, mas o que ele ganharia por mentir sobre isso? Além do mais, este era um assunto que ninguém deveria saber, porque os únicos que sabiam eram os que estavam presentes na época.
Sem contar que o comportamento confiante e inabalável de Ken apenas tornavam difícil acreditar que tudo era farsa. Como uma besta, Fenrir analisou o batimento cardíaco de Ken e suas expressões faciais minuciosamente.
Tudo sobre Ken era estranho desde o início.
Ken, tendo percebido a hesitação de Fenrir, não ficou parado e também falou.
“Sim, eu deveria estar morto desde aquele dia, desde o dia em que vocês me selaram o fragmento da ira. Mas você sabe o que aconteceu? sempre que eu morria, acabava por reencarnar em outro corpo.”
– !?
O olhar de Ken se tornou ainda mais mortal. Apertou fortemente a pata de ferir com as mãos, o sangue escorria escapando de sua boca.
“Morte após morte! Sempre que eu morria acabava por reencarnar em outro corpo! Sem ser capaz de carregar uma arma ou de criar um núcleo de mana! Carregar este maldito emblema apenas trouxe sofrimento e angústias sem fim para mim! Por acaso você sabe o que aconteceu comigo!? Eu passei por um inferno por culpa de vocês!? Já perdi a conta de quantas vezes eu morri e renasci em outro corpo, apenas para ser torturado novamente e nascendo para sofrer o mesmo destino!!”
Embora Ken estivesse mentindo sobre a reencarnação, não sentia como se estivesse mentindo. Incontáveis memórias dos antigos portadores agora faziam parte dele. Escravos, fazendeiros, ajudantes de mão de obra, ferreiros e muito mais. Sem contar com aqueles que foram perseguidos e mortos pelos cultistas demoníacos e pela igreja.
Mas acontece que nenhum deles conseguiu se dar bem na vida por causa deste emblema amaldiçoado. Eles sempre acabavam por ter um fim trágico. Por isso a fúria injustiçada que todos sofreram estava se refletindo nos olhos de Ken.
E Ken também passou a entendê-los. Ken sempre achou estranho como a sua vida tem sido miserável até agora. Pais miseráveis, a morte de sua avó e de sua irmã, abandono de seus melhores amigos, trabalhos cansativos, falsas acusações, a morte de Sr. Bertolt e do Sr. Hannah, humilhações, sequestro e treinamentos infernais.
Uma vida que você apenas poderia considerar apenas como azarada, e tudo por causa da marca preta que carregava na palma de sua mão. A raiva, angústia, frustração e ressentimentos contra aqueles que o puseram nesta situação eram inevitáveis.
Por isso Ken não suportou ouvir as palavras de Fenrir que achou absurdas. Ele merecia morrer? Que mal eles fizeram em primeiro lugar para merecer tal vida injusta?
“Portanto!…Mesmo que você me mate agora! Eu reencarnaria em outro corpo apenas para repetir o mesmo sofrimento. Mas isto não importa! Porque quando eu voltar a vida, tenha a certeza que voltarei até você!”
A expressão de Fenrir pareceu vacilar depois de ouvir o desabafo furioso de Ken. Seus olhos, cobertos de sangue e um com a íris esbranquiçada, refletiam uma fúria que não poderia ser obtida em apenas uma vida.
– …
Fenrir ficou sem saber o que fazer. Sua pata por cima de Ken tremia. Tudo que ele precisava fazer era apenas aplicar um pouco mais de força e matá-lo? Mas…
‘Porquê?…’
Por alguma razão estava hesitando. Ele não sabia o porquê. Por causa de seu desabafo? O olhar mortal em seus olhos? Ele não sabia, mas por alguma razão não conseguia matar Ken.
– Urgh.
Sem saber o que fazer, Fenrir simplesmente retirou sua pata de cima de Ken e voltou a deitar-se abruptamente em seu trono, fazendo o chão tremer no processo.
–…Haa…
A besta suspirou profundamente.
Sua pata moveu-se para cobrir seu focinho perto dos olhos. Era como se um enorme peso tivesse surgido por cima de seus ombros, achando difícil de raciocinar.
Ele ficou nesta posição durante um longo tempo. 1 minuto…5 minutos…10 minutos…15 minutos…20 minutos.
Fenrir parecia estar preso em seu próprio mundo, sem saber o que fazer apenas deixando seu corpo recuperar a exaustão mental.
Mas enquanto isso, alguém parecia estar lutando para sobreviver.
“Haa…ha…haa…”
A respiração de Ken estava irregular, sua pele estava extremamente pálida e com uma leve coloração azulada. Com a sonolência tomando conta de seu corpo, manchas escuras estavam surgindo sob seus olhos.
Mas mesmo que seu corpo exigisse uma pausa, mesmo que seu corpo dissesse, chega. Ken lutava para não sucumbir aos desejos de seu corpo. Deitado em um chão duro com o corpo completamente nu, o frio estava dominando-o. Mas não era apenas o frio do chão frio, mas da própria presença da morte.
Só então depois de mais um minuto foi que Fenrir decidiu liberar seu olho e olhar para Ken.
– Qual é o seu nome?
Perguntou ele, sua voz parecendo mais esgotado que antes.
Ken, que parecia que iria morrer a qualquer momento, acalmou sua mente e abriu lentamente a boca.
“…Ken.”
– Este é o seu nome atual?
“…Sim.”
– Eu vejo. Vou te dar uma chance.
“…O quê?”
Fenrir levantou uma de suas patas e apontou com os dedos no chão na sua frente.
– Se você conseguir chegar até aqui em menos de seis minutos. Não só curarei suas feridas, como também irei liberar o meu selo de você. Eu te dou minha palavra.
Embora Fenrir tenha feito esta proposta para Ken, não achou que seria capaz de cumpri-la. Era só olhar para o estado atual de seu corpo. Cansado, abatido e seriamente ferido.
Ele apenas o fez porque não queria negar diretamente o pedido de ajuda de Ken depois de ouvir seus desabafos. Quer seja o orgulho de uma besta divina ou não, Fenrir o fez mesmo assim.
Então, com um sorriso pretensioso, Fenrir falou.
– Se você acha que é injusto, apenas culpe o seu-
“Ghhhhhhhhhaaaaaaaaa!”
– O quê!?
Antes que Fenrir terminasse de falar, um alto grito e um desenvolvimento chocante o interrompeu.
Ken, que parecia que iria morrer a qualquer momento, estava arrancando os ossos presos em seu corpo como se estivesse possuído.
Mesmo que o sangue saltasse de seus membros e cuspisse de sua boca, ele não parava de arrancá-los como se fosse uma besta louca, deixando apenas o que estava preso em seu abdome. Depois disso, ele começou dificultosamente a se levantar e depois começou a caminhar até o Fenrir, cambaleando a cada passo.
Fenrir não conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo.
*Crack.*
“Ugh!”
Mas então um alto som de estalo ecoou e Ken caiu no chão como um saco de areia. Parecia que uma de suas pernas havia se deslocado, fazendo-o assim cair imponentemente no chão.
Mas mesmo assim Ken não parou. Cerrando seus dentes para suportar a dor de ter uma de suas pernas deslocadas, estendeu seus braços e começou a arrastar seu corpo.
Ele continuou e continuou a arrastar seu corpo, e quando seus braços ficaram cansados e sem atrito suficiente para continuar, cravou suas unhas no chão até sangrar e começar a puxar seu corpo.
Sua ação desesperada de sobreviver estava acima dos desejos de seu corpo de parar e da dor que o afligia. Ele já havia traçado um objetivo naquele momento, e era chegar até onde a besta se encontrava.
E então depois de alguns minutos, Ken finalmente chegou até onde Fenrir havia indicado para estar, bem na sua frente. Mas antes de qualquer coisa, Ken levantou lentamente a cabeça e olhou para cima para encarar Fenrir que parecia um prédio.
Forçando um sorriso sarcástico, ele falou com dificuldade.
“Ehehe…eu cheguei. Então…cumpra sua promess…”
Mas antes que terminasse de falar, Ken viu seu mundo se cobrir de escuridão e desmaiou, sua cabeça caindo com um baque no chão.
– …
Fenrir, que parecia ter apagado depois de presenciar esta cena, exclamou.
‘Quem é esse maluco persistente!?’
Esta foi a única coisa em que ele conseguiu pensar.
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