Capítulo 60: Ken vs Harper. (Parte 4)
“Você parece surpreso, Dono?”
“!”
Disse Ken enquanto avançava e enfrentava a aura que destruía seu corpo.
“Eu suportei muita coisa até agora, sabe? Tanto minha mente quanto meu corpo foram mutilados de diversas maneiras, então estou confiante em dizer que força de vontade é algo que não me falta. Mas…”
Ken de repente parou de andar, quase chegando ao portão para o enorme salão. Fechando os olhos, ele começou a falar.
“Até eu sei que simples força de vontade não seria o suficiente para derrotar você, Dono. É simplesmente idiotice.”
‘Sim, claro que é completamente idiotice. Você está completamente quebrado e aos farrapos. Você nem sequer consegue abrir corretamente seus olhos e não deixavas de mancar enquanto andavas. Mas porque você ainda continua com esse sorriso presunçoso no rosto? O que você está planejando?’
Pensou Harper alarmado que ao invés de atacar Ken, ficou cauteloso porque aquele maldito sorrizo feroz de Ken eram indicios de um plano asqueroso.
O que ele planejava fazer? Harper não sabia.
E então Ken de repente pegou a camisola e o jaleco que vestia e os rasgou, retirando-os completamente de seu corpo. Revelando seu corpo bem definido e musculoso, assim como também várias cicatrizes.
‘…O que é aquilo?’
Mas o que chamou mais atenção para Harper foi o desenho preto encontrado em seu peito esquerdo que parecia uma shuriken de três lâminas.
Ken moveu a mão direita sobre o desenho, tocando em seu peito no centro da shuriken, ativou o raio branco e deu um choque lá.
*Ba-dum.*
“Ugh.”
Seu coração bateu forte por causa do choque que fez Ken gemer. Foi então que um ponto brilhante surgiu do centro do desenho, e várias linhas brilhantes surgiram dele e se espalharam por todo o corpo de Ken como se fossem veias, com exceção de sua cabeça.
Assim como o ponto brilhante, estas linhas também brilhavam com um forte vermelho, e algo inacreditável começou a acontecer.
‘Suas feridas!?…’
O que acabou deixando Harper bastante surpreso.
As feridas e os cortes que se acumularam no corpo de Ken durante a luta começaram a cicatrizar, seu corpo começou a parar de tremer e sua respiração começou a pegar o ritmo normal.
“Haa…”
Ken soltou um longo suspiro aliviado como se tivesse sido libertado de uma corrente, com vapor saindo de sua boca e narinas. Assim que as feridas sararam, as linhas pretas por todo o corpo começaram a gradualmente perder o brilho e ficaram de cor preta.
Seus lábios se esticaram em um sorriso sinistro e veias saltavam de suas têmporas como se estivesse irritado.
Logo, Ken abriu lentamente seus olhos, revelando suas íris que brilhavam com um vermelho intenso assim como o pequeno ponto em seu peito. E então eles se moveram e olharam para Harper.
‘!!!!!???????!?’
Assim que Harper viu aqueles olhos vermelhos, ele sentiu algo diferente de um arrepio na espinha. Seu corpo congelou.
Seus olhos então se arregalaram quando seu entorno de repente se transformou em um mar de sangue, e o chão onde pisava se tornou escuro e molhado, com vários corpos de pessoas espalhados e todos estraçalhados.
Por alguma razão, não sabia como, mas Harper sentia que estes corpos não pertenciam aos guardas e nem aos instrutores.
Mas não demorou muito para este mundo sangrento desaparecer e ele voltar para a toca do inferno.
‘O que foi isso!? Sua sede de sangue é tão intensa que por um momento foi como se eu estivesse em outro mundo!’
Todo o corpo de Harper tremia e ele sentia sua cabeça latejar. Mesmo que tivesse voltado a ver a toca do inferno, a sede e sangue que brilhava nos olhos de Ken ainda continuavam.
Sua expressão estava representando várias emoções. Ódio, ressentimento, excitação, aborrecimento e pavor. Mas principalmente a sede de sangue que brilhava em seus olhos.
Sua presença também de repente se tornou opressora, diferente de antes de quando ele não conseguia senti-lo, como se fosse um fantasma.
‘Maldição!…’
“Maldiçãaaoooooooooo!!”
Harper gritou com todas suas forças e força de vontade para superar o olhar e a presença opressora de Ken, sua aura se intensificou ainda mais provocando fortes rajadas de vento.
Ele pegou sua espada e aplicou fortemente toda a energia de seu núcleo. Uma energia que era capaz de trazer a própria morte para qualquer um que estivesse por perto penetrou em sua lâmina.
“Eu não sei o que você é!! Mas desta vez eu vou acabar com você!!”
“Hmph!”
Ken bufou um riso como se tivesse escutado a coisa mais engraçada do mundo. E ativou o [raio branco].
Mas ao invés do raio branco, um raio de cor carmesim brilhou de todo seu corpo. Ele levantou o punho direito e concentrou o raio carmesim naquele punho cerrado.
O raio carmesim estava se concentrando ainda mais naquele ponto. Era uma concentração que Ken nunca foi capaz de fazer com o raio branco. Depois este raio carmesim começou a ficar mais escuro.
Era o [raio negro].
Depois de ter tudo preparado, Ken falou enquanto olhava para o Harper.
“Sim, vamos acabar com isso.”
Depois de dizer estas palavras, enquanto a tensão aumentava a cada segundo como se fosse uma eternidade. Os dois desapareceram de seus respectivos lugares.
Nem o som poderia ser ouvido, apenas quando ambos já estavam a um centímetro de distância um do outro foi que um relâmpago trovejou e o som de um grande pulo ecoou.
[Técnica da morte, investida da morte.]
Harper executou uma técnica que utilizava a energia da morte.
Ken, por outro lado, tinha algo diferente. O raio carmesim era diferente do raio branco que fortalecia o corpo, ou do raio negroo que destrói o que toca. O raio carmesim na verdade é fraco, mas ela tem uma propriedade bastante convencional.
Ela fortalecia a sua anti-propriedades. Então Ken juntou os três raios. O banco que fortalecia sua força, o negro que desentegrava o que toca, e o carmesin que poderia anular a aura.
[Punho do purgatório.]
E então, assim que o punho do purgatório e a investida da morte se colidiram. Toda luz da toca do inferno foi ofuscada e uma enorme esfera foi gerada e se expandiu, e quando esta esfera de luz explodiu toda a área central foi coberto de luz carmesim e negra.
§§§§
A cerca de dois meses atrás, quando Ken ainda se encontrava na câmera de Fenrir, ele havia descoberto o segredo do desenho marcado em seu peito, que passou a chamar de ‘Aku’.
(Autor: Aku é uma palavra japonesa que significa mal, maldade.)
O Aku, assim como Ken pensava, era a representação dos pecados capitais. Quando ativado, um grande poder emergia a partir de seu coração e se espalhava por todo seu corpo.
Seu corpo se tornava mais resistente e sua força subia em níveis mais elevados, seu corpo se regenerava apenas ao respirar e seus atributos aumentavam a cada tempo que passava.
Eram habilidades que lhe lembraram dos três pecados capitais que ele possuía.
Ao contrário do raio branco, ela dava uma sensação quente e agradável, percorrendo em seu interior como se fossem veias transportando o sangue.
Foi só depois de um tempo que Ken percebeu que esta energia era mana, a mana dos pecados capitais. As linhas pretas que se espalhavam pelo corpo todo como se fossem veias eram os canais de mana, assim como os usuários de aura usavam. O que era estranho.
Os canais de mana eram criados quando o núcleo de mana era criado no centro do peito, mas o de Ken se encontrava no coração. Mas seja como for, infelizmente todo aquele poder não era permanente porque apenas poderia usá-lo por menos de um minuto, e depois disso teria que esperar um dia para poder utilizá-lo de novo.
Depois de passar dois meses para dominar o Aku, Ken decidiu que era hora de escapar. Ele pegou os enormes fios ligados ao Fenrir e escalou até o topo durante meia hora, encontrando uma passagem estreita de onde os fios passavam.
Como seu corpo havia crescido proporcionalmente, ele teve que deslocar seus ossos para que pudesse se arrastar pela passagem. Durante seu caminho Ken havia se deparado com uma bifurcação, mas continuou seguindo os fios até chegar ao laboratório.
Ken se arrastou do buraco que estava no chão para fora, encontrando o laboratório do doutor. Assim que saiu ele olhou ao redor e sobre os equipamentos, materiais, plantas e todo tipo de coisas que se esperaria de um alquimista.
Depois de ver esta cena Ken riu, porque já havia pensado em uma ideia.
Ele pegou os equipamentos, aqueceu a água, pisou, juntou e moeu as folhas. Ken estava bastante concentrado nos procedimentos.
O que ele estava criando era um veneno que poderia matar os guardas da toca do inferno, mas como eles eram pessoas bem treinadas, um veneno fraco não os mataria, mas um forte vinha com um forte cheiro o que acabaria por fazê-los suspeitar.
Após criar a droga.
*Cleng.*
Ken ouviu, mesmo em uma longa distância, os passos para além da porta do corredor e a porta se abrindo. Ken arrumou tudo o que havia feito e se escondeu. Foi quando o doutor entrou e começou a fazer suas coisas.
Ken não esperou muito quando voltou na passagem no chão voltando a deslocar seu corpo no processo para que coubesse. Desta vez ele foi na passagem da outra bifurcação, chegando no refeitório, onde despejou a droga em um tanque na água.
Como haviam três turnos, os que terminaram o turno e os que foram fazer a vigília beberam água antes de um grupo ir para seus quartos e outros para a área central. Deixando apenas o grupo que ainda estavam a dormir.
Ken aproveitou essa chance, ativou o selo de presença em seu quarto e começou a entrar nos quartos dos guardas que não haviam bebido da água. Todo o corpo humano tem pontos que chamam de pontos de acupuntura. Elas são milhares e
Havia um ponto específico que se fosse aplicado pressão enquanto seu corpo estivesse inconsciente, ou dormindo, a pessoa acabaria por morrer.
Chamado de acuponto da morte.
Ken usou deste conhecimento para apagar a chama da vida de todos os guardas que não haviam bebido da água. Ele era como o ceifador que estava ceifando a vida daqueles que haviam se recusado a morrer.
Depois disso ele vestiu a roupa dos guardas, embora tivesse ficado apertado para ele, e se infiltrou na área central. Por causa do selo da presença, mesmo com os 1,90 metros de altura, os guardas não pareciam tê-lo notado.
E usando tudo que aprendeu na toca do inferno nos longos anos, Ken agiu furtivamente se aproveitando das sombras.
Foi quando ele notou que estavam levando uma das jovens recrutas para o laboratório, e como só faltava pouco para o veneno fazer efeito, Ken incapacitou os guardas que estavam de sentinela na porta e entrou silenciosamente.
Foi quando ele propôs uma ideia com a nº 6 e ainda tiveram um momento de luxúria, onde Ken teve a chance de restaurar um pouco de sua energia vital. Naquela hora ela ficou um pouco fraca para se mover, então Ken teve que a forçar porque ainda não haviam terminado.
Quando eles saíram para o corredor, depois de saber que Harper estava dormindo, Ken pediu para que ela reunisse todos os jovens na área central.
Todo mundo ficou surpreso quando viram Ken, embora ninguém o tenha reconhecido. Mas felizmente todos haviam seguido a palavra da nº 6 e ninguém fez nenhum alarde.
Ken então ativou o Aku, e como estavam todos juntos, ativou o raio branco que se tornou carmesim e de uma vez deu choque em todas as coleiras nos pescoços dos jovens, retirando-o de seus pescoços.
Mas antes que eles fizessem algum alarde, Ken os ameaçou com seu olhar para que ficassem quietos.
Depois os instruiu a desceram na enorme fenda. Ken havia explorado a câmera de Fenrir, e lá havia uma passagem que se você seguisse por um longo tempo, quase um dia ou mais, você chegaria até uma caverna, e você só teria que continuar a procurar por uma saída.
Ken podia ter seguido por este caminho, mas talvez por causa do pecado da ira, o ressentimento que sentia por este lugar não podia ser ignorado, então ele decidiu ficar e acabar com tudo.
Os jovens recrutas poderiam ajudar, mas Ken não queria ninguém no seu caminho.
Antes que todos os jovens descessem pela enorme fenda, a nº 6 havia se virado e perguntou.
– Você… é o nº 999?
– …
Ken não sabia se isto era o instinto de uma mulher, mas ele decidiu não dizer nada e começou a andar até o laboratório do doutor.
Foi então que ela inclinou o corpo e falou algo que fez Ken tremer.
– Obrigada.
Ken apenas riu ligeiramente e voltou para o laboratório, onde sua verdadeira vingança estava apenas para começar.
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