Capítulo 64: Discípulos-divinos salvam Appolonia. (Parte 3)
Todos aqueles que estavam presentes nas muralhas, e até os que se encontravam no campo de batalha do lado de fora das muralhas, foram atraídos pelo exuberante dragão de água de Eliza e o majestoso pilar de chamas com cabeça de leão do Kim.
O poder dos dois eram tão dominantes que os infernis mal conseguiam se aproximar, mantendo uma distância de vários metros, com medo de serem queimados pelo intenso fogo de Kim e da pressão do dragão da Eliza.
Mas foi então que quatro demônios de rank 4 apareceram.
[Gorgantul.]
Eles pareciam com ogros, eram grandes, chegando aos três metros de altura. Assim como todos os outros demônios, tinham a tonalidade da pele avermelhada, com uma couraça branca como se fosse máscara no rosto, com dois chifres.
Eles seguravam enormes machados, feitos com um tipo de metal que não podia ser encontrado neste mundo. Estes machados emanavam uma grande quantidade de energia demoníaca, que era capaz até de matar um simples cavaleiro com núcleo de mana apenas com sua energia emanada.
Os demônios foram divididos por ranks de acordo com a quantidade de energia demoníaca que possuíam e de suas habilidades. Graças a isso, eles conseguiam se aproximar de Kim e Eliza enquanto enfrentavam a pressão de suas auras elementais.
Kim e Eliza observavam os demônios se aproximarem à distância, mas não podiam parar a manifestação de suas técnicas que parecia ser necessário alguns minutos para estar completa.
‘Droga, se nos movermos o fluxo das técnicas serão interrompidos! O que devemos fazer!?’
Pensou Kim em preocupação. Foi como ele disse, a técnica que estavam executando levaria tempo para ser preparada, uma pequena desconcentração e ela poderia ser interrompida.
“…?”
Mas foi então que de repente o céu começou a escurecer, com nuvens negras cobrindo o céu e escondendo o que restava do sol. Depois de um tempo, ela começou a trovejar, como se fosse o prenúncio de uma grande tempestade.
“Trovão celeste.”
E então a voz de Leila foi ouvida e vários raios começaram a cair como um estrondo das nuvens escuras, consecutivamente sobre as cabeças dos quatro gorgantuls que tentavam audaciosamente se aproximar de Kim e da Eliza.
*BOOM!*
“!”
“?”
Os primeiros quatro raios que caíram enfraqueceram suas resistências aprimoradas por energia demoníaca, a segunda fritou suas peles, e a terceira os destruiu por completo carbonizando seus corpos.
Kim e Eliza levantaram a cabeça para cima surpresos, encontrando Leila voando em suas cabeças a vários metros de altura com seu cajado apontando para baixo.
“Agora é com vocês.”
Disse Leila com seu tom inexpressivo, mas isso já era o suficiente dela mostrando motivação.
Os dois acenaram a cabeça agradecidos.
“Guaaa!.”
A bomba demoníaca preparada pelo gorgurrito já parecia estar em seu estado completo quando ele o disparou, criando um anel de ondas em volta dele o disparando em alta velocidade.
A bomba demoníaca começou a varrer e destruir o chão, além de matar todos os demônios que se encontravam no caminho.
Mas Kim e Eliza também já tinham preparado suas técnicas.
[Núcleo do mar azul, 1ª forma.]
[Núcleo das chamas do leão estrelar, 1ª forma.]
O dragão azul cristalino dançava violentamente ao redor de Eliza e o leão flamejante fumegava por cima de Kim. E então Eliza estocou com sua rapieira e Kim cortou com sua espada.
Suas armas divinas aprimoraram o poder de suas auras elementais, elevando assim o poder de suas técnicas.
[Investida do dragão azul.]
[Golpe do leão flamejante estrelar.]
O dragão de água e o leão de chamas correram na direção da bomba demoníaca, mas no meio do caminho, algo incrível aconteceu, porque as duas técnicas, mesmo sendo de elementos opostos, circularam entre si e uniram-se.
A água não apagou o fogo e o fogo não evaporou a água. Ambos uniram-se como um só e seu poder foi triplicado.
O ataque conjunto varreu os demônios no caminho, e então se chocou com a bomba demoníaca, que estava a metros de chegar até Kim e Eliza.
A colisão entre os dois poderes criou uma enorme explosão que engoliu Kim e Eliza e as poderosas ondas de choque alcançaram literalmente centenas de metros de distância.
“Kim!”
“Eliza!”
Seus companheiros gritaram pelos seus nomes com preocupações, os soldados de Celestine e Appolonia apenas olharam naquela direção com ansiedade nos olhos.
“…”
Mas Leila por sua vez, flutuando no ceu, permaneceu indiferente enquanto olhava para onde aconteceu a explosão.
“?”
Mas assim que a nuvem de poeira foi passando, Leila soltou um leve sorriso. A silhueta de Kim e Eliza podia ser vista, e assim que a nuvem de poeira passou, ambos poderiam finalmente serem vistos.
Ambos conseguiram sair ilesos graças a armadura de aura elemental, mas acabaram por estarem um pouco destruídos.
Uma enorme cratera se encontrava de onde a explosão ocorreu, e o ataque combinado dos dois havia conseguido romper a bomba, criando um rastro de destruição até o gorgurrito, o destruindo e sobrando apenas suas patas.
Um silêncio ensurdecedor havia tomado o campo de batalha, até os demônios pareciam sem jeito agora que o mais poderoso entre eles havia sido derrotado.
Kim então olhou para trás, para os companheiros que o observavam e levantou sua espada que ainda brilhava lindamente mesmo depois de passar por várias batalhas para o alto.
“Whhoaaaaaaaaa!!”
“Kim! Kim!”
“Elizaaa!”
Os soldados no campo de batalha e nas muralhas gritavam cheios de vida pelo nome dos dois e pela sua vitória.
“Discípulos-divinos!!”
“Viva ao Kim!”
“Viva a Eliza!”
“Leilaaaaaa!”
“Profetas!”
A moral de todos subiu até as alturas e depois de mais algumas horas, todos os demônios que invadiam a capital de Apolonia haviam sido completamente derrotados.
Depois uma equipe de cavaleiros, soldados e magos haviam sido enviados para a floresta, mais especificamente para procurar o portal do submundo.
E assim que o portal foi encontrado e selado, a batalha de Apollonia havia finalmente chegado ao seu fim.
§§§§
Assim que a batalha contra os demônios havia chegado ao seu fim, uma festa de comemoração estava sendo realizada na praça da cidade capital de Appolonia, perto do castelo real.
O objetivo da comemoração foi parabenizar a vitória que foi obtida graças aos esforços de todos, e para amenizar o medo e a ansiedade que ainda persistia no interior dos cidadãos.
Mas mais especificamente, foi para agradecer aqueles que mais contribuíram para a vitória e salvaram inúmeras vidas. Para os soldados de Celestine, para os profetas, e acima de tudo, para os discípulos-divinos, que tiveram a maior contribuição ao parar a bomba demoníaca e por se livrarem dos infernis voadores.
E mesmo que a comemoração estava sendo realizada na praça da cidade, um lugar onde os plebeus frequentam, e não em um alojamento luxuoso, vários nobres ainda decidiram comparecer à celebração.
O motivo era, é claro, os discípulos-divinos. Eles não queriam perder a oportunidade de criar relações com tais seres celestiais. Eles queriam criar algum tipo de relacionamento com eles, e se possível, até um amoroso.
Várias jovens damas nobres se reuniram ao redor de Kim, o elogiado, dizendo como era bonito e falando sobre sua força, deixando-o completamente sem jeito e envergonhado.
Alguns jovens nobres também se reuniram ao redor de Eliza, tentando bajulá-la. Mas ninguém conseguia se aproximar da Leila, porque parecia que uma barreira invisível os estava impedindo de se aproximar dela.
Mas enquanto estavam neste alvoroço, o cavaleiro Lucas Muller, capitão da 3ª divisão dos cavaleiros sagrados de Celestine, se aproximou até eles.
Com a mão direita apoiada sobre o peito, ele curvou ligeiramente o corpo.
“Caros discípulos divinos.”
Era uma saudação formal de um nobre quando se dirigia a alguém de status superior.
“O que aconteceu, Lucas?”
Perguntou Kim.
Lucas então levantou a cabeça e falou com um tom sério.
“Sua alteza, o príncipe herdeiro Jullis Lumiere, solicita respeitosamente a vossa presença.”
§§§§
Depois de o cavaleiro Lucas ter aparecido de repente e solicitado a presença dos discípulos divinos a pedido do Príncipe Julius no meio da comemoração, foram levados até o castelo real de Apollonia, que ficava apenas alguns quilômetros da praça da cidade.
Era um castelo belo e bem construído, mas após terem presenciado o castelo real de Celestine durante anos, nada mais os parecia impressionar. Mas assim que chegaram ao castelo, ao invés de serem levados à câmara real para mostrar primeiramente suas presenças para o líder da nação, o rei, foram levados até as masmorras.
Isto seria considerado um desrespeito a nível nacional, isto se as pessoas não fossem os discípulos divinos. Embora eles mesmo não pareciam ter se apercebido deste fato.
Depois de chegarem na masmorra após descer vários degraus de uma escadaria, andaram mais uma vez por um longo corredor. Várias celas se encontravam de ambos os lados, mas os três andaram até chegarem em um porta de metal bem protegida.
“Por aqui.”
Lucas então gesticulou para os discípulos-divinos, convidando-os para entrar. Depois de ter recebido suas permissões, Luca pegou na maçaneta e abriu a porta.
Era uma sala de cinco metros quadrados, as paredes e o chão estavam sujas, parecendo sangue que havia secado. Também não havia móveis ou quaisquer tipo de objetos.
Mas no centro da sala se encontrava uma pessoa de costas para eles. Ele tinha cabelos loiros brilhantes, vestia um uniforme elegante de cor branca com uma capa branca, e com uma espada embainhada em sua cintura.
“A quanto tempo, Julius?”
Disse Kim após reconhecer que a pessoa, mesmo estando de costas para eles.
“Ah, vocês chegaram.”
A pessoa então se virou para eles, um homem bonito com olhos azuis. A pessoa era Julius, o príncipe herdeiro de Celestine.
Ele se aproximou deles com um sorriso amigável e estendeu a mão para Kim em um aperto.
“Realmente já faz um tempo, embora tenham se passado apenas algumas semanas.”
Kim então recebeu seu aperto de mão também com um sorriso.
“Sim, você tem razão.”
A relação deles nos últimos anos tem evoluído de simples respeito formal para amigável, permitindo o príncipe Julius falar informalmente, ou como dizem, amigavelmente com os discípulos divinos.
Lucas Muller também tentou ser informal com os discípulos divinos, mas foi impedido pelo Julius.
Julius então se virou para Eliza e a cumprimentou com um sorriso.
“Quanto tempo, Eliza.”
“Sim, Julius.”
E depois virou-se para Leila, desta vez colocando seu sorriso mais elegante e amigável que pode.
“Também foi bom te ver de novo, Senhorita Leila.”
Ao contrário dos dois, Julius estava colocando mais esforço na sua interação com Leila. Sabendo que Kim e Elisa poderiam entrar em um relacionamento no futuro, Julius decidiu não arriscar ao tentar conquistar Eliza, caso contrário poderia destruir sua amizade com Kim, ou mesmo com o trio, assim como havia acontecido com Ken.
Afinal, não importa o quão próximo tenham se tornado, uma pessoa é capaz de se tornar uma besta caso algo que você ame ou aprecia seja retirado de você.
Por isso então ele tem vindo abordando mais a Leila. Mas infelizmente para ele.
“Sim.”
“…”
Leila respondeu indiferentemente ao seu cumprimento, deixando Julius quase sem reação. Até Kim, Eliza e Lucas ficaram quase sem jeito.
“B-bem, então, Julius, por que razão você nos chamou até aqui?”
Eliza então decidiu quebrar o clima tenso na sala, perguntando a razão de terem sido chamados até uma masmorra úmida, suja e com cheiro de mofo.
“Ah, sim.”
Julius então tomou a compostura e afastou-se da frente deles.
“Queria apresentar alguém para vocês.”
No meio da sala, estava um homem vestido com um robe vermelho como sangue, sentado em uma cadeira, preso por todos os membros e com uma mordaça na boca.
Seu olhar direcionado para eles era mortal, e seu estado parecia patético, com sérios ferimentos de luta ao redor do corpo.
“Isto?…”
Os três ficaram confusos, sem saber o que Julius queria mostrar para eles. Mas então as próximas palavras de Julius os deixaram chocados.
“Ele é um membro do culto demoníaco.”
“Culto demoníaco!?”
Perguntaram os três com clara surpresa.
“Sim.”
Respondeu Julius.
“Estávamos em uma conferência com os líderes de Celestine quando de repente fomos atacados pelos membros do culto demoníaco.”
Julius então foi contando aos três que durante a sua conferência com o rei, o ministro e outros nobres do reino, discutindo o envolvimento dos soldados de Celestine e a presença dos discípulos divinos para salvar o seu reino, e as condições que haviam exigido.
Quando de repente haviam sido invadidos pelos membros do culto demoníaco.
Ao contrário da mana normal, eles cultivavam a mana corrompida em seus núcleos de mana, que é a mana corrompida pela energia demoníaca. Mas felizmente eles foram derrotados pelo Julius, pelos cavaleiros sagrados de nível intermediário que estavam com ele, e com o envolvimento dos soldados de Appolonia, que apenas ajudaram um pouco.
Houve muita perda do lado deles, mas eles haviam conseguido derrotar todos os cultistas, e conseguiram até capturar o líder, selando seu núcleo de mana e o trancando na masmorra do castelo.
“Você está bem?”
“Sim, por acaso você se feriu?”
Kim e Eliza perguntaram preocupados, que Julius respondeu.
“Obrigado pela vossa preocupação, mas felizmente não me machuquei muito. Não que algumas poções de cura ou a cura dos sacerdotes não pudessem ajudar.”
Mas enquanto Julius se explicava, Leila se aproximou para mais perto do cultista demoníaco. Depois de olhá-lo por um tempo, ela perguntou.
“Porque ele invadiu o palácio?”
Embora tenha sido pego por uma pergunta repentina, Julius ainda respondeu.
“Não sei, mas acredito que eles tenham aproveitando a confusão dos demônios para invadir o castelo. Embora não se saiba o que eles esperavam ganhar com isso.”
“Ainda não o interrogaram?”
“…Isto é um pouco complicado.”
Julius riu sem jeito na pergunta de Leila.
“Complicado? O que você quer dizer?”
Perguntou Eliza.
Sabendo que eles não sabiam muito sobre os membros do culto demoníaco, Julius decidiu explicar para eles.
“Os cultistas demoníacos são pessoas que abandonaram completamente a sua sanidade humana. Não importava quantos membros eram capturados, julgados e torturados em busca de informação, eles nunca abriam a boca.”
“Torturados?…”
A palavra tortura parece ter mexido com a Eliza. Para ela, mesmo que uma pessoa seja um vilão ou bandido, torturar era um limite que ela não parecia concordar.
Julius percebeu isso tardiamente e então decidiu suavizar.
“Você não precisa se preocupar com pessoas como eles, Eliza. Ao se tornarem adoradores de demônios, eles passam a ter comportamentos agressivos e deixam de ser considerados humanos. A ponto de cometerem canibalismo.”
“!?”
“!?”
Kim e Eliza ficaram surpresos, fazendo seus rostos se distorcerem em desgosto enquanto olhavam para o cultista demoníaco.
“Que desprezível!”
Disse Kim com o rosto distorcido em desgosto enquanto olhava para o cultista.
“…Desculpe, eu julguei sem pensar.”
E Eliza se desculpou com Julius por ter julgado a situação sem saber da real verdade. Uma pessoa que come outra pessoa já não poderia mais ser considerado humano.
“Não te preocupes com isso, é compreensível, afinal vocês ainda estão se acostumando com este mundo.”
“…Obrigado pela sua compreensão, você é realmente gentil.”
“Ahaha, fico feliz em saber disso.”
Enquanto eles se desculpavam e se resolviam, Leila fez outra pergunta.
“Vocês já tentaram utilizar magia de controle mental para obrigar eles a contarem suas informações?”
Diferente de seus dois amigos, Leila ainda parecia indiferente com a situação. Magia de controle mental, como diz o nome, é uma magia que controla a mente do alvo, fazendo-o obedecer às ordens do lançador.
É uma que apenas magos, no mínimo de 5º círculo, são capazes de lançar.
É uma das magias que foi proibida de ser utilizada por benefício próprio, não importa em que reino. Quem for pego utilizando esta magia, seria preso por vários anos, teria seus anéis de mana bloqueados, ou até mesmo seria condenado à morte.
Mas claro que existem ocasiões especiais, como utilizar em interrogação para obrigar o sujeito a revelar informações.
Julius então respondeu a pergunta de Leila.
“Isto seria possível se utilizado em um membro de baixo escalão do culto, que infelizmente não possuem informações valiosas. Mas aqueles de alto escalão são diferentes. Por possuírem informações valiosas como seus esconderijos, neles foram implantados algum tipo de maldição em seus corpos. Se por acaso forem obrigados a passar informações para alguém, ou se for contra suas próprias vontades através de magia, por exemplo. A maldição acabaria se ativando, matando-os na hora.”
Os três mais uma vez perceberam o quão insano eram os membros do culto demoníaco. Eles não percebiam o porque que iam tão longe, ao ponto de sacrificarem a própria vida como se fosse descartável.
Mas Leila passou um tempo pensando enquanto encarava o cultista, e então falou algo que chocou a todos presentes.
“Acredito que posso fazer ele revelar algumas informações.”
“O quê?”
Todos ficaram surpresos, principalmente o príncipe e o Lucas que estavam mais cientes da situação.
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