Capítulo 487: Julgamento

Após alguns minutos, os gritos horripilantes do Alto Mago cessaram.

Jerald se levantou e se afastou do cadáver profanado. Limpou o sangue de suas vestes e olhou para Shang.

— A próxima fase do plano precisa de mais duas horas de preparação. Por enquanto, só preciso que você fique com os três Altos Magos. Se precisarmos de você, alguém irá chamá-lo.

Shang assentiu.

Ele conhecia o plano e sabia que o próximo passo era crucial.

Shang se afastou e entrou na Cidade do Lago do Pântano.

Enquanto caminhava pelas ruas, viu muitos plebeus incertos e aterrorizados. O ataque havia acontecido há apenas duas horas, e eles ainda estavam inseguros sobre o que lhes aconteceria.

No entanto, não eram eles que precisavam ter medo. Jerald não se importava com eles.

Os que precisavam temer eram os Magos Verdadeiros.

Um Mago Verdadeiro já era considerado alguém bastante poderoso nos cinco Reinos, e muitos deles eram tomadores de decisão.

Agora, todos os Magos Verdadeiros dessa cidade estavam sob restrições mágicas, impossibilitados de lançar feitiços ou usar seus Focos.

Todos esperavam aterrorizados.

Mais de 100 Magos Verdadeiros estavam reunidos em frente a um prédio, dominados pelo medo. Todos os Magos Verdadeiros de toda a Zona da Cobra Imperatriz haviam sido reunidos naquele local.

Dentro do prédio, cinco Inquisidores de Jerald realizavam leituras mentais em todos os Magos Verdadeiros.

Dos Magos Verdadeiros que entraram, apenas cerca de 60% saíram.

Os outros 40% foram mortos.

Os Inquisidores julgavam as ações passadas de cada Mago e davam um de quatro veredictos diferentes.

Se um Mago tivesse se oposto ativamente aos guerreiros, sem apenas cumprir ordens, ele era condenado à morte.

Se um Mago tivesse seguido as ordens apenas cumprindo seu dever, ele seria colocado para trabalhar por 50 anos, após os quais estaria livre.

Se um Mago tivesse feito o possível para sabotar as ordens de matar os guerreiros, recusado algumas delas ou demonstrado compaixão pelos guerreiros que deveria eliminar, ele poderia ser aceito como cidadão, o que significava estar completamente livre.

Jerald e os Inquisidores sabiam que não podiam esperar que todos colocassem as vidas dos guerreiros acima de suas próprias. Às vezes, recusar uma ordem podia levar o Mago à prisão, às linhas de frente ou até à execução.

O ponto crucial era se eles apoiavam ou não a guerra contra os guerreiros.

Em raras ocasiões, um Mago podia até ter ajudado os guerreiros secretamente. Talvez tenha ajudado um deles a fugir? Talvez tenha fingido não encontrar o guerreiro? Talvez tenha avisado o guerreiro com antecedência?

Esses Magos podiam se juntar ao exército de Jerald, desde que quisessem. Eles também recebiam pagamento, recomendações e, quem sabe, até um título.

Dos 100 Magos, cerca de 40 foram mortos diretamente, cerca de 35 foram colocados para trabalhar, cerca de 22 se tornaram cidadãos, e apenas três receberam recompensas e status.

Era errado punir alguém por apenas seguir ordens?

Isso era debatível…

Na Terra, pelo menos.

Neste mundo, o poder governava. Se duas bestas poderosas lutassem e um caçador precisasse atacar uma delas, ele só poderia torcer para atacar a que perderia a luta.

Porque, se não o fizesse, o caçador morreria.

— Não me importo com sua justificativa. Você se opôs a mim, e por isso merece a morte.

Essa era a ideologia geral deste mundo.

Em comparação aos Magos Verdadeiros, os Adeptos e Aprendizes foram ignorados. Mesmo que guardassem ódio pelos guerreiros, isso não importava. Eles não tinham poder suficiente para causar muito dano, e, ao deixar vivos apenas os líderes puros, o grupo eventualmente se adaptaria para refletir a mesma mentalidade.

E, se isso não acontecesse, os próprios líderes seriam os responsáveis por purificá-los.

E quanto aos guerreiros que odiavam os Magos e faziam o possível para matar todos que encontrassem? Afinal, não eram apenas os Magos que odiavam os guerreiros.

Se havia Magos que odiavam os guerreiros a ponto de matar todos que vissem, também existiam guerreiros que faziam o mesmo com os Magos.

O que acontecia com eles?

Nada.

Isso era hipócrita?

Sim.

E daí?

Não fazia diferença.

Os guerreiros eram o povo de Jerald, e ele não os perseguiria enquanto os Magos que eles matassem não pertencessem ao território de Jerald.

Claro, agora que alguns Magos faziam parte do território de Jerald, esses guerreiros não podiam tocá-los sem uma razão muito boa.

Em resumo, os Magos não podiam extravasar seu ódio contra os guerreiros, mas os guerreiros podiam fazer isso contra os Magos, contanto que esses Magos não pertencessem a Jerald.

Naturalmente, os guerreiros mencionados aqui não eram do Estágio Caminho Verdadeiro. Os comandantes sabiam o que era importante. Eles não permitiriam que seus guerreiros mais poderosos agissem como selvagens sedentos de sangue.

Shang passou pelo prédio e parou em um lugar aleatório na cidade.

Ninguém ousava interagir com ele.

Pelas duas horas seguintes, Shang apenas esperou enquanto conversava com os três Altos Magos ao seu lado.

E então, finalmente chegou o momento.

Tudo estava preparado.

A guerra havia começado há cerca de cinco horas, mas mais de 20 Altos Magos do Reino Trovão Celeste já haviam sido mortos.

Agora, a próxima parte do ataque teria início.

Mas esta parte não era um ataque físico, e sim mental.

Vinte guerreiros do Estágio Caminho Verdadeiro se reuniram diante de Jerald, e ele entregou a cada um deles um Anel Espacial.

Depois disso, deu suas ordens.

Os guerreiros rapidamente se organizaram em formação, subiram em suas armas e partiram voando.

Shang os observava partir com um olhar interessado.

“Estou curioso para ver quão eficaz isso será.”

Shang entendia muito sobre combate, mas não estava envolvido em política ou no planejamento de uma guerra inteira.

A única coisa em que podia confiar era em seu próprio poder pessoal, e essa parte do plano não precisava do poder de Shang.