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    Shang hesitou por um momento.

    — Qual é o seu objetivo e qual abordagem está usando para se aproximar dele? — Shang perguntou.

    Os olhos do Duque Turbilhão brilharam por um breve instante.

    Era uma pergunta muito pessoal, e Shang havia perguntado diretamente ao Duque Turbilhão sobre sua filosofia pessoal para se tornar mais poderoso.

    Poder-se-ia dizer que Shang tinha acabado de perguntar o segredo para se tornar tão poderoso quanto um Duque. Afinal, a abordagem do Duque Turbilhão claramente tinha funcionado muito bem, e saber como ele operava poderia ser um grande trunfo.

    — Essas são duas perguntas — comentou o Duque Turbilhão.

    — Só há um ponto de interrogação no final — respondeu Shang.

    O Duque ficou em silêncio por um momento.

    — Certo, vou responder à sua pergunta, e o motivo pelo qual estou respondendo tem a ver com a resposta — disse o Duque Turbilhão.

    Shang assentiu e ouviu o Duque.

    — Quanto à primeira pergunta, meu objetivo é me tornar um Arquimago e ter meu próprio Reino — disse o Duque Turbilhão.

    Shang não ficou surpreso com a resposta.

    — E quanto ao modo como estou tentando alcançar isso, investimento e eficiência — disse o Duque Turbilhão.

    — Posso passar 24 horas por dia trabalhando na minha Magia, mas isso seria apenas o esforço de um Alto Mago de cada vez. Posso continuar a me tornar mais poderoso trabalhando na minha Magia, mas sem recursos, talvez não tenha tempo suficiente para me tornar um Arquimago.

    — No entanto, se eu tiver acesso a materiais raros e poderosos, estudos avançados, conceitos esotéricos e muitos professores, posso crescer muitas vezes mais rápido do que se estivesse por conta própria.

    — Mas todas essas coisas exigem riqueza. Sem riqueza, não posso acessar essas coisas. É aí que entra o aspecto do investimento.

    — Não tenho muitas horas do meu dia para mim, mas as poucas horas que tenho são mais produtivas do que vários dias trabalhando em mim mesmo sem parar.

    — E como adquiri a riqueza necessária para ser tão eficiente?

    — Outras pessoas.

    — Eu queimo milhões de ouro todos os dias apenas para acelerar meu crescimento. Se estivesse sozinho, nunca poderia pagar uma quantia tão grande.

    — Então, eu invisto, não em corporações ou recursos, mas em pessoas.

    — Cada pessoa tem algo em que é boa, mas muitas dessas pessoas nunca têm a chance de realizar seu potencial.

    — Pobreza, opressão, inimigos, há muitas coisas que matam o talento ainda em sua infância.

    — Eu invisto uma grande parte do meu dinheiro no futuro de pessoas mais fracas do que eu, para que um dia elas me deem retorno.

    — Ajudar um jovem que foi parar na prisão devido à influência corrupta de uma família poderosa não me custa muito, mas estou essencialmente salvando a vida daquela pessoa. No momento, os recursos que gastei nela são muito maiores do que seu valor atual.

    — No entanto, se essa pessoa tiver a oportunidade, o tempo e os recursos para realizar todo o seu potencial, sua ajuda e lealdade vão valer muito mais do que investi nela.

    — Essas pessoas são incorruptíveis, leais e poderosas. Elas cuidam de todas as minhas terras com dedicação, e ficam felizes em me retribuir.

    — Eu não obrigo ninguém, e não os queimo até virarem cinzas, como carvão. Tirar proveito de um Mago Verdadeiro pode trazer imensos lucros a curto prazo, mas esses lucros eventualmente acabam.

    — Mas se todos estiverem felizes trabalhando para mim, eles se tornarão muito mais valiosos.

    O Duque Turbilhão olhou para Shang.

    — Uma pessoa mais altruísta poderia dizer que sou uma pessoa bondosa, que ajuda os fracos e lhes dá a oportunidade de se tornarem mais fortes do que poderiam ter imaginado.

    — Uma pessoa mais cínica poderia dizer que estou explorando os pobres e ingênuos, dando a eles algo insignificante para mim, mas valioso para eles.

    — No final, depende da sua interpretação.

    — Sou um santo que ajuda os indefesos, ou um empresário ganancioso que explora os pobres?

    — Não importa a resposta, duas coisas continuarão as mesmas.

    — Primeiro, eu nunca forço ninguém, e todos que trabalham para mim o fazem de livre e espontânea vontade.

    — E segundo, eles estão gerando os recursos de que preciso para trabalhar em direção ao meu objetivo.

    — Isso responde à sua pergunta?

    Shang assentiu enquanto vários pensamentos passavam por sua cabeça.

    O Duque Turbilhão havia explicado seu método para se tornar mais poderoso de forma muito objetiva, sem tentar soar como algum tipo de ancião bondoso.

    Shang sempre foi um pouco cético em relação à conduta do Duque Turbilhão.

    Shang tinha conhecido muitos gerentes simpáticos em sua vida passada. Eles eram amigáveis, o ajudavam e o incentivavam.

    Mas quando havia lucro a ser feito, Shang era demitido.

    E pior ainda, os gerentes continuavam sorrindo e pediam para que Shang não levasse para o lado pessoal.

    Shang temia que o Duque Turbilhão pudesse ser uma dessas pessoas.

    No entanto, a explicação lógica e objetiva era inquestionável.

    Havia um conceito na Terra que descrevia a causa e efeito do que o Duque Turbilhão estava fazendo.

    Carma.

    Na Terra, muitas pessoas viam o Carma como algo religioso. Acreditavam que o Carma era uma regra criada pelos Deuses para punir os perversos e recompensar os puros.

    No entanto, o Carma era simplesmente o termo para descrever como a cooperação funcionava.

    Se a pessoa A estava em uma situação difícil e precisava de um lugar para morar, a pessoa B poderia ser diretamente impactada no futuro pela decisão que tomasse.

    Suponha que a pessoa B ajudasse a pessoa A. O que provavelmente aconteceria se a pessoa B se encontrasse em apuros no futuro?

    A pessoa A estaria mais inclinada a ajudar a pessoa B.

    Por quê?

    Porque a pessoa B tinha ajudado a pessoa A no passado, e esta desejaria retribuir.

    No entanto, se a pessoa B tivesse descartado a pessoa A, pensando que não valia mais a pena se associar a ela, já que agora estava sem-teto, a situação seria diferente.

    Se a pessoa B se visse em apuros mais tarde, a pessoa A provavelmente não a ajudaria.

    Por que deveria? A pessoa B não havia a ajudado.

    Claro, isso se baseava em probabilidade, não em certeza.

    Existiam canalhas que não hesitariam em jogar fora alguém que os ajudou antes, assim como existiam santos dispostos a ajudar pessoas que os desprezaram no passado.

    Mas, em geral, era assim que as coisas funcionavam.

    Isso era Carma.

    Era simplesmente causa e efeito nas interações entre humanos.

    O Duque Turbilhão ajudava pessoas mais fracas para que, um dia, elas o ajudassem em retorno.

    Engraçado o suficiente, essa mentalidade poderia ser descrita com dois adjetivos contraditórios.

    Ingênuo e manipulador.

    E, ironicamente, o adjetivo escolhido dependia do ponto de vista de quem descrevia.

    Uma pessoa ingênua chamaria isso de manipulação. Afinal, o Duque Turbilhão estava se aproveitando de pessoas ingênuas.

    Uma pessoa manipuladora chamaria isso de ingenuidade. Afinal, o Duque Turbilhão estava se tornando um alvo fácil para ser explorado. Um manipulador poderia simplesmente aceitar a ajuda do Duque e nunca retribuir.

    Também se poderia julgar com base no que se valorizava mais: intenção ou ação.

    Se alguém valorizasse mais a intenção, veria o Duque como explorador. Ele estava tirando proveito dos mais fracos.

    Se valorizasse mais as ações, veria o Duque como uma pessoa bondosa. Ele estava dando às pessoas mais fracas a oportunidade de ascender.

    O que Shang pensava disso?

    “Consigo ver que este é um caminho muito eficaz para se tornar mais poderoso”, pensou Shang.

    “Para se tornar um Duque, e talvez até um Rei, esse caminho pode ser o melhor.”

    “Mas será que é realmente o melhor caminho para alcançar o poder supremo?”

    “E se eu alcançar um nível de poder em que outros não possam mais me ajudar?”

    Shang não estava preocupado se isso era certo ou errado.

    O Duque Turbilhão havia encontrado um método grande e eficaz para aumentar seu próprio poder, e Shang conseguia ver isso como tal.

    Shang se perguntava qual seria a resposta do Deus.

    — Shang — disse o Duque Turbilhão depois de um tempo.

    — Sim? — perguntou Shang.

    — Sei que essa resposta já vale muito, mas sinto que ainda te devo um pouco mais. Que tal eu te dar uma armadura melhor quando voltarmos dessa pequena jornada? — perguntou o Duque.

    Antes, Shang teria duvidado das intenções do Duque.

    Mas, como o Duque havia sido tão honesto, Shang agora conhecia as verdadeiras intenções dele.

    O Duque queria investir mais em Shang.

    Ele acreditava que Shang seria ainda mais valioso no futuro, e para isso, Shang precisava estar vivo.

    Dar a ele um excelente conjunto de armadura aumentaria suas chances de sobrevivência, e se a armadura realmente salvasse sua vida, a opinião de Shang sobre o Duque só melhoraria.

    Qual foi a resposta de Shang?

    — Obrigado.

    Ele aceitou.

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