Capítulo 193: O Primeiro Mago

『 Tradutor: MrRody 』

Shang conversou com Viera pela próxima hora. Ela era bastante animada o tempo todo, mas quando falava sobre seu objetivo de vida, sua postura começava a mudar sutilmente.

— Defensores de bestas são pessoas egoístas que só se importam com seus próprios interesses — disse Viera com desprezo.

Na mente dela, defensores de bestas eram pessoas que queriam manter todas as bestas vivas.

— Eles só querem manter as bestas vivas porque são poderosos o suficiente para resistir às bestas normais. Eles conseguem matar um Gato Pestilento. E, como as bestas valem muito dinheiro, eles querem manter sua fonte de renda intacta. Defensores de bestas não estão pensando no bem das pessoas comuns.

— Eles são egoístas e mimados! — disse Viera com um pouco de raiva.

Ela tinha controlado sua voz, mas Shang pôde sentir um ódio forte emanando dela.

Esse era claramente um assunto que mexia profundamente com Viera.

— E como as pessoas vão se tornar mais poderosas sem os recursos das bestas? — Shang perguntou. — Fontes de Mana são uma necessidade.

Viera deu outra risada de desprezo. — Magos podem criar Fontes de Mana artificialmente. Eles só não dão essas Fontes de Mana para qualquer um, porque é caro.

— Eles conseguem? — Shang perguntou, surpreso.

Viera assentiu. — Claro. Você acha que, ao longo dos últimos milhares de anos, os Magos nunca tentaram criar algo como Fontes de Mana? Claro que tentaram!

— Entendi — disse Shang. — E as bestas que não caçam humanos?

— Não importa — Viera respondeu. — Bestas podem mudar a qualquer momento. Algumas que foram pacíficas a vida inteira podem, de repente, ter uma mudança de comportamento e matar um humano. Não é um conceito novo.

— Se queremos proteger nossos filhos e as pessoas mais fracas, temos que nos livrar de todas as bestas! Não há outro jeito! — disse Viera.

Shang podia sentir a raiva aumentando dentro de Viera.

— Bom, se é o que você pensa — disse Shang, tentando desviar do assunto.

— Sim, eu penso assim — disse Viera enquanto cruzava os braços. — O que você acha disso?

Shang não gostava de responder essa pergunta. Viera era muito firme em defender seu ponto de vista, e se Shang discordasse demais, seu relacionamento de discípulo recém-formado poderia se romper completamente.

— Eu não tenho carta nesse baralho — disse Shang.

— ‘Carta no baralho’? — Viera repetiu, confusa. — Como assim?

“Parece que essa expressão não é comum por aqui”, Shang pensou.

— Quer dizer que não faz diferença para mim. Para o meu objetivo, eu não preciso das bestas, mas também não me importo com o que elas fazem — Shang explicou.

— Você não se importa? — Viera perguntou, surpresa.

Shang assentiu. — A vida delas é a vida delas. Minha vida é minha vida. Eu vivo a minha, e é isso.

Shang olhou para Viera, um pouco nervoso.

Ele não fazia ideia de como ela reagiria.

A essa altura, Shang podia entender por que Soran não estava interessado em começar um relacionamento com Viera. Algumas de suas opiniões eram realmente extremas, e ela era muito rígida com elas.

Soran era alguém que gostava de ajudar e confiar nas pessoas, e esse sentimento se estendia às bestas. Na mente de Soran, matar todas as bestas seria provavelmente algo exagerado demais.

— Ah, tudo bem, então — disse Viera, com um sorriso voltando ao seu rosto.

Shang ficou um pouco surpreso, mas não muito. O comportamento dela já havia mudado de maneira imprevisível mais de uma vez.

— Como você está tranquila com isso? — Shang perguntou.

— Por que eu não estaria? — Viera perguntou.

— Porque você disse que os defensores de bestas são pessoas egoístas — disse Shang.

— Eles são, mas você não está defendendo as bestas — disse Viera. — Você disse que é indiferente ao assunto. Então, se eu decidisse matar todas as bestas, você só assistiria.

— Acho que sim — Shang disse, um pouco incerto.

— Viu? Então, está tudo bem! — disse Viera com um sorriso brilhante.

— Ela é louca — disse a Espada na mente de Shang.

Shang não respondeu à Espada.

Depois de mais um pouco de conversa, a porta se abriu novamente.

Quando Shang ouviu a porta abrir, um brilho apareceu em seus olhos.

Seu primeiro Mago!

Shang olhou e viu sua futura oponente.

Era uma garota com longos cabelos azuis-platinados. Ela usava robes azul-claro e carregava dois pequenos bastões com cristais nas pontas.

Shang reconheceu os bastões. Eram cetros, usados como armas até o Mago conseguir comprar um Foco. Obviamente, eles não eram tão bons quanto os Focos, mas faziam o trabalho de forma adequada.

Por um momento, Shang ficou surpreso por sua oponente ser uma garota, mas logo percebeu que não havia motivo para isso.

Shang havia ficado surpreso porque quase todos os seus oponentes anteriores tinham sido homens. Mulheres eram muito raras entre guerreiros.

No entanto, isso não se aplicava aos Magos. Havia muitas mulheres entre os Magos. Afinal, habilidade física não importava quando se tratava de Magia.

— Oi? — a Adepta perguntou timidamente. — Estou aqui para lutar com alguém.

No momento, a Adepta via uma professora poderosa e um homem de aparência assustadora na sala. Era compreensível que ela estivesse nervosa.

Viera se levantou e foi para o lado. Shang também se levantou e foi para o outro lado da sala.

A Adepta e Shang agora estavam a cerca de 40 metros de distância um do outro.

— Este será o seu oponente — disse Viera friamente, apontando para Shang.

Sempre que alguém desconhecido estava perto de Viera, ela assumia essa persona séria e fria, completamente diferente de sua atitude habitual.

A Adepta olhou nervosa para Shang. — Ele parece assustador — disse ela.

Debaixo de sua máscara, Shang levantou uma sobrancelha, cético.

— Vou me machucar? — a Adepta perguntou.

— Vou interferir antes que um de vocês morra — disse Viera friamente.

— Ok — disse a Adepta, nervosa. — Mas vou me machucar?

Viera apenas olhou para a Adepta.

A Adepta mexeu nervosamente em suas vestes, desconfortável. — Veja bem… eu não sou muito boa em lutar.

“Não muito boa em lutar?” Shang pensou. “Será que meus primeiros oponentes vão ser fáceis?”

— Então, vou interferir quando seu Escudo de Mana for quebrado. Isso deve ser suficiente, certo? — perguntou Viera, com um pouco de irritação.

— Obrigada — disse a Adepta, inclinando-se levemente em agradecimento a Viera.

Viera assentiu.

Então, ela olhou para os dois oponentes.

A Adepta se preparou com seus dois cetros. Com a garantia de Viera, ela já não estava tão nervosa.

— Comecem!