O cheiro de fumaça era forte demais para ser ignorado.

    Weast levantou-se rapidamente, sentindo o gosto amargo do fogo nos lábios, como se a própria respiração estivesse impregnada de cinzas.

    — Eleanor, venha! — chamou, ajudando-a a se erguer.

    Ela assentiu, os olhos arregalados, ainda lutando contra o choque da fuga.

    O corredor se abria numa galeria ampla, com as paredes revestidas por metal enferrujado e marcas de tiros espalhadas por todos os lados.

    À frente, o som dos motores não parava de crescer — rugidos de veículos pesados, provavelmente os transportes da União — misturando-se a estalos, explosões e o contínuo repicar de armas automáticas.

    O caos os envolvia.

    Eles não tinham tempo para se esconder.

    Weast puxou a capa de Eleanor e acelerou o passo.

    Por entre escadas de aço e longas passarelas suspensas, eles correram na direção da origem do barulho.

    Mais à frente, uma sala grande se destacava — uma espécie de hangar improvisado.

    Veículos blindados estavam abandonados, alguns em chamas, outros com portas abertas e tripulação desaparecida.

    Em um canto, corpos caídos, alguns mutilados, outros com expressões de dor congeladas para sempre.

    — Estão atacando a base — disse Eleanor, a voz rouca.

    — Parece que não só a masmorra nos persegue — Weast murmurou, examinando rapidamente o cenário.

    De repente, um disparo ecoou, ricocheteando na parede.

    Eles se jogaram para trás, encostando-se a uma pilastra metálica.

    Entre os destroços, sombras se moviam com rapidez e violência.

    Criaturas, as mesmas que tinham deixado para trás, agora misturadas a soldados armados, todos em uma batalha caótica e desesperada.

    — Precisamos chegar ao centro de comando — disse Weast, os olhos vidrados em um monitor quebrado que ainda piscava com interferência.

    — Se conseguirmos controlar as comunicações, podemos chamar reforços — Eleanor respondeu.

    Mas o problema era o caminho.

    A galeria estava tomada por fogo, fumaça e escombros.

    No meio do tiroteio, um rugido brutal chamou a atenção de ambos.

    Uma criatura enorme, mais monstruosa que as anteriores, surgiu das sombras — quatro olhos negros brilhando, presas à mostra, e uma massa de músculos que esmagava tudo que tocava.

    Weast empunhou a espada, sentindo o peso da responsabilidade.

    — Na frente! — gritou para Eleanor, que imediatamente sacou a arma improvisada que carregava.

    Avançaram juntos, se movendo em sincronia enquanto desviavam de tiros e golpes.

    O monstro os alcançou em poucos segundos.

    Weast deu um golpe de espada que rasgou a carne escura da fera, arrancando um grito que parecia um trovão.

    Mas antes que pudesse atacar novamente, a criatura golpeou com uma pata enorme, arremessando-o contra a parede com um baque brutal.

    Eleanor correu para ajudar, disparando contra os olhos da besta.

    O monstro recuou, rugindo de dor.

    Weast ergueu-se, engolindo a dor, e avançou para a porta do centro de comando.

    — Vamos! — gritou.

    Ao entrarem, encontraram o ambiente em completa desordem.

    Equipamentos destruídos, cabos expostos, telas com mensagens de alerta piscando em vermelho.

    No centro, um homem de uniforme rasgado estava tentando controlar um painel, os dedos tremendo.

    — Quem são vocês? — ele perguntou, alerta.

    — Precisamos de acesso às comunicações. A base está sob ataque — respondeu Weast.

    O homem assentiu, liberando um terminal.

    Enquanto Weast e Eleanor trabalhavam para restabelecer o sistema, o som das explosões se intensificou.

    No corredor, vozes de soldados gritavam ordens e pedidos de ajuda.

    — Conseguimos! — Weast exclamou ao conectar o último cabo.

    No monitor, um mapa da base apareceu, com pontos vermelhos indicando os focos de combate.

    Mas, para surpresa deles, algumas áreas estavam completamente isoladas, como se uma força invisível as mantivesse seladas.

    — Eles estão usando uma barreira — disse o homem. — Um sistema de segurança que bloqueia nossas comunicações e movimentação.

    Weast franziu o cenho.

    — É isso que a masmorra quer — murmurou. — Que fiquemos presos, sem ajuda, até sermos destruídos.

    Eleanor olhou para a porta.

    — Temos que ir até o núcleo do sistema e derrubar essa barreira.

    O homem concordou.

    — Eu vou com vocês.

    — Não. — Weast balançou a cabeça. — Você fica aqui e tenta manter contato com os aliados.

    Ele e Eleanor se prepararam, pegando armas e munição do que restava no centro de comando.

    Ao saírem, o fogo parecia mais próximo, mais agressivo.

    Os gritos atrás das paredes ressoavam como uma sinfonia de terror.

    Mas Weast sentia algo diferente, uma determinação que ardia em seu peito.

    Era a última chance de resistir.

    E, enquanto avançavam pelas sombras e chamas da base em ruínas, ele sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir.

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