Capítulo 16: A Última Resistência
O corredor parecia um túnel de desespero, um caminho forjado no meio do caos que consumia a base. As chamas lambiam as paredes metálicas, lançando sombras tremeluzentes e iluminando os rostos marcados pelo medo e pela luta. Weast apertou os dedos ao redor do punho da espada, sentindo o aço frio contra a pele quente do braço, enquanto Eleanor o seguia, pronta para o combate a qualquer momento.
O homem no centro de comando ficara para trás, trabalhando desesperadamente para manter as comunicações ativas. Mas para Weast e Eleanor, o núcleo do sistema não ficava ali — estava em um ponto ainda mais profundo da base, uma câmara escondida que controlava o escudo que agora os mantinha isolados do mundo.
— A barreira deve estar ligada a um gerador central — disse Weast, a voz baixa e firme —. Se cortarmos o fluxo de energia, a comunicação volta e os reforços podem chegar.
Eleanor assentiu, apontando a arma para a frente.
— Vamos dar um jeito nisso.
Eles desceram por um conjunto estreito de escadas enferrujadas, o ar ficando cada vez mais denso e pesado. O fogo atrás deles crescia em fúria, ameaçando bloquear a rota de fuga, mas eles não podiam parar, não agora.
Os passos de Weast ecoavam no túnel, misturados ao som distante de explosões e tiros. Ele sentia o cheiro da fumaça mais forte, queimando a garganta, enquanto a poeira da destruição caía como neve negra ao seu redor.
— Tem algo errado — murmurou Eleanor, a mão apertando a arma —. Parece que estamos sendo seguidos.
Weast olhou para trás, atento ao menor sinal de movimento.
Nas sombras, algo se mexia, rápido, quase invisível.
— Não estamos sozinhos — ele concordou, girando com a espada em punho.
Uma figura saltou da escuridão, uma criatura grotesca de músculos retorcidos e olhos negros brilhando como carvão em brasa.
Era uma das bestas menores da masmorra, mas não menos mortal.
Weast mal teve tempo de reagir antes que a criatura investisse contra ele.
O impacto foi brutal. A espada cortou o ar, atingindo a carne, mas a fera era ágil, saltando para trás e rosnando com ferocidade.
Eleanor abriu fogo, disparando com precisão, acertando o ombro do monstro. Ele gritou, mas não recuou.
— Precisamos de ajuda! — gritou Weast, bloqueando outra investida.
De repente, um som estranho ecoou pelo túnel — uma mistura de metal se arrastando e vozes distantes, como se algo muito maior estivesse se aproximando.
Weast e Eleanor trocaram um olhar. Eles não tinham tempo para lutar ali.
— Vem comigo! — disse ele, puxando Eleanor para frente.
Eles correram escada acima, seguindo um mapa mental improvisado, o caminho tortuoso que os levaria ao núcleo.
O fogo atrás deles rugia como uma fera indomável, consumindo tudo que tocava.
Quando chegaram a um vão largo, uma porta reforçada bloqueava o acesso.
Weast estendeu a mão para o painel eletrônico, seus dedos voando sobre os botões com rapidez.
— Trava de segurança. Deve ter uma senha — murmurou.
Eleanor olhou ao redor, as pupilas dilatadas na penumbra.
— Estamos sem tempo — disse, apontando para os túneis atrás —. Vai sair fumaça para todo lado se ficarmos aqui.
Weast respirou fundo, fechando os olhos por um momento. Confiava em sua intuição.
Digitou uma sequência rápida e, com um clique alto, a porta se abriu.
Eles entraram numa sala oval, repleta de máquinas antigas e cabos expostos, onde um gerador pulsava como um coração mecânico.
No centro, um painel principal emitia uma luz vermelha intensa.
Weast se aproximou, os dedos deslizando pelas teclas, tentando entender o sistema.
— Isso é pior do que pensei — murmurou —. A barreira é mantida por um protocolo automático. Se desligarmos isso abruptamente, pode haver uma explosão.
— Então o que fazemos? — Eleanor perguntou, observando os painéis com ansiedade.
— Precisamos desativar o gerador gradualmente, e isso vai levar tempo.
— Tempo que não temos — respondeu ela, mirando a porta.
Foi quando um estalo metálico soou na entrada.
Weast virou-se rápido.
Uma sombra enorme bloqueava a luz — o monstro que tinham enfrentado antes, mas agora acompanhado por duas criaturas menores, todas com olhos negros como buracos sem fundo.
Eles haviam sido seguidos.
A luta pela sobrevivência começaria ali, naquele núcleo vital, onde o destino da base pendia numa corda bamba.
Weast agarrou a espada, o braço ainda dolorido da pancada anterior.
Eleanor recarregou a arma, pronta para disparar.
— Vamos acabar com isso — disse ele, a voz dura, cheia de fogo.
As criaturas avançaram.
O combate foi brutal e desesperado.
Weast desviava dos golpes com agilidade, tentando manter distância suficiente para desferir ataques precisos.
A espada cortava carne, quebrava ossos, mas as feras eram resistentes, se curando rapidamente, impulsionadas por uma força desconhecida.
Eleanor disparava sem cessar, suas balas atingindo os olhos, a pele, os músculos, mas nada parecia deter os monstros por muito tempo.
O som das armas, dos gritos e dos impactos preenchia a sala, criando uma cacofonia de violência.
Weast sentiu uma dor aguda na costela, um golpe que quase o derrubou.
Mas ele se levantou, lutando contra o cansaço, contra o medo que ameaçava dominar sua mente.
Com um movimento rápido, ele golpeou o maior monstro no pescoço, cortando profundamente.
A criatura rugiu e caiu, mas as outras duas continuaram a investida.
Eleanor percebeu que a bateria da arma estava quase no fim.
— Weast! — gritou —, precisamos terminar isso agora!
Ele olhou ao redor, procurando algo que pudesse usar.
O gerador pulsava ameaçadoramente, cheio de energia instável.
Uma ideia se formou em sua mente.
— Atrai eles para perto do gerador! — ordenou —. Vou tentar desativá-lo enquanto você os distrai!
Eleanor hesitou, mas confiava nele.
— Vai com cuidado.
Ela avançou, atirando para manter as criaturas ocupadas.
Weast correu para o painel, as mãos tremendo, digitando comandos com velocidade.
A energia começou a cair, a luz vermelha diminuindo gradualmente.
Mas, conforme o gerador perdia força, o ambiente tremeu.
O som de um alarme ecoou, e faíscas começaram a voar.
As criaturas rugiam furiosas, percebendo que o poder que as mantinha ali estava sendo roubado.
Eleanor usou a última bala para acertar o olho de uma delas, que caiu no chão, inconsciente.
A outra investiu contra ela com ferocidade.
Weast terminou o procedimento.
— Agora! — gritou.
Eleanor saltou para o lado, desviando do ataque, enquanto Weast usava a espada para golpeá-la no pescoço.
A criatura caiu, imóvel.
O gerador soltou um último estalo e silenciou.
A luz vermelha desapareceu.
O silêncio, pesado, invadiu a sala.
Weast e Eleanor olharam ao redor, exaustos, cobertos de sangue e fuligem.
— Conseguimos — disse Weast, a voz rouca.
— Agora podemos chamar ajuda — Eleanor respondeu, tentando recuperar o fôlego.
Weast pegou o rádio do homem no centro de comando.
— Aqui é Weast — falou, a voz firme —. O núcleo está offline, a barreira derrubada. Precisamos de reforços imediatamente.
Do outro lado, uma estática seguida de uma voz tensa:
— Reforços a caminho. Aguentem firme.
Weast respirou fundo, sentindo um peso se aliviar.
Mas ele sabia que a luta não acabara ali.
Ainda havia muito a ser feito, muitas vidas para salvar, e uma sombra maior ainda se escondia na escuridão da masmorra.
Enquanto as chamas começavam a ser controladas e os primeiros soldados avançavam pelo corredor, Weast virou-se para Eleanor.
— Vamos para a próxima batalha.
Eleanor assentiu, o olhar firme.
Juntos, eles saíram do núcleo, prontos para enfrentar o que viesse.
Porque naquela noite, naquela base em ruínas, a esperança ainda queimava — viva e feroz.
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