— União? Que união? —  questionou com um ar de admiração

    Que diabos é a união?

    Eu nem sei onde estou…

    Será que estou morto?

    E estou a viver um sonho para sempre?

    Seus pensamentos só não o corromperam por completo, pois foi interrompido por Mortimer.

    — Sim, a União é um grupo de revolucionários — respondeu com uma certa emoção, mostrando a sua cara mais feliz

    Boa… um grupo de revolucionários…

    Agora que parece que estou mesmo num sonho.

    Pensou, franzindo a testa. Deste modo, tentou ignorar aqueles pensamentos por uns momentos. Questionando-o.

    — Qual é o vosso objetivo? Quem é o vosso inimigo, dizendo assim? — perguntou com uma certa hesitação. Fingido que estava minimamente interessado. Mas, na verdade, ele só queria deixar aqueles pensamentos de lado.

    —  O nosso objetivo? Trazer a liberdade ao mundo.

    — Hm… e qual é o vosso inimigo, o vosso grande rival?

    — A comida já está feita… vamos comer! — gritou Mortimer, ignorando a sua pergunta.

    Por que ele ignorou-me?

    Por que ele mudou de assunto?

    Enfim, vou tentar agir normalmente.

    Pouco tempo depois a mesa já estava posta. Aquele almoço era gigante, o suficiente para 10 pessoas. Lá tinha bacalhau, frango assado, arroz, entre outros. Os talheres eram de prata e todos pareciam estar cuidadosamente colocados.

    Sentou-se, aguardando pelo Mortimer. Depois começou a comer. Entre os diversos pratos, algo se destacou. Era um pequeno prato de sushi, onde também havia camarão.

    — Hmmm… isto está tão bom! Quem fez isto?

    — Eu! Quem seria?

    É melhor eu ficar calado…

    Já que é suposto agir normalmente, não criar uma briga.

    — Não me vai responder? Hm… está bem…

    Pouco a pouco os pratos desapareceram por completo, depois Mortimer tirou os pratos da mesa e os talheres. Lavou-os, secou-os e arrumou-os.

    — Mortimer?

    — Sim?

    — Poderias explicar quem é o inimigo da União?

    — Ah… sim… — falou em voz baixa como se tivesse medo de falar sobre aquilo.

    — Sabe aquelas criaturas que lutastes?

    Como ele sabe daquilo?

    Será que ele foi a pessoa por trás dos passos que ouvi desde o início?

    — Claro. É algo que não se esquece. Eu quase morri lá.

    — Bem… existe criaturas em um nível muitíssimo elevado, elas controlam o nosso mundo, como se fosse um mero teatro.

    — É o quê? Não sei se acredito, mas continue…

    — Olha… por exemplo aquelas criaturas que enfrentastes eram as mais fracas por isso não controlavam nada, eram meras peças para essas criaturas de nível superior.

    Como assim aqueles eram as mais fracas…

    E talvez aquilo tenha sido um sonho…

    — Aquilo pode ter sido apenas um sonho. E tu podes estar a mentir-me…

    — Ah… — Mortimer afastou-se e colocou sua mão debaixo de seu rosto.

    O que ele está a fazer?

    Talvez esteja a pensar em algo…

    Depois de alguns momentos, Mortimer afastou-a de seu rosto. Desta forma voltou para perto de mim e disse.

    — Eu vou-te provar!

    Então Mortimer pegou na sua grande espada preta, tapou-me os olhos.

    Quando os destapou, ele estava numa sala completamente diferente. Era um espaço que  parecia da época da revolução agrícola, onde existia campos vedados. Mas, neste caso, não eram campos para plantar. Porém campos de luta.

    — Eu não vou parar de bater com a lâmina até acreditares! Entendido?

    Para seu azar, o Mortimer foi impaciente e bateu-lhe no mesmo instante. Não tendo tempo de responder.

    — BAM!

    — AI… MEU BRAÇO! — gritou de dor.

    Ele sentia tanta dor que não conseguia sequer pensar.

    THWACK! — Um golpe rápido de Mortimer que atingira a perna dele.

    —  AIIIIIIIIIII !

    — Por favor… para… — murmurou ofegante.

    Cada golpe, deixava-o mais fraco. Suas pernas e braços ficaram vermelhos. Lágrimas vinham aos seus olhos.

    Caiu, ficou a olhar para o chão, vendo as lágrimas e o seu sangue derramado.  

    — Já acreditas?!

    — Sim, senhor. — referiu com as poucas forças que ainda tinha.

    Assim sendo, Mortimer pegou no seu braço dolorido.

    — Não lhe toques com força, por favor…

    — Que exagerado! Eu não te bati assim com tanta força!

    Nesse instante, ele olhou para Mortimer, fazendo uma cara séria e pensou para si.

    Ele está a brincar, né?

    NÊ?

    Bem… pelo menos sei que ele está a falar a verdade. Pois ele próprio quebrou os limites humanos que eu conhecia.

    — O que iremos fazer agora, senhor? 

    — Iremos treinar!

    — Entendido, senhor!

    No entanto, o treino não iria começar, pois altos passos ouviram-se.

    — Foge daqui! Agora!

    — Por quê, senhor?

    — As criaturas de alto nível chegaram… — Nem tempo Mortimer teve para acabar a frase, pois uma flecha de fogo trespassara em cheio o seu coração. Desta forma o chão ficou completamente sujo do sangue dele. Por uns momentos congelei e observei aquilo que tinha acontecido. Ele não consegui acreditar, gritou de medo.

    — Quem fez isto?! Como fez isto?!

    Naquele momento, sofreu um verdadeiro choque de realidade, ele jamais esperaria que alguém como o Mortimer morresse assim. Alguém tão rápido e habilidoso pudesse ser derrotado daquela forma.

    Ele já transcendia os limites que eu conhecia. Como alguém pode ser mais poderoso que ele?

    Preciso sair daqui. Preciso de Fugir. Ou… poderei acabar como ele…

    O medo havia-lhe corrompido a alma, ele já não controlava mais a sua própria mente. Suas pernas pareciam cubos de gelo. Já não conseguia respirar, a ansiedade havia-lhe pegado como se fosse um mero fantoche. Apenas algo lhe sobrava. Um instinto. A sobrevivência.

    Começou a correr, à procura da saída. Depois de alguns momentos acabou por encontrar um pequeno portão de mármore branco. Era a saída daquela sala.

    Atravessou o portão e, para seu azar, entrou num corredor gigante. O corredor levava a centenas de salas diferentes, mas que pareciam iguais. Pouco tempo depois já não sabia qual era qual. Ou sequer de onde tinha vindo. Procurou pessoas, nada encontrou.

    Andou de um lado para o outro, à procura de alguma voz. Mas apenas ouviu-se passos cada vez mais altos, como se fosse de grandes criaturas.

    Não… não… NÃO! Isto não pode estar a acontecer, eu tenho de encontrar a saída, eu não posso morrer, ainda sou tão jovem!

    Depois de caminhar, ainda mais um pouco, acabou por deparar-se por uma sala completamente diferente de todas as outras. Era uma sala roxa com tons de vermelho, preto e azul. Lá existia pequenas estátuas em ouro, eram estátuas de anjos descritos na Bíblia. Deste modo entrou em passo acelerado por aquela gigantesca sala. Inesperadamente chocou com uma jovem-mulher.

    Ela tinha cabelo castanho escuro, olhos azul-mar, levava um pequeno chapéu vermelho na cabeça, as suas calças eram de castanho-carvalho. Seu sorriso transmitia uma sensação amigável.

    — Desculpa! Não te tinha visto… — disse-lhe com uma certa cautela, estava envergonhado e um pouco corado.

    — Ah… não faz mal… Mas o que fazes aqui? Nunca te tinha visto… — respondeu também ligeiramente envergonhada.

    — Bem… eu sou novo aqui… Mas agora não temos tempo para isto!

    — Ah… por quê?

    — Estamos a ser invadidos, até mataram o sargento Mortimer.

    — Como? Se ele morreu… quer dize… — Antes dela terminar sequer a palavra ele a interrompeu. — Sim, é o que estás a pensar, temos de fugir daqui! Mas eu não encontrei nenhuma saída, mas se já está aqui há mais tempo deves saber…

    Espero tanto que ela saiba, não quero morrer…

    — Sim, eu sei. Segue-me. Temos de ser rápidos ou acabamos como ele…

    — Olha, poderia saber…. Qual é o teu nome?

    — Meu nome? Eleanor.

    — Bonito nome, Eleanor.

    — Olha… antes de partimos. Saiba que meu nome é Weast..

    — Obrigada e percebido, mas não podemos conversar agora, temos de poupar as nossas energias, pois o caminho vai ser longo.

    Então Weast e a Eleanor correram, rapidamente, pelos corredores e locais maravilhosos, cada um distinto do outro. Todos com suas belezas e horrores. Depois de correr durante bastante tempo, ele começou a sentir fraqueza nas pernas, ainda não tinha recuperado da luta contra Mortimer. O ar começou a faltar. Caminhar parecia cada vez mais difícil, como se cada passo fosse um grande sacrifício que se tinha de fazer.

    Andaram ainda mais, todo o seu corpo pedia descanso, mas ela não tinha deitado uma gota de suor.

    — Finalmente chegamos — suspirou com um pouco de suor em seu rosto.

    — Sim, haha, já não corria assim há tanto tempo, gostei.

    Andamos por tanto tempo…

    Como ela não está minimamente cansada?

    Enfim, não importa mesmo, o importante é que chegamos.

    Ele alongou um pouco os braços deles e suas pernas. Então ele caminhou com a Eleanor para a porta branca. Entrou.

    — Finalmente, finalmente! — gritou com todas as minhas forças.

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