Capítulo 4: Mais um dia de trabalho.
Depois dele pensar por alguns momentos, ergueu a sua cabeça. Levantou-se.
Caminhou para seu lado e a questionou.
— Para onde vamos agora?
— Continuamos até ao fim do trilho, ainda nem estamos a meio.
— Hm… percebido — referiu, inclinando seu pescoço ligeiramente para o lado.
Nesse instante ela olhou para ele, dando uma ordem.
— Pega os suprimentos mais importantes que temos e junta-os num canto.
Desta forma, começou a revirar tudo aquilo que tinha. Pegou em algumas frutas, levou-as para um canto. Pensou.
…
Ah… será que levo alguns ramos?
Será que eles vão servir para construir outro abrigo?
Hm… vou perguntar-lhe.
— Eleanor?
— Sim? — respondeu, virando-se para ele.
— Levo alguns ramos da árvore?
— Sim… eles podem ser usados para criar outro abrigo…
— Hm… — murmurou, olhando para seus próprios pensamentos, como se estivesse a percorrer as maiores profundezas de sua mente. Mas apenas observava um único conceito, uma frase.
Foi o que pensei…
Dessa maneira, aproximou-se do abrigo.
Começou a retirar os ramos mais fracos, mais frágeis. Depois os medianos, após isso os maiores, aqueles que eram verdadeiramente fortes e poderosos.
A seguir, levou cada um deles para o mesmo canto que tinha levado tudo o resto.
Pouco tempo tinha se passado, mas os seus braços já se mexiam com uma certa dificuldade. De sua cara saía suor.
— uff… — suspirou, lentamente.
…
Finalmente terminei.
— Ei! Já terminei de organizar tudo!
— Boa! — gritou, pois ela estava ligeiramente longe, perto de uma outra subida daquele trilho.
Nesse momento, Eleanor regressou, aproximando-se do monte de ramos e de frutas que ele tinha construído. Então, ela colocou sua mão debaixo da cara, parecia que estava a pensar sobre algo.
— Hm… já temos suprimentos suficientes, podemos partir com isto. — proferiu, retirando-a de sua face.
— Como vamos levar tudo isto? — interrogou-a, aproximando-se dela.
— Eu tenho uns pequenos sacos que podemos usar.
— Hm… boa…
…
Como ela só se lembrou agora?
Bem… poderia ser pior, poderíamos não ter nada.
— Passa-me já alguns sacos para eu começar a colocar as coisas dentro dele.
Assim, ela deu-lhe, lentamente, os pequenos sacos brancos que ela tinha. Deste modo colocou, um por um, os ramos e frutas que tinha no monte.
Depois de alguns minutos, ele acabou por colocar tudo separado nos sacos.
— Pronto…
— Uff… — Respirou.
— Já está…
Assim, levantou a cabeça e tentou encontrar a Eleanor.
Quando a avistou, caminhou para mais perto dela e chamou-a.
— Olha! Já podemos partir! Já terminei de organizar!
Mas, inesperadamente, ela desapareceu da vista dele. E, pior, não lhe tinha respondido.
…
Onde ela está?
Onde se meteu?
Caminhou e caminhou, mas nada encontrou.
O tempo se passava, cada minuto parecia um milénio, o mundo parecia lento, muito lento.
Onde ela está? Tenho de a encontrar… Onde será que ela pode estar? Pensa… pensa…
Sua sorte foi que, de repente, ela apareceu.
— Ei! Onde estavas? Estava preocupado…
— Ah… eu estava a ver uma coisa — respondeu, calmamente, contrariamente ao ambiente que ele tinha criado.
— A ver uma coisa? O quê e onde estavas?
— Eu estava além das árvores deste trilho, além do rio.
— O que vistes… — questionou.
— Terreno pisado com restos das criaturas Versalis e ontem não estava lá nada!
— Criaturas Versalis?
— Sim, são criaturas que detêm o papel de batedores.
— Hm…
Tentou falar, mas ela estava apressada, interrompeu-o.
— Não ouvistes o que eu disse? Não sei se percebestes, mas estamos a ser seguidos!
— Eu ouvi, mas nem me deixastes acabar a frase…
Nesse instante, Eleanor revirou os olhos e movimentou-se ligeiramente para o lado.
…
Como ela age assim? Como se nada tivesse acontecido…
Pelo menos, ela apareceu de novo…
— O que estás a pensar? Vê lá se pegas em tudo o que tens para podermos partir! Não podemos perder um minuto…
Como ela muda tão rapidamente as suas emoções, primeiro estava…
— Rápido!
— Sim, sim…
Assim, ele pegou em todos os sacos, foi para seu lado e começaram a caminhar. Ao longo do caminho, deixou-se de ver o rio e uma montanha começou a ver-se ao longe. Além disso, agora já não parecia que estavam num deserto. Mas em um bosque. As ervas e plantas estavam espalhadas por cada canto. Campos e campos das mais diversas cores. Como azul, roxo, vermelho e tantas outras. Mas, para o azar dele, a Eleanor não o deixou apreciar aquela linda paisagem.
— Vá, vamos… Temos de ser ainda mais rápidos ou eles ainda nos apanham…
Poucos segundos depois, ela repetia.
— Mais rápido. Não podemos ir nesta velocidade ou não chegaremos lá a tempo. Não teremos provisões suficientes.
Então, desta maneira, correram e caminharam.
Horas e horas seguidas, que pareciam não ter fim. A manhã se fizera em tarde. E a tarde adormeceu.
Deste modo tiveram de parar, para assim descansar.
Montaram um pequeno acampamento, aproveitando as encostas da montanha.
— Em que montanhas estamos, já esqueci do nome… — perguntou-lhe.
— Estamos na montanha de Fahozon.
— Porque tem esse estranho nome?
— Verdadeiramente, não sei. Diziam que aqui era o reino de Fazon comandado pelo Rei Fahozon.
— Um rei humano ou uma criatura?
— Um humano.
— Há quanto tempo isso foi?
— Há milénios…
Ele deu um passo para trás e pensou uns momentos para si mesmo.
Há quanto tempo que humanos andam por aqui?
Hm… vou perguntar.
— Olha… há quanto tempo existem por aqui humanos?
— Desde que houve a Grande Guerra Dos Três.
— O que é essa Grande Guerra?
— Ah… verdade você é novo aqui, esqueci…
Como ela esquece das coisas assim? Hm, enfim…
— Como sabem que existiu? Foi há tanto tempo…
— Porque foi aí que surgiu a União!
— Hm… continue.
— Então, três Impérios entraram em guerra. O maior dos três invadiu o menor, assim o segundo maior invadiu o mais fraco por ter matado o seu filho.
— E onde entra a União aí? — questionou-a, colocando uma de suas mãos de lado da sua cabeça.
— Calma…
— Depois da guerra ter começado, o imperador maior acabou por matar o seu alvo e traiu a aliança com o segundo.
— Ah… como assim? O primeiro com o segundo e o terceiro… ah estou todo confuso…
— Hm… esquece, qualquer dia te explico melhor.
Desta forma, ele fez um olhar estranho para a Eleanor e deitou-se no chão duro da entrada da montanha.
— Eleanor.
— Sim?
— Isto é um bocado duro, não podíamos arranjar um sítio melhor?
— Não… só tenta dormir.
…
Ah…. Hm…. Está bem…
Pensou para si mesmo, virando-se de um lado para o outro.
Passaram algumas horas e ainda não tinha adormecido.
Primeiro não estava confortável, agora não consigo parar de pensar no meu pai… A maneira que o encontrei, as suas últimas palavras…
O pensamento perdurou. Pensou naquilo tanto tempo que de seus olhos saiu gotas de água, chorou.
— Shiku shiku… — Seu choro era silencioso, repetitivo, aquele cair de gotas era profundo.
Tentou conter, mas não serviu de nada. Ficou cada vez pior.
— Egu… Hikku… hikku… — Começou a engasgar-se de tentar esconder, depois ficou com rápidos soluços.
Não aguentando mais, parou.
— Gusu… Uwaaaaaaaan! — O choro era verdadeiramente intenso, mostrando o seu lamento, arrependimento.
Assim, Eleanor acordou com uma cara de alerta.
— Por que choras? — perguntou, apressadamente.
— Mee u paii… — falou, a sua respiração estava entrecortada.
— O quê? Podes tentar falar outra vez?
— Meeee uu pai…
— Ah…
Nesse instante, ela se aproximou dele e lhe deu um abraço, tentando o acalmar.
— Calma… respira… tenta falar devagar.
— Meuu Pai — revelou, ligeiramente mais calmo. Sua respiração estava mais lenta.
— Queres voltar para ele? Tens saudade?
— Nãoo.
— Então o que é?
— Ele… morreu.
— … Quando?
— Há quatro anos, mas nunca consegui esquecer…
— Como ele morreu? Se não te importas de dizer…
— Não, eu digo…
— Meuu paii eraa umm soldaado, umm doos melhoores — falei, enquanto a minha respiração ficava mais acelerada.
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