Depois dele pensar por alguns momentos, ergueu a sua cabeça. Levantou-se.

    Caminhou para seu lado e a questionou.

    — Para onde vamos agora?

    — Continuamos até ao fim do trilho, ainda nem estamos a meio.

    — Hm… percebido — referiu, inclinando seu pescoço ligeiramente para o lado.

    Nesse instante ela olhou para ele, dando uma ordem.

    — Pega os suprimentos mais importantes que temos e junta-os num canto.

    Desta forma, começou a revirar tudo aquilo que tinha. Pegou em algumas frutas, levou-as para um canto. Pensou.

    Ah… será que levo alguns ramos?

    Será que eles vão servir para construir outro abrigo?

    Hm… vou perguntar-lhe.

    — Eleanor?

    — Sim? — respondeu, virando-se para ele.

    — Levo alguns ramos da árvore?

    — Sim… eles podem ser usados para criar outro abrigo…

    — Hm… — murmurou, olhando para seus próprios pensamentos, como se estivesse a percorrer as maiores profundezas de sua mente. Mas apenas observava um único conceito, uma frase.

    Foi o que pensei…

    Dessa maneira, aproximou-se do abrigo.

    Começou a retirar os ramos mais fracos, mais frágeis. Depois os medianos, após isso os maiores, aqueles que eram verdadeiramente fortes e poderosos.

    A seguir, levou cada um deles para o mesmo canto que tinha levado tudo o resto.

    Pouco tempo tinha se passado, mas os seus braços já se mexiam com uma certa dificuldade. De sua cara saía suor.

    — uff… — suspirou, lentamente.

    Finalmente terminei.

    — Ei! Já terminei de organizar tudo!

    — Boa! — gritou, pois ela estava ligeiramente longe, perto de uma outra subida daquele trilho.

    Nesse momento, Eleanor regressou, aproximando-se do monte de ramos e de frutas que ele tinha construído. Então, ela colocou sua mão debaixo da cara, parecia que estava a pensar sobre algo.

    — Hm… já temos suprimentos suficientes, podemos partir com isto. — proferiu, retirando-a de sua face.

    — Como vamos levar tudo isto? — interrogou-a, aproximando-se dela.

    — Eu tenho uns pequenos sacos que podemos usar.

    — Hm… boa…

    Como ela só se lembrou agora?

    Bem… poderia ser pior, poderíamos não ter nada.

    — Passa-me já alguns sacos para eu começar a colocar as coisas dentro dele.

    Assim, ela deu-lhe, lentamente, os pequenos sacos brancos que ela tinha. Deste modo colocou, um por um, os ramos e frutas que tinha no monte.

    Depois de alguns minutos, ele acabou por colocar tudo separado nos sacos.

    — Pronto…

     —  Uff… — Respirou.

     — Já está…

    Assim, levantou a cabeça e tentou encontrar a Eleanor.

    Quando a avistou, caminhou para mais perto dela e chamou-a.

    — Olha! Já podemos partir! Já terminei de organizar!

    Mas, inesperadamente, ela desapareceu da vista dele. E, pior, não lhe tinha respondido.

    Onde ela está?

    Onde se meteu?

    Caminhou e caminhou, mas nada encontrou.

    O tempo se passava, cada minuto parecia um milénio, o mundo parecia lento, muito lento.

    Onde ela está? Tenho de a encontrar… Onde será que ela pode estar? Pensa… pensa…

    Sua sorte foi que, de repente, ela apareceu.

    — Ei! Onde estavas? Estava preocupado…

    — Ah… eu estava a ver uma coisa — respondeu, calmamente, contrariamente ao ambiente que ele tinha criado.

    — A ver uma coisa? O quê e onde estavas?

    — Eu estava além das árvores deste trilho, além do rio.

    — O que vistes… — questionou.

    — Terreno pisado com restos das criaturas Versalis e ontem não estava lá nada!

    — Criaturas Versalis?

    — Sim, são criaturas que detêm o papel de batedores.

    — Hm…

    Tentou falar, mas ela estava apressada, interrompeu-o.

    — Não ouvistes o que eu disse? Não sei se percebestes, mas estamos a ser seguidos!

    — Eu ouvi, mas nem me deixastes acabar a frase…

    Nesse instante, Eleanor revirou os olhos e movimentou-se ligeiramente para o lado.

    Como ela age assim? Como se nada tivesse acontecido…

    Pelo menos, ela apareceu de novo…

    — O que estás a pensar? Vê lá se pegas em tudo o que tens para podermos partir! Não podemos perder um minuto…

    Como ela muda tão rapidamente as suas emoções, primeiro estava…

    — Rápido!

    — Sim, sim…

    Assim, ele pegou em todos os sacos, foi para seu lado e começaram a caminhar. Ao longo do caminho, deixou-se de ver o rio e uma montanha começou a ver-se ao longe. Além disso, agora já não parecia que estavam num deserto. Mas em um bosque. As ervas e plantas estavam espalhadas por cada canto. Campos e campos das mais diversas cores. Como azul, roxo, vermelho e tantas outras. Mas, para o azar dele, a Eleanor não o deixou apreciar aquela linda paisagem.

    — Vá, vamos… Temos de ser ainda mais rápidos ou eles ainda nos apanham…

    Poucos segundos depois, ela repetia.

    — Mais rápido. Não podemos ir nesta velocidade ou não chegaremos lá a tempo. Não teremos provisões suficientes.

    Então, desta maneira, correram e caminharam.

    Horas e horas seguidas, que pareciam não ter fim. A manhã se fizera em tarde. E a tarde adormeceu.

    Deste modo tiveram de parar, para assim descansar.

    Montaram um pequeno acampamento, aproveitando as encostas da montanha.

    — Em que montanhas estamos, já esqueci do nome… — perguntou-lhe.

    — Estamos na montanha de Fahozon.

    — Porque tem esse estranho nome?

    — Verdadeiramente, não sei. Diziam que aqui era o reino de Fazon comandado pelo Rei Fahozon.

    — Um rei humano ou uma criatura?

    — Um humano.

    — Há quanto tempo isso foi?

    — Há milénios…

    Ele deu um passo para trás e pensou uns momentos para si mesmo.

    Há quanto tempo que humanos andam por aqui?

    Hm… vou perguntar.

    — Olha… há quanto tempo existem por aqui humanos?

    — Desde que houve a Grande Guerra Dos Três.

    — O  que é essa Grande Guerra?

    — Ah… verdade você é novo aqui, esqueci…

    Como ela esquece das coisas assim? Hm, enfim…

    — Como sabem que existiu? Foi há tanto tempo…

    — Porque foi aí que surgiu a União!

    — Hm… continue.

    — Então, três Impérios entraram em guerra. O maior dos três invadiu o menor, assim o segundo maior invadiu o mais fraco por ter matado o seu filho.

    — E onde entra a União aí? — questionou-a, colocando uma de suas mãos de lado da sua cabeça.

    — Calma…

    — Depois da guerra ter começado, o imperador maior acabou por matar o seu alvo e traiu a aliança com o segundo.

    — Ah… como assim? O primeiro com o segundo e o terceiro… ah estou todo confuso…

    — Hm… esquece, qualquer dia te explico melhor.

    Desta forma, ele fez um olhar estranho para a Eleanor e deitou-se no chão duro da entrada da montanha.

    — Eleanor.

    — Sim?

    — Isto é um bocado duro, não podíamos arranjar um sítio melhor?

    — Não… só tenta dormir.

    Ah…. Hm…. Está bem…

    Pensou para si mesmo, virando-se de um lado para o outro.

    Passaram algumas horas e ainda não tinha adormecido.

    Primeiro não estava confortável, agora não consigo parar de pensar no meu pai…  A maneira que o encontrei, as suas últimas palavras…

    O pensamento perdurou. Pensou naquilo tanto tempo que de seus olhos saiu gotas de água, chorou.

    —  Shiku shiku… — Seu choro era silencioso, repetitivo, aquele cair de gotas era profundo.

    Tentou conter, mas não serviu de nada. Ficou cada vez pior.

    — Egu… Hikku… hikku… — Começou a engasgar-se de tentar esconder, depois ficou com rápidos soluços.

    Não aguentando mais, parou.

    — Gusu… Uwaaaaaaaan! — O choro era verdadeiramente intenso, mostrando o seu lamento, arrependimento.

    Assim, Eleanor acordou com uma cara de alerta.

    — Por que choras? — perguntou, apressadamente.

    — Mee u paii… — falou, a sua respiração estava entrecortada.

    — O quê? Podes tentar falar outra vez?

    — Meeee uu pai…

    — Ah…

    Nesse instante, ela se aproximou dele e lhe deu um abraço, tentando o acalmar.

    — Calma… respira… tenta falar devagar.

    — Meuu Pai — revelou, ligeiramente mais calmo. Sua respiração estava mais lenta.

    — Queres voltar para ele? Tens saudade?

    — Nãoo.

    — Então o que é?

    — Ele… morreu.

    — … Quando?

    — Há quatro anos, mas nunca consegui esquecer…

    — Como ele morreu? Se não te importas de dizer…

    — Não, eu digo…

    — Meuu paii eraa umm soldaado, umm doos melhoores — falei, enquanto a minha respiração ficava mais acelerada.

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