Capítulo 5: Memórias curtas.
— Ai, elee foi chamado para uma guerra… que acontecia perto de nossa vilaa. E… — murmurou, nervoso, parando por um momento, pois…
— h-hic… — soluçou, hesitante. Tentando limpar a sua cara das lágrimas.
— Foi… e quando o encontramos… Ele… já tinhaa morr…ido — falou, hesitante. Desviando, ligeiramente, o seu olhar que estava focado na Eleanor.
— Hm… triste. Meus sentimentos — revelou, tentando manter a sua posição firme.
— Não posso falar muito já que nunca passei por algo assim, mas… acho que foi bom desabafares — sorriu, ligeiramente, tentando melhorar o ambiente.
— Sim… espero que agora não volte a ficar tão triste assim… é horrível.
Depois de Eleanor o ouvir, ela afastou-se e disse.
— Não achas que está frio?
— Verdadeiramente, não — respondeu de uma forma pragmática.
— Hm… — murmurou em voz baixa, parecendo ter medo de que alguém os ouvisse.
Porque ela está a falar tão baixo? Eu já fiz uma barulheira, porque será que está a fazer isto?
Assim, ela interrompe os seus pensamentos, começando a falar.
— De qualquer forma vou montar uma pequena fogueira para me aquecer.
Deste modo, ela caminhou para fora do abrigo. Deu alguns passos e subiu numa pequena rocha.
Desceu de novo, já no outro lado. Colocou sua mão em sua cabeça, procurando alguma árvore.
Enquanto isso, ele tentava deitar-se em uma posição um pouco mais confortável. Mas acabou por desistir da ideia, ficando a observá-la.
Enquanto ela procurava, ele acabou por focar-se na montanha que estavam, a montanha de Fahozon.
Ela era negra, escura e, principalmente, sombria. Suas rochas pareciam batidas, como que pisadas por gigantes e trespassadas por lava. Uma sombra, enorme, nos cobria. Mas não só porque era de noite, mas o motivo foi que aquele amontoado era enorme. O céu parecia ter sido coberto por uma essência do mal. Poderia ser das criaturas que já viveram ali ou da própria montanha, era impossível saber.
Virou de novo o seu olhar, ela tinha batido com o pé numa pedra, bastante dura, fazendo um enorme burulho.
— WHUMP-TAK!
— AAARGH! O meu pé! — gritou de tanta dor que sentia.
Deixou o “confortável” espaço dele, levantou-se e ergueu a voz, deixando de lado os sentimentos que ainda tinha.
— EI! — falou, demonstrando uma voz firme, repentina, inesperada.
— Queres ajuda? — perguntou, já com uma voz mais baixa.
— Sim, é melhor… — murmurou, abaixando a cabeça, vendo a verdade.
Então saiu do pequeno abrigo, passou ao lado de uma pequena pedra azul, fazendo contraste com aquela que era grande e negra. A que Eleanor tinha subido. Foi para seu lado.
— Em qual pé sentes dor? — questionou.
— No… direito — revelou Eleanor, em voz baixa, quase inaudível.
Desta maneira, ele retirou, lentamente, o pequeno sapato castanho dela.
O seu pé era pequeno e bonito como o de uma princesa. Mas, tristemente, uma parte dele estava vermelho, magoado.
— Está bastante vermelho teu pé… Ainda consegues andar?
— Sim, acho que só preciso de dormir uma de dormir— Está bem. — Colocou o sapato dela de novo e andou ligeiramente para o lado. — Vou então construir uma pequena fogueira para estares aquecida — falou, levando a Eleanor para o abrigo.
Desta maneira, pegou nos ramos que ela já tinha juntado e colocou-os sobre a entrada do abrigo. Após isso, correu para a árvore mais próxima.
…
Hm…
Como posso arranjar lenha o mais rapidamente possível?
Ah. Já sei!
— Eu tenho que fazer algo em troca à Eleanor! — gritou, com uma clara determinação e andou ligeiramente para o lado.
— Vou tentar derrubar os ramos desta árvore, nem que fique a sangrar, o que importa é o objetivo, a honra! — falou, erguendo a voz, parecia um grito de guerra.
Assim, ele preparou-se para o primeiro golpe. Ergueu a sua mão com o máximo de força possível e colocou o seu braço esquerdo ligeiramente para trás.
— WHAM!!
— CRRRAACK!!
O som do golpe contra a árvore foi notável, mas a madeira não cedeu. A mão dele ficou um pouco ferida, magoada. Saindo pequenas gotas de sangue dela.
— haaah…
O seu suspiro foi de derrota, de frustração, nada se tinha partido, nada tinha escapado dela.
Não posso desistir, vou continuar.
Então fechou os seus dois punhos e começou a dar golpes atrás de golpes.
— WHAP!WHAP!WHAP!WHAP!WHAP!
— KRK!CRKCH!—THUNK! — Uma pequena lasca da árvore se soltou. Deste modo, mais sangue dele tinha sido derramado.
— Raios… raios, raios! — gritou, tendo uma respiração entrecortada, acabou por ceder.
Caiu no chão, ajoelhado. Estava fraco, sem forças. Fez papel de herói, mas era um mero mortal, algo que não tinha o direito de se chamar homem.
— Vou levar o que consegui, talvez seja o suficiente… espero — murmurou, lentamente. Tentando limpar-se de seu próprio sangue.
Depois de murmurar, levou os ramos, obteve algumas, pequenas, rochas e foi, de novo, para o abrigo.
Uniu tudo num canto e começou a passar uma das rochas noutra, até que se fez fogo.
— Boa, boa! Temos fogo, temos calor! — exclamou, festejando a conquista.
— Ah… obrigada. Mas por que está com sangue nas mãos?
— Hm.. não sei.
— Como assim não sabes? O que estivestes a fazer?
Ele não queria, de todo, falar. Mas não conseguia esconder e era horrível a mentir.
Hm… o que eu lhe digo? Talvez tenha de lhe dizer a verdade, não sei…
— Responde…. — falou, não estava com paciência alguma, tinha vontade de saber a verdade.
— Hm… está bem, está bem, eu digo-te.
— Bem… eu não queria demorar muito tempo, por isso acabei por conseguir a lenha à porrada.
— Há porrada com árvores? Por favor… Sinceramente. Tu ficastes a sangrar para seres rápido por causa de mim? Nós quase não nos conhecemos…
— Eu sei, eu queria ser simpático.
— Hm… só não faça isso de novo. Não te magoes por minha causa.
— Ah… está bem — respondeu, hesitante. Estava, ligeiramente, corado, até tocado.
Deste modo, ele deitou-se ao lado da, modesta e simples, fogueira que tinha construído. Já quando fechava os olhos, inesperadamente, Eleanor questionou-o.
— Hm.. curioso. Já sei de seu pai. Mas não sei nada sobre a sua mãe nem o teu nome.
Mas a Eleanor perguntou-lhe tarde demais. Nem sequer ouviu as suas palavras.
Ele tinha adormecido, estava muito cansado.
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