Capítulo 8: Medo, calma e terror.
— Pronto… já vi. É o estreito o próximo sítio. Isso também significa que estamos bastante próximos da base!
— Boa!
Assim, caminharam entre as descidas e subidas daquele tenebroso lugar, os corpos continuavam — o caminho parecia não ter fim.
Mas, algumas horas depois, chegaram ao final do caminho, então o silêncio desapareceu.
— Olha ali!
— O quê? — perguntou Eleanor.
— Ali! — pronunciou, quase gritando.
— Não estou a ver nada… — Murmurou Elanor.
— Ali… Ali! — falou, tentando indicar o sítio.
— Onde?! — perguntou, elevando o tom de voz, procurando algo que se sobressair-se de todos aqueles pedregulhos.
— Debaixo daquela rocha.
— Qual delas?
— A maior — referiu, apontando com o dedo. Ela deve ser cega…
— Não estou a ver nada… — afirmou, mudando o seu olhar para Weast.
— Claro que não! Demoraste tanto tempo a encontrar a rocha que aquilo desapareceu.
— Aquilo o quê?
— Alguma coisa que parecia um lobo…
— Impossível! — proferiu.
— Por que dizes isso? Andas por aqui todos os dias e não me contaste? — questionou de forma irônica.
— Não, mas meu mestre… sim.
— Teu mestre?
— Sim…
— Como se chama?
— Chamava queres dizer… era Mayik.
— Desculpa… Meus sentimentos.
— Obrigado, mas não estou triste por sua morte.
— Não?
— Ele morreu a lutar… a proteger nossas aldeias.
— Hm…
Eu não lidei assim com a morte de meu pai… talvez o deveria ter feito.
— Falando da tua vida… Quando o conheceste?
— Há muitos anos… Tinha eu 12 anos… foi quando vim para aqui.
— Só tinhas 12? Continua… fiquei interessado.
— Eu vivia num país como tu, mas o meu estava numa guerra civil, os meus… tios morreram lá. Assim… — pronunciou lentamente, quase custando-lhe dizer cada palavra, parecia um sacrifício.
— Se não queres falar sobre isso… tudo bem, não quero que fiques triste.
— Não… eu continuo. Apenas quando digo estas palavras parece que volto ao meu passado.
— Então os meus pais levaram-me para uma sala dourada, cheia de estátuas e coisas do gênero, depois deitaram-me por cima de algo que já não me lembro… deixa-me pensar.
— Claro que te deixo… Ah… não nos podemos esquecer de continuar.
— Sim…
— Já deve haver mais soldados a tentar encontrar-nos…
— É uma pena não podermos conversar assim tanto… ou demoramos mais tempo a chegar à base.
— É… verdade. Por que é assim… eu queria o conhecer melhor, conversar com ele.
— Mesmo assim, podemos conversar mais um pouco… não deve fazer mal — disse, olhando com felicidade para ela.
— Hm… está bem. Depois de deitaram-me naquilo e assim acordei num sítio muito estranho…indescritível. Não sei descrever, era demasiado bizarro.
— Não te lembras de algo que tinha?
— Nada era concreto, parecia que estava num daqueles quadros abstratos… sabe?
Que estranho…
— Não me respondes? — falou, olhando de lado para Weast.
— Ah… desculpa. Perdi-me nos meus pensamentos. Mas sim, sei — respondeu, envergonhado.
— Hm… Depois um homem velho, de barba escura, entrou na sala e olhou para mim, ainda hoje me lembro de suas palavras: “Olá, querida. Eu serei seu mestre a partir de hoje, trate-me como seu novo pai.”
— Parece simpático esse homem, é o mestre Mayik… né?
— Sim. Então ele treinava todos os dias aqui, pois antes havia aqui uma pequena base. Assim, ele escrevia cartas sobre o que encontrava…
— Ah… Entendi. Mas por que a base deixou deixou de existir, Eleanor?
— Era um forte pequeno, sem muitas defesas… O que levou a uma invasão bem sucedida por parte das malditas criaturas!
— Uma pena… foi assim que ele morreu?
— Não… não exatamente. Ele morreu 4 meses depois, tinha eu acabado de fazer 19 anos.
— Morreu numa batalha?
— Sim… a defender a Vila do Leste.
— Vila do Leste?
— Era uma vila que ficava a leste da montanha que acabamos de sair.
— Não vi nada…
— Pois… ela já não existe. Depois de meu mestre morrer, sendo ele o general… acabou por ser um massacre.
— Nem as crianças safaram-se…
— Muito triste… — Derramando algumas gotas de seus olhos.
— Não é tempo para chorar, Weast — falou, batendo com uma de suas mãos no braço dele.
— Agora vamos acelerar o passo, pois não sabemos quanto tempo temos.
— Sim… sim.
Deste modo, continuaram a caminhar, mas desta vez em terreno plano.
Eleanor colocou sua mão na testa e disse:
— Todo o caminho até o estreito é plano… chegaremos lá rápido. Depois acampamos lá… já deve ser noite quando lá chegarmos.
— Entendido… — pronunciou, hesitante.
— O que tens?
— Nada… só estou ainda a pensar como aconteceu.
— O quê? O massacre?
— Sim…
— Deixa lá isso…
— Hm… Vou tentar.
Mas, para seu azar, ele estava correto ao dizer “tentar”, pois os pensamentos horríveis e tristes não o deixavam — parecia que o perseguiam.
Apenas parou de pensar tanto neles quando Eleanor…
— Olha!!! — gritou, ecoando por todo o lado.
— É já ali o estreito! Estás a vê-lo?
— Sim.
Ele ainda não deixou aquilo…
— Bora correr até ali! Quem chegar ali primeiro come uma parte da refeição do outro!
— Ei! Isso não é justo!
— Problema teu…
— Ah…
— Bora! 3…
— 2…
— 1…
— Vamos!
Assim, Eleanor desatou a correr como um foguete — sua velocidade era absurda, deixando-o para trás.
— Nem penses que vais ganhar-me!
— Então… corre!
Weast começou a acelerar, suas pernas pareciam duplicadas, era fascinante.
— Olha para trás! — gritou.
Uma cara séria se formava em Eleanor, estava surpreendida.
— Como? Desde quando és tão rápido?
— Sempre fui, só não sou bom para corridas de resistência…
— Bem… isso de resistência eu sei… — falou, virando-se para ele.
Continuaram, o cansaço não chegava a nenhum dos dois, não havia qualquer sinal de falta de ar. Ambos mantinham o mesmo ritmo, à mesma velocidade.
Porém, de repente…
— Cuidado! — gritou Weast, com uma enorme preocupação.
— O quê?
Era uma pequena pedra cinzenta traiçoeira que estava à frente de Eleanor.
— Tap, skrrt…thump! — O aviso não tinha sido a tempo, ela tropeçou caiu no chão.
— Aaaaaa! — gritou, era a segunda vez que se tinha magoado aquele pé em pouquíssimo tempo.
Para a ajudar, Weast parou de correr, foi para seu lado e estendeu sua mão.
— Parece que ninguém vai comer uma parte da refeição do outro… haha — referiu, rindo. Tentava animar Eleanor.
— Agora és tu que me tentas deixar mais contente, irônico.
— É jsso.
— Vá… levanta-te para continuarmos a caminhar até o estreito.
— Entendido.
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