— Pronto… já vi. É o estreito o próximo sítio. Isso também significa que estamos bastante próximos da base!

    — Boa!

    Assim, caminharam entre as descidas e subidas daquele tenebroso lugar, os corpos continuavam — o caminho parecia não ter fim.

    Mas, algumas horas depois, chegaram ao final do caminho, então o silêncio desapareceu.

    — Olha ali!

    — O quê? — perguntou Eleanor.

    — Ali! — pronunciou, quase gritando.

    — Não estou a ver nada… — Murmurou Elanor.

    — Ali… Ali! — falou, tentando indicar o sítio.

    — Onde?! — perguntou, elevando o tom de voz, procurando algo que se sobressair-se de todos aqueles pedregulhos.

    — Debaixo daquela rocha.

    — Qual delas?

    — A maior — referiu, apontando com o dedo. Ela deve ser cega…

    — Não estou a ver nada… — afirmou, mudando o seu olhar para Weast.

    — Claro que não! Demoraste tanto tempo a encontrar a rocha que aquilo desapareceu.

    — Aquilo o quê?

    — Alguma coisa que parecia um lobo…

    — Impossível! — proferiu.

    — Por que dizes isso? Andas por aqui todos os dias e não me contaste? — questionou de forma irônica.

    — Não, mas meu mestre… sim.

    — Teu mestre?

    — Sim…

    — Como se chama?

    — Chamava queres dizer… era Mayik.

    — Desculpa… Meus sentimentos.

    — Obrigado, mas não estou triste por sua morte.

    — Não?

    — Ele morreu a lutar… a proteger nossas aldeias.

    — Hm…

    Eu não lidei assim com a morte de meu pai… talvez o deveria ter feito.

    — Falando da tua vida… Quando o conheceste?

    — Há muitos anos…  Tinha eu 12 anos… foi quando vim para aqui.

    — Só tinhas 12? Continua… fiquei interessado.

    — Eu vivia num país como tu, mas o meu estava numa guerra civil, os meus… tios morreram lá. Assim… — pronunciou lentamente, quase custando-lhe dizer cada palavra, parecia um sacrifício.

    — Se não queres falar sobre isso… tudo bem, não quero que fiques triste.

    — Não… eu continuo. Apenas quando digo estas palavras parece que volto ao meu passado.

    — Então os meus pais levaram-me para uma sala dourada, cheia de estátuas e coisas do gênero, depois deitaram-me por cima de algo que já não me lembro… deixa-me pensar.

    — Claro que te deixo… Ah… não nos podemos esquecer de continuar.

    — Sim…

    — Já deve haver mais soldados a tentar encontrar-nos…

    — É uma pena não podermos conversar assim tanto… ou demoramos mais tempo a chegar à base.

    — É… verdade. Por que é assim… eu queria o conhecer melhor, conversar com ele.

    — Mesmo assim, podemos conversar mais um pouco… não deve fazer mal — disse, olhando com felicidade para ela.

    — Hm… está bem. Depois de deitaram-me naquilo e  assim acordei num sítio muito estranho…indescritível. Não sei descrever, era demasiado bizarro.

    — Não te lembras de algo que tinha?

    — Nada era concreto, parecia que estava num daqueles quadros abstratos… sabe?

    Que estranho…

    — Não me respondes? — falou, olhando de lado para Weast.

    — Ah… desculpa. Perdi-me nos meus pensamentos. Mas sim, sei — respondeu, envergonhado.

    — Hm… Depois um homem velho, de barba escura, entrou na sala e olhou para mim, ainda hoje me lembro de suas palavras: “Olá, querida. Eu serei seu mestre a partir de hoje, trate-me como seu novo pai.”

    — Parece simpático esse homem, é o mestre Mayik… né?

    — Sim. Então ele treinava todos os dias aqui, pois antes havia aqui uma pequena base. Assim, ele escrevia cartas sobre o que encontrava…

    — Ah… Entendi. Mas por que a base deixou deixou de existir, Eleanor?

    — Era um forte pequeno, sem muitas defesas… O que levou a uma invasão bem sucedida por parte das malditas criaturas!

    — Uma pena… foi assim que ele morreu?

    — Não… não exatamente. Ele morreu 4 meses depois, tinha eu acabado de fazer 19 anos.

    — Morreu numa batalha?

    — Sim… a defender a Vila do Leste.

    — Vila do Leste?

    — Era uma vila que ficava a leste da montanha que acabamos de sair.

    — Não vi nada…

    — Pois… ela já não existe. Depois de meu mestre morrer, sendo ele o general… acabou por ser um massacre.

    — Nem as crianças safaram-se…

    — Muito triste… — Derramando algumas gotas de seus olhos.

    — Não é tempo para chorar, Weast — falou, batendo com uma de suas mãos no braço dele.

    — Agora vamos acelerar o passo, pois não sabemos quanto tempo temos.

    — Sim… sim.

    Deste modo, continuaram a caminhar, mas desta vez em terreno plano.

    Eleanor colocou sua mão na testa e disse:

    — Todo o caminho até o estreito é plano… chegaremos lá rápido. Depois acampamos lá… já deve ser noite quando lá chegarmos.

    — Entendido… — pronunciou, hesitante.

    — O que tens?

    — Nada… só estou ainda a pensar como aconteceu.

    — O quê? O massacre?

    — Sim…

    — Deixa lá isso…

    — Hm… Vou tentar.

    Mas, para seu azar, ele estava correto ao dizer “tentar”, pois os pensamentos horríveis e tristes não o deixavam — parecia que o perseguiam.

    Apenas parou de pensar tanto neles quando Eleanor…

    — Olha!!! — gritou, ecoando por todo o lado. 

    — É já ali o estreito! Estás a vê-lo?

    — Sim. 

    Ele ainda não deixou aquilo…

    — Bora correr até ali! Quem chegar ali primeiro come uma parte da refeição do outro!

    — Ei! Isso não é justo!

    — Problema teu…

    — Ah…

    — Bora! 3…

    — 2…

    — 1…

    — Vamos!

    Assim, Eleanor desatou a correr como um foguete — sua velocidade era absurda, deixando-o para trás.

    — Nem penses que vais ganhar-me!

    — Então… corre!

    Weast começou a acelerar, suas pernas pareciam duplicadas, era fascinante.

    — Olha para trás! — gritou.

    Uma cara séria se formava em Eleanor, estava surpreendida.

    — Como? Desde quando és tão rápido?

    — Sempre fui, só não sou bom para corridas de resistência…

    — Bem… isso de resistência eu sei… — falou, virando-se para ele.

    Continuaram, o cansaço não chegava a nenhum dos dois, não havia qualquer sinal de falta de ar. Ambos mantinham o mesmo ritmo, à mesma velocidade.

    Porém, de repente…

    — Cuidado! — gritou Weast, com uma enorme preocupação.

    — O quê?

    Era uma pequena pedra cinzenta traiçoeira que estava à frente de Eleanor.

    — Tap, skrrt…thump! — O aviso não tinha sido a tempo, ela tropeçou caiu no chão.

    — Aaaaaa! — gritou, era a segunda vez que se tinha magoado aquele pé em pouquíssimo tempo.

    Para a ajudar, Weast parou de correr, foi para seu lado e estendeu sua mão.

    — Parece que ninguém vai comer uma parte da refeição do outro… haha — referiu, rindo. Tentava animar Eleanor.

    — Agora és tu que me tentas deixar mais contente, irônico.

    — É jsso.

    — Vá… levanta-te para continuarmos a caminhar até o estreito.

    — Entendido.

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