Capítulo 9: Já foi anunciado o que acontecerá…
E, deste modo, levantou-se — ignorando as dores que sentia.
— Se quiseres podes segurar-te em mim… se precisares.
— Obrigado, mas acho que não preciso. Além de que isso seria estranho.
— Estranho? Por quê? — perguntou, não sabendo sequer parte da resposta.
— Esquece…
— Está bem? — falou lentamente, hesitante.
Por que será que ele disse aquilo?
A antiga rapidez os beneficiou, porque agora o passo lento que andavam não era problema.
Mas, independente disso, a tarde foi escurecendo.
— Não vejo mais o estreito… — afirmou aceleradamente Eleanor.
— Calma… Eu ainda o vejo.
— Está bem…
— Só precisas de seguir-me.
— Mal consigo ver-te…
— Aproxima-te, então.
Assim, ela andou alguns passos para a frente, ficando mesmo atrás dela.
— Pronto… Agora consegues ver-me bem, certo?
— Sim…
— Então segue-me.
— Compreendido!
— Por que falas de forma tão formal às vezes?
— É porque… tive um treino quase militar. Entende?
— Já tive primos que eram militares, por isso entendo — falou, virando-se para ela.
— Então agora vamos finalmente continuar, falta muito pouco!
— Boa!
Continuaram, lentamente. Cada passo parecia um sacrifício para Eleanor, porém ela nunca desistiu ou pensou nisso — era uma virtude dela, o ato de nunca desistir mesmo venda a derradeira perdição, a plena derrota.
Coisa que não se pode comparar a isto, mesmo assim algo notável de observar-se.
Ela tinha, de facto, uma grande vontade interior, que a fazia continuar.
Ao longo do restante caminho, Eleanor foi acelerando o passo, recuperando a sua força a cada instante.
— Pronto! Chegamos.
Deste modo, descarregarem, cuidadosamente, tudo aquilo que ainda tinham. Era pouca coisa, por isso foi bastante rápido.
— Phew… — suspirou Eleanor, exausta de tanto caminhar.
Weast também estava cansado, mas de ter descarregado quase tudo sozinho.
— Huff…
Depois sentaram-se no chão, encostados à parede natural do estreito. Nem teto tinham, ao contrário das outras vezes que tinham algo modesto a protegê-los, desta vez nem isso.
Era de noite, escura e misteriosa, coberta por nuvens mais sinistras que o sinistro.
O estreito era composto por dois grandes planaltos desérticos com pouquíssimas plantas e não se via nenhum animal que lá vivesse.
— Como não se ouve nada? Como há tanto silêncio — questionou Weast, curioso.
— Não sei… — respondeu, calmamente, virando ligeiramente o seu corpo que estava debruçado sobre aquilo que parecia areia.
— Nem há aqui algum animal… Estranho… — Continuou.
— Dorme… — falou Eleanor, virando-se de novo, voltando à sua posição anterior.
— Não sei se consigo… estou com uma sensação estranha, de perigo — murmurou, hesitante.
— Esquece isso! Eu quero dormir! — gritou. Estava demasiado cansada para conversar.
— Está bem… está bem — pronunciou, tremendo os lábios.
Colocou seus braços por cima da cabeça e a lâmina ao seu lado.
…
Algo estranho se passa… Eu sinto isso. Não consigo negar esta sensação.
Eu posso fazer tudo para a negar, mas não consigo o fazer. Como isto é possível? Será Deus a falar comigo? O que será isto…
Apenas dezenas de minutos depois que os pensamos desapareceram de sua mente, e finalmente, adormeceu.
O respirar de ambos mostrava calma, mas ela haveria de desaparecer.
O primeiro som além deles tinha se formado.
— AUUUUUU!
A voz de um lobo, o seu grito, percorria todo o estreito e mais além. Era alto, forte e profundo.
Eleanor perturbou-se, virou-se de várias maneiras e, por fim, acordou.
— Ah…. O que é isto? Um lobo?
Ao ouvir estas palavras, de repente, Weast acorda e levanta-se rapidamente.
— A… O quê?
— Acordaste… boa. Eu estava a dizer que pareceu-me ouvir um som de um lobo.
— Um lobo? Não dissestes que não havia aqui lobos?
— Sim… eu tinha dito.
— Então como ouvistes um? Será que não estavas a sonhar?
— Não sei, mas não estava.
— Hm…
Aquela sensação estranha… agora isto.
— Acho que devemos apenas aguardar.
— Então vamos ter de ficar acordados?
— É…
— Fuuu… Estou demasiado cansada para ficar acordada!
— Vai ter de ser assim… Imagina se somos atacados enquanto dormimos.
— Verdade… referiu Eleanor, esticando os braços. — Se vamos ser atacados… Precisamos de estar preparados.
— Isso…
— Talvez devêssemos construir alguma armadilha.
— Com o quê? Não há aqui nada…
— Ah, talvez se procuramos… Achamos algo que possamos usar.
— Não… isso é um erro. Se nos separamos, corremos mais perigo!
— Hm… Tenho de concordar contigo, Weast.
Aguardavam, os segundos demoravam uma eternidade — a vontade de dormir era crescente, cada vez mais difícil de a contornar. O sono vindo do cansaço puxava-os com cordas enormes, quase inquebráveis. Mesmo com toda a força que detinha essas cordas, nada era capaz de os puxar completamente.
— Auuuu! — O som alto e forte que parecia vindo de um lobo tinha voltado.
— Vistes… Não estava a sonhar.
— A menos que eu seja um louco que ouve aquilo que não existe… Estou a brincar… Claro que não estavas, mas isso é mau na verdade — falou, aproximando-se de Eleanor.
Agora, eles estavam mais juntos do que nunca. O medo daquilo que poderia acontecer dançava nos braços de ambos. Um aperto se fazia sentir no coração deles, algo os esperava e não sabiam o quê.
— Aaauuuu!
— Tun… Tun… Tun.
O som de batidas, ou melhor, passos andava pelo estreito — aquilo seria, provavelmente, de grandes feras, verdadeiros monstros. Já que o ruído dos passos também era gigante.
— Prepara-te — sussurrou Eleanor.
— Está bem…
Começou a ver-se as primeiras criaturas.
Eram grandes com pelo castanho escuro, tinham 4 chifres. As suas patas eram extremamente feias, sendo de cor vermelha. Os olhos eram puramente negros, quase invisíveis à noite que escura que se encontravam. Levavam em baixo dos chifres um cabelo azul que parecia falso. Todos aqueles monstros perfeitamente Iguais, mesma altura — comprimento, pelo.
— Como vamos enfrentar aquilo? — perguntou rapidamente, olhando com uma cara de verdadeiro medo para ela.
O que lhe hei de dizer…
— Ouviste-me?
— Não… repete — falou, dizendo uma mentira, não sabia o que responder.
— Como enfrentamos aquilo?
— De verdade? — perguntou, hesitante. Tentando não olhar para as criaturas.
— Sim… — disse, impaciente. Olhando fixamente para elas, as malditas feras, que se aproximam cada vez mais rápido.
— Não sei…
Essa era a única resposta verdadeira, nem Eleanor — com seus anos de experiência — sabia o que fazer ou como agir.
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