Capítulo 12 - Promessas sobrepostas
Steen encara Fobos, distante e com uma expressão vazia, com um olhar quase sem vida enquanto seu sangue escorre sem parar. O ganniano por sua vez pressiona sua clava, admirando em pensamento a resistência de seu adversário.
— Eu não esperava tamanho desafio, humano… — diz cortando o silêncio.
Ele então começa a andar, injetando sua energia restante na arma conforme se aproxima do homem.
O locutor, os espectadores e o trio Íris, Halley e James assistem à cena sem reação, apenas aguardando o movimento que encerrará o sofrimento de Steen.
Elise, que em prantos acompanha a luta através da televisão, cai de joelhos no chão incrédula com o resultado eminente, incapaz de conter o desespero.
— As marcas em meu corpo não sumirão… A prova de que não me esquecerei dessa disputa… — torna a falar se preparando para golpear a cabeça de Steen, que segue sentado, sem nenhuma expressão. — Foi um grande combate… Steen Andersen…
“Fechem os olhos… Não queremos ver isso…” fala Richard, o locutor, com uma voz pesada.
— Elise… Me perdoe… — Ele diz de repente, rouco, quase engasgando com seu sangue, se levantando com o resto de suas forças — Mas eu vou… Te chatear… Mais… Uma vez…
— Então… Ainda é capaz de se levantar…
— Não pode… Ser… — sussurra James se debruçando sobre um balcão, incapaz de continuar assistindo.
Íris assiste em silêncio próxima do monitor, escondendo seu rosto dos outros dois.
— Valhalla…
Fobos o encara, pronto para golpear.
— Eu… Estou indo…
Retomando sua postura de combate, completamente desajeitada além das mãos vazias, ele abre um sorriso.
— EU ESTOU INDO PARA VALHALLA! — grita fazendo sangue respingar no rosto do ganniano.
Em uma última investida ele lança um soco contra o rosto de Fobos, que reage no mesmo instante o atingindo com sua clava diretamente na cabeça.
— Sim… Está… — sussurra, vendo o corpo já sem vida de Steen cair sobre a arena seguido de um rastro de sangue.
Momentos de silêncio se passam enquanto o ganniano simplesmente retorna para a cápsula na qual veio, deixando a arena que logo em seguida começa a ser recolhida para dentro da nave.
“Você lutou para se provar o guerreiro que prometeu ser… E eu para manter minha promessa de lealdade… No final… Ambos conseguimos o que queríamos…” Fobos reflete por um momento, agora sentindo um imenso respeito por Steen.
“O resultado… Do primeiro confronto entre os humanos e os gannianos… Foi… A vitória de Fobos… Iremos prosseguir em breve…” Ele anuncia brevemente antes de retornar ao silêncio.
Ao redor do mundo o choque, a tristeza e o medo tomam conta da população novamente, que se aproxima de mergulhar outra vez no caos.
— Eu lamento — diz Halley.
— Ele… Morreu… — murmura James, segurando as lágrimas.
A moça soca violentamente o monitor antes de se virar e seguir apressadamente para fora da sala, deixando o rapaz e o androide para trás.
— E-ei! Íris! — Ele chama por ela, preocupado.
— Ela parece precisar de privacidade no momento.
— Mas… E-ela não pode sair sozinha aqui!
— Não se preocupe. Nada ocorrerá com ela.
— Mas…
— Além disso, precisamos iniciar os preparativos para o próximo combate imediatamente.
— M-mas já?! — responde em uma mistura de ansiedade, lamento e raiva — N-nós acabamos de ver um homem ser mo-morto da forma mais brutal possível… E-e ainda assim… Precisamos fazer isso de novo agora mesmo?! Você não viu como ela está? Acha que… Ela pode pensar nisso agora?!
— De fato, a senhorita íris não se encontra em condições de realizar a seleção.
— É claro que não… É óbvio que não… — diz tornando a se debruçar sobre o balcão.
— Por isso, você realizará.
— Co-como é?!
— O quanto antes, se possível.
— Ma-mas eu não posso! Digo… Eu nem sequer conheço os participantes, e… N-não! Não tem como!
O androide apanha o aparelho que íris utilizou na primeira seleção e coloca frente a James, que vê em sua frente a lista com os nove participantes restantes.
— Você pode avaliar cada um e selecionar aquele que mais te parecer adequado.
— E-ei! Eu disse que não posso! Eu realmente não sei! Íris com certeza vai fazer isso melhor… Eu vou buscá-la, então, espe-
— Não fará diferença — fala o robô.
— Co-como assim…?
— O próximo competidor selecionado por meus mestres não me será revelado. Mesmo que você ou a senhorita íris façam a escolha do seu representante, não haverão diferenças, já que sequer sabemos quem irão enfrentar em seguida.
— Espera… Q-quer dizer que… Não vamos poder escolher a melhor opção… Como vocês fizeram no caso do Steen…?
— Exato.
O rapaz cambaleia para trás, inconformado.
— Meu Deus… S-se nem mesmo com a informação prévia fo-fomos capazes de ganhar…
— Temos alguns minutos até a confirmação dos competidores, portanto, faça seu melhor.
“Como… Como eu poderia… Eu não conheço nenhum deles… Eu… E se eu… Escolher o errado… E se eu…” Pensa enquanto toca hesitante no aparelho com suas mãos trêmulas, passando por cada opção disponível ali.
Alguns instantes se passam e íris não retorna. O rapaz segue analisando as informações no dispositivo e Halley aguarda estático no meio da sala.
— Acho que… Talvez… Talvez esse… — Ele sussurra, finalmente próximo de uma decisão.
— Está certo da sua escolha?
— Caramba, Halley… Claro que não… Mas eu não sei… Eu tenho a sensação de que esse homem possa… Talvez… Sabe… Eu sei lá… Ele parece ser forte…
— Muito bem. Seleção realizada.
— AH?! E-EI, CA-CALMA! E-EU AINDA NÃO CONFIRMEI NADA!
— Próximo representante da raça humana, Jeffrey Ramsey.
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