Steen encara Fobos, distante e com uma expressão vazia, com um olhar quase sem vida enquanto seu sangue escorre sem parar. O ganniano por sua vez pressiona sua clava, admirando em pensamento a resistência de seu adversário.

    — Eu não esperava tamanho desafio, humano… — diz cortando o silêncio.

    Ele então começa a andar, injetando sua energia restante na arma conforme se aproxima do homem.

    O locutor, os espectadores e o trio Íris, Halley e James assistem à cena sem reação, apenas aguardando o movimento que encerrará o sofrimento de Steen.

    Elise, que em prantos acompanha a luta através da televisão, cai de joelhos no chão incrédula com o resultado eminente, incapaz de conter o desespero.

    — As marcas em meu corpo não sumirão… A prova de que não me esquecerei dessa disputa… — torna a falar se preparando para golpear a cabeça de Steen, que segue sentado, sem nenhuma expressão. — Foi um grande combate… Steen Andersen…

    “Fechem os olhos… Não queremos ver isso…” fala Richard, o locutor, com uma voz pesada.

    — Elise… Me perdoe… — Ele diz de repente, rouco, quase engasgando com seu sangue, se levantando com o resto de suas forças — Mas eu vou… Te chatear… Mais… Uma vez…

    — Então… Ainda é capaz de se levantar…

    — Não pode… Ser… — sussurra James se debruçando sobre um balcão, incapaz de continuar assistindo.

    Íris assiste em silêncio próxima do monitor, escondendo seu rosto dos outros dois.

    — Valhalla…

    Fobos o encara, pronto para golpear.

    — Eu… Estou indo…

    Retomando sua postura de combate, completamente desajeitada além das mãos vazias, ele abre um sorriso.

    — EU ESTOU INDO PARA VALHALLA! — grita fazendo sangue respingar no rosto do ganniano.

    Em uma última investida ele lança um soco contra o rosto de Fobos, que reage no mesmo instante o atingindo com sua clava diretamente na cabeça.

    — Sim… Está… — sussurra, vendo o corpo já sem vida de Steen cair sobre a arena seguido de um rastro de sangue.

    Momentos de silêncio se passam enquanto o ganniano simplesmente retorna para a cápsula na qual veio, deixando a arena que logo em seguida começa a ser recolhida para dentro da nave.

    “Você lutou para se provar o guerreiro que prometeu ser… E eu para manter minha promessa de lealdade… No final… Ambos conseguimos o que queríamos…” Fobos reflete por um momento, agora sentindo um imenso respeito por Steen.

    “O resultado… Do primeiro confronto entre os humanos e os gannianos… Foi… A vitória de Fobos… Iremos prosseguir em breve…” Ele anuncia brevemente antes de retornar ao silêncio.

    Ao redor do mundo o choque, a tristeza e o medo tomam conta da população novamente, que se aproxima de mergulhar outra vez no caos.

    — Eu lamento — diz Halley.

    — Ele… Morreu… — murmura James, segurando as lágrimas.

    A moça soca violentamente o monitor antes de se virar e seguir apressadamente para fora da sala, deixando o rapaz e o androide para trás.

    — E-ei! Íris! — Ele chama por ela, preocupado.

    — Ela parece precisar de privacidade no momento.

    — Mas… E-ela não pode sair sozinha aqui!

    — Não se preocupe. Nada ocorrerá com ela.

    — Mas…

    — Além disso, precisamos iniciar os preparativos para o próximo combate imediatamente.

    — M-mas já?! — responde em uma mistura de ansiedade, lamento e raiva — N-nós acabamos de ver um homem ser mo-morto da forma mais brutal possível… E-e ainda assim… Precisamos fazer isso de novo agora mesmo?! Você não viu como ela está? Acha que… Ela pode pensar nisso agora?!

    — De fato, a senhorita íris não se encontra em condições de realizar a seleção.

    — É claro que não… É óbvio que não… — diz tornando a se debruçar sobre o balcão.

    — Por isso, você realizará.

    — Co-como é?!

    — O quanto antes, se possível.

    — Ma-mas eu não posso! Digo… Eu nem sequer conheço os participantes, e… N-não! Não tem como!

    O androide apanha o aparelho que íris utilizou na primeira seleção e coloca frente a James, que vê em sua frente a lista com os nove participantes restantes.

    — Você pode avaliar cada um e selecionar aquele que mais te parecer adequado.

    — E-ei! Eu disse que não posso! Eu realmente não sei! Íris com certeza vai fazer isso melhor… Eu vou buscá-la, então, espe-

    — Não fará diferença — fala o robô.

    — Co-como assim…?

    — O próximo competidor selecionado por meus mestres não me será revelado. Mesmo que você ou a senhorita íris façam a escolha do seu representante, não haverão diferenças, já que sequer sabemos quem irão enfrentar em seguida.

    — Espera… Q-quer dizer que… Não vamos poder escolher a melhor opção… Como vocês fizeram no caso do Steen…?

    — Exato.

    O rapaz cambaleia para trás, inconformado.

    — Meu Deus… S-se nem mesmo com a informação prévia fo-fomos capazes de ganhar…

    — Temos alguns minutos até a confirmação dos competidores, portanto, faça seu melhor.

    “Como… Como eu poderia… Eu não conheço nenhum deles… Eu… E se eu… Escolher o errado… E se eu…” Pensa enquanto toca hesitante no aparelho com suas mãos trêmulas, passando por cada opção disponível ali.

    Alguns instantes se passam e íris não retorna. O rapaz segue analisando as informações no dispositivo e Halley aguarda estático no meio da sala.

    — Acho que… Talvez… Talvez esse… — Ele sussurra, finalmente próximo de uma decisão.

    — Está certo da sua escolha?

    — Caramba, Halley… Claro que não… Mas eu não sei… Eu tenho a sensação de que esse homem possa… Talvez… Sabe… Eu sei lá… Ele parece ser forte…

    — Muito bem. Seleção realizada.

    — AH?! E-EI, CA-CALMA! E-EU AINDA NÃO CONFIRMEI NADA!

    — Próximo representante da raça humana, Jeffrey Ramsey.

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