Capítulo 13 - Entre todas as opções

— Nosso próximo representante… Determinem… — ordena a voz feminina, vinda do grande assento.

— Canopus, grandiosa… Ele tomou a decisão antes mesmo de discutirmos… — responde uma das outras vozes. — Essa seleção a agrada?

— Sim — Ela responde depois de alguns segundos.

Caminhando pelos corredores escuros da nave, uma silhueta com aproximadamente dois metros de altura é parcialmente visível. Fobos que segue na direção oposta acaba se deparando com a figura.

— Canopus — Ele murmura, com seus ferimentos já parcialmente tratados.

O indivíduo encara por alguns instantes antes de simplesmente continuar caminhando, portando consigo uma arma longa, difícil de identificar.

— Bom trabalho — Ele sussurra, parabenizando Fobos enquanto se afasta.

— DROGA, HALLEY! EU AINDA NÃO TINHA CERTEZA! — exclama James, furioso.

— Lamento. A seleção já foi feita.

— MA-MAS E SE NÃO FOR A ESCOLHA CERTA?

Halley fica em silêncio por um tempo, antes de voltar a se manifestar.

— Não haveriam escolhas certas ou erradas nesse contexto.

— Ah?! O que quer dizer com isso?!

— Meus mestres realizaram sua seleção. Canopus lutará. Qualquer um dos seus representantes teria alguma compatibilidade.

— Ca-canopus? E… Esse aí é forte como aquele Fobos…?

— Não.

— Ah… Ah?! É sério? Haha… Haha! Isso… Isso é bom, não é?

— Mestre Canopus é várias vezes mais forte que mestre Fobos.

— AH, QUALÉ! VOCÊ PODERIA RESPONDER DIREITO, NÃO ACHA?! — fala indignado.

— Perdão — responde com a mesma neutralidade de sempre, imóvel.

Algum tempo se passa e os preparativos para a próxima luta se encontram quase finalizados. Na transmissão é possível ver uma nova arena surgir, tomando o lugar da anterior. Sua aparência é simples como a primeira, porém há um grande círculo escuro no centro gravado no chão.

“Bem, parece que já vamos começar… Muito bem, meu povo! Eu me chamo Gael Borges, e irei substituir nosso querido Richard… Até que sua crise de ansiedade passe… Enfim, vamos! Vamos, vamos! Não iremos desanimar tão facilmente, ainda temos muito pela frente! Fé! Hahaha” Diz com bastante entusiasmo.

— Talvez seja melhor se acalmar — fala Halley, vendo James andando em círculos.

— Não dá… Não tem como… A cara daquele homem… Eu… Eu… Eu botei um boçal para lutar… Contra um cara ainda mais forte do que o Fobos…. Fala… Sério… Em pessoa, ele não parece ter metade da disposição do Steen… Meu Deus… O que eu fiz… — murmura, pálido, sentindo seu estômago embrulhar.

— Do que… Você está falando…? — questiona Íris, adentrando a sala enquanto esfrega seu rosto, levemente avermelhado.

— James realizou a seleção em seu lugar — Halley diz de repente.

— O-o que?! Quem… Quem você escolheu?! — Ela pergunta preocupada.

— Aquele… Aquele cara… — fala ofegante — O bombado… Loiro… Esquisito… Com olheiras…

— Bombado… Esquisito… olheiras…? Espera, Jeffrey Ramsey?!

“E o próximo representante dos gannianos está chegando! Vejam, sua cápsula se aproxima!” Narra antes do veículo aterrissar sobre uma extremidade da arena. “E aí está! O segundo ganniano a nos ser apresentado… Ostentando o título de “segundo combatente”, seja lá o que isso significa… Canopus, chega à arena!”

Saindo de dentro da cápsula se revela uma figura semelhante a Fobos, porém, com um porte maior. Alto, com uma estrutura muscular avantajada. Atrás da cabeça existe uma proeminência pontiaguda, puxada para trás, aparentemente parte do seu crânio. Seu rosto é semelhante ao de um humano, porém não possui pelos faciais e nem nariz, apenas um pequeno furo acima da boca, que possui lábios finos e lisos. Seus globos oculares são escuros, e suas pupilas brancas. Sobre a cabeça está uma peça metálica que lembra um moicano curto, sem motivo aparente.

Ele usa um traje espesso semelhante à um legging preto, enquanto a parte superior do corpo está completamente exposta, revelando outra peculiaridade anatômica: a ausência de mamilos e umbigo.

Com a mão direita ele empunha uma grande espada de duas lâminas, uma em cada extremidade do cabo.

“Meu Deus, que criatura medonha! É um pior do que o outro! Espero que não se ofendam, mas vocês são feios pra caramba!”

Em seguida a segunda cápsula se aproxima e para na extremidade oposta.

“Finalmente, o nosso! Vindo para trazer a primeira vitória dos humanos… Outrora considerado um grande soldado que largou de mão seu passado para viver nas ruas como um sem teto… Ei… Que descrição é essa, hein? Ele é um pedinte ou algo assim? Ah… Bom, que seja… Jeffrey Ramsey! Está na arena!”

A cápsula então se abre e os espectadores observam atentos, aguardando a entrada do próximo combatente, porém os segundos se passam e ninguém sai de lá.

“Ah… O que está havendo? Aonde está Jeffrey? Por acaso ele não veio? Será que ele fugi-“

— Poxa vida… Eu dormi… — diz o homem, saindo lentamente enquanto esfrega o rosto — Foi mal, vacilo meu…

1,90 de altura, músculos ressaltados e pele um tanto bronzeada. Cabelo loiro e liso, visivelmente mal cuidado, sem ser cortado há um bom tempo, além de uma barba mal feita. Sua regata cinza velha, jeans azuis amarrotados e pés descalços reforçam sua imagem desleixada. Ele caminha desajeitadamente até certo ponto da arena, mas para de repente.

— Nossa, eu esqueci as armas — fala trotando de volta para a cápsula.

“Então… Com ambos os representantes sobre a arena… Nós podemos, enfim… Finalmente… De uma vez… Por todas… Agora… Sem mais delongas…” Diz pausadamente enquanto espera o homem voltar para a arena “CACETE, PEGA ESSAS ARMAS LOGO!”

— Pronto, agora sim… — murmura com sua expressão de sono, saindo novamente, agora com um par de kusarigamas em mãos.

— Ai, droga… Logo esse cara… — Íris murmura, esfregando seu rosto.

— Eu fiz cagada não foi? Eu sei…

— Não, não é isso… Não teria como sabermos… Eu também teria escolhido qualquer um, mas… Logo esse maluco com cara de chapado…?

— E- Eu não sei, ele só me pareceu forte… Aí o Halley selecionou antes de mim! É isso! A culpa é dele!

— Hm? — O androide indaga, sem compreender sua culpa.

— Bem… Na verdade… Ele é habilidoso… Sem sombra de dúvidas…

— Hã? É sério? E-ele é forte? Mais que o Andersen?! — fala com alguma esperança.

— Ah… Eu não sei… Ele sabe lutar muito bem… Ao menos acho que sabe…