“Para o segundo combate do torneio entre espécies, o humano Jeffrey Ramsey enfrentará o ganniano Canopus! Com ambos apresentados, vamos lá! Comecem!”

    — Nossa, que cara esquisito… Você tem algum problema de formação? — Jeffrey pergunta, olhando para o ser à sua frente.

    Canopus encara o humano, se aproximando do centro da arena.

    — Ah, é verdade, alienígenas… Esqueci… — fala coçando a cabeça, em um tom sonolento. — Tá bom… O que eu faço?

    Olhando as kusarigamas, ele enrola as correntes em volta das suas mãos, mas acidentalmente deixa as duas lâminas caírem no chão.

    — Opa… — murmura se abaixando para pegá-las.

    — O que esse humano está fazendo? — questiona uma das vozes na sala escura.

    — Provocando Canopus, é claro… Nenhum guerreiro seria tão desleixado — responde outra voz.

    — Esse cara é desleixado demais! — fala íris — Simplesmente o tipo de pessoa que ele é…

    — Ele não parece estar levando o mestre Canopus a sério.

    — M-meu Deus, ele sequer consegue segurar as armas… N-não há qualquer sinal de alguém habilidoso nele, íris!

    — Eu sei, à primeira vista pode ser difícil de acreditar… Mas ele é sim um bom combatente… Nós vimos suas habilidades, não é, Halley?

    — De fato — O robô responde.

    — Ma-mas aonde estão elas, então?! — Ele segue choramingando, descrente.

    — Ah, cara… Eu queria uma água… Minha boca tá seca — diz enquanto se levanta, segurando ambas as kusarigamas. — Será que eles me trariam um copo se eu pedi-

    Sem o homem perceber seu adversário encurta a distância, parando alguns centímetros à sua frente.

    — Ah… Eu nem vi você chegando… Que loucura… — Ele diz com um sorriso sem graça, levemente assustado com aquela criatura.

    Ambos se encaram frente à frente, sem qualquer ação.

    — SAI DAÍ, SEU MALUCO! — grita James, avançando contra o monitor.

    — Ei, fica calmo! Essa sua tensão não vai ajudar! — Íris fala, puxando James pela camisa.

    — Você é mais estranho de perto… Digo… Sem ofensas, tá bom? Não tenho qualquer preconceito com a sua aparência… Ou raça… É só que… É inco-

    Em um movimento rápido difícil de acompanhar com os olhos, Canopus se move para trás de Jeffrey, preparado para perfurar suas costas. Em resposta, sem sequer olhar para trás o homem lança uma das kusarigamas, quase atingindo o rosto do ganniano que desvia por pouco, se afastando alguns passos.

    “Oh ho! Vocês viram isso?! Uma movimentação bem repentina na arena! Parece que as coisas já vão esquentar!”

    — Aahh… Não fica atrás de mim… É esquisito, cara… — diz se virando na direção do oponente, puxando sua arma de volta pelas correntes.

    Canopus passa os dedos sobre sua face e nota um pequeno arranhão, porém não esboça qualquer incômodo.

    — Caramba… Esqueci do meu colírio… — Jeffrey murmura coçando os olhos.

    Aproveitando a brecha o ganniano dispara com sua espada pronta para empalar o homem. Perto de o atingir, uma das kusarigamas novamente se aproxima de seu rosto o forçando a cessar sua investida para desviar.

    — Você é bem agressivo, não é? — fala com os olhos vermelhos de tanto coçar.

    Com sua expressão fixa de seriedade ele encara Jeffrey, que novamente puxa a arma de volta para sua mão.

    — Como você faz isso? — questiona, finalmente dizendo algo ao homem.

    — Ah? Faço o que? — pergunta, desatento.

    — Você detectou minha posição duas vezes com grande precisão, sem me observar diretamente… Como?

    — Oh… Isso… Eu sei lá — responde tranquilo, dando de ombros.

    Ele se posiciona novamente e avança, apontando sua espada para o homem. No mesmo instante Jeffrey joga as duas kusarigamas contra o solo, que ao tocarem o chão mudam sua trajetória e voam rapidamente contra o peito de Canopus, que novamente é forçado a parar sua investida e desviar.

    — Ei… Isso foi perigoso… — Ramsey murmura, olhando uma pequena mancha de sangue surgir em sua regata agora com um pequeno rasgo no tecido. — Eu nem sequer vi você me tocar…

    “Je-jeffrey foi atingido?! É isso?! É sangue em seu peito, não é?! Parece que Canopus chegou muito perto de o perfurar dessa vez!”

    — Eu tomei banho… Anteontem…? Será que vai infeccionar? Acho que o suor mata as bactérias… Não é assim? — Ele murmura avaliando o ferimento por baixo da camiseta.

    Uma leve expressão de surpresa surge no rosto do ganniano ao notar dois arranhões em seu peito. Ele olha para seu adversário e torna a se posicionar.

    — Ah? Já vai vir de novo? — questiona, mantendo a postura desleixada.

    Em um salto Canopus se aproxima, lançando uma sequência de golpes contra o homem, que se joga para trás desesperadamente antes de cair no chão.

    — E-ei! Vai com calma! Eu não consigo desse jeito! — fala, estirado no chão.

    Sem pausa Canopus avança com sua espada próximo de atingir, porém Jeffrey escapa novamente rolando para o lado. No meio do movimento ele arremessa uma das kusarigamas que passa raspando em Canopus, mas com um único puxão a arma começa seu retorno, e por poucos centímetros não rasga o pescoço do ganniano.

    — Ah, cara… Tanto esforço para nada… Ele não para de desviar… — murmura ainda rolando pelo chão, buscando se afastar.

    — Se arrastando pelo chão, aos pés de Canopus… Esse espécime é diferente do primeiro… — fala a voz feminina.

    — De fato. Esse humano não parece se importar com sua imagem.

    Fobos assiste a luta ao lado daqueles indivíduos, com suas feridas completamente tratadas. Sua expressão é de reflexão, comparando Jeffrey a Steen em sua mente.

    O homem se levanta e segue aumentando a distância, caminhando de costas com uma postura defensiva.

    — Você é violento demais, cara… Assim eu fico com medo… — diz em um tom cômico, sem notar que agora ambos estão sobre o círculo escuro no centro da arena.

    — Esse modelo não favorecerá Canopus? — Uma das vozes questiona.

    — Talvez — Outra responde.

    — Que seja… Ativem — ordena a voz soberana.

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