Capítulo 23: Aqueles que Protegem (1/4)

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“Naquele inverno, aquele amigo assumiu a posição de comandante de cem homens.”

Uma vida que começou com as memórias da primeira regressão.

O homem adquiriu todos os tipos de tesouros escondidos no mundo todo antes dos outros, monopolizou habilidades e bênçãos enquanto mantinha as pessoas necessárias ao seu lado. Graças a isso, ele foi capaz de se tornar um comandante de cem homens em tenra idade, apesar de esconder metade de sua força.

“Ele tinha cem subordinados, e todos eram pessoas cujos pontos fortes eram reconhecidos.”

Pensando bem, até mesmo seus rostos eram difíceis de lembrar, mas eles tinham sido tão preciosos quanto sua própria vida no passado. Ele não conseguia se lembrar dos sentimentos que tinha por eles, no entanto. Como uma silhueta escura aparecendo atrás de uma névoa nebulosa, ele só conseguia se lembrar do fato de que havia tal coisa no passado.

“Naquela época, guerras estavam acontecendo por todo o país, enquanto organizações de demônios começavam a se mover.”

Para ele, as batalhas pequenas e grandes não eram ameaças. Ele havia escondido uma parte de sua força e ir para as masmorras e campos de batalha eram meramente trabalhos que tinha que cumprir.

Naquele período em que todos começaram a reconhecê-lo e ele continuou construindo uma carreira, ele ficou satisfeito com a segunda oportunidade que lhe foi dada e desejou que essa felicidade continuasse para sempre.

“Enquanto percorria vários campos de batalha com seus subordinados, aquele amigo conheceu uma mulher.”

Ha Saetbyul.

Sendo uma super-humana com uma rara posição de operadora, ela era uma mulher que cuidou de crianças em um orfanato antes da guerra, antes de despertar como super-humana.

A habilidade com que ela despertou foi [Olho Detector de Perigo]. Era uma habilidade que se adequava à posição de uma ‘operadora’ que servia como uma pessoa sugerindo a direção da tropa, e após uma destruição parcial do distrito de Chungcheong, ela entrou voluntariamente no exército.

Apesar de não receber uma educação militar adequada, a política do governo coreano foi rápida. A mulher que limpava o chão e cantava canções de ninar para as crianças à noite até o dia anterior, foi forçada a ir para o campo de batalha imediatamente.

“Ela era uma mulher realmente medrosa.”

Ha Saetbyul era uma covarde. Ela temia a batalha e sempre que uma guerra estourava, ela era a primeira a se esconder e depois ouvia uma bronca do homem. Devido ao seu medo de sangue, ela não conseguia nem olhar direito para um soldado ferido.

Houve uma vez em que ela estava na retaguarda como membro não combatente, e uma flecha raspou sua perna. Na frente dos outros, ela agia composta, mas quando estava com ele, ela choramingava e exagerava tremendamente a dor.

Talvez fosse natural porque os campos de batalha eram horríveis demais para aqueles que viviam uma vida cotidiana.

Uma visão como essa despertou o instinto protetor dentro dele? Embora fosse algo que ele mal conseguia entender agora, o homem daquela época lentamente se apaixonou pela mulher. Quem além de mim ajudaria uma covarde como essa – provavelmente era um pensamento ingênuo desse tipo.

“À medida que a guerra continuava, a mulher lentamente abriu seu coração para o homem também.”

Em um lugar destruído pelos bombardeios antiaéreos, quando os dois eram os únicos que restavam dentro de um buraco, o homem falou com a mulher casualmente do nada. E a mulher respondeu.

Talvez porque ambos precisassem de algo para se apoiar, eles rapidamente se aproximaram e os soldados os parabenizaram.

“Os dois prometeram seu futuro. Quando a guerra terminasse, eles construíriam seu futuro juntos.”

Um bom lugar para uma lua de mel, o número de filhos e como eles deveriam ser criados – os dois passaram o tempo pensando nessas coisas.

‘Jitae-oppa, eu consigo fazer algo tão difícil?’ ‘É como tirar um ovo de uma narina, certo?’ ‘Só de imaginar, fico arrepiada.’

A voz dela, que transmitia seu medo de dar à luz uma criança, parecia ter permanecido vagamente em suas memórias, apesar de muito tempo ter se passado. No meio do tempo que passaram juntos no vasto deserto, eles ficaram perto um do outro para lutar contra o frio.

“O céu noturno que eles observaram juntos era muito bonito.”

“Provavelmente foi”, pensou ele, mas agora era uma lembrança que não o fazia sentir nada.

“Mas os bons tempos não duraram tanto.”

O estado da guerra começou a mudar. Demônios de repente ficaram mais fortes, e suas táticas, assim como equipamentos, estavam a léguas de distância do que costumavam ser.

“Na batalha, havia um inimigo que o homem não conhecia. Era extremamente forte e maligno. O inimigo estava acumulando força em um lugar escondido.”

Pensar que os demônios eram todos semelhantes era ele sendo complacente. Os ‘verdadeiros’ que nem se mostraram na primeira regressão estavam lá.

“Embora classificados como demônios, não havia muitos que soubessem suas verdadeiras identidades. Aqueles entre os demônios que excediam um certo limite de força eram como catástrofes vivas. Aquele sujeito estúpido descobriu isso tarde demais.”

Senhores dos demônios, as chamadas ‘catástrofes’. Conforme eles entravam nos campos de batalha, a situação mudava drasticamente.

“Por ter muitas vitórias, o homem se tornou um alvo. Suas tropas estavam envolvidas por estarem sob seu comando, e seus subordinados começaram a ser mortos.”

Metade dos subordinados que viajaram com ele por meio ano retornaram ao solo no intervalo de apenas três dias.

“Ele tentou, mas não conseguiu protegê-los.”

Diante da força absoluta, o homem estava impotente. Apesar de segurar as mãos dos soldados moribundos, ele não podia fazer nada além de desejar uma boa vida após a morte. Diante de uma vida fracassada, o máximo que o homem podia fazer era balbuciar algumas palavras.

Devido a derrotas consecutivas, a tropa foi empurrada repetidamente. E quando eles foram encurralados em um canto.

“Finalmente apareceu – um demônio de nível catastrófico.”

Um poder absoluto que, naquela época, não podia sequer ser compreendido.

“O demônio era forte.”

A ponto de todos aqueles anos segurando uma arma parecerem sem sentido, a batalha terminou de forma insossa.

“E foi brutal.”

Os capturados não morreram. Mas, em vez disso, foram torturados sem motivo.

“À medida que as torturas continuavam, muitos de seus subordinados foram mortos.

“O homem perdeu um braço em uma serra.”

“E a mulher tímida teve seus dois olhos espetados por um gancho.

“Todos pensaram que iriam morrer daquele jeito, mas o demônio que gostava de brincar com vidas humanas disse naquele momento.”

– Sou uma pessoa muito benevolente e posso deixar todos vocês viverem.

– Mas o comandante não. Ele era mais irritante que um mosquitinho, então ele deve morrer.

– …Mas veja só.

– Ouvi dizer que seu esquadrão era muito acolhedor? Aparentemente o comandante usou seu próprio corpo para proteger seus soldados.

– Se você recebeu algo, você deve devolvê-lo ou então você não poderia ser considerado um humano, certo? Essa é a diferença que vocês têm de demônios bastardos como nós, não é?

– Então, há alguém que gostaria de morrer no lugar do comandante?

Com o pescoço agarrado pelo demônio, o homem cambaleou como um fantoche com todos os fios cortados. O esquadrão ficou em silêncio. Diante de um medo extremamente avassalador, a raiva esfriou e o sentimento de vingança se foi. Tudo o que eles podiam fazer era tremer e rezar aos deuses.

Naquele deserto silencioso, a voz da mulher foi ouvida.

“…Eu.” Ela disse.

Perdendo os dois olhos e com sangue cobrindo suas bochechas, a mulher deu um passo à frente. Aquela mulher covarde estava dando um passo à frente por sua própria vontade.

O demônio caiu numa gargalhada enorme. Ele tinha a habilidade de controlar as pessoas.

“O demônio manipulou o homem e o fez matar a mulher depois de torturá-la.”

Poucos dias antes, ele disse que a protegeria.

Mas o homem levantou sua espada e se aproximou da mulher. Apesar de não ter olhos, a mulher sentiu o homem se aproximando dela.

Ela era uma mulher que tinha medo de lutar.

Ela foi perfurada por uma espada.

Uma mulher que temia muito se machucar. Todos os seus dedos das mãos e dos pés estavam quebrados. Cada junta estava quebrada e sua pele estava rasgada. Apesar disso, sua força vital como super-humana era teimosa, e a lenta tortura não representava nenhuma ameaça à sua vida.

Ela odiava ver sangue.

Seu corpo inteiro estava coberto de sangue.

A noite de inverno foi longa. Seus gritos que começaram no pôr do sol pararam quando o sol começou a nascer novamente. No entanto, a tortura continuou apesar de mais nenhuma voz escapar de seus lábios e o homem, enquanto chorava, não conseguia impedir suas mãos.

Logo antes de sua respiração cessar, Ha Saetbyul lhe disse uma coisa no último segundo.

‘Estou… com frio…’

Ha Saetbyul, que estaria morando em algum lugar da Coreia agora, transformou-se em algo irreconhecível e morreu.

Foi ele que a matou.

Que emoção ela sentiu? O aperto de Kaeul segurando o pulso de Yu Jitae endureceu, mas Yu Jitae continuou sua explicação indiferentemente.

“Depois que a mulher morreu, todos os soldados restantes tiveram seus dois olhos e língua cortados e o homem perdeu duas pernas e um olho. No caminho de volta, havia muitas pernas, mas apenas um olho que conseguia ver enxergar a frente. Todos ficaram gravemente feridos e não conseguiram lutar mesmo depois de serem curados, e se transformaram em seres que atrapalhariam os movimentos das tropas restantes.”

Uma lembrança de quando ele foi levantado pelos soldados, comandando o caminho, surgiu por um curto período de tempo antes de se dissipar.

Esse foi o fim da história. Depois de explicar até aquele ponto, Yu Jitae fechou os lábios enquanto Kaeul o observava com uma expressão rígida e enrijecida.

“……Aquele seu amigo morreu?”

Sua voz parecia uma corda prestes a se romper.

Yu Jitae balançou a cabeça.

“Felizmente, ele provavelmente sobreviveu. Ele era um cara vingativo.”

O homem se matou.

“A tecnologia melhorou. Provavelmente levou muito tempo, mas suas pernas e olhos já deveriam estar curados.”

Embora ressentido, o mundo não permitiu sua morte e o tempo começou a rebobinar. No entanto, não havia razão para se preocupar em explicar tais coisas.

Uma vez, houve um tempo em que ele estava enlouquecido pelo desejo de vingança. Ele regrediu, matou inimigos e matou mais e mais, mas o tempo era uma coisa estranha. Agora, ele não sentia nada mesmo depois de pensar naqueles tempos e parecia explicar uma sinopse de um drama que ele viu dois anos atrás.

O esquecimento o consolava assim. Agora, ele estava apenas sendo levado pelo tempo, voando adiante pela inércia.

“Humanos fracos podem se tornar tão miseráveis. Você entendeu isso?”

“…”

Ele não recebeu uma resposta. O olhar de Kaeul estava focado diretamente em Yu Jitae, antes de descer lentamente e alcançar o roteiro. Quanto às coisas dentro da cabeça dela, ele não tinha como saber.

Foi quando Gyeoul olhou cuidadosamente para Yu Jitae e estendeu os dois braços.

Ela estava pedindo um abraço.

Já que as explicações tinham acabado, talvez fosse ok se aproximar dela. Julgando isso, Yu Jitae segurou Gyeoul em seus braços. Talvez o dragão tenha sentido algo, mas ela estendeu seus braços curtos e abraçou seu pescoço.

Então, ela começou a chorar em silêncio. Ele podia sentir a pequena cabeça, do tamanho de um punho, tremendo perto do seu pescoço.

Para ele, essa era uma situação desconcertante.

Ele não sabia como acalmar um bebê chorando.

No caminho de volta para casa, depois de dar um doce e um lanche para Kaeul e Gyeoul, Gyeoul segurou a mão de Kaeul e saiu cambaleando enquanto Yu Jitae, que não tinha nada urgente para fazer, acompanhava os passos delas. O olhar no rosto de Kaeul ainda estava vazio e, mesmo quando ele perguntou o porquê, ela não deu uma resposta significativa.

Mas, no momento em que chegaram ao dormitório.

Yu Jitae sentiu algo estranho.

Algo havia entrado nos dormitórios – algo extremamente feroz. Um ser que havia excedido um certo nível em termos de ocultar seus sentidos.

Embora ele tenha percebido que já era hora, eles chegaram muito mais cedo do que o esperado. Os dragões lá dentro não pareciam estar em apuros, mas isso era natural, considerando que os visitantes eram originalmente seres que protegiam dragões.

“Yu Kaeul.”

A voz estava um nível mais seca do que o normal. Com um olhar nebuloso, Kaeul olhou para ele.

“Eu vou entrar primeiro. Conte até cem antes de entrar.”

“…Sim.”

Quando Yu Jitae entrou pela porta de um cômodo, seres com armaduras pretas de placas completas apareceram dentro do cômodo de Bom. Seus grandes corpos atingiram 2,3 metros de altura.

Enquanto ele caminhava em direção a eles, eles também sentiram a existência de Yu Jitae e viraram seus corpos. Quando quatro armaduras de placas completas se moveram, um forte choque de metal foi ouvido.

Ao redor de onde os olhos deveriam estar, atrás do capacete, luzes vermelhas brilharam.

“Foi você que deixou oVerde assim?”

Uma voz parecida com o barulho estridente de metais saiu da boca de um deles.

Capítulo 23: Aqueles que Protegem (1/4)

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