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    『 Tradutor: Crimson 』


    A Cidade Água Murcha havia se tornado agora o ponto mais chamativo de todo o plano.

    Não eram apenas os poderosos orcs — até mesmo os reis e líderes das raças subordinadas, escondidos nas florestas e selvas profundas, voltavam seus olhares atentos para a cidade.

    Todos os grandes combatentes do Plano Florestas Vigorosas compreenderam, por meio das próprias leis do plano, as verdadeiras intenções das bruxas:

    Corroer a origem do plano, corromper suas leis e exterminar sua Consciência do Plano.

    Aquelas malditas bruxas realmente ousavam destruir o plano inteiro!

    Se o objetivo delas fosse apenas invadir, a guerra seria nada mais do que uma disputa de domínio entre bruxas e orcs. As outras raças, oprimidas e escravizadas pelos orcs, jamais se arriscariam a intervir.

    Mas a destruição total do plano ameaçava todas as criaturas da Florestas Vigorosas. Não havia como os soberanos dessas raças permanecerem ocultos.

    Em pouco tempo, os céus do plano se encheram de figuras imponentes: orcs montados em bestas voadoras gigantes, nativos de pele negra trajando roupas de palha e marcas tribais, e até colossais gigantes marchando em direção à Cidade Água Murcha como meteoros vivos.

    Essas elites — fossem orcs, centauros, humanos ou outras raças — emergiam de seus esconderijos e corriam desesperadamente rumo ao norte, para a isolada cidade nas planícies, usando todos os meios possíveis.

    Três horas após o plantio da Raiz da Corrupção, um grande grupo de poderosos orcs chegou diante da cidade utilizando Grande Teletransporte e iniciou um ataque desenfreado.

    Contudo, as bruxas haviam aproveitado as duas semanas anteriores para erguer uma torre dos adeptos simples no centro da cidade.

    Com essa torre de guerra como fortaleza defensiva, conseguiram resistir aos ataques, mesmo estando em menor número de Quarto Grau.

    As bestas vodu e criaturas mágicas de Quarto Grau invocadas pelas bruxas mantinham os orcs afastados dos portões, enquanto os feitiços aterradores lançados em uníssono por diversas bruxas de alto nível devastavam as fileiras inimigas.

    Num campo de batalha desse tipo — onde os de Quarto Grau decidiam o desfecho —, os de Primeiro Grau não passavam de bucha de canhão.

    Somente os de Segundo Grau ou acima podiam ser considerados soldados.

    E, mesmo assim, um Terceiro Grau poderia ser morto em segundos se cruzasse o caminho de um Quarto Grau.

    Enquanto o combate rugia nas linhas de frente, Greem e seus subordinados, que descansavam silenciosamente em seu casarão, receberam finalmente a notícia da retirada.

    Quem os notificou foi uma Banshee do Ódio, de aparência sedutora e corpo translúcido — sinal de que possuía poder acima do de Greem.

    Mesmo sendo uma criatura de Terceiro Grau, ela ainda era uma serva das bruxas e, por isso, curvou-se diante de Alice e de Greem, a líder de clã.

    “Srta. Alice, Lorde Greem, o portal está pronto. Vocês podem partir agora!”

    O primeiro a comemorar a notícia foi o Dragão Trovejante Arms, de Terceiro Grau.

    “Isso é maravilhoso! Vamos logo, não quero ficar aqui nem mais um segundo… é aterrorizante demais!”

    Como dragão, Arms percebia com muito mais clareza a realidade oculta por trás das cortinas do mundo do que Greem podia compreender.

    Somente o choque entre as leis do plano no centro da cidade já bastava para fazê-lo tremer.
    E agora, com tantos orcs de Quarto Grau cercando a cidade, o ar estava saturado de intenção assassina. O coração de Arms batia em descompasso, incapaz de se acalmar.

    Se não fosse pelo bloqueio de teletransporte imposto pelas bruxas ao redor da Cidade Água Murcha, ele certamente já teria fugido do plano.

    Greem, por sua vez, tinha uma compreensão muito mais rasa das leis — inferior até mesmo à de Alice.

    Enquanto ela suportava os choques de energia das leis com o rosto pálido, Greem sentia-se como uma formiga sobre um formigueiro: cercado por forças que mal conseguia compreender.

    O mundo diante de seus olhos era estranho, impossível. Tudo o que via e ouvia parecia escapar à razão.

    Por mais que tentasse observar, ouvir ou sentir, era como se estivesse preso dentro de uma redoma de vidro, incapaz de compreender aquilo com o que entrava em contato.

    Leis… o poder das leis.

    Qual era sua verdadeira natureza?

    De onde vinha sua força?

    Como podiam envolver todas as coisas do mundo em uma teia invisível e ordenada — e, ainda assim, manter essas mesmas criaturas ignorantes de sua existência, submissas a ela?

    Apesar de todos os anos de batalhas e conquistas, Greem ainda carecia de uma compreensão profunda sobre as leis do plano.

    Qualquer forma de poder, quando levada ao limite, podia se transformar em uma lei variante — e eram essas leis que formavam as armas mais poderosas dos adeptos.

    Guiado pela banshee, Greem reuniu todos os Adeptos Carmesins e o vasto exército de máquinas mágicas, marchando em direção à praça no canto sudeste da cidade.

    No centro da praça, uma porta de luz com vinte metros de altura e dez metros de largura já havia sido aberta, irradiando poderosas ondas de energia espacial.

    Em outro canto, as forças de bruxas de outras facções aguardavam em silêncio a ordem para recuar.

    Na verdade, sua presença ali servia apenas para garantir que as Bruxas da Morte concluíssem o ritual sem interferências — afinal, não havia razão para que os outros grupos sacrificassem suas elites em um campo de batalha tão brutal e insano.

    A essa altura da guerra, o conflito já havia ultrapassado o âmbito mortal: era uma luta de aniquilação pura, onde cada golpe visava à destruição total.

    Qualquer ser abaixo do Terceiro Grau era mero sacrifício — até mesmo um Terceiro Grau podia morrer em questão de segundos.

    Cumprida sua parte como aliadas, as demais facções tinham apenas uma escolha sensata: retirar-se o quanto antes.

    O céu carmesim sobre a Cidade Água Murcha parecia o próprio firmamento sangrando. Aquela coloração lúgubre projetava uma sombra no coração de todos que a contemplavam.

    Um estrondo ensurdecedor ecoou ao sul da cidade, fazendo o chão tremer. Uma imensa corrente de relâmpago cruzou o firmamento, iluminando metade do horizonte e fazendo a barreira elemental sobre a cidade oscilar violentamente.

    A torre de guerra erguida no centro da cidade liberava um colossal feixe de luz mágica, sustentando o escudo protetor.

    De tempos em tempos, ondas de energia mágica varriam os campos além das muralhas.

    As torres e as camadas de barreiras elementais impediam que se visse o combate diretamente, mas os rugidos e gritos de guerra que ecoavam ao longe denunciavam que o confronto havia chegado ao auge.

    O portal estava aberto — e, um a um, os destacamentos de bruxas começaram a se reunir e retornar ordenadamente ao Mundo Adepto.

    Greem, de pé junto à passagem, observava o campo de batalha distante enquanto supervisionava as máquinas mágicas atravessando a porta de luz.

    Aquele não era o seu campo de batalha — nem um conflito no qual pudesse interferir.

    Ainda assim, seu coração batia acelerado, tomado pelo medo e tensão ao sentir as ondas de destruição que colidiam no horizonte.

    Ele havia subestimado profundamente as três grandes organizações de adeptos.

    Ao contrário da força superficial mostrada no continente central, tanto a União Prata quanto as Bruxas do Norte escondiam um poder aterrador sob a superfície — sua aparente modéstia era apenas fachada.

    As Bruxas da Morte, que Greem julgava contar com apenas duas ou três no Quarto Grau, revelavam agora seis presenças desse nível no campo de batalha.

    Um poder oculto capaz de mudar o equilíbrio político do mundo adepto, se reunido em um único plano.

    E se as Bruxas da Morte conseguiam disfarçar tamanha força, quem garantiria que as demais facções também não escondiam monstros semelhantes?

    Excetuando as jovens facções do Destino e do Inverno Eterno, que ainda acumulavam poder, as demais provavelmente eram lobos disfarçados de cordeiros.

    Se as Bruxas do Norte eram tão temíveis, como seria então a União Prata? E a própria Associação dos Adeptos?

    Era evidente que o motivo pelo qual as três grandes potências se equilibravam há dezenas de milênios devia-se à sua força oculta — enquanto cada uma tivesse um Grande Adepto de Nono Grau por trás, nenhuma ousaria dar o primeiro golpe.

    Enquanto Greem se perdia nesses pensamentos, um estrondo colossal ressoou acima dos céus.

    Ele ergueu o olhar, alarmado.

    Rip!!!

    Um som de rasgo no tecido do espaço ecoou, e uma fenda gigantesca abriu-se nos céus da cidade.

    Um cabeça de orc colossal, de expressão grotesca e olhos flamejantes, surgiu através da barreira e rugiu para baixo:

    “Insetos malditos, fiquem aqui e morram!”

    Boom!!!

    O mundo tremeu.

    Até o próprio espaço planar começou a se distorcer.

    As ondas de energia colidiram com duas máquinas mágicas que estavam atravessando o portal.
    O corredor de luz estremeceu violentamente; o espaço foi comprimido e quebrou como vidro, espalhando fragmentos dimensionais que cortaram as máquinas, despedaçando-as em incontáveis peças.

    Mesmo feitas do mais resistente aço arcano, tornaram-se frágeis como tofu diante das ondulações espaciais.

    Nem Greem nem os outros adeptos conseguiram desviar o olhar da cena apavorante.

    Eles ergueram os olhos — e, com horror, viram o titânico orc tentando forçar passagem para dentro do plano.

    A cada puxão, o rasgo espacial se alargava — de cem metros para um quilômetro de extensão.

    Já era possível ver o braço dourado e parte do ombro da criatura.

    “É… é um deus vassalo do Deus-Bestial Aruger… É Garon!”

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