Quando as chamas atingiram a barreira, o coração da garota resolveu dar o ar da graça.

    Palpitou. Descompassado. Dramático. Quase performático.

    — S-senhorita Liora…?

    A voz dela saiu tremida, como se tentasse fazer contato com algo entre um salvador e um cabo de vassoura mágico.

    Ela olhou. Aflita. Umedecendo os lábios, esperando alguma resposta.

    Mas Liora? Continuava impassível. Como quem já tomou chá com a morte e achou o sabor insosso. Nem piscou.

    — Calma, Majim. Se ele não conseguir lidar com essa sombra… aí sim, eu interfiro.

    E soltou. Como quem joga lenha na fogueira só pra ver se pega fogo mesmo.

    A mão pousou no ombro da garota.

    Firme. Serena. Pesada. Tipo uma verdade que você não quer ouvir, mas aceita porque veio de alguém que usaria um tsunami como toalha de rosto.

    — Você é meu braço esquerdo. Não quero impulso. Se ele aguentar o Atzmut do Oran… só eu posso lidar com o que vem depois.

    Majim engoliu em seco.

    E quase engoliu o medo junto.

    — C-certo…

    Não era só obediência. Era fé, medo e uma pitada de “espero que você esteja certa”.

    A situação se desenrolava, mas Liora? Imóvel. Intocável. Tipo uma nota grave que sustenta a sinfonia toda sem chamar atenção.

    Talvez… só talvez… o mundo ainda não tivesse ruído porque ela estava ali. Literalmente sustentando o roteiro com apenas um olhar.

    Mas então…

    Ela mudou.

    Sutil. Quase imperceptível. Mas quem já morreu mil vezes por dentro sabe quando algo vira.

    As mãos foram à cintura.

    O olhar, antes calmo, agora cintilava.

    Não raiva. Desconfiança.

    Do tipo que arranca a verdade só com o silêncio.

    Por que mandar uma sombra justo aqui? Logo no meu distrito? Logo em mim?

    A pergunta queimava. Porque era do tipo que não se fazia de desentendida — se cheira podre, é porque tem cadáver.

    E aquilo?

    Não era podre comum.

    Era denso. Era pesado. Era… planejado.

    Uma jogada?

    Uma guerra?

    Mas quem, em sã consciência, faria uma jogada tão burra assim… tão cedo?

    Foi então que ela sentiu.

    Aquela sensação.

    O clássico.

    O famoso.

    Arrepio da espinha.

    Não precisava de som. Nem aviso. Nem flashbacks. Só virou.

    Devagar.

    Cinemático.

    E os olhos arregalaram no ponto certo da trilha sonora.

    Ela viu.

    Além da muralha.

    — Pelo visto… não veio sozinho!

    — Ahn?

    Majim ainda tentando acompanhar o script.

    — Tem algo lá. Algo grande. E não parece amigo…

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