Capítulo 3: Assassino de Branco, parte 3
Mudança de ponto de vista forçada.
Ele milagrosamente havia escapado com o amigo através dos fundos do prédio.
Após algum tempo de caminhada, roubou uma moto e foi para um prédio gigante no centro da cidade. Subiu ao último andar, este que não possuía nenhum residente além dele, e jogou seu amigo no sofá.
Encarando Doorugami Touma, ele sorriu pensando no corajoso Ventura.
— Heh, dessa vez ele quem terá o protagonismo. Só que… eu até gostaria de deixá-lo tomar a frente desse caso, mas acho melhor eu mesmo fazer isso — murmurou Nathan para si mesmo.
E caminhou para outro cômodo.
Agora estava dentro de seu closet. As paredes e o chão pareciam ser feitos de madeira, ainda que o resto do apartamento não fosse. Haviam cinco armários dispostos nas paredes direita e esquerda — do ponto de vista de quem entra —, e acima de um deles, um menor, havia um notebook.
Ao lado dele, dois celulares flip e um Sungsam Wave — o tipo com teclado retrátil — marcavam sua presença.
— Não é como se eu não confiasse no Edward. Longe disso. É mais porque alguém tem que descobrir a identidade do sequestrador e assassino.
Com certa naturalidade, o garoto pálido dos cabelos bagunçados falava sozinho.
— Mas por onde eu começo? A irmã dele me ligou, e então eu fui lá. Mas não esperei que o cara fosse o assassino dos jornais recentes.
“Maldita Inglaterra… aquele país me fez perder muitas novidades. Preciso me atualizar… mas, como eu já sabia, alguma coisa vai sempre me atrapalhar… como se não bastasse a demora no aeroporto!”
Tendo passado boa parte da manhã na fila do desembarque — por algum motivo que ele e o amigo desconheciam —, ele teve de explicar aos pais de Edward o motivo para terem viajado sem avisá-los. Algo que o tomou a tarde.
Após a tentativa de sequestro e tudo o que se sucedeu anteriormente, Nathan ainda tinha outros assuntos a resolver: responder às mensagens de sua namorada e a sua mãe adotiva, levando embora quarenta minutos.
“Quarenta minutos… o Edward pode estar…!”
Irritado, ligou o pc e os três celulares. Estava exausto, mas não queria perder o amigo.
“A gente quase morreu na Inglaterra, droga! Não vou te deixar morrer, quando mal saímos vivos daquela outra desgraça!”
Mas, contrariando seus instintos, começou a regular a respiração. Cinco minutos se passaram para que conseguisse normalizar seus batimentos cardíacos. Só assim iniciou o trabalho.
ChaosChat
selecione a conta que deseja logar:
Thanna_the_Jager
AcertainStudent44
Devilson_b@k@
644_Rokushiyon
— Qual que era a conta do notebook, mesmo? — Ele rapidamente se lembrou e começou a digitar. — A… certain… Student… quatro, quatro. — Em seguida escreveu a senha e depois deu enter, vendo o monitor exibir uma tela negra.
Nela, havia escrito no topo a seguinte expressão: “ChaosChat/Hide-A-Head/chat.”
Dizem em Dokoka que apenas os degenerados usam aquela “rede social”. Espalhada por entre os mais variados tipos de pessoa como um “chat obscuro que opera sem os olhos da lei”, o ChaosChat era sinônimo de lenda urbana. Tão rodeado de mitos quanto a deepweb.
Não era de se espantar que Yago Dias o usasse. Muito menos que houvesse quatro contas.
A disposição das mensagens começava com o nome do usuário, depois o sinal de “dois pontos” e a mensagem em si.
Um pouco animado, começou a digitar.
Shishi: fala, galera! Acabei de voltar de viagem.
Warui: quem é “Shishi”?
Soundsgood: vai saber. Esse cara é novo?
Shishi: “Shishi”? De quem diabos vocês estão falando?
Aloprado: haha! Muito engraçado! Shishi é um comédia!
Soundsgood: isso não foi nem ferrando, Alo. Tá sendo amigável com os novatos, agora?
Warui: ele acha que pode ser muié, certeza.
Soundsgood: realmente… como esperado do cara que recebeu o Gado Gold.
Shishi: espera… ei, quem mudou o meu nick?! ಠ_ಠ
Ele chutou a parede.
Aloprado: fica cool aí, Student. Eu quem mudei teu nick kkkkkkkkk (👍≖‿‿≖)👍
Shishi: Ah, fala sério! De qualquer forma, só tem vocês online?
Warui: Ah, é o Student. Por que “Shishi”, Aloprado?
Aloprado: É que o “44” do nome dele pode ser lido como “shi-shi”, em japonês. Aí eu pensei que ficaria engraçado, sabe? Xixi kkkkkk (─‿‿─)
Soundsgood: que merda, isso é bem a sua cara. Mas e aí, Student… o que você quer?
Student44: eu queria falar com a Pya.
Warui: Oh, a Pyani… ela tava on lá no chat daquele server de apostas.
Soundsgood: entendi, é isso, então.
Soundsgood is offline.
Warui: ueeeeeeh, a Sounds saiu (ㆆ_ㆆ).
Aloprado: A Sombom-chan não curte ficar on quando a Pya-chi tá, esqueceu? ¯\_( ͡❛ ͜ʖ ͡❛)_/¯
Student44: ou, falando na Pya… ela me mandou um direct.
Warui: vai lá… mas isso é sus, hein!
Aloprado: 【 ͡≖ ͜ʖ ͡≖】eita, eita!
Apertando o botão “esc” e digitando em seguida “oc Pya”, ele deu enter e entrou na troca de mensagens privada com Pyani.
Pyani: O que você queria falar comigo?
Student44: você ficou online assim que a sounds saiu! O que isso significa?!
Pyani: Ah, Student, me poupe. Não me venha com essas suas… teorias.
Student44: foi mal. Influência do Aloprado. Olha, eu queria saber se você tem alguma informação sobre o Assassino de Branco e quanto você cobra por ela.
Alguns minutos se passaram. Enquanto isso, usando os três celulares, Nathan pesquisou notícias, fóruns e vídeos que falavam sobre o homem que tentou sequestrar seu amigo, Doorugami Touma.
“Por que eu tô estressado? Ele tá seguro… o Touma tá capotado no meu sofá… e o Edward dá conta… ou não…”
Ventura estava tão cansado quanto ele.
“Bora, Pyani! O Ed tá em perigo!”
Pyani: Alunos do Instituto Hills coletaram informações dos arquivos de estudantes que já passaram por ali. Eles descobriram alguém com as mesmas leituras mágicas que o… bem, sem termos técnicos, eles deram um jeito de descobrir quem é o tal assassino.
Vendo a nova mensagem, Yago Dias correu para respondê-la.
Student44: conte-me mais!
Pyani: esse tal “assassino de branco” matou os cinco magos que vigiavam Doorugami Touma, o portador de um poder misterioso do qual nem eu consegui obter conhecimento. Esses magos eram chamados de “Observadores”…
Ele engoliu seco.
Pyani: ele deveria se chamar “assassino de magos”, na verdade. Além de possuir um poder “capaz de encurtar distâncias”, é expert em “disparos mágicos”. Isso é só a minha interpretação, mas… ele parece querer o poder de Doorugami Touma. Mesmo que ninguém saiba o motivo… muito menos do que se trata esse tal poder. Ah, uma curiosidade… o assassino de alguma maneira sugava a energia mágica, o mana desses magos.
Student44: e… qual era o nível desses magos?
Pyani: mestres. Eles eram mestres em combate mágico. Por que?
Student44: eles são mais fortes que os paranormais de ranque S, né?
Pyani: não tem nem comparação. Eles parecem ser o predador natural de paranormais como você e eu. Raposas para nós, os coelhos.
“Oh, não… não… não, não, não, não…”
Ele respondeu que a pagaria no dia seguinte. Sacando um dos flip-flips, ligou para o amigo.
— Atende… atende… atende, droga! Atende!
Tentou duas, três, sete vezes. Mas nada aconteceu. Com os olhos arregalados, Yago Dias caiu de joelhos.
— Tarde… demais?
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