Capítulo 12: O Rei Elfo discursa.
— Os humanos são a única imperfeição que Deus criou!
No alto de uma colina, havia um maldito homem alto e loiro segurando uma espada muito parecida com uma katana. Ele vestia uma armadura metálica com uma capa azul presa nos ombros.
Seus olhos olhos eram quase que fechados e suas pupilas eram minúsculas — porém, naquele olhar havia o brilho de uma alma sedenta de desejo. Um desejo certamente cruel e desumano.
Suas orelhas eram pontudas, assim como os milhares de jovens que se reuniam em multidões no horizonte à frente da colina. Todos trajavam a mesma armadura do rei, ou melhor, o Hiua.
— Os descendentes de Mica, filho do primeiro homem e da primeira mulher, que matou seu irmão mais novo por inveja! Aquele cujo solo ele desejar plantar será infértil… assim que puser as mãos!
E as massas urravam ao ouvir isso.
Erguendo a katana e a movendo horizontalmente, como se quisesse que seus soldados a vissem, ele continuou: — Serão vocês aqueles que expurgarão a imperfeição de Deus?!
— Sim! — gritaram em conjunto.
— Pois o façam com todo o coração! — Na mão livre, ele segurava uma espécie de caixinha negra. Aquilo amplificava sua voz, como um microfone. — Pois eles não só se multiplicaram por entre os nossos, gerando o que chamam de miscigenação, como também trouxeram povos de outras raças para sujarem ainda mais os nossos genes!!
Shim!, e fincou a espada no chão, pondo o seu pé direito sobre o cabo.
— E esses bastardos… eles criaram a cáfila de salteadores que chamam de Parlamento! Tiraram o poder da família real… de mim… de nós, descendentes do primeiro homem! Aquela sorte de bastardos que se dizem ser eleitos pelo povo! Nossa derrota contra o Reino de Ihsuto se deve ao governo desses eleitos pelo diabo, esses frouxos, que não ensinam o rigor militar… mas todo esse conjunto de ideais hipócritas que chamam de ética! Que não impõem o respeito que nós, erianos, merecemos… porque criaram os Direitos Universais dos Seres Conscientes!
Aquele homem, Takatsukasa Kurono, desejava fazer o Reino Unido de Wehsuto voltar a ser Erian — o antigo império que, rezam as lendas, era formado pelos descendentes do primeiro casal de erianos, semelhantes a Adão e Eva.
A multidão era formada por jovens erianos, muito próximos do que se pode chamar de “elfos”.
— Com esses “direitos”, eles nos tornam iguais! Nos misturaram ao chorume! Entendem, meus jovens?! Entendem que esses bastardos nos puseram em pé de igualdade?! Vocês querem isso?!
— Não! — urraram.
— Então, com essas suas espadas… — dizendo isso, tirou os pés do cabo e puxou a sua. — Vamos purificar o nosso mundo de toda essa poluição miscigenada! Derramem o sangue dos renegados de Deus! E…!
Ele ergueu a katana aos céus, como se mirasse o que estava acima das nuvens — seu olhar para ali se voltou, e os jovens o vendo de baixo para cima, sentiram sua aparente grandiosidade.
— Façam esta terra novamente ser chamada de Erian!
— Erian! Erian! Erian!
O som de berros e metal colidindo com metal podia ser ouvido naquele lugar, onde a grama era verde e as garotas, bonitas. Enquanto isso, eu, Eduardo Ventura…
ㅡㅡㅡ
— Toma essa, filho da puta! Morre! Morre, morre!
…Pulei para cima do homem de vestes brancas ao lado do Hiua.
— Mas o quê…?! — Meu punho cortou sua fala.
Suas íris, cabelos, pele, cílios, sobrancelhas… tudo nele era branco. Mas a sua alma era hedionda e parecia sugar a energia negativa do ambiente onde estivesse, como um buraco negro.
Sim, eu enfim estava socando a cara do Sasaki Yuuta! Meu punho se pintou com o líquido vermelho que dele saiu.
“Que felicidade!!”
Minha risada ecoava pelo lugar. Demorou para que os outros regissem — heh! Acho que os deixei em choque.
— Toma essa! — Soquei bem no meu do nariz. — E é essa! — Foi a vez da boca. Depois disso, nem mais me importei em qual região acertar. Era satisfatório fazer sangue sair dele. Não me sinto nenhum pouco culpado pelo que fiz.
Eu estava na primeira fileira de idiotas que ouviriam o discurso. Foi a primeira vez que gostei de ficar na frente de uma multidão. Mas isso só aconteceu porque o vi ontem a noite, ou seja, em quatro meses, é a primeira vez que ficar acordado até tarde foi produtivo.
O rei, Hiua, sei lá como chama esse maldito, gritou para Kiringo Kazuhito e suas subordinadas:
— Tirem esse fedelho burro daqui!
Alguém protestou dizendo “mas ele é o herói que invocamos!”.
— E eu lhe perguntei alguma coisa?! Isso é uma ordem!
As cinco assentiram. Eu alternava minha atenção entre o Sasaki e o grupo de soldadas. Mas, no fim…
Bam!, algo acertou minha costela. De relance, vi que minha ex-namorada me atingiu com uma voadora em meu coração — digo, ah, esquece.
— Kazu…!
Mas ela se negou a me ouvir.
— Eu me recuso a usar meus punhos contra ti! — ela disse. Mas… por que tive a impressão de que ela estava triste? — Todas! Chutem-no como se o odiassem desde as vidas passadas!
— Sim, senhora! — responderam.
Eu estava longe do maldito. Merda, era só usar alguma arma e a vida daquele desgraçado teria sido ceifada! Que merda! Perdi a chance!
Elas me jogaram para um pouco mais longe. E nos curtos intervalos de consciência, pude vê-lo desaparecer em um portal, ainda deitado na grama onde o espanquei.
“Que merda…!”
Aquelas idiotas me chutaram tanto que pensei que o céu chovia pedras em mim.
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