Capítulo 18: Aposta.
Nayu, a espada da lâmina gigante, ria de felicidade enquanto transpassava a região acima do umbigo de Kurone.
— Mal… dito — disse ele.
— Nada pessoal — falei enquanto fitava seus olhos de safiras. — Mas eu preciso te matar.
Ele deve ter ficado surpreso por eu ter saído ileso das rajadas elétricas dele e de suas ilusões. Bom, se ele fosse a Misaka Mikoto, talvez fosse diferente.
Me senti decepcionado, pra ser sincero. Aquilo era o Rei Elfo? É sério que eu usei as Ervas de Riocalu pra enfrentar um velho que mal conseguia manter seu fluxo de mana constante? Alguma coisa tinha que estar errada.
— Finalmente! Matamos o Rei Demônio! — exclamava Nayu. — Eu te odeio, mas obrigado, Ed! Muito obrigado, imbecil!
Mesmo após um feito como esse, ela ainda me via como um “imbecil”. Só pude ficar triste, no entanto. Era até compreensível. Afinal, eu precisava de drogas para poder usá-la.
Precisava beirar a overdose para conseguir manifestar o Rebelde Carmesim. Ele me disse que ficava incomodado por esse motivo, mas como não havia nada que eu pudesse fazer, aceitava.
Algum dia eu teria de me desculpar com ele por isso. Mas aquele não era o momento. Sim, a batalha não havia acabado.
Perfurando três corações de três Irmãs diferentes, usando a rapieira, e decapitando um recruta com a katana, uma japonesa de longos cabelos negros caminhava em minha direção.
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Eu estava no centro do lago da caverna. Ela serenamente entrou na água e fincou a rapieira — talvez o orgulho samurai havia nela despertado. Mas isso era só uma suposição minha.
Irmãs Reais e Bastardas Ingratas se enfrentavam em duelos de lâminas mortais. Garotos, todos da minha idade ou abaixo disso, enfrentavam de mãos nuas alguns reptilianos.
Ragon, o suposto Rei Demônio, enfrentava Rushia, a Deusa Irmã Real — a mulher que seria o receptáculo de Takatsukasa Kurono, o homem que eu matei e que havia mergulhado naquele lado.
Em meio a tudo isso, lá estava eu, erguendo minha espada de lâmina gigante para a minha ex-namorada.
— Que traidor mais espertinho — Um canto de sua boca simulou um sorriso. — Me disse que diria o seu nome quando fosse o momento certo. Eu não quero te enviar pro inferno antes disso.
Tocando Nayu, esta que tremeu em minhas mãos, aproximou a ponta ao pescoço.
— Anda — insistiu —, não é como se eu fosse descer ao inferno só pra te ouvir falar.
Seus olhos brilhavam como a katana em sua mão esquerda. Aquele sorriso que mostrava os caninos era, para além de intimidador, belo. Mortalmente belo.
“Se acalme, ela é minha inimiga.”
— Vai mesmo lutar contra ela?
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“Quieta”, falei para a lâmina idiota.
— Imbecil.
O sangue fervia em minha cabeça. Ela tava me pirando o cabeção.
— Eduardo.
Aqueles olhos, antes cerrados, levantaram um pouco.
— Ventura. Eduardo Ventura — falei compassadamente. Havia raiva em minhas palavras. — Agora cala essa boca.
Nayu foi envolvida por uma energia tão vermelha que parecia sangue em forma gasosa. Eram as chamas da minha alma!
Como se tivesse encostado em uma panela no fogo, Kazuhito rapidamente soltou minha espada.
— Ervas Riocalu… — Havia pena em seu olhar. Aquilo me irritou muito. — Estou sempre te fazendo passar por coisas ruins.
Ela se lembrava de mim. Ela sabia quem era Eduardo Ventura. Em condições normais, eu estaria feliz. Aquilo merecia uma comemoração demorada e alguns beijos.
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Mas as ervas traziam a tona o pior de mim.
— Graças a você, maldita — Fiz as chamas queimarem mais intensamente. — Graças a você me tornei um viciado.
Todos os dias eu tinha de fumar um cigarro de Riocalu. Sem isso, ficava perturbado. Não conseguia dormir e nem comer. Virei um dependente químico no outro mundo!
— O PROERD teria vergonha de mim — murmurei em um quase rosnado.
— Se já não tem — brincou ela. Quer jogar fogo na gasolina, mesmo?!
Mas era como se ela não quisesse lutar. A pena que ela sentia por mim era explícita. Explícita de tal forma parecia estar me zombando.
Irracionalmente, senti que deveria largar Nayu e ir esganá-la. Aquele ódio era tanto que qualquer pensamento seria cessado assim que começasse. Não, eu tinha desligado a capacidade de refletir.
A mão direita soltou o cabo. Faltava pouco. Agora era só soltar a esquerda, e eu estava entregue aos meus sentimentos coléricos.
Porém…
— Imbecil.
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A voz daquela arma me esvaziou a mente.
— Ótimo. Não perca a cabeça. Faça o que que quiser, só não deixe a maré te levar, imbecil!
Obrigado pela referência ao Charlie Brown Jr. Por causa dela, pude retomar a compostura.
— Eduardo Ventura… — Ela disse meu nome. Kiringo Kazuhito estava sorrindo, mas franziu a testa. — O homem que dizia me amar. E você me diz ser ele. Por que não estou surpresa?
— Nunca fui bom em atuar — confessei. — E, pra ser sincero… não.
— Não… não o quê?
Algo se iluminou em meu subconsciente.
— Se você me desarmar… — Forcei minha mente a se manter racional. — Pode me matar.
Era uma aposta. Estávamos no mesmo nível de poder, em teoria. Cinquenta porcento de chance pra cada. Vencia aquele com mais sorte.
— E se você vencer? — indagou ela em tom de deboche.
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— Daqui a cinco anos, teremos dois filhos.
Sua boca se abriu. Mas eu não estava brincando, então logo voltou a me olhar com seu instinto assassino.
— Fechado… então. Não se arrependa! — disse Kazuhito.
Não sei o porquê, mas tive a impressão de que as bochechas dela enrusbeceram.
A água explodiu para o alto, e a colisão de nossas armas ressoou pela caverna.
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