Capitulo 117: Mestiçagem
A elfa mais velha, (assumiu que ela fosse mais velha devido a aparência) parou ao lado da jovem e não se dignou a olhar para o monstro responsável por provocar aquele momento incômodo.
Ela trajava as vestes de uma nobre, um vestido de tecido branco e quase transparente aberto pelos lados, mas em vez de permitir uma visão se suas pernas, deixava a mostra suas calças de couro e botas longas.
Era alta, duas cabeças mais altas do que o monstro e também maior do que os seus companheiros ainda sentados. Seus olhos azuis pouca gentileza tinham, apenas cansaço e certo desprezo ao Hobgoblin pouco disfarçado.
Seus cabelos loiros escuro estavam amarrados em uma única trança caindo por suas costas, apenas uma mecha rebelde descendo sobre seu rosto pelo lado direito. O Hobgoblin voltou sua atenção para partes mais interessantes e se decepcionou, ela tinha um busto pequeno e quadris finos.
Os elfos em geral pareciam todos delicados até aquele momento e o monstro não entendia como criaturas tão pouco atrativas eram sinônimo de beleza.
— Minha pr… sobrinha, não devemos chamar atenção para nós. — ela falou agachada na altura dos ouvidos da pequena — E nem incomodar os outros.
— Está tudo bem, crianças agirão como crianças, não há o que se esperar. — “ele” se envolveu dando o que deveria ser seu sorriso mais amigável.
A tia da garota se virou rapidamente, incrédula com os lábios contorcidos. O nojo era claro e era óbvio como ela não esperava ter aquele ser em sua aparente opinião, repulsivo, falando em sua presença.
— Não me dirija às palavras, mestiço imundo.
Isso explicou muito ao Hobgoblin, os sussurros, olhares e o questionamento infantil sobre seu “tipo”. Eles genuinamente acreditavam que o que antes foi um goblin, era uma verdadeiro elfo ou ao menos a descendência miscigenada de um.
Pela segunda vez, mordeu seus lábios para segurar uma gargalhada prazerosa e para as duas pareceu que continha sua raiva pela ofensa dita. Uma com a qual a jovem parecia discordar.
— Tia! Isso foi simplesmente rude, ela, digo, ele é um elfo como qualquer um de nós.
Não tinha como, ele ia acabar rindo em algum momento se continuasse daquela forma. Havia boas razões para querer evitar esse cenário, mas o principal é que suas costelas não podiam aguentar o esforço necessário.
— Há algum problema? — a voz da Bruxa soou atrás dele — Meu irmão provocou vocês de alguma forma.
— A presença dele é uma provocação. — respondeu a mais velha.
— Tia! Sinto muito por ela, não vai acontecer de novo. — agora era a mais jovem quem desejava encerrar a interação.
Com o rosto queimando de vergonha, ela agarrou a mais velha pelos braços e a arrastou até a mesa deles. O caminho inteiro com o rosto abaixado em vergonha, principalmente por terem chamado a atenção de todos os clientes.
Ignorando-os, a réptil ajudou seu companheiro a se levantar e com dificuldade o guiou pelas escadas até o primeiro andar onde o levou até um quarto com duas camas e um criado-mudo pequeno entre elas.
A mulher o deitou colocando um dos travesseiros sob seu pescoço e o outro abaixo das suas costas. Foi com essa segurança que ele se permitiu ter alguma diversão e riu.
— Há, hahahaha, isso foi hilário e eu não sou de gargalhar tão abertamente.
— De fato, para as duas coisas. Elfo? Pfff, um dia ainda precisamos descobrir o porquê de você parecer assim.
— Uma visão exótica, esses elfos, mas não tão atraentes quanto seus livros fazem parecer.
— Pra você que gosta de algo com aparência mais fértil, talvez. — disse a mulher caminhando até um janela — Mas acredite, eles são bem apreciados no restante do continente.
— E racistas.
— Oh sim, quase todos os mais velhos são. — ela explicou dando abertura para o vento entrar. — Com velhos, quero dizer aqueles com mais de trezentos anos. As novas gerações parecem dar cada vez menos importância a sua estirpe, como você disse. Se torna cada vez mais comum ver elfos viajando, mas nunca em um lugar tão remoto.
— Eu consigo com facilidade imaginar as razões para tal.
— Essa pequena busca não deve ter obtido resultados e com um novo destacamento sendo enviado, só posso presumir que estão todos mortos.
— É provável que nunca chegaram a encontrar sua garota.
— Estariam mortos de qualquer forma — ela respondeu observando a paisagem — A diferença é que tendo encontrado, eles continuariam trabalhando mesmo após morrerem. Bom, não importa para nós.
A Bruxa do Pântano fechou a janela e se afastou indo em direção a porta, parando brevemente para olhar o Monstro deitado e seguir seu caminho.
— A taberneira vai conseguir alguém que venda um cavalo para nós, descanse enquanto isso porque partiremos com o cair da noite.
A Bruxa bateu a porta sem muito cuidado e o abandonou só com suas dores, onde se perdeu em sua fadiga. Quando acordou, a noite já havia caído sobre a cidade. O cheiro de carne assada chamou sua atenção e provocou seu estômago. A mulher estava sentada na segunda cama, seu garfo revirando um velho prato de madeira com uma porção de arroz e carne.
Seu olhar reptiliano se voltou para ele quando se sentiu observada. Cutucou um grande pedaço de carne de porco com o garfo e enfiou na boca dele de forma indelicada.
— Já estava na hora, vamos partir imediatame n te.
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