Capítulo 1169 - Demônios: Ativação
『 Tradutor: Crimson 』
Kessa, Doranjan e Erkigal se viraram em uníssono. Sem hesitar, agarraram os outros e fugiram correndo do campo de batalha.
“Não!! Souta!!” O grito de Alice rasgou o caos enquanto Kessa a arrastava de volta.
“É uma ordem!” A voz de Kessa falhou com a urgência, mas seu aperto nunca afrouxou.
Atrás deles, o mundo explodiu em fúria. A fumaça se espalhava pelo ar em ondas densas e turbulentas enquanto o trio se movia a toda velocidade, seus corpos cortando a névoa como raios de luz.
Cada passo parecia mais pesado que o anterior. O próprio ar parecia lamentar. Todos sabiam — os inimigos, desta vez, eram algo que jamais poderiam enfrentar. Tudo o que podiam fazer era observar a explosão distante desaparecer no horizonte, transformando-se num borrão de destruição.
…
No epicentro daquela devastação, reinava o silêncio.
O líquido escuro que antes inundava o solo agora se tornava mais rarefeito, evaporando no ar como uma névoa que se dissipa.
Lá no alto, dez demônios pairavam no céu esfumaçado, observando o pouco que restava.
Apenas uma mão.
Tudo o resto havia sido apagado.
“O Monstro Relâmpago de Sangue está morto…” Murmurou um deles, com incredulidade na voz.
Espalhados pela cratera queimada, havia artefatos, brilhando fracamente sob a luz tênue. Os demônios trocaram olhares cúmplices. Aqueles artefatos haviam sobrevivido a um golpe de um demônio no Reino da Liberdade — prova de seu imenso valor.
“O Monstro Relâmpago de Sangue era bem rico”, zombou um deles e disse: “Olha só todos esses artefatos.”
Então — movimento.
Uma leve contração.
A mão decepada convulsionou, os dedos se curvaram, a carne borbulhou e se esticou. Veias saltaram para fora, tendões se enrolaram como fios vivos.
“O que-?”
Em meros segundos, o ar ondulou com um som nauseante de regeneração. A carne se expandiu, os ossos se formaram, o sangue jorrou — e um novo corpo surgiu diante deles.
O Monstro Relâmpago de Sangue havia retornado.
Os demônios encaravam, com os rostos pálidos.
Aquela regeneração… era insano.
Souta girou os ombros e estalou o pescoço, os olhos frios e penetrantes. Sangue escorria do ar ao seu redor, serpenteando sobre sua pele antes de se solidificar em uma armadura carmesim.
Os artefatos tremeram, ergueram-se do chão e flutuaram em sua direção; um a um, eles se acomodaram sobre seu corpo.
O Monstro Relâmpago de Sangue estava inteiro novamente.
E desta vez, sua intenção assassina ardia com mais intensidade do que nunca.
Os dez demônios no Reino da Liberdade o encararam, atônitos. Essa regeneração havia superado todas as suas expectativas.
“Parece imortal…” Suspirou um deles.
“Essa… esse tipo de habilidade não deveria pertencer a um mortal”, disse outro, com a voz embargada pela incredulidade.
“Ele está em Imperium, não em algum sub-mundo onde se pode brincar com as leis do universo”, acrescentou um terceiro, estreitando os olhos.
Seus sussurros pairavam na fumaça. O ataque de momentos atrás havia destruído o coração e o cérebro do Monstro Relâmpago de Sangue — ferimentos fatais em qualquer circunstância. Mesmo assim, ele se reconstruiu. Eles sabiam da existência de raças capazes de regeneração, mas o Monstro Relâmpago de Sangue não tinha nenhuma ligação com elas. Nada explicava isso.
–Swoosh.
Souta ergueu a cabeça. Seu olhar percorreu os dez demônios suspensos acima da cratera. Silenciosos. Frios. Absolutos.
‘Quais são seus planos, Souta? Isso é ruim — há dez demônios no Reino da Liberdade!’ A voz de Saya soou em sua mente, urgente e frágil.
A resposta de Souta foi como uma navalha no ar.
“Vai ser um massacre.”
Quando ele falou, uma intenção assassina emanava de suas palavras como nuvens de tempestade — densas, palpáveis e prestes a explodir.
“Vou matar todos eles.”
Esses demônios massacraram seu povo — cidadãos inocentes que sequer levantaram uma arma contra eles. Os que foram evacuados antes eram, em sua maioria, pessoas comuns, impotentes e aterrorizadas.
O olhar de Souta escureceu.
“Que demônios cruéis…” Sua voz era baixa, tremendo de raiva enquanto dizia: “Então eu vou mostrar a vocês o quão cruel eu posso ser.”
O ar tremeu.
Um estrondo ensurdecedor irrompeu quando a energia percorreu seu corpo, fazendo o chão tremer sob seus pés. O som estalou como o próprio céu se abrindo — e então, tão repentinamente quanto surgiu, silêncio.
Naquele instante congelado, inúmeras colunas de energia irromperam da terra, elevando-se e perfurando os céus.
Uma onda de choque se propagou, curvando a luz e o ar.
O corpo de Souta se transformou naquela tempestade de poder. Sua forma se tornou indistinta — sobreposta — como dois seres se fundindo em um só. Seus cabelos escureceram para um preto profundo, enquanto sua pele assumiu uma tonalidade mais humana. Uma nova vestimenta se formou sobre ele, sobreposta aos restos da antiga, ambas coexistindo em uma harmonia impossível.
Sua energia irrompeu mais uma vez, mais densa, mais intensa — porém ainda controlada. Não superava o poder avassalador dos demônios, mas carregava uma força aterradora que fazia até mesmo os seres do Reino da Liberdade hesitar.
Tudo aconteceu num piscar de olhos.
“O que… o que é isso?!” Um dos demônios gaguejou, com a voz embargada enquanto encarava o monstro que se transformava à sua frente.
“Isso me dá uma sensação estranha”, murmurou um dos demônios, estreitando os olhos.
Outro zombou.
“Você ficou mais forte, Monstro Relâmpago de Sangue… mas ainda não é o suficiente para nos impedir de levar a princesa!”
Suas vozes ecoaram como trovões quando os dez liberaram todo o seu poder. O céu tremeu. Uma energia esmagadora caiu sobre Souta, a pressão descomunal distorcendo o espaço ao seu redor.
Um deles — o mesmo demônio no Reino da Liberdade que havia atacado antes — deu um passo à frente, sua presença cortando o ar como uma lâmina. Ele ergueu a mão, energia girando violentamente ao redor de seu braço.
“Dessa vez, morra de verdade!”
Ele cerrou o punho e o desferiu um golpe para baixo com uma força monstruosa.
–Swoosh!!
Antes do golpe atingir o alvo, os olhos de Souta piscaram. Sua interface brilhou fracamente diante dele — dados e símbolos fluindo por sua visão. Ele havia ativado [Carta Blood], canalizando cada grama de potencial que seu personagem um dia possuíra. Por aquele momento, ele estava completo.
Sua cabeça inclinou-se para cima, os olhos fixos na torrente de líquido negro que descia.
Ele apertou ainda mais o cabo da Espada Vajra. Um poder puro e furioso irrompeu de seu âmago, amplificado várias vezes por sua Carta Blood.
–Swoosh!!
Num único movimento fluido, Souta brandiu sua espada.
O golpe rasgou o ar com um som como aço sendo partido, cortando o líquido negro em dois. A onda de choque do seu ataque não parou por aí — ela subiu, dividindo nuvens e avançando diretamente em direção aos dez demônios do Reino da Liberdade.
Os dez demônios arregalaram os olhos em descrença. Por uma fração de segundo, foram pegos de surpresa, mas suas reações foram extremamente rápidas.
Num piscar de olhos, o demônio líder — que havia lançado o primeiro ataque — ergueu a mão. Um torrente de líquido negro jorrou, contorcendo-se violentamente antes de se solidificar em inúmeras camadas de barreiras defensivas.
Então-
–BOOM!!!
No instante em que o golpe de Souta colidiu, o mundo explodiu em luz e fúria. Ondas de choque rasgaram o ar, despedaçando a paisagem e lançando pedaços de destroços em todas as direções.
A energia violenta rasgou o campo de batalha. Demônios abaixo do Reino da Liberdade foram arremessados a centenas de metros de distância, seus gritos abafados pelo rugido da destruição.
Quando a poeira começou a baixar, Souta pairava em meio ao caos, com os olhos ardendo em vermelho.
“Filhos da puta nojentos”, disse ele, com a voz fria e cortante como uma lâmina, antes de finalizar: “Hoje só um sairá vivo dessa batalha.”
Ao seu redor, artefatos surgiram cintilantes — dezenas deles — cada um irradiando imenso poder enquanto orbitavam seu corpo como uma constelação de armas.
‘Que poder é esse, Souta?!’ A voz de Saya ecoou em sua mente, repleta de choque e descrença. Ela estivera ao seu lado em inúmeras batalhas, mas isso… isso estava além de sua compreensão. Era difícil imaginar um mero monstro do Quarto Estágio exercendo uma força tão avassaladora.
O chão tremeu. A floresta ao redor estremeceu e se partiu quando uma energia bruta emanou do corpo de Souta, varrendo o campo de batalha como uma tempestade divina.
Os demônios congelaram. Por um instante, cada um deles sentiu uma mão invisível se fechar em torno de seus corações. Até mesmo os dez demônios no Reino da Liberdade — seres que governavam mundos — a sentiram.
Uma vaga e primitiva sensação de perigo.
Algo que nenhuma criatura no Quarto Estágio jamais deveria inspirar.
…
–BOOM!!
Toda a Floresta Involin entrou em convulsão.
A terra estremeceu e estalou como se o próprio solo estivesse prestes a desabar. Uma tempestade de energia irrompeu das profundezas da floresta — cada pulso pulsando com uma malícia tão densa que distorcia o ar e deformava a luz.
Uma após a outra, auras poderosas irromperam como vulcões, sua pressão reverberando pela terra.
Muito além da orla da floresta.
Alice, Kessa e as outras haviam se dispersado no caos anterior, fugindo em direções diferentes. Agora, todas pararam, seus olhares instintivamente voltando-se para a origem das explosões.
“O que está acontecendo?!” gritou alguém, com a voz trêmula.
Do lugar onde estavam, podiam ver claramente: inúmeras colunas de energia rasgando a copa das árvores, perfurando o próprio céu. Cada uma delas irradiava um poder esmagador que lhes causava arrepios.
Eztein cerrou os punhos, os olhos semicerrados.
“Será que nosso chefe… ainda tem cartas na manga?”, murmurou entre dentes.
Ele sabia exatamente o que estavam enfrentando: seres no Reino da Liberdade. O ápice do poder mortal. Sua força era tão absoluta que somente os próprios deuses se erguiam acima deles.
O Reino da Décima Algema — seres capazes de remodelar terras apenas com a sua vontade.
Alice prendeu a respiração enquanto encarava a floresta, com o coração acelerado.
“Souta…” Ela sussurrou, os olhos brilhando com medo e determinação.
Sua voz quase se perdeu no estrondo da destruição, mas ainda assim — em algum lugar no fundo daquela floresta — ela esperava que ele pudesse ouvi-la.

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