Capítulo 1177 - Demônios: Tarde Demais
『 Tradutor: Crimson 』
A única onda de energia liberada pela autoridade aniquilou a maioria dos demônios. Essa explosão carregava o poder da Carta Blood, fundido com uma autoridade tão avassaladora que praticamente destruiu tudo. Todos os demônios sem força suficiente foram evaporados num instante.
Souta sentia uma enorme tensão em seu corpo. Ele sabia que o poder da autoridade era tão forte que poderia matá-lo instantaneamente. Se o sistema não o tivesse contido no passado, ele teria morrido naquele instante. Por isso, o nível mínimo exigido era 80, e nesse nível, ele não morreria instantaneamente. Se quisesse usar esse poder como os outros usam os seus, precisaria se tornar equivalente a um deus.
Não havia tempo para pensar nas consequências.
Souta lançou-se no caos, cada grama de sua força impulsionando-o para a frente. Sua intenção assassina irrompeu como uma tempestade, fundindo-se com seu poder até que o próprio ar tremesse sob o peso de sua fúria.
Ele se chocou frontalmente com os demônios.
–Boom!
O impacto os lançou a centenas de metros de distância, seus corpos se contorcendo e se despedaçando sob a força avassaladora do ataque.
Mas Souta não parou.
Ele se movia como uma tempestade carmesim, atravessando a fortaleza com uma velocidade aterradora, cada passo o aproximando do paradeiro de Alice.
Atrás dele, os sobreviventes tossiam sangue, com os olhos arregalados em descrença.
“Como… isso é possível?!”
“Ele está mais forte… de novo?!”
O desespero se espalhou por seus rostos. Cada vez que enfrentavam esse monstro, ele transcendia o anterior. Nem mesmo suas formações ou runas sagradas conseguiam contê-lo.
Eles se levantaram num pulo assim que Souta passou, com fúria e desespero ardendo em seus olhos.
–Swoosh!! Swoosh!!
Eles rasgaram o ar em perseguição, mas Souta já estava muito à frente.
“ALICE!!”
Sua voz trovejou pela fortaleza. Seu coração batia como um tambor de guerra, cada batida o impulsionando mais rápido. Relâmpagos de sangue percorreram seu corpo, crepitando violentamente enquanto despedaçavam as runas e barreiras que bloqueavam seu caminho.
O ar tremia por onde passava.
Ele matou inúmeros demônios que o atacavam, mas Alice saiu ilesa. Se fosse em outra época, teria percebido.
…
Bem à frente, Alice parou abruptamente. Seus olhos se arregalaram ao ouvir a voz de Souta ecoar pelas ruínas.
Aquela voz, crua, feroz, desesperada, atravessou-lhe o coração.
Ela virou a cabeça, sentindo a torrente de energia se aproximando como uma tempestade furiosa. O poder avassalador que a envolvia fez sua respiração falhar. Ela não entendia como Souta conseguia exercer tamanha força, mas nada disso importava.
Ele veio buscá-la. Era tudo o que ela precisava saber.
“Princesa Alice, você precisa ir agora!” Leimin insistiu, com a voz tensa. Ele podia sentir o perigo iminente se aproximando.
Alice tentou resistir, ficar, mas a força do portal a dominou. Seu corpo deslizou para trás como se o próprio mundo a estivesse arrastando.
“Não…” Seus lábios tremeram. Medo e desejo colidiram em seu peito.
Sua visão ficou turva. O momento se prolongou.
E o tempo pareceu desacelerar.
Uma voz ecoou em sua mente, profunda e ressonante, repleta de uma autoridade terrível.
“Desista… ou todo o Palácio Demoníaco Celestial caçará o Monstro Relâmpago de Sangue até os confins da criação.”
Ela nunca tinha ouvido aquela voz antes, mas sua presença lhe causou arrepios. O peso dela. O poder, a autoridade… era inconfundível. Parecia vir do Pilar Demoníaco.
“Não…” Alice sussurrou, com a voz trêmula enquanto tentava resistir à força que a puxava. Cada fibra do seu ser gritava para resistir, mas a força que a arrastava em direção ao portal era implacável.
“Você pode soltar…”
A voz ecoou novamente, profunda e fria, reverberando em sua mente como o sussurro de um deus.
Então.
–Crack!!
O chão sob seus pés se estilhaçou. Uma onda cegante de energia irrompeu, despedaçando todo o piso.
E em meio àquela tempestade, Souta surgiu.
Ele pairava no ar em meio ao caos e ao fogo, relâmpagos de sangue rugindo ao seu redor como uma tempestade viva. Seus olhos encontraram os dela.
Ele chutou o ar, rasgando o próprio espaço para alcançá-la.
“ALICE!!”
Alice se virou para ele, a respiração presa na garganta quando seus olhares se encontraram em meio ao turbilhão. O mundo desapareceu naquele instante.
“Souta…” Ela sussurrou, com os lábios trêmulos e disse: “Fiquei muito feliz quando você disse que lutaria contra o mundo inteiro por mim.”
Sua mão trêmula estendeu-se em direção a ele.
Ele estendeu a mão, esforçando-se com cada grama de força, cada gota de poder queimando em suas veias.
As pontas dos dedos deles quase se tocaram.
Quase.
Então a luz a engoliu.
“ALICE!!!”
O portal desabou e detonou.
–BOOOOOOM!!
A explosão consumiu tudo. Centenas de andares se desintegraram, pilares se reduziram a cinzas e a fortaleza desmoronou em uma tempestade de energia caótica.
O colapso do espaço devastou a área, destruindo runas, matrizes, tudo.
–Ohm!!
Leimin foi arremessada contra a parede, a turbulência penetrando suas defesas.
–Cough!
Ela se obrigou a levantar, com o corpo tremendo. Poeira, fogo e destroços enchiam o ar.
E então ela o viu.
Souta permaneceu imóvel no epicentro de tudo.
Relâmpagos de sangue rodopiavam violentamente ao seu redor, pintando as ruínas de vermelho e branco. Seus olhos estavam arregalados, desfocados, cheios de uma dor mais profunda do que qualquer ferida.
Sua mão ainda estava estendida. Aquela que não conseguira alcançá-la.
Uma única gota de sangue escorreu pelo seu rosto, perdida em meio aos relâmpagos.
Leimin paralisou, com a respiração presa na garganta ao sentir a mudança no ar.
Souta ergueu o olhar.
Os relâmpagos ao seu redor tremeluziam e se apagavam. Sua respiração tremia, pesada e irregular, como se o próprio ar pesasse em seu peito.
Ele chegou tarde demais.
De novo.
Mesmo depois de desbloquear a Autoridade sem se importar com as consequências.
No entanto, ele ainda não havia conseguido a resgatar.
Ele poderia ter destruído toda aquela fortaleza com seu próprio poder, apenas com sangue e fúria. Levaria no máximo meia hora. Ele sabia que, com o tempo, poderia derrotá-los.
Ele não podia suportar perder mais um segundo enquanto ela era levada embora. Foi por isso que se arriscou para desbloquear o Poder Cósmico.
No entanto, ele fracassou.
Seus dedos tremiam enquanto ele cerrava o punho. O gosto de ferro encheu sua boca.
Alice tinha ido embora.
Arrastada de volta para a Terra dos Demônios.
A compreensão o atingiu como uma lâmina que se retorcia em seu peito.
Eles vinham planejando isso desde o início.
Os demônios que espreitam nas sombras, manipulando os fios, infectando mentes.
Eles manipularam a raiva daqueles marcados pela invasão, alimentando seu ódio e os direcionando diretamente para ele.
E enquanto os olhos do mundo estavam voltados para o Monstro Relâmpago de Sangue…
Eles a levaram.
Um zumbido baixo preenchia as ruínas enquanto arcos carmesins de relâmpagos rastejavam pelo chão. O ar vibrava com uma fúria mal contida.
Souta fechou os olhos lentamente.
De repente, uma sombra passou rapidamente ao lado dele.
Leimin apareceu, seu corpo envolto em energia demoníaca, os olhos ardendo de ódio.
“Morra, monstro!!”
Com um rugido, ela brandiu seu sabre. A lâmina uivou pelo ar, cortando o espaço entre eles. Seu poder como especialista no Reino da Liberdade irrompeu, despedaçando os restos do salão destruído. O golpe foi rápido, mais rápido que o pensamento, mirando diretamente na garganta de Souta.
Mas…
Souta simplesmente virou a cabeça.
Seus olhares se encontraram.
–Ohm!!
O som reverberou pela fortaleza.
Leimin ficou paralisada no ar. Seu corpo travou, tremendo violentamente enquanto um peso esmagador descia sobre ela. Ela podia sentir. Algo vasto, ancestral e implacável agarrando cada centímetro do seu ser.
O sabre dela parou a um sopro de seu pescoço.
“O que—” Sua voz falhou, o medo abafando o resto.
O olhar de Souta ardia em vermelho, sua expressão desprovida de raiva ou emoção. Restava apenas uma fúria fria e cansada.
“Em meu nome…”
Sua voz ecoou pelo ar como um decreto divino.
–Swoosh!!
Um vento frio varreu a fortaleza em ruínas. As chamas diminuíram. O ar ficou rarefeito.
Todos os demônios, aqueles que ainda se agarravam à vida, pararam de se mover. Seus olhos instintivamente se voltaram para cima, seus instintos gritando.
Eles podiam sentir isso.
Essa presença.
Essa pressão insuportável.
Isso oprimia suas almas, esmagando seu orgulho, sua vontade, sua própria existência.
O ar tremeu novamente e então veio a sua voz, reverberando através da própria estrutura do espaço.
“Eu, o Portador do Serpentário…”
A declaração reverberou, abalando os céus e todos sub-mundos.
O sabre de Leimin estilhaçou-se em suas mãos. Sangue escorreu de seus lábios enquanto ela era forçada a cair de joelhos, incapaz de compreender a força que a sufocava.
E acima deles, relâmpagos vermelhos serpenteavam pelo ar como as escamas de um deus adormecido começando a se agitar.
Muito além do Vale da Pata do Urso, inúmeros olhares se voltaram para o céu.
Pairando bem acima do horizonte, flutuava uma enorme massa de terra circular.
Ela pairava nos céus como um planeta recém-nascido, irradiando uma energia tão densa que até as nuvens se contorciam ao seu redor. Ondas de poder se propagavam em todas as direções, distorcendo o próprio ar e curvando a luz.
Rachaduras espaciais marcavam sua superfície, visíveis mesmo a milhares de quilômetros de distância.
Lá dentro, tempestades de energia bruta rugiam sem fim, devastando montanhas e ruínas despedaçadas. A visão por si só era suficiente para tirar o fôlego de todos que a contemplavam.
E embora a distância os separasse por vastas extensões de terra, as pessoas lá embaixo ainda podiam sentir isso.
Um peso esmagador pressionando seus corpos.
Uma mão invisível.
Um domínio invisível.
Uma opressão diferente de tudo que já haviam conhecido.
O próprio mundo parecia curvar-se diante desse poder.

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