Capítulo 1182 - A Terra Entre Anjos e Anjos Caídos
『 Tradutor: Crimson 』
Sergine esperou do lado de fora da caverna. Ela não conseguia ouvir nada vindo de dentro, e mesmo que conseguisse, teria se afastado o suficiente para não captar uma única palavra da conversa deles.
Era evidente que o dragão, Doranjan, e Eztein se conheciam bem. Parecia que pertenciam à mesma organização e que seus inimigos em comum eram o Exército da Gula.
Eles eram perigosos.
Ela mal conseguia respirar na presença daqueles membros do Exército da Gula, mas Eztein os havia matado com facilidade.
Sergine era apenas de Rank S. Ela nem sequer tinha consolidado completamente sua reserva de mana, então ainda tinha um longo caminho a percorrer antes de alcançar o Reino das Algemas.
Ela suspirou.
“Os rumores sobre o Exército da Gula são meio verdade, meio mentira. Eles não vieram especificamente para destruir nossa nação, mas para matar o dragão. E agora acabou, já que todos pereceram. Acho que cumpri minha missão.”
De repente, ela sentiu uma presença atrás de si. Virou-se e viu Eztein ao lado de um homem com feições dracônicas. Ficou chocada por dentro, pois apenas monstros de nível superior eram capazes de se transformar.
“Nós te daremos uma carona até sua escola”, disse Eztein com um sorriso.
Sergine não pôde deixar de concordar.
“Então não vamos perder mais tempo”, disse Doranjan.
–Swoosh!!
Doranjan e Eztein dispararam para o ar em alta velocidade, levando Sergine consigo. Eles a protegeram com sua energia; o corpo de uma especialista de Rank S não era suficiente para suportar a velocidade de seres desse nível. Sem a proteção deles, ela teria sido reduzida a cinzas.
Os dois rasgaram o ar.
–Boom!!
Ao chegarem à escola, Sergine despediu-se deles com o corpo trêmulo. Eztein e Doranjan partiram tão depressa quanto chegaram, sem se importarem com ninguém. Nem sequer lançaram um olhar aos insignificantes nobres que outrora quiseram subjugar Doranjan.
Havia assuntos mais importantes nos quais precisavam se concentrar.
“Nosso objetivo é a Facção dos Anjos e Anjos Caídos…” disse Doranjan.
“Isso mesmo. Ouvi algumas notícias e acho que Vashno está lá.” Eztein fez uma pausa, olhando para trás, para a escola onde haviam deixado Sergine e disse: “Não vai demorar muito para que todo o continente seja arrastado para isso.”
“Sim. Ouvi dizer que o conflito entre os Anjos e os Anjos Caídos se intensificou. Não há paz naquela terra agora”, disse Doranjan, acenando com a cabeça. Ele então perguntou: “E os outros? Você tem alguma ideia de onde estão?”
“Quase nada… Você visitou Vanko nos últimos meses?”
“Não.”
“Está um caos lá agora. Acho que Franklin e Kessa ficaram lá por um tempo antes de se aventurarem a sair.”
“Franklin e Kessa…?”
“Sim. Recentemente, Vanko se aproximou de outro território, e agora estão em guerra.”
“E quanto a Souta e Alice?”
“Infelizmente, não há uma única notícia sobre eles. É como se tivessem desaparecido no ar após aquela batalha. Venho reunindo informações nos últimos meses, na esperança de encontrar pelo menos um sobrevivente.”
Eztein e Doranjan continuaram sua conversa durante o voo. Viajaram em alta velocidade e logo chegaram ao país grande mais próximo. Lá, pagaram uma quantia considerável para obter acesso a um portal.
O território dos Anjos e Anjos Caídos era muito distante. Chegar lá voando levaria uma quantidade enorme de tempo, então o portal era a única opção viável.
…
Alguns dias depois.
Eztein e Doranjan chegaram perto do território dos Anjos Caídos. As terras das duas facções eram enormes, cada uma tão vasta ou até maior que todo o território do Olimpo. Inúmeras pequenas nações estavam espalhadas pela região.
“Vir para cá é realmente difícil…”
“Sim. Gastei todas as minhas economias. Teríamos levado semanas se não tivéssemos usado o portal.”
“Eu sei.”
Eles conversavam enquanto contemplavam a paisagem à sua frente. Montanhas, florestas e rios se estendiam diante de seus olhos. Parecia um lugar pacífico, quase como se os Anjos Caídos e os Anjos não estivessem travando uma guerra feroz.
Eles não voaram. Em vez disso, deslocaram-se a pé.
Em pouco tempo, Doranjan e Eztein avistaram uma cidade ao longe, aninhada ao pé de uma montanha imponente.
Eles entraram na cidade, observando atentamente os arredores. Seu objetivo desta vez era coletar informações.
A cidade não era nem grande nem pequena, com uma população de cerca de vinte mil habitantes de diversas etnias. Ela fervilhava de vida, com barracas de comerciantes alinhadas nas ruas e pessoas circulando em um fluxo constante.
Eztein e Doranjan escutavam em silêncio as conversas ao seu redor.
“Droga… Ouvi dizer que os Anjos Puros lançaram outro ataque. Eles destruíram várias cidades antes de chegarem a Coriel.”
“Acho que seremos afetados em breve. A dimensão da batalha continua a aumentar.”
“Só espero que esta guerra termine…”
“Sim. Não tenho para onde ir.”
As vozes eram baixas, mas nada escapava à percepção de Eztein e Doranjan. Eles ouviam tudo, filtrando o que parecia irrelevante.
Dessa forma, aprenderam rapidamente muito sobre a cidade e a região circundante.
“Você consegue sentir?” Perguntou Doranjan, lançando um olhar para Eztein.
“Sim. Há alguns especialistas muito competentes aqui, de Rank SS e até mesmo SSS”, respondeu Eztein com um aceno de cabeça.
Eles já sabiam que haviam entrado em uma Terra Santa. Uma Terra Santa era uma força capaz de comandar inúmeros especialistas de alto nível e dominar uma região inteira.
Mesmo assim, descobrir especialistas de Rank SS e SSS nessa cidade aparentemente comum foi muito além de suas expectativas.
Parecia que aqueles poderosos especialistas estavam usando aquele lugar como um refúgio secreto, um canto tranquilo para se curar enquanto o mundo lá fora ardia em chamas.
Eztein e Doranjan entraram sorrateiramente num bar pouco iluminado, daqueles onde o ar estava pesado de fumaça e conversas sussurradas. Lanternas balançavam suavemente no teto, projetando sombras trêmulas sobre as mesas de madeira desgastadas. Pediram bebidas e se aproximaram, falando baixo enquanto tentavam entender o que haviam descoberto.
Essa terra não fazia parte das Terras Santas. Ainda não. Mas estava perto, perigosamente perto, a apenas algumas horas de viagem da fronteira dos Anjos Caídos. Um passo a mais e estariam entrando em território de guerra.
Entre as duas Terras Santas, o mundo estava sendo dilacerado. Aquela vasta região, outrora repleta de nações e cidades, havia se transformado em um campo de batalha. À medida que o conflito se intensificava, sua devastação se alastrava, ceifando mais vidas a cada semana que passava.
Ainda ontem, segundo testemunhas abaladas, um confronto colossal irrompeu a meras dezenas de quilômetros de distância. O chão tremeu. O céu se abriu. Pelas descrições, só poderia ser as elites de Rank SS se enfrentando.
“Tem certeza de que Vashno está aqui?”, perguntou Doranjan finalmente, semicerrando os olhos e com a voz embargada pela dúvida.
“Não”, disse Eztein, dando de ombros, num gesto fraco e de desamparo e explicou: “Mas as pistas nos levou até aqui.”
Então ficaram.
E, à medida que a noite caía sobre a cidade, o silêncio não reinava. As ruas brilhavam com a luz das lanternas, os comerciantes anunciavam suas ofertas como se tentassem abafar o trovão distante da guerra. As estalagens fervilhavam de viajantes, as tavernas serviam cerveja, e o ar carregava uma energia tensa, como se todos esperassem que algo acontecesse.
Eztein e Doranjan observaram tudo em silêncio, o peso da Terra Santa pairando no horizonte.
…
Montanha Heiming.
Bem abaixo de sua espinha dorsal rochosa, jazia uma base subterrânea escavada na terra como uma fortaleza oculta.
Um homem de cabelos dourados com pequenas mechas roxas estava sentado atrás de uma pesada escrivaninha de madeira e ferro. A luz suave de um abajur refletia no brilho metálico de seus cabelos enquanto ele examinava uma pilha de relatórios. Sua expressão era calma, calma demais para o caos descrito nas páginas.
Esse homem era Vashno.
Em frente a ele estava um subordinado alto, ruivo, com os ombros rígidos, aguardando o julgamento de seu comandante.
“Quantas pessoas perdemos?”, perguntou Vashno sem levantar o olhar.
“Senhor… o número de vítimas já chega a quase dez mil”, respondeu o homem em voz baixa.
A sala pareceu ficar mais fria.
O maxilar de Vashno se contraiu, uma sombra cruzando seu rosto. Por um longo momento, permaneceu em silêncio. Então, expirou lentamente, um suspiro cansado que carregava o peso daquelas dez mil almas.
“Pode ir.”
O homem fez uma profunda reverência antes de se retirar, a pesada porta fechando-se com um baque atrás dele.
Vashno permaneceu imóvel. Então, com calma deliberada, colocou os papéis de lado e se levantou. Seus passos ecoaram fracamente enquanto se aproximava da janela reforçada escavada na parede de rocha. Além dela, ele podia ver a escuridão da caverna, lanternas tremeluzindo, soldados se movendo como fantasmas pelos corredores subterrâneos.
“Eu não pensei… que chegaria a isso”, murmurou para si mesmo e continuou: “Tantos mortos. E em breve… os mais fortes se moverão.”
Seu reflexo o encarava no vidro — cansado, cauteloso, aguçado pela experiência da sobrevivência.
Os últimos meses passaram pela sua mente em fragmentos: cidades em ruínas, auras em conflito dizimando o céu, o cheiro de sangue, o tremor de cada batalha à beira da morte. Luta constante. Sem tempo para respirar. Sem espaço para fraqueza.
Batalha após batalha o impulsionaram para frente, forçando-o a se tornar mais forte.
Ele havia se fortalecido nos últimos quatro meses.

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