Capítulo 1189 - Criatura na Névoa
『 Tradutor: Crimson 』
“Você… é?!” Os olhos de Verto se arregalaram, sua voz tremendo enquanto encarava a silhueta brilhante de Vashno.
–Swoosh!!
Um feixe de luz cortou o campo de batalha e, uma fração de segundo depois—
–Crash!!
Um dos subordinados de Verto caiu no chão ao lado dele, deslizando pela terra e pelos destroços. Verto estremeceu, mas seu olhar nunca se desviou de Vashno.
A verdade o atingiu como um martelo.
“Você é o… Anjo Dourado Falso!!” Verto exclamou, ofegante, ao se lembrar da situação.
“Já ouvi pessoas me chamarem assim”, respondeu Vashno calmamente.
Ele segurava o rosto do outro subordinado, os dedos cravando-se no crânio do homem. Vashno virou lentamente a cabeça em direção a Verto, as asas douradas-púrpura lançando um brilho divino, porém aterrador, sobre sua expressão atônita.
Ao redor deles, os Caçadores de Sangue congelaram.
Sussurros morreram em suas gargantas. Armas tremeram em suas mãos. O medo se espalhou como fogo em palha seca.
O nome Anjo Dourado Falso não era um título qualquer nessas terras.
Dois meses atrás, aquele misterioso guerreiro libertou sozinho a cidade sitiada de Elmain da Gangue Trindade da Chama. Dias depois, enfrentou um destacamento de anjos inteiro nas trincheiras devastadas pela tempestade no Vale Carmen. Em seguida, mergulhou em um reino secreto recém-formado e emergiu após derrotar um esquadrão de anjos caídos — sozinho.
Ele havia lutado contra os dois lados.
Ganhando algumas. Perdendo outras.
E a cada vez, ficava mais forte, mais assustador.
Tanto anjos quanto anjos caídos tentaram recrutá-lo, mas ele recusou todos.
Um guerreiro que se erguia entre os céus e o inferno.
Um homem envolto em glória, rumores e contradições.
E então ele estava diante deles.
Vashno atirou o homem que se debatia em seus braços ao chão como se fosse um detrito descartado. Uma nuvem de poeira se levantou.
Então, sem aviso prévio…
–Swoosh!!
… Ele se atirou em direção a Verto.
Raven observava de longe, de braços cruzados, com os olhos acompanhando cada movimento.
‘Anjo Dourado Falso…’, Ela sussurrou para si mesma.
Não importa quantas vezes ela tenha visto Vashno lutar, nunca deixava de surpreendê-la.
Raven movia-se como uma sombra pelo campo de batalha — olhos aguçados, sentidos à flor da pele. Ela não estava apenas lutando; estava protegendo seu povo, percebendo cada mudança no terreno caótico. Ela sabia melhor do que ninguém que os Caçadores de Sangue não deviam ser subestimados. Verto era apenas um de seus executivos… e longe de ser o mais forte.
Uma pulsação percorreu o solo.
Os olhos de Raven se arregalaram.
Ela desviou o olhar para baixo e gritou: “Cuidado! Há algo de errado com o chão!!!”
A terra respondeu instantaneamente.
O tremor se intensificou — profundo, sinistro, como algo faminto emergindo de debaixo da terra. Então,
–Boom!! Boom!! Boom!!
O chão se abriu quando dezenas de figuras explodiram para cima, silhuetas envoltas em uma névoa branca e rodopiante. A névoa engrossou-se instantaneamente, espalhando-se pelo campo de batalha como uma maré sufocante.
“Droga!” Raven xingou, puxando sua adaga.
Ela se lançou para a frente, as pernas se enrolando como molas. Seus movimentos se tornaram um borrão em zigue-zague, desviando-se dos soldados, esquivando-se dos ataques, abrindo caminho através das criaturas envoltas em névoa que irrompiam do chão. Cada golpe de sua lâmina era preciso e impiedoso.
Cabeças voaram.
O sangue espalhou-se pelo ar em arcos carmesins.
Os corpos desabaram antes mesmo de perceberem que haviam sido atingidos.
Raven parou por uma fração de segundo, apenas o suficiente para olhar para cima.
Uma chuva de flechas pretas escureceu o céu.
“Esses nativos!!” Ela gritou furiosa.
Ela ergueu sua adaga em direção aos céus.
Um círculo mágico se abriu sob seus pés, brilhando com uma intensidade cortante.
[Barreira Desintegradora]!!
Uma barreira translúcida cintilava pelo campo de batalha como uma vasta cúpula. As primeiras flechas atingiram…
–Shhh—!!
Elas se desintegraram com o impacto, transformando-se em cinzas que flutuaram inofensivamente até o chão. A barreira absorveu toda a saraivada, protegendo aliados e inimigos da chuva mortal.
Raven exalou bruscamente.
Se eu não tivesse usado isso… meu povo…
Não havia tempo para pensar.
Ela avançou novamente como um raio, abrindo caminho entre as criaturas e os Caçadores de Sangue com sua adaga, que brilhava como um relâmpago prateado. Por onde passava, corpos caíam, sangue jorrava e o campo de batalha se esvaziava.
Em segundos, ela já havia levado centenas.
Ela lutou como uma tempestade que tomou forma, uma poderosa força na Oitava Algema protegendo a si mesma enquanto destruía tudo o que fosse idiota o suficiente para ficar em seu caminho.
…
Em outra parte do campo de batalha, Vashno massacrava Verto e seus dois subordinados. Os três eram guerreiros na Sétima Algema — monstros por direito próprio — mas o poder de Vashno os esmagou como insetos pegos em uma tempestade.
–Bang!!
Verto foi arremessado para longe novamente. Caiu com força no chão, quicando na terra antes de finalmente parar derrapando. Seu corpo era uma tapeçaria de cortes e hematomas. Seus braços tremiam incontrolavelmente — dormentes, falhando.
Um de seus subordinados cambaleou, endireitando-se, com sangue escorrendo do canto da boca. Limpou-o com as costas da mão, erguendo a arma novamente com uma determinação final.
Então o campo de batalha mudou.
O ar vibrava — uma vibração profunda, ressonante, antinatural.
A névoa branca adensou-se abruptamente, engolindo formas e cores.
–Ohm!!
Uma massa escura materializou-se atrás do subordinado ferido — uma sombra enorme, imponente e disforme a princípio… antes que seus traços se tornassem mais nítidos na névoa.
Uma boca.
Uma boca colossal repleta de dentes irregulares e afiados como navalhas.
Ela avançou.
A criatura fechou suas mandíbulas em torno do homem num único instante.
–Crack!
O espaço ao redor da mordida distorceu-se e fraturou-se, deformando-se como se a própria realidade não pudesse suportar a força. O sangue borrifou na névoa num jato fino e horripilante.
Foi feito em menos de um instante.
Rápido demais para desviar.
Rápido demais para compreender.
Verto e seu subordinado restante paralisaram, com os rostos pálidos como nunca.
Os dois especialistas da Sétima Algema olharam, boquiabertos, enquanto a criatura gigantesca reaparecia no campo de visão.
Um monstro que não estava lá um instante atrás.
Um monstro que não deveria existir.
Mas estava lá.
E acabara de devorar um deles como se fosse uma simples presa.
“O quê?!”
Até mesmo a expressão de Vashno se contorceu em surpresa. Ele esperava resistência, talvez reforços, mas não isso. Não uma criatura que rasgava a realidade com uma única mordida.
O monstro ergueu a cabeça da névoa de sangue que se dissipava.
Então…
–ROOOOAR!!
Seu rugido rasgou o ar como uma onda de choque. Rajadas de vento explodiram para fora em uma fúria violenta, achatando as árvores próximas e lançando destroços em espiral pelo céu. Guerreiros com cultivo inferior cederam instantaneamente — caindo de joelhos, gritando enquanto tapavam os ouvidos com as mãos. A força sacudiu seus ossos, ameaçando dilacerar suas mentes.
Acima deles, o próprio tecido do espaço se fragmentava, finas rachaduras se espalhavam pelo ar como cacos de vidro.
O campo de batalha, já um turbilhão de sangue e fogo, mergulhou num caos ainda maior.
Os Presa de Leão lutavam desesperadamente de um lado.
Os Caçadores de Sangue, abalados e confusos, lutavam pela própria sobrevivência. Os habitantes daquele reino secreto disparavam flechas pelas sombras.
E agora essa anomalia monstruosa — algo antigo, algo errado — apareceu sem aviso prévio.
Mas não terminou aí.
Em todo o Continente do Grande Espírito, outras facções que adentraram o reino secreto encontraram o mesmo destino. Criaturas desconhecidas irrompendo do solo. Habitantes locais emboscando-os da névoa. Grupos inteiros subjugados antes que pudessem reagir.
Aquela noite se transformara em um momento decisivo.
Um campo de batalha onde as alianças não significavam nada—
Onde inimigos, estranhos e invasores foram engolidos por uma ameaça que ninguém havia previsto.
Uma luta não pela vitória.
Uma luta simplesmente pela sobrevivência.
…
Enquanto isso, na Ilha da Caixa Vermelha…
Eztein, Doranjan e Esriel estavam à beira de um lago tranquilo. No centro, uma pequena ilha emergia da água. Nela crescia uma planta pequena e estranha, cujo fruto verde incomum brilhava como se iluminado por dentro, irradiando um brilho tênue e sobrenatural.
“Isto é…!” Esriel sussurrou, atraída pelo aroma inebriante da fruta e pela energia pulsante que ela emanava e então disse: “Uma fruta de grau lendário…!!”
Os lábios de Eztein se curvaram em um sorriso satisfeito.
“Nosso primeira”, disse ele, com os olhos brilhando de expectativa.
Doranjan piscou e reapareceu num instante diante da planta. Sua mão estendeu-se, firme e precisa.
“Já está madura… Assim que eu colher, preparem-se”, avisou.
Eztein e Esriel trocaram um olhar sério e assentiram com a cabeça.
Os dedos de Doranjan se fecharam em torno da fruta. No instante em que ela se desprendeu da planta, o mundo pareceu mudar. Seu corpo explodiu para cima num lampejo, transformando-se num dragão gigante que rasgava o céu com suas garras.
Ao mesmo tempo, o lago entrou em erupção. Centenas de relâmpagos desceram do céu, crepitando com uma intensidade ofuscante.
–Whoosh!!
A própria planta ganhou vida, irradiando um brilho quase insuportável. Dezenas de runas luminosas se formaram na pequena ilha abaixo dela, girando e contorcendo-se em padrões que pareciam vibrar com poder bruto. O ar vibrava, elétrico e pesado, como se a própria terra tivesse despertado para o chamado do fruto.
Eztein e Esriel saltaram no ar, movendo-se com precisão mortal. Em uníssono, invocaram camada após camada de barreiras cintilantes, cada uma sobrepondo-se à anterior. O ar tornou-se denso, carregado com uma aura aterradora que se expandiu, dissipando a névoa branca como se a própria realidade recuasse.
–Boom!!
Relâmpagos explodiram sobre o lago, descargas irregulares brilhando como espadas reluzentes. Doranjan, Eztein e Esriel foram engolfados por sua luz abrasadora, o ar vibrando com energia bruta enquanto a eletricidade dançava sobre a superfície da água.
–Bang! Bang! Bang!
Explosões irromperam onde os relâmpagos atingiram. Doranjan rangeu os dentes enquanto uma força violenta puxava a fruta em sua mão, com uma força que parecia desafiar a própria gravidade. A energia da planta estava viva — faminta.
Os olhos de Doranjan brilharam com determinação. Ele abriu a boca e uma enorme concentração de energia começou a se formar à sua frente. O ar ao seu redor se distorceu e crepitou, vibrando com um poder destrutivo bruto.
Então, com um rugido que fez o próprio lago tremer, ele o libertou:
[Bestrou]!!
Uma torrente flamejante de energia disparou como uma lança de luz concentrada, avançando em direção à planta com força imparável. As runas sob a fruta brilharam intensamente, como se antecipassem o ataque, e o próprio chão tremeu em resposta.
O confronto era inevitável.

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