O capitão dos alados havia pousado logo após Kairin ter passado, de uma forma que ele ficou entre o pássaro-trovão e Fenriz e eu. Poderia ser uma coisa boa, agora que meu familiar poderia lhe atacar pelas costas e nós pela frente, mas eu não tinha confiança nisso. 

    Ele já havia dado um soco em Kairin mais cedo e eu notava que sua asa batia de forma diferente. Não devia ter nenhum osso quebrado, mais algum dano realmente havia sido causado. 

    — Aquele filhote me pegou de surpresa da primeira vez. — O capitão falou, conforme Fenriz corria em sua direção. — Agora eu estou preparado para ele. 

    — Vamos pular ele… — Me abaixei e sussurrei para o lobo. 

    Esperava que meu plano desse certo. 

    Ele esperava que nosso choque frontal fosse forte o suficiente para que ele usasse sua espada e tivesse vantagem por conta do preparo e da situação de ser quem está defendendo o terreno mais alto enquanto nós dois tínhamos que subir em sua direção. 

    Quando existiam apenas três metros entre nós, o alado iniciou seu ataque. Antecipando o encontro, mirou um corte no pescoço do lobo para alvejar primeiro a montaria. Um golpe bem dado ali, poderia matar ele e, com a queda, me matar também. 

    Fenriz saltou na hora, a lâmina cortando o ar abaixo de onde estávamos antes. 

    O alado bateu suas asas, não o suficiente para voar, mas apenas para se virar mais rápido para não deixar que ficássemos em suas costas por muito tempo. Quando Fenriz pousou, o inimigo já se preparava para me atacar diretamente. 

    Mas eu não estava mais em cima de Fenriz. 

    Durante o salto, eu pulei de suas costas, aproveitando que o lobo era grande o suficiente para interromper o contato visual entre o alado e eu e esconder minha ação.

    Kairin! — Chamei. 

    O pássaro-trovão fez jus ao seu nome, surgindo ao meu lado como um relâmpago. 

    Fenriz ter aparecido para me ajudar foi o que mudou o ritmo daquele combate, me dando uma chance para chegar naquele momento, mas ele não era o meu familiar. Não podíamos realmente conversar através de um laço. 

    E ele não podia fazer o que os meus familiares podiam. 

    Kairin emitiu o característico grito agudo da águia, um som profundo e estridente. E permitiu que sua energia prismática fluísse para o meu corpo enquanto nós dois caíamos sobre o capitão inimigo. 

    A espada que eu empunhava apenas na mão direita brilhou, fulgurante. A energia de Kairin não apenas reacendeu as minhas reservas, como me entregou parte de suas próprias peculiaridades. 

    A lâmina brilhou, alterando seu risco prateado para um dourado intenso, semelhante às penas amarelas de Kairin quando são banhadas por sua energia. E eu caí sobre o alado como um relâmpago, cravando a espada em seu peito e o pregando no chão. 

    Toda aquela energia se dispersou como se um trovão de fato pudesse ser sentido por toda a ilha, o rugido se espalhando e tremendo o chão. 

    Olhei para o inimigo, de cima de seu corpo enquanto ele estava deitado no chão, toda a grama próxima queimada. Apertei forte o cabo da espada, mais para me segurar de pé do que qualquer outra coisa. 

    — Você não estava preparada para mim. — Lhe respondi, finalmente. Os dentes travados, a respiração ofegante. 

    Ele me olhava, com seu único olho aberto e arregalado. A golfada de sangue que veio de sua cavidade bocal me indicou que eu tinha atravessado algum órgão interno. 

    — Agora que sabemos que vocês têm um dragão… — Ele teve a ousadia de sorrir, mesmo enquanto morria. — Vamos acabar com vocês. 

    Girei o cabo da espada, fazendo com os estragos internos da lâmina fossem ainda maiores, destruindo os órgãos que já estavam cortados. Ele deu um fraco grito de dor. 

    — Estarei esperando. 

    Seria muito lindo dizer que, depois disso, eu montei em Fenriz e Kairin nos guiou de volta até o barco. 

    O problema é que a energia que Kairin me entregou era incapaz de recuperar a minha própria, havia sido apenas… Algo temporário. E agora a exaustão me atingiu. Não apenas a esgotamento pelo uso da energia prismática, mas também o cansaço físico. Eu tinha perdido muito sangue. 

    E então eu desmaiei.

    — FIM DA PARTE 1 —

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