Capítulo 14 - Trovão
O capitão dos alados havia pousado logo após Kairin ter passado, de uma forma que ele ficou entre o pássaro-trovão e Fenriz e eu. Poderia ser uma coisa boa, agora que meu familiar poderia lhe atacar pelas costas e nós pela frente, mas eu não tinha confiança nisso.
Ele já havia dado um soco em Kairin mais cedo e eu notava que sua asa batia de forma diferente. Não devia ter nenhum osso quebrado, mais algum dano realmente havia sido causado.
— Aquele filhote me pegou de surpresa da primeira vez. — O capitão falou, conforme Fenriz corria em sua direção. — Agora eu estou preparado para ele.
— Vamos pular ele… — Me abaixei e sussurrei para o lobo.
Esperava que meu plano desse certo.
Ele esperava que nosso choque frontal fosse forte o suficiente para que ele usasse sua espada e tivesse vantagem por conta do preparo e da situação de ser quem está defendendo o terreno mais alto enquanto nós dois tínhamos que subir em sua direção.
Quando existiam apenas três metros entre nós, o alado iniciou seu ataque. Antecipando o encontro, mirou um corte no pescoço do lobo para alvejar primeiro a montaria. Um golpe bem dado ali, poderia matar ele e, com a queda, me matar também.
Fenriz saltou na hora, a lâmina cortando o ar abaixo de onde estávamos antes.
O alado bateu suas asas, não o suficiente para voar, mas apenas para se virar mais rápido para não deixar que ficássemos em suas costas por muito tempo. Quando Fenriz pousou, o inimigo já se preparava para me atacar diretamente.
Mas eu não estava mais em cima de Fenriz.
Durante o salto, eu pulei de suas costas, aproveitando que o lobo era grande o suficiente para interromper o contato visual entre o alado e eu e esconder minha ação.
— Kairin! — Chamei.
O pássaro-trovão fez jus ao seu nome, surgindo ao meu lado como um relâmpago.
Fenriz ter aparecido para me ajudar foi o que mudou o ritmo daquele combate, me dando uma chance para chegar naquele momento, mas ele não era o meu familiar. Não podíamos realmente conversar através de um laço.
E ele não podia fazer o que os meus familiares podiam.
Kairin emitiu o característico grito agudo da águia, um som profundo e estridente. E permitiu que sua energia prismática fluísse para o meu corpo enquanto nós dois caíamos sobre o capitão inimigo.
A espada que eu empunhava apenas na mão direita brilhou, fulgurante. A energia de Kairin não apenas reacendeu as minhas reservas, como me entregou parte de suas próprias peculiaridades.
A lâmina brilhou, alterando seu risco prateado para um dourado intenso, semelhante às penas amarelas de Kairin quando são banhadas por sua energia. E eu caí sobre o alado como um relâmpago, cravando a espada em seu peito e o pregando no chão.
Toda aquela energia se dispersou como se um trovão de fato pudesse ser sentido por toda a ilha, o rugido se espalhando e tremendo o chão.
Olhei para o inimigo, de cima de seu corpo enquanto ele estava deitado no chão, toda a grama próxima queimada. Apertei forte o cabo da espada, mais para me segurar de pé do que qualquer outra coisa.
— Você não estava preparada para mim. — Lhe respondi, finalmente. Os dentes travados, a respiração ofegante.
Ele me olhava, com seu único olho aberto e arregalado. A golfada de sangue que veio de sua cavidade bocal me indicou que eu tinha atravessado algum órgão interno.
— Agora que sabemos que vocês têm um dragão… — Ele teve a ousadia de sorrir, mesmo enquanto morria. — Vamos acabar com vocês.
Girei o cabo da espada, fazendo com os estragos internos da lâmina fossem ainda maiores, destruindo os órgãos que já estavam cortados. Ele deu um fraco grito de dor.
— Estarei esperando.
Seria muito lindo dizer que, depois disso, eu montei em Fenriz e Kairin nos guiou de volta até o barco.
O problema é que a energia que Kairin me entregou era incapaz de recuperar a minha própria, havia sido apenas… Algo temporário. E agora a exaustão me atingiu. Não apenas a esgotamento pelo uso da energia prismática, mas também o cansaço físico. Eu tinha perdido muito sangue.
E então eu desmaiei.
— FIM DA PARTE 1 —
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