Capítulo 102: Mulher Misteriosa
Enquanto as duas manadas de Presas Empíreas começaram sua fusão em uma única manada, o voo de Inala chegou ao fim de seu caminho.
“Preparem-se para o impacto!” Ele gritou e agarrou Asaeya com sua mão esquerda e segurou o ovo com mais força na direita. Os efeitos da Gravidade Inercial Interna preenchendo a gigantesca Bomba de Prana estavam quase esgotados.
Ao torná-la transparente, ele observou a descida deles, observando o terreno. Ao avistar um rio à frente, ele ajustou suas duas Mãos de Prana e duas Mãos da Vida, que agiam como pequenas asas, para direcionar o curso da gigantesca Bomba de Prana, fazendo-a colidir com a água.
Assim que a gigantesca Bomba de Prana colidiu com a água, o último resquício de sua Gravidade Inercial Interna foi consumido. Inala usou sua Arte Óssea Mística para transformá-la em um barco e remou até a margem. “Estamos vivos.”
“Isso foi bizarro!” Asaeya mal recuperou o equilíbrio, gritando: “Por que você deixou os choros dela vazarem antes?”
“Meu coração quase parou de bater quando o Rei Javali se aproximou de nós.” Ela reclamou.
“Foi para distrair o Rei Javali, enquanto a manada saía de seu alcance de detecção.” Inala disse. “Mas, não tenho certeza de quão bem o plano funcionou. Felizmente, conseguimos escapar vivos.”
“Você precisa explicar muita coisa, Inala.” Asaeya disse. “Eu não tenho mais ideia do que fazer. Mas, antes de tudo,”
Ela encarou o ovo na mão dele. “Por que ela foi colocada sob sua responsabilidade, para começo de conversa?”
“Quando eu descobri, já era tarde demais.” Inala suspirou e explicou tudo.
Bam!
Asaeya deu um soco em uma árvore e a fez cair, rosnando de raiva. “Maldita Oyo! Ela se atreveu a fazer isso com a minha…”
Inala observou Asaeya se enfurecer por uns bons minutos. Nesse meio tempo, ele sondou seus arredores usando seus dois Zingers Batedores Empíreos, garantindo que era seguro. Em seguida, ele encarou a garota dormindo dentro do ovo, com sentimentos mistos.
‘Pensar que o dia em que finalmente tenho uma filha é por meio de uma situação tão deplorável. Em vez de sentir alegria, eu apenas sinto nojo.’
A garota não era um produto do amor, então era difícil para ele aceitar a existência dela, não importava o quão logicamente ele raciocinasse consigo mesmo.
‘O que… eu deveria fazer?’
Ele estava incerto. De repente, ele se viu sem o impulso necessário para seguir em frente. Até agora, havia uma ameaça constante pairando sobre ele, forçando-o a lutar pela sobrevivência.
Mas agora que ele havia pousado em uma área pacífica, todos os seus pensamentos reprimidos voltaram a surgir em sua mente. Ele estava confuso.
Ele não tinha lealdade ao Clã Mamute para começo de conversa. A única razão pela qual estava ligado a ele era devido à sua necessidade de recursos. Honestamente falando, ele estava encantado com o mundo das Crônicas de Sumatra, esperando viver em um mundo assim.
Mas, não em um cenário de sobrevivência. Ele queria apreciar as paisagens de diferentes regiões maravilhosas, conhecer todos os tipos de culturas e cultivar pacificamente. Basicamente, ele queria ser um viajante livre e aproveitar este mundo de cultivo ao máximo.
Infelizmente, isso não parecia ser uma escolha realista, a menos que ele alcançasse o pico do cultivo e não precisasse mais de recursos para cultivar. A única outra escolha que concedia algum nível de liberdade era criar sua filha.1
E quando ela crescesse, ela geraria os recursos de que ele precisa por conta própria. Ele seria capaz de protegê-la sozinho graças à sua Natureza Terciária. Assim, ele poderia ir para onde quisesse, em vez de ser levado pela manada por sua rota designada.
“Inala,” Asaeya se acalmou o suficiente para falar corretamente. Ela encarou a filha dele e perguntou: “Ela é a 44ª Presa Empírea, certo?”
“Sim,” Inala assentiu. “Como a cerimônia de herança está concluída, ela é a nova Gannala.”
“Como isso funciona?” Asaeya perguntou. “A mente da 44ª Presa Empírea anterior toma conta dela ou é algo completamente diferente?”
“Não tenho certeza,” Inala disse. “Levará algum tempo para descobrir.”
‘Preciso digerir e compreender todas as memórias que obtive de Gannala.’
Ele pensou e retraiu os dois Zingers Batedores Empíreos. Eles reverteram para suas formas do tamanho de unhas e pousaram em sua cabeça.
“Qual é o plano agora?” Asaeya perguntou em seguida. “Chegamos muito longe?”
“Originalmente, quando o Rei Javali nos perseguiu, eu deveria fazer uma curva de trinta graus,” Inala balançou a cabeça. “Mas, não tenho certeza se fui preciso o suficiente. E naquela velocidade, até mesmo uma pequena diferença no ângulo corresponderia a aterrissarmos a milhares de quilômetros de distância do ponto designado.”
“Inicialmente, deveríamos pousar perto do Reino Rumtara e depois seguir para o Império Brimgan. Esperaremos lá até a manada chegar ao Império.” Inala disse.
“Eu sei sobre o Império Brimgan. Nós negociamos com eles a cada século. Eles são um dos nossos maiores clientes.” Asaeya disse, tendo aprendido sobre o Império Brimgan na Academia de Refinamento. “Mas o Reino Rumtara não tem menos de um século? Ainda não negociamos com eles, então não temos informações sobre eles. E, geralmente, Reinos não duram muito.”
“E se estiver em ruínas?”
Não havia internet ou meios de comunicação a longas distâncias no Continente Sumatra. Nem havia pássaros. Ou seja, eles não podiam nem mesmo enviar cartas a longas distâncias.
Além disso, qualquer coisa enviada a pé poderia muito bem acabar no estômago de alguma Besta Prânica aleatória.
“Existem rotas que podemos pegar para o Império Brimgan a partir do Reino Rumtara. Então, mesmo que não decidamos nos estabelecer lá, precisamos alcançá-lo. Esse é o único lugar notável nesta região.” Inala disse. “E somente chegando lá posso dizer com segurança que estamos além do alcance, onde os choros da nova Gannala não seriam audíveis nem para a manada de Presas Empíreas, nem para o Rei Javali.”
De repente, ao ler as memórias de um de seus Zingers Batedores Empíreos, ele agarrou Asaeya e se escondeu atrás de uma árvore. Com um estalar de dedos, um buraco se formou no barco e o fez afundar. Era sua Arma Espiritual, então ele podia trazê-la à superfície sempre que quisesse.
Suas duas Mãos de Prana e Mãos da Vida dispararam em sua direção e pairaram ao seu lado, revertendo à sua aparência original. Inala pegou um pedaço de osso e o transformou em uma Lâmina Óssea. Assim que Asaeya a tocou, sua voz ressoou na mente dela:
“Alguém está vindo. E a julgar pelo som, parecem humanos.”
Inala infiltrou seu Prana em seu Zinger Batedor Empíreo e o fez planar suavemente pelo ar em sua forma do tamanho de uma unha, pousando-o em um galho de árvore. Contanto que estivesse conectado ao seu Prana, ele poderia se comunicar com ele a longas distâncias.
Claro, o limite era o mesmo do alcance de sua Arma Espiritual. Enquanto o Zinger Batedor Empíreo vigiava, um indivíduo humanoide saiu lentamente do matagal de árvores.
Assim que apareceram, Inala franziu a testa, comunicando a imagem com Asaeya através da Lâmina Óssea.
Era uma mulher humana, de meia-idade em termos de aparência. Pendurado em suas costas estava um jarro de barro que ela soltou lentamente antes de pegar água do rio. Assim que estava cheio, ela o pendurou nas costas e o carregou facilmente, como se o peso não a sobrecarregasse.
“Vamos segui-la.” Inala e Asaeya se comunicaram através da Lâmina Óssea enquanto seguiam a mulher.
- Não vai dar pra ir comprar cigarro, Azulão…[↩]
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