Capítulo 103: Um Assentamento Oculto de Estranheza
A mulher de meia-idade parecia humana à primeira vista. Seu cabelo estava preso em um coque, ligeiramente desarrumado. Suas mãos estavam calejadas de trabalho doméstico extenuante e, a julgar por sua postura ao andar, sua estrutura esquelética enfrentava uma leve deformidade devido ao transporte de bagagens pesadas por longos períodos ao longo dos anos.
No geral, além de sua força ligeiramente anormal, ela não parecia diferente de um humano normal. Enquanto a mulher de meia-idade caminhava pela floresta, pairando no ar a quatro metros de distância e planando acima, estava o Zinger Batedor Empíreo.
Como era do tamanho de uma unha, seu deslizar suave não produzia sons, nem mesmo para os ouvidos mais sensíveis. Seguindo a quarenta metros de distância estavam Inala e Asaeya.
Na sua mão esquerda estava o ovo com sua filha, enquanto na direita estava uma Lâmina Óssea. Era a Lâmina Óssea de Asaeya. Sempre que ela pensava em algo, inseria seus pensamentos nela e ele os acessava da mesma forma que um membro do Clã Mamute normalmente acessa uma Lâmina Óssea.
Da mesma forma, Asaeya segurava a Lâmina Óssea dele. Desse modo, embora nenhuma palavra fosse trocada entre os dois, eles conseguiam se comunicar constantemente um com o outro.
Atualmente, os níveis de Prana de ambos estavam no mínimo, por isso estavam tão cautelosos. Inala tinha quatro de Prana enquanto Asaeya tinha seis. Todo o resto havia sido gasto durante a fuga do Rei Javali.
Asaeya não tinha uma Lanterna de Armazenamento. Ela acabara de se tornar uma elite e ainda não havia recebido uma. Quanto à Lanterna de Armazenamento de Inala, ela tinha apenas 200 frutas Parute. Todas as Bombas de Prana que ele guardou foram consumidas para fazer a gigantesca Bomba de Prana.
A menos que encontrassem uma Besta Prânica fraca, seria difícil para eles recuperarem seu Prana. Portanto, era prudente permanecer cauteloso.
Após uma hora de viagem, a mulher de meia-idade entrou em um vale verdejante cercado por montanhas por todos os lados, como um ninho de pássaro. A única entrada era um riacho estreito, largo o suficiente para uma pessoa passar.
O local era uma utopia, pois a única entrada não era larga o suficiente para as Bestas Prânicas típicas passarem. Duas mulheres estavam de guarda na entrada, carregando lanças de madeira. Suas roupas eram simplistas, na melhor das hipóteses, uma mistura de algodão e couro.
Era evidente que elas não tinham as ferramentas ou os recursos para produzir roupas adequadas como em um assentamento.
Havia uma clareira de vinte metros entre a floresta e o riacho, onde a dupla Inala e Asaeya parou, comunicando-se através de suas respectivas Lâminas Ósseas.
“Vamos nos passar por viajantes e entrar pela frente?” Asaeya perguntou.
“Não, isso é tolice.” Inala disse, usando sua experiência como artista para perscrutar os detalhes do traje das duas guardas. “À primeira vista, elas parecem refugiadas. A julgar pela má qualidade de suas roupas, faz um tempo desde que fugiram de um Reino. E por algum motivo, elas não se deram ao trabalho de fazer roupas novas ou simplesmente não conseguiram encontrar recursos para isso.”
“Não acho que o segundo caso seja a razão.” Asaeya expressou suas dúvidas. “Vimos aquele rio poderoso por perto. O solo aqui é fértil o suficiente para essas árvores crescerem. Então, cultivar algumas plantas de algodão não deveria ter sido um problema.”
“Você está certa.” Inala assentiu e gesticulou para que ela o seguisse. A dupla circulou a montanha por alguns minutos antes de parar.
As guardas estavam posicionadas apenas na entrada. Portanto, todos os outros locais estavam livres para serem explorados.
Inala se aproximou da montanha e a encarou. Era rochosa e, embora as paredes não formassem um penhasco, eram íngremes o suficiente para serem perigosas.
“Vamos desperdiçar nosso Prana restante se usarmos nossas Armas Espirituais para subir.” Asaeya comentou.
“É por isso que faremos isto.” Dizendo isso, Inala estalou o dedo e suas duas Mãos de Prana chegaram diante dele. Elas se expandiram em um par de manoplas que deslizaram sobre suas mãos. As pontas dos dedos das manoplas se transformaram em garras, afiadas o suficiente para se cravarem na montanha rochosa enquanto Inala começava a escalar.
As duas Mãos da Vida se fundiram em suas pernas para se transformarem em sapatos, ajudando da mesma forma a manter suas pernas presas à superfície rochosa. Apontando para as costas, Inala olhou para Asaeya.
“Suba a bordo.”
“Tem certeza de que aguenta meu peso?” Asaeya teria pulado alegremente em suas costas se a situação fosse menos perigosa. Carregá-la significava que ele usaria mais Prana para continuar a escalada até chegarem ao pico.
Como as habilidades dele eram o que permitiria a ambos recuperar seu Prana, ela não desejava que ele se esgotasse antes da hora.
Mas, em resposta à preocupação dela, Inala flexionou os bíceps. “Olha essas belezinhas. Sem a Doença do Fragmento, sou uma besta de outro nível.”
“Não venha chorando depois.” Revirando os olhos em resposta à sua gabolice,1 Asaeya se posicionou em suas costas e segurou a bebê Gannala em uma mão.
Natureza Primária — Gravidade Inercial Interna!
Inala aumentou sua força e correu pelas paredes, chocando Asaeya quando ele cobriu mais de 600 metros em dez minutos.
“C-Como?”
“Eu sou um Zinger,” Inala afirmou como um fato. “Escalar é meio que a minha praia, sabe.”
Ao chegar ao pico da montanha, a dupla observou o vale lá dentro. A cordilheira convergia para formar dois anéis, formando o símbolo ‘8’. No ponto de conexão dos dois anéis havia uma montanha maciça, ostentando uma cratera em seu pico. Parecia ter sido um vulcão ativo em algum momento da história.
Mas agora, cheia até a borda dentro da cratera estava a água, formando um lago. Pessoas de ambos os assentamentos retiravam água do lago.
Em um minuto, Inala notou uma estranheza. Em cada anel havia um assentamento, vivendo vidas desconectadas.
No anel à esquerda, o assentamento era ocupado por mulheres e no assentamento do outro anel havia homens, ambos vestidos de forma desalinhada com uma mistura de tecido e couro.
Havia aproximadamente quatro mil mulheres e cerca de seiscentos homens. As mulheres pareciam cultivar2 enquanto os homens mineravam nas cavernas.
Outra diferença estava em seu físico. Embora as mulheres parecessem sobrecarregadas, elas eram saudáveis e cheias de vitalidade. Em contrapartida, os homens não tinham muito o que fazer nas cavernas com poucos minerais, mas seus corpos estavam emaciados.3
O mais intrigante era o fato de que havia apenas uma entrada aqui, situada no anel das mulheres. Parecia não haver como os homens saírem de seu anel, pois, após alguma observação, Inala notou que os homens nem sequer eram permitidos do lado das mulheres.
“Este lugar é estranho, Inala.” Asaeya perguntou: “O que fazemos? Precisamos descobrir onde estamos e também recuperar nosso Prana. Não há nada para comer por aqui. Então, só vai aumentar nosso esgotamento se acamparmos.”
- Ato de se gabar. Eu gosto demais dessa expressão, JKKKKKK. Por isso, preferi utilizá-la a outras como exibicionismo, vanglória, etc.[↩]
- É no sentido de plantar batata mesmo, o cultivo literal, e não o cultivo de Prana. Só estou reafirmando o óbvio, porque nunca se sabe.[↩]
- extremamente magros e fracos.[↩]
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