Capítulo 113: O Despertar da Pequena Gannala
“Uwaa… Wah!”
A pequena Gannala chorava mais uma vez. A força vital infundida no ovo havia se esgotado. Mas, mesmo quando Inala infundiu mais força vital nele, ela não deu sinais de que voltaria a dormir.
E no momento em que acordou, sentiu-se sufocada por estar dentro do ovo. O problema era que, se Inala o abrisse como antes, quando ela estava dormindo, seu choro ecoaria. Se não conseguissem sair do alcance, seus gritos trariam o Rei Javali até eles.
“Inala! Faça um ovo maior!” Asaeya gritou, aflita. “Envolva esta caverna nele. Assim, pelo menos conseguiremos ganhar tempo suficiente.”
“Certo.” Inala assentiu e condensou uma Bomba de Prana gigante, com três metros de diâmetro. Ela envolveu toda a caverna, e o ovo que continha a pequena Gannala se estilhaçou. Seus gritos ressoaram por todo o ovo gigante, mas graças aos efeitos da Gravidade Inercial Interna na casca da Bomba de Prana, seu choro foi contido.
“Uwaa!” A pequena Gannala agitou a mão, aparentemente com fome.
Asaeya a segurava em seus braços. De repente, seu rosto se contorceu de dor quando suas articulações se deslocaram. A pequena Gannala se tornara mais de cem vezes mais pesada; o rápido aumento de peso machucou seus braços.
“Merda!”
“Coloque-a no chão.” Inala gritou de fora da Bomba de Prana gigante. Mas, claro, sua voz não conseguia chegar até Asaeya. No entanto, quando ele tornou o ovo translúcido, ela conseguiu vê-lo.
Depois que suas articulações se deslocaram, ela largou a pequena Gannala no chão, atônita ao ver rachaduras se formando na Bomba de Prana gigante a partir do ponto de contato. Quanto à bebê, ela nem parecia ter um arranhão.
A pequena Gannala chutou suavemente com as pernas, criando uma marca na Bomba de Prana gigante. Ela tinha apenas dois dias de vida e, mesmo assim, sua força podia danificar a Bomba de Prana — não a de um Zinger comum, mas a de Inala.
Até a Bomba de Prana de um Zinger Batedor era tremendamente resistente. Como um Zinger Empíreo, as Bombas de Prana de Inala estavam em um nível totalmente diferente. O fato de que elas foram danificadas por um bebê com apenas dois dias de vida não era nada menos que uma forte confirmação de sua existência.
Presa Empírea!
A nova Gannala tinha a aparência de um bebê humano. Mas ela já havia começado a manifestar os traços de sua Natureza Primária. Foi por isso que a densidade de seu corpo disparou de repente.
Mas esse não era o verdadeiro problema. Asaeya observava preocupada enquanto o corpo da pequena Gannala começava a murchar, lenta, mas seguramente.
“Ela está perdendo nutrientes rápido demais!”
Diferente do caso de Inala, em que a Gravidade Inercial Interna só fazia efeito quando ativada, para a pequena Gannala era praticamente uma Habilidade passiva. A única vez que seria desativada seria com sua morte.
A quantidade de energia necessária para manter o corpo de uma Presa Empírea era uma soma gigantesca. Teoricamente, uma Presa Empírea tinha cerca de 8398 de Prana. Mas isso era apenas em termos do Prana fluindo por seu corpo.
Cada órgão em uma Presa Empírea era um bioma, contendo recursos capazes de se acumular e formar montanhas. Esses recursos eram constantemente processados pelos órgãos, repondo o Prana que era consumido sem parar.
As Presas Empíreas tinham a maior necessidade de manutenção. E embora a pequena Gannala fosse apenas uma recém-nascida, no momento em que sua Natureza Primária começou a manifestar seu efeito, o volume contido em seus órgãos começou a aumentar.
O espaço dentro deles estava sendo ampliado. E tal ação exigia muito Prana. Como resultado, sua massa corporal estava sendo queimada para ser convertida em Prana. Se não fizessem algo para repor seu Prana, ela morreria.
Asaeya pegou uma Bomba de Prana que Inala já havia rachado. Com um toque de seu dedo, um buraco se formou, permitindo que ela despejasse o conteúdo.
Usando a Arte Óssea Mística, Asaeya criou uma mamadeira para armazenar o conteúdo e alimentar a pequena Gannala. O Prana fluiu para suas articulações deslocadas e as corrigiu à força. Ela rosnou de dor, preparando-se para mais sofrimento nos dias seguintes enquanto cuidava da bebê.
Felizmente para ela, no momento em que ativou sua Arte Óssea Mística, a pequena Gannala se acalmou. Ela virou lentamente a cabeça e olhou para Asaeya, abrindo um sorriso.
“Aqui, coma.” Asaeya agiu de forma desajeitada ao levar a mamadeira à boca da pequena Gannala, sem saber se estava fazendo a coisa certa. Com seu Prana, ela controlou o bico, fazendo uma gota do fluido pingar na boca de Gannala.
“Guá!” A pequena Gannala fez uma careta de insatisfação, mas bebeu o fluido. Alguns segundos depois, porém, ela ergueu a cabeça gentilmente, surpreendendo Asaeya quando um par de incisivos cresceu em questão de segundos. Em seguida, ela mordeu o bico e o engoliu.
“Isso é perigoso!” Asaeya gritou enquanto usava seu Prana para afastar o bico mordido. Se a pequena Gannala o tivesse engolido, poderia ter se engasgado. Claro, isso se aplicava a um bebê humano normal.
Se isso se aplicava ou não a Gannala, não importava. Asaeya não tinha certeza, mas não queria correr o risco. Com o bico arrancado, o fluido jorrou. Com seu Prana, Asaeya o conteve e continuou a fazer gotas pingarem lentamente na boca da pequena Gannala.
Mas parecia que a bebê tinha outros planos, pois fez um funil com a boca e liberou uma forte força de sucção, fazendo todo o fluido da mamadeira jorrar para dentro de sua boca. Como um sumidouro, ela o engoliu.1
E alguns segundos depois, soltou um pum alto, expelindo todo o ar extra que havia engolido.2
“Ugh!” O absurdo da situação deixou Asaeya atordoada. Ela então se virou para Inala, gesticulando com as mãos para mostrar que conseguiria, de alguma forma, lidar com a situação.
“Fique segura.” Dizendo isso, Inala deixou para trás o Zinger Batedor Empíreo mais fraco, enquanto levava os outros dois consigo e começava a descer a montanha.
Seu objetivo era descobrir o nome e a localização do Reino humano. Contanto que estivessem longe o suficiente, ele poderia retrair a Bomba de Prana gigante. Caso contrário, teriam que fugir.
‘Para o Prana necessário para fugir na nossa velocidade máxima, eu precisaria de Prana de alta qualidade em grandes quantidades. A única maneira de obtê-lo é da Rocatriz3 e do Caracol Carniceiro.’
Por um momento, Inala hesitou, pois tal ação resultaria na morte das Tribos Galo e Molusco.
Mas ao se lembrar do rosto do Rei Javali, ele resmungou com raiva: ‘Mesmo que eu não goste dela, ela ainda é minha filha. E não pretendo morrer tão cedo.’
“Merda!” Rugindo, ele usou a Gravidade Inercial Interna e disparou pela floresta, com uma frieza se instalando gradualmente em sua expressão.
- Um “sumidouro” (sinkhole, no original) é um buraco natural que engole grandes volumes de água, como um ralo gigante. A metáfora é usada para descrever a força sobrenatural com que a bebê sugou e engoliu todo o conteúdo da mamadeira de uma só vez.[↩]
- TÁ POTENTE, JKKKKKKK[↩]
- Aopa, piazada! Seguinte: sei que eu tinha falado uns capítulos atrás que ia manter o termo “Rockatrice” igual no original, maaaas… deu na telha e resolvi mudar de ideia. A real é que traduzir pra “Rocatriz” funciona muito bem e a gente não perde o sentido do nome, que é ser uma mistura de Rocha + Cocatriz (o famoso Dragão-Galinha). Então, a partir de agora, é Rocatriz e não se fala mais nisso![↩]
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