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    A propulsão gerada pelo par de pulmões que formavam o foguete era, em essência, uma vigorosa expulsão de ar. Todas as Presas Empíreas faziam o mesmo usando suas trombas. Não era nada de especial.

    Se Inala repetisse o mesmo agora, o veículo apenas se moveria pelo chão. Não parecia haver uma restrição na tecnologia em si, pelo menos não uma aplicada através de Naturezas — como Inala havia feito aqui.

    Talvez houvesse uma restrição em tecnologia criada puramente do zero que não se conformasse ao sistema de poder de Sumatra. Seria prudente ter cuidado nesse aspecto.

    Como a única variável que transformava o veículo terrestre em uma aeronave era o par de asas, apenas isso foi apagado por causa e efeito. Mesmo quando Inala voou uma segunda vez, apenas as asas foram alvo.

    Claro, como a fonte dessa misteriosa causa e efeito não era um poder, mas uma entidade, Inala não ousou repetir o experimento outra vez. E se aquela entidade se irritasse com ele e decidisse apagá-lo também?

    Ele não desejava ter um fim assim. Portanto, Inala se conteve. Além disso, fez uma anotação mental para nunca usar essa opção de propulsão enquanto terminava de desenvolver seu corpo de Zinger Empíreo no futuro.

    No momento em que sua figura acelerasse no céu, ele poderia ser apagado. E mesmo que pretendesse usar os propulsores, deveria ser apenas por um instante para lhe dar um impulso de momento.1 Como sua figura começaria a desacelerar imediatamente, não importava quão mínimo fosse o valor da desaceleração, ele seria considerado apenas um projétil que havia sido disparado no ar.

    Essa era a maneira de evitar ser apagado por essa entidade misteriosa que proibia o voo.

    Depois de alimentar o foguete com um monte de Bombas de Prana cheias, Inala refinou a frente da Bomba de Prana gigante em formato de cunha.2 Dez minutos depois, assim que os pulmões estavam cheios, ele entrou no veículo e os ativou, fazendo-os liberar uma poderosa propulsão.

    O veículo disparou pelo chão, quase virando para cima devido à sua aerodinâmica. Ele apressadamente aumentou a densidade do veículo, fazendo-o permanecer estável no chão, mantendo tração suficiente.

    A cunha atravessou a horda de Lagartos Vacilantes enquanto avançava. Além disso, a Natureza Primária deles manteve o veículo no chão. Caso contrário, com a poderosa propulsão sendo liberada na traseira, o veículo estaria voando por todo lado como um balão esvaziando.

    A jornada que lhe levara horas foi percorrida em trinta minutos. O veículo colidiu com os muros que cercavam o assentamento da Tribo Galo e parou abruptamente.

    Inala saiu e notou o céu começando a clarear. Ele rapidamente escalou o muro e se aproximou de sua caverna, observando a Bomba de Prana gigante cheia de rachaduras. Se tivesse se atrasado alguns minutos, as coisas teriam se complicado.

    Inala puxou a Bomba de Prana gigante para fora da caverna e a envolveu com a maior Bomba de Prana que conseguiu criar, uma com um raio de dez metros. Ele despejou todas as Bombas de Prana e Bombas da Vida — que havia acumulado até então — dentro dela.

    Asaeya ficou aliviada com sua chegada. Ela ficou então chocada com a quantidade enorme de Bombas da Vida, imaginando o que Inala havia feito para acumular um número tão impressionante. Misturada na pilha estava uma Lâmina Óssea; Asaeya a acessou, ouvindo os pensamentos de Inala.

    [Há recursos suficientes para provavelmente durar uma semana, mesmo que a pequena Gannala consuma mais do que o normal. Fique aqui e cuide dela. Estamos dentro do alcance. Então, estou planejando ludibriar o Rei Javali. Tenho um plano sólido, então não se preocupe. Enquanto isso, examine a Lâmina Óssea e formule um plano para nossa estadia na Cidade Comercial de Ellora.]

    Toda a informação que ele havia coletado da Cidade de Ellora, incluindo os mapas, foi deixada para Asaeya. Embora tivesse registrado tudo na Lâmina Óssea, Inala não teve tempo de compreender a informação e fazer planos de acordo.

    Portanto, ele deixou isso para ela. 

    ‘Ela é mais inteligente do que eu nessas coisas.’

    Era mais eficiente jogar com os pontos fortes de cada um. Inala era muito bom em tramar. Mas, ele ficava perdido em termos de economia e política. Portanto, era melhor deixar isso para sua discípula, que se destacava em tais assuntos.

    A maior Bomba de Prana permaneceu presa à encosta da montanha, pois não havia tempo suficiente para cavar uma caverna grande o bastante para ela. Além disso, isso era desnecessário e apenas atrapalharia seu plano.

    “Vou te superar perfeitamente, Rei Javali.” Inala murmurou, focado, enquanto entrava na caverna e usava três Armas Espirituais para perfurar através dela. Assim que perfurou até o limite de seu alcance, ele soltou seus três Zingers Batedores Empíreos neles, um por buraco.

    Os batedores refinaram uma Arma Espiritual própria e continuaram o processo de perfuração, seguindo por uma rota que ele lhes havia informado. Eles podiam se comunicar através da língua Zinger, então era fácil transmitir vastos fluxos de informação com um grito.

    Enquanto perfuravam um buraco, Inala coletava o pó em um grande recipiente e o transportava para longe. Ele despejava o conteúdo no rio, fazendo viagens repetidas.

    À tarde, ele não conseguia mais se mover, sofrendo os efeitos colaterais de usar a Habilidade de Sangue de Prana. Ele a havia usado por quatro horas no total. E até agora, prolongara forçadamente seus efeitos colaterais.

    “Grrr!” Ele rolou no chão de dor, mas quando os Zingers Batedores Empíreos se aproximaram preocupados, ele rosnou e mandou que continuassem com seu trabalho.

    Era meia-noite quando ele se recuperou um pouco. Originalmente, ele precisaria de alguns dias, no mínimo, para se recuperar totalmente, mas devido à falta de tempo, ativou a Habilidade de Sangue de Prana mais uma vez, usando-a para acumular uma grande quantidade de Bombas de Prana e Bombas da Vida.

    Usando o veículo, ele fez viagens repetidas até a fronteira para selecionar a localização mais ideal. No retorno, ele coletava Prana e força vital dos Lagartos Vacilantes.

    Usando as cascas de suas Bombas de Prana e da Vida, ele criou uma camada espessa na caverna. Em seguida, ele se esgueirou para a Cidade de Ellora, roubou mais dinheiro de Safara e o usou para comprar tinta. Com isso, ele pintou a caverna, levando muito tempo até que o acabamento ficasse natural.

    Agora, apesar de a superfície ser de osso, sua cor e textura não eram diferentes da caverna natural de antes. Os três túneis eram estreitos, com apenas dois centímetros de largura. Eles viajavam por todo o caminho subterrâneo, sob a montanha, parando apenas a uma profundidade de 400 metros da superfície.

    Do ponto de partida na caverna, os túneis se estendiam por uma altura de um quilômetro. E, no fundo deles, Inala deixou uma Bomba da Vida em cada um.

    Em seguida, ele derramou os fluidos de uma Bomba da Vida por todo o túnel até que estivessem cheios. Com isso, a entrada deles foi fechada. O fluido estava em contato direto com o chão de osso da caverna, agindo como um fio elétrico para a transferência de Prana e força vital.

    Uma semana já havia se passado quando Inala se aproximou da maior Bomba de Prana, fazendo contato visual com Asaeya, que gesticulou que a pequena Gannala estava dormindo. Ele tocou a maior Bomba de Prana e a viu rachar antes de se estilhaçar.

    Era hora de atrair o Rei Javali para a armadilha.


    1. Novamente, a palavra “momento” não se refere a um instante de tempo. Aqui, ela é usada com o significado de momento de movimento, que é a força que impulsiona um objeto depois de um empurrão inicial. É a mesma força que faz uma pedra continuar se movendo no ar depois de ser arremessada. O Azulão busca esse impulso de momento para se deslocar no ar sem, tecnicamente, voar, contornando a regra que proíbe o voo.[]
    2. Pense na ponta de uma flecha ou de um machado.[]

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