Capítulo 127: Raio da Transcendência

100 Presas Empíreas passaram pelo Enclave Varahan e saíram do Continente de Sumatra, trilhando o Vazio Cinza-Arenoso.

88 Presas Empíreas foram deixadas para trás, pois os recursos destinados a elas haviam sido usados para o nascimento de Gannala.

O plano original era continuar a cultivar Javalis Empíreos por mais duas décadas. Mas, na pressa de dar à luz Gannala, acabaram erradicando a raça dos Javalis Empíreos. Como resultado, 88 Presas Empíreas foram deixadas para trás.

As 100 mais fortes estavam partindo com Gannala para completar a rota que ela havia obtido, enquanto as 88 restantes acumulariam sua força. E assim que acumulassem o suficiente, seguiriam a primeira manada para o outro continente.

A manada de 100 já havia discutido com a segunda manada, anotando alguns sinais que a manada líder deixaria para trás no Vazio Cinza-Arenoso. Isso serviria como um indicador de rota para a segunda manada.

As 88 Presas Empíreas deram meia-volta na entrada do Enclave Varahan e se dirigiram mais para o interior do Continente de Sumatra, retornando à sua rota original.

Enquanto isso, a manada de 100 Presas Empíreas começou sua jornada através do Vazio Cinza-Arenoso.

Dois anos desde o início da jornada, Renduldu brincava com Gannala, que já havia assumido sua forma de Presa Empírea.

“O crescimento dela é espantoso.” Renduldu comentou enquanto era socado no rosto pela tromba de Gannala. “Ela está em um nível acima de todos vocês.”

Embora estivesse falando com Undrakha, ele se dirigia à 1ª Presa Empírea através dele.

Em resposta, a 1ª Presa Empírea transmitiu seus pensamentos a Undrakha, que então os comunicou a Renduldu: “Ela está felizmente ciente disso.”

“Felizmente ciente, hein?” Renduldu assentiu enquanto se levantava, dando um tapinha em Gannala quando sua pequena tromba continuou a se enrolar nos tentáculos que pendiam de seu rosto e a puxá-los, com força.

Claro, a força dela nem lhe fazia cócegas. Mesmo o ataque mais poderoso da 1ª Presa Empírea mal o arranharia, pois ele era uma existência suprema.

“Está na hora.” Renduldu falou de repente, fazendo a 1ª Presa Empírea parar abruptamente. “Não posso mais me segurar.”

“Já está na hora?” Undrakha suspirou.

“Sim.” Renduldu assentiu. “Se eu segurar meu cultivo por mais tempo, temo que invocarei punição divina. É hora de eu aceitar o Estágio Transcendente e ascender.”

“E eu quero que você me acompanhe.” Renduldu olhou para Undrakha. “Quando eu entrar em um daqueles mundos no céu, quero um amigo para me apoiar.”

“Receio que eu… não seja forte o suficiente.” Undrakha sorriu com amargura. “Especialmente quando comparado a você.”

“Apenas a mim, sim.” Renduldu riu. “Mas não se esqueça de que você ocupa um sólido segundo lugar em Sumatra. Em minha longa vida, não vi um cultivador ou Besta Prânica mais forte que você. Você está em um nível semelhante ao da Ancestral Mamute. Portanto, quero que venha comigo.”

“Além disso.” Seus olhos brilharam. “Você também está se aproximando do seu limite. Você esteve no auge por tempo demais. Não conseguirá se segurar por tempo suficiente para que esta jornada termine.”

“Mas é uma jornada perigosa.” Undrakha disse, preocupado. “Preciso estar aqui em caso de emergência.”

[Está tudo bem! Você pode ir! Sua ancestral tem me pedido para enviar reforços há um tempo! Você é mais necessário lá em cima do que aqui!]

“Se é você quem está dizendo isso, então posso ficar em paz.” Undrakha suspirou e olhou para Renduldu. “Parece que minha ancestral está enfrentando alguns problemas no Mundo Transcendente.”

“Então, essa é mais uma razão para você vir comigo.” Renduldu assentiu. “Enquanto tivermos uma marca no Mundo Transcendente, nossa raça continuará a existir aqui.”

“Então, não há nada com que se preocupar.”

“Eu mato Brangara? Ele é minha fonte de preocupação.” Undrakha disse. “Enquanto eu estiver aqui, mesmo que ele se torne uma Besta Mística, posso lidar com ele facilmente. Mas será problemático na minha ausência.”

“Parece que você permaneceu forte por tempo demais.” Renduldu bufou. “Proteja-os demais e eles se tornarão fracos. Contanto que não sejam aniquilados, qualquer dano é mero treinamento. A luta é o componente primário necessário para a evolução.”

“A razão pela qual a manada está deixando Sumatra não é porque é fácil demais para eles lá?” Renduldu olhou e falou com um tom de advertência. “Então, uma ameaça é necessária.”

“Parece que você sabe de algo que eu não sei.” Undrakha perguntou. “Quer me contar?”

“Não posso.” Renduldu balançou a cabeça. “Serei apagado se o fizer.”

“Tudo bem.” Suspirando em resposta, Undrakha deu um tapinha carinhoso em Gannala, que o abraçou com sua tromba. “Cresça grande e forte, ok?”

“Você nos levará a uma nova era.”

10º Estágio Vital!

Suas dez vidas começaram a se fundir em uma, enquanto uma torrente de poder surgia em Undrakha, resultando em uma terrível tempestade de energia que forçou a manada a parar. Levou apenas um segundo para as dez vidas se fundirem, tornando-se uma entidade aterrorizante, uma que havia completado sua jornada de cultivo, um verdadeiro Ser Deífico.¹

Transcendência!

Ao mesmo tempo, tanto Undrakha quanto Renduldu alcançaram a Transcendência, fazendo a tempestade de energia crescer ainda mais. Os edifícios do assentamento foram afetados em resposta, com alguns deles se quebrando.

Se não estivessem no Vazio Cinza-Arenoso, onde tudo era assimilado pela região, os danos da tempestade teriam sido substanciais, mesmo que a manada não entrasse em contato com ela.

A tempestade de energia logo se condensou em um tornado que conectava o chão ao céu, entrando em um dos mundos que pairavam fora de alcance no céu. Correntes de energia aterrorizantes percorriam-no, possuindo poder destrutivo suficiente para queimar um continente inteiro.

Apenas alguém no Estágio Transcendente poderia suportá-lo. E mesmo para eles, era difícil. Undrakha e Renduldu gemeram de dor enquanto inúmeras feridas se formavam em seus corpos Transcendentes.

Mas, de repente, seus rostos empalideceram quando um raio de corrente na tempestade de energia foi aparentemente atraído para fora. Ele se chocou contra um prédio onde Brangara estava cativo. Assim que o prédio foi vaporizado, a figura de Brangara dentro foi revelada.

Ele havia ativado todas as suas Naturezas. Nos últimos doze anos, tudo o que ele consumiu foram corações de Javalis Empíreos. E praticamente todas as Naturezas armazenadas em seu corpo eram de sua raça.

Quando ele as ativou todas simultaneamente, a presença de um Javali Empíreo nele se fortaleceu ao extremo, fazendo-o ter a mesma presença de um Transcendente.

Isso confundiu a tempestade de energia por um momento. E para julgar suas qualificações, ela enviou uma corrente de energia em sua direção, que ele usou para destruir suas amarras.

Natureza Primária — Natureza Voraz!

Natureza Terciária — Cultivador!

Ao ativar as duas ao mesmo tempo, Brangara se transformou em um Javali Empíreo e absorveu o raio de energia. Embora seu poder destrutivo devesse tê-lo destruído, como ele estava sendo reforçado por centenas de Naturezas Primárias de Javalis Empíreos, seu corpo o suportou.

Além disso, ele foi até capaz de consumir o raio de energia, um evento sem precedentes. Montes de informação apareceram em sua mente enquanto Brangara comentava, observando os dois Transcendentes subirem cada vez mais alto no céu, incapazes de retornar: “Então, esses raios estão repletos de informação.”

“Estou com inveja.” Ele sorriu como um maníaco enquanto a informação absorvida era, por si só, algo extraordinário. E permitiu que ele condensasse sua Natureza final.

Natureza Secundária — Mapa Astral!

Parecia que o Raio da Transcendência era a última peça necessária para a evolução de sua raça, pois Brangara sofreu uma mutação, atingindo o ápice, a condição suprema no Continente de Sumatra que até então havia sido detido por apenas uma raça, quebrando o costume.

Besta Prânica de Grau Místico — Rei Javali Empíreo!

1. “Ser Deífico” é literalmente um “Ser Divino”. É o termo utilizado para um ser que alcançou um poder e uma natureza divinos, tornando-se essencialmente um deus no universo da história. É o estado atingido por quem “completa a jornada de cultivo”, representando o ápice da evolução.[↩]