Capítulo 140: Sete Caminhos
“Você não vai desmaiar de repente, né?”
“Não vou.”
“Você está saudável agora?”
“Estou.”
“Sua cabeça não está girando nem nada, né?”
“Estou ótimo.”
“O Rei Javali não vai aparecer, certo?”
“Ele não vai, não depois da surra que levou de mim.”
“Você está mesmo, mesmo bem?”
“Estou, Asaeya.” Inala consolava a Asaeya traumatizada. Sua mão esquerda segurava a pequena Gannala, que havia adormecido mais uma vez. Sua direita afagava e massageava as costas de Asaeya, confortando-a com seu calor.
Apesar de ser filha de um Líder de Assentamento e de ter recebido treinamento intensivo desde pequena, Asaeya tinha apenas treze anos. Era somente uma criança.
Se estivesse em uma Presa Empírea, não importava o que acontecesse, ela conseguiria suportar, pois ganhava força só de estar na presença de seu Pilar Espiritual, sua Deidade, a 43ª Presa Empírea.
Mas estar no chão de uma terra distante, enterrada nas profundezas do Vazio Cinza-Arenoso, só aumentava seu estresse. E quanto mais tempo permanecia ali, maior sua angústia se tornava.
Ela estava com medo, tendo alucinações com o Rei Javali devorando todo mundo sem parar.
“Ele não virá aqui, eu te garanto.” Inala continuou a confortá-la. “Você pode não saber, mas o Rei Javali tem medo de mim. Eu dei uns bons tapas na bunda dele há pouco tempo. Então, ele não vai chegar nem perto de mim. Da próxima vez que ele aparecer, vou mandá-lo não incomodar a Asaeya e dar outra surra nele. Ele morre de medo de mim.”
“Pfft! Haha!” Por fim, Asaeya caiu na risada. “É sério? O Rei Javali tem medo de você?”
“Claro,” Inala sorriu. “E ele vai ficar cada vez mais apavorado comigo no futuro.”
“Pode esperar.” Ele se gabou. “No futuro, quando você o encontrar, é só gritar meu nome. Antes que o cérebro dele consiga processar o grito, ele já vai estar fugindo. Só o meu nome já vai apavorá-lo.”
Natureza Inala — O Medo Absoluto do Rei Javali!
Bom, era uma mentira deslavada, mas Inala precisava inventar essas histórias para que Asaeya se recuperasse. Levaria um tempo, mas ele estava confiante de que a curaria por completo.
‘Faltam mais dois meses para o nosso estoque aqui acabar.’ Ele pensou. ‘Vamos começar a treinar para recuperar nossa força nesse meio tempo.’
No momento, os corpos tanto de Inala quanto de Asaeya estavam desnutridos. Asaeya perdeu peso por causa do estresse, enquanto Inala esteve inconsciente e, por isso, não conseguiu manter seu corpo robusto, mesmo com Asaeya o alimentando com frequência com o fluido de uma Bomba de Prana.
Após uma semana de consolo, Asaeya se recuperou o suficiente para retomar o treinamento. Durante esse período, Inala agia como um verdadeiro macaco, e suas palhaçadas a faziam gargalhar o tempo todo, tornando a atmosfera do lugar mais alegre.
Então, eles começaram a treinar com força total.
Inala havia decifrado por completo os dois blocos de memória que ganhou da Gannala anterior. O primeiro bloco detalhava a vida do Rei Javali, desde seu nascimento até se tornar o Rei Javali.
Undrakha havia extraído tudo de Brangara durante as sessões de tortura. Esse conhecimento estava disponível na herança que a 1ª Presa Empírea daquela época havia concedido a Gannala.
O poder, o caráter, os hábitos, a história, as Naturezas Primárias do Rei Javali, etc. Os dados sobre suas Naturezas Primária e Terciária eram extremamente detalhados, permitindo que Inala entendesse em detalhes como o Rei Javali se tornou o que era.
O segundo bloco continha a jornada de vida da Gannala anterior, de seu nascimento à sua morte. O ponto principal de importância era sua interação com Undrakha e Renduldu. Havia também a informação que Gannala recebeu do Raio da Transcendência, sem mencionar os sete caminhos que ela desenvolveu e o processo pelo qual passou para alcançá-los.
Seu Criador de Habilidades Místicas operava sem parar, pois havia muito material com que trabalhar para a criação de novas Habilidades. Inala se conteve porque ainda não era o momento certo.
Apenas criar um monte de Habilidades era um desperdício de tempo e esforço. Ele já possuía onze Habilidades e uma Habilidade Primária. Adicionar mais só iria enfraquecê-lo.
Afinal, se estivesse em apuros no futuro, ele hesitaria por um instante, incapaz de decidir qual Habilidade usar, já que teria pelo menos algumas que seriam apropriadas para a situação. Seria uma forma estúpida de dar um tiro no próprio pé.
Em vez disso, primeiro, ele precisaria definir a direção de seu estilo de luta. Depois, condensaria e reorganizaria seu conjunto de Habilidades para otimizar suas chances de sobrevivência.
Habilidade Primária — Lâmina Empírea!
Ao ativá-la, ele tocou na pequena Gannala. Como era seu pai, ela automaticamente lhe deu acesso, permitindo que ele surgisse no vazio e observasse os blocos montanhosos de informação espalhados por toda parte.
Essa era a herança recebida da Gannala anterior. Conforme a pequena Gannala crescer, ela, com o tempo, desbloqueará essa herança pouco a pouco e obterá tudo o que a Gannala anterior possuía.
Isso incluía memórias, Habilidades usadas por uma Presa Empírea, as técnicas de luta desenvolvidas por Gannala e por todas as Presas Empíreas antes dela, etc.
Gannala havia recebido uma herança de 188 Presas Empíreas. Ela possuía um calibre superior ao das outras Presas Empíreas, pois, mesmo ao nascer, era significativamente mais evoluída, por isso recebeu o nome de Gannala, que significava Presa Suprema no idioma delas.
A pequena Gannala não era exatamente uma Presa Suprema, mas, no momento, possuía o caminho preparado por Gannala dentro de Inala — o caminho com 16 tijolos, como dito por Renduldu.
Por ser filha de Inala, ela herdou o caminho que existia nele. O caminho não se destinava para que Inala atingisse o status de Grau Místico. Não, ele era apenas o meio através do qual sua filha, uma Presa Empírea, alcançaria o status de Grau Místico.
Através da Habilidade Primária Lâmina Empírea, Inala observou o bloco relacionado ao caminho. Parecia ser o maior e mais complexo de todos os blocos de memória, com um tamanho que extrapolava sua capacidade de processamento.
A mente de Inala explodiria se tentasse absorver um centésimo daquele bloco. Apenas a mente de uma Presa Empírea poderia possuir informações tão volumosas.
No momento, todos os blocos de informação estavam selados, pois a pequena Gannala ainda não tinha idade para acessá-los. Portanto, se Inala tentasse, ele destruiria o selo e prejudicaria o desenvolvimento mental da pequena Gannala.
Por isso, ele retornou à realidade depois de dar uma breve olhada, em silêncio, enquanto refletia profundamente. Por algum motivo, não conseguia esquecer a Natureza Terciária de Cultivador de Brangara.
Ele encarou a pequena Gannala. ‘No momento em que ela se transformar numa Presa Empírea, será um caminho sem volta. Ela não poderá mais se tornar humana. Para isso, teria que queimar seu próprio desenvolvimento e sacrificar seu potencial, assim como a Gannala anterior fez.’
‘Mas, se ela tiver a Natureza de Cultivador, poderá alternar entre as formas humana e de Presa Empírea. Além disso, ao cultivar, ela pode se tornar muitas vezes mais forte quando entrar no Estágio Vital.’ Ele pensou.
A jornada de cultivo de uma Besta Prânica se encerrava na maturidade. Nos termos de um cultivador, isso equivalia a atingir o auge do Estágio Corporal. Portanto, por mais forte que fosse uma Besta Prânica, ela só tinha uma vida.
Era por isso que o Rei Javali era tão aterrorizante, pois ele possuía múltiplas vidas. Tendo essa informação em mãos, aquilo não saía da cabeça de Inala.
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