Capítulo 141: Realeza e Cultivador
No momento, Inala era um Zinger Empíreo, mas não um dos verdadeiros.
Afinal, ele apenas se transformava em um Zinger Empíreo, um estado que consumia Prana para ser mantido. Por isso, o tempo que podia permanecer nessa forma era restrito.
Uma Besta Prânica que já nascia como Zinger Empíreo, contudo, vivia sem tal restrição. Estava, afinal, em seu corpo de fato.
Essa era a principal diferença entre um cultivador e uma Besta Prânica. A Natureza Terciária de Cultivador permitia a Brangara alternar livremente entre sua forma humana e a de Rei Javali Empíreo.
Ambas eram suas formas reais e, portanto, ele não consumia Prana em nenhuma delas. Tal nível de liberdade amplificava ainda mais sua força.
Ele podia viver, comer, defecar e cultivar como humano. Podia viver, comer, defecar e cultivar como um Rei Javali Empíreo. Não havia desvantagem em nenhuma das formas.
A Natureza Primária de Realeza de Inala era parecida, mas se limitava a permitir que ele alternasse entre suas versões masculina e feminina. Na forma masculina, era um Rei Zinger Empíreo. Na feminina, uma Rainha Zinger Empírea.
Tanto a Realeza quanto o Cultivador eram equivalentes em termos de poder, mas diferiam em sua aplicação. A Natureza de Cultivador permitia que uma Besta Prânica assumisse forma humana e cultivasse como tal, adquirindo muitas vidas ao entrar no Estágio Vital.
Já a Natureza de Realeza permitia que a Bomba de Prana evoluísse para sua versão superior: a Bomba Vital.
No Estágio Vital, um cultivador podia criar múltiplos corpos e possuir várias vidas. Um cultivador no Estágio de 4 Vidas1, por exemplo, tinha quatro corpos e quatro vidas.
Se preciso, ele poderia fazer seus quatro corpos viajarem em direções opostas. Ao fugir de uma batalha, dividir-se em quatro e correr para lados diferentes era uma forma de garantir a própria sobrevivência.
Enquanto um único corpo permanecesse vivo, ele sobreviveria. E com recursos suficientes, poderia cultivar e adentrar o Estágio Vital novamente. Todos os corpos gerados no Estágio Vital eram corpos de fato do cultivador.
Mas não parava por aí. O Estágio Vital concedia um poder diferente de qualquer outro estágio. Era um conceito simplesmente apelão.
Se um cultivador no Estágio de 4 Vidas permanecesse como uma entidade única, seus quatro “eus” se sobrepunham. Isso significava que força, poder, capacidade mental, tempo de reação, velocidade e tudo o mais se acumulavam.
Não era uma mera soma de um mais um igual a dois. Com quatro sobreposições, a força do cultivador não quadruplicava simplesmente.
Não!
Ele possuía quatro vezes mais força. Some isso a quatro vezes mais velocidade, reflexos, densidade muscular e etc., e o saldo final era um aumento exponencial de poder.
Essa acumulação continuava até o Estágio de 10 Vidas, no qual até mesmo cultivadores que haviam criado Avatares Humanos de ferro se tornavam potências capazes de encarar uma Besta Prânica de Grau Ouro.
O empilhamento exponencial de poder era o que tornava isso possível. Foi por essa razão que Brangara se tornou o Rei Javali, uma aterrorizante Besta Prânica de Grau Místico.
Sua força e seu potencial como Besta Prânica de Grau Místico superavam os de criaturas como os Tentáculos Empíreos Místicos.
Isso porque, apesar de ser uma Besta Prânica de Grau Místico, um Tentáculo Empíreo Místico possuía apenas um corpo.
Se Brangara alcançasse o Estágio de 10 Vidas, no entanto, ele teria dez corpos. A diferença de poder entre eles seria abissal.
Foi por isso que, mesmo estando apenas no Estágio de 3 Vidas, o Rei Javali conseguiu lutar de igual para igual contra 43 Presas Empíreas e todo o Clã Mamute.
Se estivesse no Estágio de 4 Vidas, a manada teria sido aniquilada. Simples assim. Foi por isso que, no final de Crônicas de Sumatra, Resha teve uma morte miserável, incapaz de sequer arranhar o Rei Javali.
Inala queria que a pequena Gannala obtivesse a Natureza de Cultivador. Isso, sem dúvida, daria à luz a Presa Empírea mais forte que já existiu.
Undrakha tivera ideias semelhantes no passado, razão pela qual mantiveram Brangara em cativeiro e o levaram consigo quando partiram do Continente de Sumatra. A pesquisa já estava em andamento, mas eles se depararam com inúmeros obstáculos pelo caminho.
No fim, fracassaram porque Brangara se tornou uma Besta Prânica de Grau Místico, o Rei Javali Empíreo. Ele escapou e forçou a interrupção do projeto.
Não se sabe se o Clã Mamute continuou a pesquisa após chegar ao outro continente. Talvez nunca tenham se recuperado depois que a maioria de seus pesquisadores morreu quando o Raio da Transcendência atingiu Brangara, vaporizando tudo em seu caminho, eles inclusive.
Contudo, com exceção dos dados coletados nos últimos dois anos, praticamente todo o resto da pesquisa foi passado para Gannala pela então 1ª Presa Empírea através de uma Herança.
E agora, aquela informação estava com ele, obtida da Gannala anterior por meio de sua Habilidade Primária, a Lâmina Empírea.
Visto que havia dados de pesquisa suficientes sobre como adquirir a Natureza de Cultivador, Inala pretendia seguir os passos deles e ser bem-sucedido. Ele não se importava com as outras Presas Empíreas, mas a pequena Gannala era sua filha.
Isso significava que podia influenciá-la, pois ela carregava seu sangue. Com a ajuda da Lâmina Empírea e do Criador de Habilidades Místicas, Inala tinha os meios para arquitetar uma solução.
Assim que a pequena Gannala obtivesse a Natureza de Cultivador, ela poderia se isolar sob a forma humana em um gigantesco Império Humano e acumular poder usando os recursos deles.
Com uma expectativa de vida de dois milênios, ela teria tempo de sobra para levar sua força ao auge e alcançar o Estágio de 10 Vidas.
Inala planejava matar o Rei Javali muito antes disso. Mas, na remota hipótese de falhar, haveria alguém forte o bastante para matá-lo em um futuro distante.
A pequena Gannala poderia dar continuidade aos resultados de sua pesquisa e talvez até passá-los adiante para as Presas Empíreas que gerasse. Se um grupo de Presas Empíreas possuísse a Natureza de Cultivador, elas se tornariam aterrorizantes o suficiente para desafiar até mesmo Brangara em seu ápice.
Além disso, se ela fosse bem-sucedida em sua jornada e atingisse o Grau Místico, a pequena Gannala poderia de fato ser um páreo duro para o Rei Javali.
Mas Inala não queria parar por aí. Embora as Presas Empíreas tivessem atingido o pico de sua evolução — como evidenciava o prefixo “Empíreo” em seu nome —, a mutação ainda era uma possibilidade.
Inala planejava induzir uma mutação na pequena Gannala. E, como resultado, despertar nela a Natureza Secundária de Realeza.
Sim, ao combinar a Realeza e o Cultivador em seu ser, ela se tornaria uma existência suprema, capaz de superar o Rei Javali. No momento, parecia um delírio, mas Inala não se intimidou.
Ele não hesitou diante do desafio e embalou a pequena Gannala com ternura, determinado a ter sucesso. Ele não era do tipo impulsivo como Resha, que se atirava de cabeça na batalha. Ele era um estrategista, alguém que tramava e criava, introduzindo novas variáveis na equação.
Portanto, empenhar-se para conceder à pequena Gannala as duas Naturezas de Realeza e Cultivador estava em sintonia com seu caráter. E agora que tinha um objetivo sólido pelo qual lutar, Inala pôs-se a trabalhar.
“Renduldu, no início eu o desafiei dizendo que superaria Resha. Preciso fazer uma correção.” Ele murmurou, com convicção. “Adicione Brangara à lista. Superarei os dois.“
Ele fitou a pequena Gannala.
“E meus descendentes farão o mesmo.”
- de agora em diante, vou mudar “Xº Estágio Vital” para “Estágio de X Vidas”. É que o número sempre significa quantas vidas o personagem tem, e não a ordem do estágio.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.